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6 METODOLOGIA

6.3 Percurso da Pesquisa e seus Estruturantes

6.3.1 Elementos de Construção de Coleta e Análise dos dados

Para nossa construção dos dados utilizamos instrumentos de pesquisa diferenciados partindo de cada objetivo específico e relacionando com a técnica de coleta de dados e a forma

de análise dos mesmos, como podemos ver na figura abaixo:

Figura 4 - Objetivos da Pesquisa e Relacionar com os Instrumentos de Construção e Análise dos Dados

Fonte: Elaboração própria.

Conforme apresentado no subcaptítulo 5.2, realizamos o método do Estudo de caso, já explicado anteriormente. Realizamos observação não participante das disciplinas tanto para conseguir atender ao objetivo primeiro, de caracterizar às práticas avaliativas online, bem como o segundo, de identificar os indicadores de Interatividade e Mediação Pedagógica online, onde utilizamos respectivamente o aparato teórico de Silva (2014a) e Masetto (2017), este último adaptado pelos autores.

De modo a coletar os dados do terceiro e último objetivo, de compreensão dos sentidos da avaliação da aprendizagem online pelos sujeitos envolvidos no processo, utilizamos de três técnicas: Entrevista semi-estruturada com os professores dos cursos pesquisados, Grupo focal com os docentes do Campo CEDERJ/UERJ e com os alunos dos cursos realizamos Questionário, o qual foi realizado de modo virtual no Google formulário com perguntas abertas e fechadas.

Acerca da entrevista, segundo Roesch (1999, p. 159), o objetivo primário é “entender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações em contextos que não foram estruturados anteriormente a partir das suposições do pesquisador”. Neste trabalho foi utilizada

a tipologia de entrevista semiestruturada, ou seja, onde "o pesquisador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada" (MARCONI; LAKATOS, 2016, p. 180), sendo ainda considerada como entrevista focalizada, onde

Há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal. Por isso, são necessários habilidade e perspicácia por parte do pesquisador. Em geral, é utilizada em estudos de situações de mudança de conduta (ANDER-EGG, 1978, p. 110 apud MARCONI; LAKATOS, 2016, p. 180).

Percebemos a importância deste tipo de entrevista coadunando com o olhar de Roesch (1999, p. 160), que coloca que as “perguntas abertas em entrevistas evitam influência do pesquisador sobre as respostas”. As entrevistas tiveram como sujeitos a professora do campo UA, o coordenador de disciplina do campo CEDERJ/UERJ e suas 4 tutoras virtuais, consideradas professoras. As entrevistas foram realizadas de modo online, com agendamento prévio com todos os sujeitos separadamente, ocorrendo em todo de 1 hora e por meio da interface Skype.

Realizamos um Grupo Focal no prédio CEDERJ/UERJ no Rio de janeiro, no dia 05 de junho de 2018, das 19:00 às 21:00 horas, presencialmente, em uma sala disponibilizada pela direção da EAD/CEDERJ, e apenas com as docentes (tutoras virtuais)35 da disciplina Educação a Distância. Na ocasião, as docentes assinaram o termo de compromisso autorizando o uso dos dados que foram gravados em áudio apenas, pois as mesmas não deram permissão para gravação em vídeo.

Sendo uma “ténica de coleta de dados que, a partir da interação grupal, promove uma ampla problematização sobre um tema ou foco específico” (BACKES et al., 2011, p. 438), que no caso foi a avaliação da aprendizagem online na disciplina mencionada. Ainda segundo o autor, esta técnica vem sendo utilizada de modo

Explorar as concepções e experiências dos participantes podendo ser usada para examinar não somente o que as pessoas pensam, mas como elas pensam e por que pensam assim. O Grupo Focal pode facilitar, ainda, a discussão de temas que normalmente são pouco explorados, ou até mesmo evitados, visto que tendem a gerar comentários mais críticos, e os participantes mais extrovertidos, geralmente conseguem envolver e estimular os demais (BACKES et al., 2011, p. 439).

Assim, dentro de um momento em uma roda de conversa sobre os temas que não foram tão ressaltados nas entrevistas individuais, enquanto moderadora do grupo, busquei que as docentes se sentissem à vontade para debater de modo direcionado, mas livre nas suas opiniões. De acordo com Morgan (1997) o moderador tem este papel de facilitar o debate e sua ênfase está no jogo das interinfluências entre as docentes sobre os temas tratados, e salienta que a análise deste se foca no grupo.

Há diversas classificações entre os autores para os grupos focais, mas coadunamos com o olhar diferenciado de Morgan (1997) entre três modalidades, que irá está relacionada isolada ou ao mesmo tempo com outras técnicas e métodos de pesquisa. As modalidades são: 1-grupo auto-referentes, que são a fonte de dado principal, 2-Grupo focal como modo complementar de técnica, sendo o grupo usado como estudo preliminar, e a 3-Grupo Focal como multi-métodos qualitativos, que foi o caso desta tese, pois integrou os resultados com outras formas de coleta de dados como a observação não participante e as entrevistas em profundidade. Vale salientar que ele ainda enfatiza que, sendo utilizado após entrevistas individuais, auxilia no confronto das opiniões e deixa mais claro as opiniões individuais.

Por fim, como modo de proceder no Grupo focal, Barbour e Kitzinger (1999) coloca alguns pontos que pensamos antecipadamente para que sua finalidade pudesse ser alcançada, e assim, preparamos a ambiência em um espaço de conhecimento de todas e fácil acesso, recebemos as participantes com um clima motivador e confortável, disponibilizando lanche, água, café e por fim, nos reunimos e solicitamos à autorização para utilizar o artefato gravador, sem falar que tratamos de cuidar do tempo de duração, para que o grupo não ficasse esgotado da discussão.

Utilizamos com os discentes como forma de compreender sua visão dos processos avaliativos das disciplinas online o Questionário, que é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas, e onde o pesquisador não deve estar presente, e tem em média 25% de respostas (MARCONI: LAKATOS, 2016). Os autores colocam que eles devem ser respondidos por escrito e devolvido ao pesquisador, contudo, como estamos na Cibercultura, o artefato tecnológico que utilizamos foi o formulário do Google docs, e, portanto, recebemos por meio virtual a devolutiva dos alunos. Conforme colocam os autores, enviamos aos alunos no formulário uma nota explicativa do objetivo, importância da pesquisa e resposta dos mesmos, para que se motivasse a participar, e assim o fizemos enviando mais de uma vez e solicitando apoio dos docentes de cada campo de estudo nesta ação, uma vez que realizamos a posteriori do término das disciplinas.

Para analisar as disciplinas tivemos como guia indicadores de Interatividade (SILVA, 2014a) e Mediação Pedagógica (MASETTO, 2017), sendo este último adaptado, ambos presente nos respectivos quadros 7 e 16.

Para a análise dos dados utilizamos a análise de conteúdo, a qual é definida por Bardin (2016) como “um conjunto de técnicas de análises das comunicações” e que se utiliza tanto de procedimentos sistemáticos quanto objetivos para descrever os conteúdos das mensagens, o que não é de todo suficiente para caracterizar a análise de conteúdo. De acordo com a autora, “A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (qualitativos ou não)” (BARDIN, 2016, p. 44).

A análise de conteúdo se organiza de maneira processual por três polos cronológicos: 1- Pré análise; 2-A exploração do material e 3-O tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

A Pré-análise é a fase de organizar os materiais que serão analisados, que já nos dão indícios iniciais. Este momento é composto de 4 etapas: 1-Leitura flutuante, onde o pesquisador realiza a coleta, leitura dos documentos e compreensão dos mesmos; 2- Escolha dos documentos, em que se escolhe o que será analisado; para que possibilite tanto a fase 3- Formulação de hipóteses e objetivos e a 4-Referências dos índices e elaborar os indicadores, os quais são os recortes das citações importantes dos documentos de acordo com os objetivos. Nesta etapa da pré análise realizamos a preparação dos documentos para inserir no Software Atlas Ti, editando de modo a facilitar a mesma.

A segunda etapa de explorar o material didático é o trabalho de forma trabalhosa com os dados para identificar as: A-Unidades de registro e significação (que foi o tema em nosso caso) que serão fundamentais para a codificação dos dados, tendo a B-Unidade de contexto (serve de compreender as unidades de registro e significação exata das mensagens).

Por fim, na terceira e última etapa foi o momento de busca dos resultados, inferir o que estes diziam e realizar a interpretação dos dados qualitativos buscando um esforço analítico duplo, que foi “entender o sentido da comunicação, como se fosse o receptor normal, e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira” (CÂMARA, 2013, p. 182). É este o momento chave

da pesquisa de intuir, analisar criticamente e propor a partir destas (BARDIN, 2010), bem como criar as redes de análise no Software Atlas Ti com suas tabelas de coocorrências36.