• Nenhum resultado encontrado

Educação a Distância e Educação Online: conceitos e diferenciações

3 EDUCAÇÃO ONLINE: UM NOVO PARADIGMA

3.2 Educação a Distância e Educação Online: conceitos e diferenciações

A Educação a Distância (EAD) é uma modalidade educativa conhecida desde o século XVIII17, e que evoluiu a partir do avanço das tecnologias ao longo da história, perpassando por mídias mais unidirecionais como correspondência, rádio, televisão até adentrar o momento atual que emerge com a internet (1969)18, o ciberespaço, com os AVAS, juntamente com a

segunda potência que é a comunicação sem fio (1990), que permite interatividade em nível nunca antes obtido entre professores e alunos concretizando a possibilidade de Educação Online (EOL), a qual discutiremos mais em profundidade, mas primeiro situaremos o campo conceitual da EAD.

A modalidade a distância ganhou maior notoriedade e confiança em suas vantagens a partir da década de 60, com a Open University (OU) na Inglaterra, como de outras instituições que emergiram na década seguinte (Século XX), tanto a nível dos países desenvolvidos como de terceiro mundo (GUTIERREZ; PRIETO, 1994). Este crescimento exponencial da EAD ao olhar de Litto (2009) está distante de concretizar a EAD como campo de estudo considerado

17 Contexto internacional a EAD inicia com cursos por correspondência em 1728 em curso pela Gazeta de Boston, mas institucionalmente só no século XIX estes cursos iniciam em diversos países da Europa: Suécia (1829), Reino Unido (1840), Alemanha (1856) entre outros. No Brasil, o primeiro curso por correspondência data de 1904, com o jornal do Brasil anunciando curso profissional de datilografia (ALVES, 2011).

18 Primeiro curso por AVA ou Sistema de Gestão de Aprendizagem (LMS-Learning Management System) começou no final do século XX apenas, sendo 1997 nos EUA com o SABA e Blackboard (AVA mais acadêmico) e Moodle (2002). No Brasil só com a LDB 9394/96 que a EAD é oficializada e apenas em 1997 iniciamos na prática em AVA, sendo o primeiro produzido o Aulanet (PUC-RIO), o Amadeus (UFPE-PE) em 2007, usou-se também o Moodle, criado 2002 pelos EUA, e em 2011 foi criado Teleduc (UNICAMP-SP).

científico no sentido clássico do termo, devido ao fato de inexistência de inúmeras práticas científicas rigorosas com estabelecer de definições precisas de fenômenos desta área, e os periódicos científicos trazem termos usados de formas sobrepostas, e ainda diz

Trata-se de invenção pontual por parte de indivíduos, sem respaldo de comprovação ou consenso de uso: ´educação a distância´, ´aprendizagem a distância´, ´aprendizagem aberta´, ´aprendizagem flexível´, ´modo dual´, ´aprendizagem blended´, ´aprendizagem semipresencial´, ´aprendizagem híbrida´, ´aprendizagem distribuída´, ´aprendizagem a contígua´, ´aprendizagem off campus´, ´aprendizagem autônoma´, ´aprendizagem autodirigida´, ´aprendizagem de marcha auto-reguladora´, ´aprendizagem on- line´, ´aprendizagem externa´, ´aprendizagem baseada em materiais impressos´, ´estudo por correspondência´, ´estudo em casa´, ´estudos independentes entre outros´ (LITTO, 2009, p. 14).

Não apenas são várias as terminologias usadas internacionalmente e nacionalmente como também o são os conceitos de Educação a Distância. Apesar dos conceitos terem uma base comum, que caminha como contraposição ao ensino presencial, e como tal é posto como uma educação concretizado em espaço e tempo não mais situados, e sim diferidos, os autores trazem aspectos diferenciados também para situá-la e que é retrato das características da modalidade.

Quadro 8 - Variação da Terminologia de EAD

Terminologia mais usual Período Aproximado de domínio Ensino por correspondência Desde a década de 1830, até as primeiras

décadas do século XX Ensino a Distância; educação a distância;

educação permanente ou continuada

Décadas de 1930 e 1940 Teleducação (rádio e televisão em

broadcasting)

Início da segunda metade do século XX Educação aberta e a distância Final da década de 1960 (IDCE e Open

University, Reino Unido) Aprendizagem a distância; aprendizagem

aberta e a distância Décadas de 1970 e 1980

Aprendizagem por computador Décadas de 1980

E-learning; aprendizagem virtual Décadas de 1990

Aprendizagem flexível Virada do século XX e primeira década do século XXI

Fonte: Formiga (2009).

Segundo Formiga (2009, p. 39), “a terminologia delimita a abrangência de uma ciência e demonstra o domínio pelos seus propositores e usuários. De certa maneira, a terminologia constitui o dialeto próprio de cada ciência”, e denuncia que o uso de várias terminologias e com

sentidos diferentes pode acabar causando incompreensões com os menos familiarizados com o campo científico, muitas vezes por vaidade dos autores em criar termos para suscitar os mesmos significados já existentes. Neste sentido, caminharemos mostrando o avanço do conceito para abordar a Educação Online, que é de onde falamos nesta tese, e que ao nosso olhar enquanto autores faz parte da evolução da EAD, mas simultaneamente se diferencia desta, a ponto não de desconsiderar a mesma como modalidade, mas que traz um novo cenário que caminha para uma independência conceitual.

Apesar de historicamente o termo se modificar, salientamos que as décadas são aproximadas, conforme mostra o quadro acima de Formiga (2009), pois, o ensino por correspondência provavelmente data do século XVIII, uma vez que em 1728 na Gazeta de Boston (EUA) se anunciava aulas por correspondência pelo professor Caleb Philips (NUNES, 2009). Pontuamos também que a evolução terminológica foi concomitante ao avanço tecnológico, trazendo respectivamente: Impressa, Rádio, Televisão, Computador sem internet (PC), Computador conectado (CC) e Celular19.

Temos uma amplitude conceitual, e neste sentido os autores trazem em seus inscritos os seguintes termos: Educação a Distância: Litwin (2001), Maia e Mattar (2007), Moore e Kearsley (2008, 2013), Belloni (2015), Litto e Formiga (2009, 2012), Dias e Leite (2014); Educação à Distância Alternativa: Gutierrez e Pietro (1994); Educação Online20: Silva, Pesce e

Zuin (2010), Kearsley (2011), Santos (2010), Silva (2006, 2012), Gomes (2005), Moran (2012), Santos e Rossini (2015) e até se menciona o termo Educação sem Distância: (TORI, 2010).

Na literatura não há uma preocupação de diferenciação de EAD e EOL (SILVA, 2012) ocorrendo uma confusão conceitual que em nada nos auxilia a avançar, tanto no campo conceitual da modalidade, como pragmaticamente enquanto docentes da Cibercultura.

Faremos um caminhar de primeiramente trazer os autores que tratam o conceito de EAD, que são os clássicos e mais comumente na literatura, e discutiremos a passagem para o que compreendemos como EOL e a importância de se destacar este como uma nova forma de

19 O celular, como atualmente é uma tecnologia de acesso de todos praticamente, tem sido pensado como alternativa para o aprender móvel (Mobile Learning), e já há preocupação em ajustar AVAS para acesso por celular, mas o que ainda impede sua ampliação é o acesso a rede (internet) que nem todos possuem, e quando o tem não se dá com qualidade, principalmente no cenário brasileiro. Dados do IBGE (2016) trouxeram 116 milhões de brasileiros conectados, representando 64,7% da população, mas ainda há 65,3 milhões sem acesso, e destes 29,6% colocam o não acesso devido ao serviço caro da internet (REVISTA ISTO É) Link:

https://istoe.com.br/brasil-tinha-116-milhoes-de-brasileiros-conectados-a-internet-em-2016-diz-ibge/. Quanto

as formas de acesso à internet pelos brasileiros 94,6% se dão por celular, e depois vem o computador 63,7%, tablets 16,4% e televisão 11,3%, mas nem todos os brasileiros tinham celular por exemplo, só 77,1% tem o aparelho.

fazer educação com potência comunicativa, advinda da interatividade entre professores e alunos, trazendo as diferenciações ao conceito de EAD, sendo esta a principal.

Quanto aos autores que tratam o conceito como EAD, os mesmos são: Maia e Mattar (2007), Moore e Kearsley (2008, 2013), Belloni (2009, 2015), Formiga (2009, 2012), Dias e Leite (2014) e Gutierrez e Pietro (1994).

Segundo Maia e Mattar (2007, p. 6), a EAD é “uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação”, e este sentido de separação trazido pelos autores não se refere ao espaço físico, pois alunos e professores estão em comunicação por meio do virtual. Temos aqui um encaminhamento EAD como separação física entre os atores, mas já se prenuncia a importância da não separação no aspecto comunicativo, e onde alunos e professores dialogam neste espaço online.

A visão de Moore e Kearsley (2008, 2013) coloca a EAD como de natureza multidimensional, a compreendendo como processo de ensino e aprendizagem por meio de tecnologias ocorrendo em lugar diferente do ensino, conforme podemos ver no seu olhar mais atual:

A distância é muito simples: alunos e professores estão em locais diferentes durante todo ou grande parte do tempo em que aprendem e ensinam. Como eles estão em lugares diferentes, dependem de alguma forma de tecnologia de comunicação para que possam interagir”. […] Educação a distâcia é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Moore e Kearsley (2013, p. 1-2, grifo nosso).

Remetem ao ensino e aprendizagem como educação e fazem questão de distinguir isto das práticas de ensino a distância mais comumente usadas, trazendo aqui o termo interagir que destacamos, e que nos mostra um olhar que já avança no sentido de um novo paradigma do educar (ensino-aprendizagem) e não mais do ensinar (transmissão do saber e autoaprender do aluno), o que caminha para o olhar de EOL que estamos defendendo. Quanto as terminologias usadas os autores colocam que há duas, que são o e-learning e ensino on-line, mas ambas não significam sempre ensino e aprendizagem, sendo outros termos também usados para EAD na literatura, que são aprendizado assíncrono, aprendizado distribuído, e na europa mais comumente se usam os termos: educação aberta, aprendizado aberto, aprendizado aberto e a distância (Open and distante learning-ODL) (MOORE; KEARSLEY, 2013, p. 3-4). Enfatizam o termo Educação a Distância como superior e que incorpora todos os termos mencionados, por ser multidimensional e por ser uma pedagogia diferente da sala de aula presencial, e salientam que é “preciso saber que a tecnologia pode ser usada na educação e lembrar-se de que, quando

ela é usada como meio de ensino único ou primário, trata-se de uma forma de educação a distância” (Idem, p. 4, grifo dos autores). Assim, apesar dos autores já prenunciarem o conceito de EOL em sua concepção da modalidade online, ainda mencionam EAD como nomenclatura. Para realizar a sua definição de EAD Belloni (2015, p. 25-27) perpassa o conceito de vários autores que a definem historicamente por diversos olhares, onde destacamos os focos em cada um deles de forma sublinhada: A EAD segundo é concebida como uma (MOORE, 1973) família de métodos instrucionais onde o comportamento de ensino é executado separado da aprendizagem e onde a comunicação aluno e aprendente é facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos e outros; (PETERS, 1973) método de transmitir conhecimento, competências e atitudes e que é racionalizado por princípios organizacionais de dividir o trabalho, sendo assim, forma industrializada de ensino e aprendizagem; (HOLDEMBERG, 1977) formas de estudo em todos os níveis e que estão organizados por apoio tutorial no planejamento, orientação e ensino; (CROPLEY; KARL, 1983) processo de ensino e aprendizagem que não existe contato face a face entre aluno e professor e que permite alto grau de aprendizagem individualizada; (KEEGAN, 1983) é mais do que o ensino convencional e para se ter sucesso o sistema é preciso motivação e condições de estudo do aluno; (REBEL, 1983) é um modo que não se distancia de transmitir conteúdos do ensino e de aprendizagem do professor ao aprendente; (MALCOM TIGHT, 1988) conceitua a EAD como uma forma de aprendizagem organizada e que se consolida na separação física do professor e do aluno; (MOORE, 1990) é uma relação de diálogo, estrutura e autonomia que requer meios técnicos para mediar a comunicação e se caracteriza por grande estrutura, pouco diálogo e grande distância transacional21, incluindo também a aprendizagem (PERRIAULT, 1996) pontua a

EAD como um termo genérico onde se inclui estratégias de ensino e aprendizagem referidas com formas de mencionar variadas, a citar: educação ou ensino por correspondência no nível pós escolar (Reino Unido), estudo em casa, no nível pós escolar. e estudo independente, no superior (Estados Unidos), estudos externos (Austrália), ensino a distância/ ensino a uma distância (Inglaterra Open University), tele-ensino/ ensino a distância (França), estudo a distância/ ensino a distância (Alemanha), educação a distância (Espanha) e tele-educação em português.

Podemos perceber que são vários os enfoques dos autores mencionados para definir EAD e coadunamos com Belloni (2015) que convergem no sentido descritivo, a trazendo como não se concretiza, pois a descreve a partir do ensino presencial, e enfatizam a distância física

entre aluno e professor, exceto a visão sócio-econômica de Peters que a associa a um formato industrial de ensino. Deste modo,

O parâmetro comum a todas elas é a distância, entendida em termos de espaço. A separação entre professores e alunos no tempo não é explicitada, justamente porque esta separação é considerada a partir do parâmetro da contiguidade da sala de aula que inclui a simultaneidade. […] a separação no tempo- comunicação diferida-talvez seja mais importante no processo de ensino e aprendizagem a distância do que a não contiguidade espacial.

A crítica salientada pela autora na fixação das definições ao aspecto da distância física é muito pertinente, pois a preocupação central deveria ser na comunicação efetiva e formativa entre docentes e discentes, sem lacunas temporais, seja de modo síncrono ou assíncrono, a interatividade em seu sentido complexo e presente, a qual é eixo principal de aporte para definir a EOL nesta tese.

Somente após os anos 90, com a crítica pós-moderna, que se tem um olhar da EAD que vá além nos modos baseados nas teorias behavioristas e, que há duas tipologias de conceitos mais abrangentes que emergem nesta época: por um lado baseado nas teorias cognitivas, com o construtivismo em especial, e assim buscam métodos e estratégias de ensino que consideram auto-aprendizagem do estudante e o construtivismo vem quebrar com o objetivismo behaviorista; e por outro os paradigmas sociológicos e econômicos e que caminham para etiquetas de pós-fordismo e pós-modernidade, globalização (BELLONI, 2015).

Um dos motivos da ausência diálogo entre professor e aluno é o histórico da EAD associada ao ensino de massa, a transmissão de saberes e aprender solitário e, que atualmente, apesar de grandes avanços no âmbito das tecnologias de informação e comunicação, não há de maneira concomitante êxito, do ponto de vista da comunicação, do pedagógico, do como contextualizar estas tecnologias para potencializar o acesso de todos a um processo de ensino e aprendizagem de qualidade com interatividade, uma vez que estas não foram criadas para este objetivo educativo. Além disto, não há interatividade espontânea e muito menos a autonomia discente oriunda naturalmente do uso das tecnologias (BELLONI, 2015, p. 13), mas é justamente de forma contrária que estes dois pontos são cristalizados no discurso dominante de EAD.

Por longo tempo a EAD foi considerada como ensino de baixa qualidade pela maioria dos docentes de universidades públicas, sendo alvo de críticas e denúncias pelos movimentos tantos de estudantes e docentes (BELLONI, 2015, p. 11). Contudo, a percebe de maneira otimista, como um caminho sem retorno, tanto por possibilitar ampliar o acesso ao nível superior de ensino como principalmente por ser vista como solução inovada de melhoria da

qualidade no ensino, pois estaria se adequando as demandas e realidade do século XXI, sendo algumas principais: desenvolver novos meios de ensinar, formar um trabalhado informado, com autonomia, multicompetente e que aprenda ao longo da vida para lidar com os obstáculos e modificações constantes do cenário cibercultural.

Para a autora na atualidade há certa unanimidade no termo Aprendizagem aberta e a distância (open distance learning) e “a tendência de a tecnologia educacional evoluir para uma concepção mais ampla de comunicação educacional” (BELLONI, 2015, p. 34), e a definição da autora se coloca

Na educação a distância (EAD), a interação professor é indireta e tem que ser mediatizada por uma combinação dos mais adequados suportes técnicos de comunicação, o que torna a modalidade de educação bem mais dependente da

mediatização que a educação convencional […] A interação entre o professor

e o estudante ocorre de modo indireto no espaço (a distância, descontígua), e no tempo (comunicação diferida, não simultânea) o que acrescenta complexidade ao já bastante complexo processo de ensino e aprendizagem na EAD. […] é de extrema importância: o contato regular e eficiente, que

facilita uma interação satisfatória e propiciadora de segurança psicológica

entre os estudantes e a instituição “ensinante”, é crucial para a motivação do aluno, condição indispensável para a aprendizagem autônoma. A rigor, problemas gerados pela separação no espaço (descontiguidade) podem ser facilmente superados por sistemas eficientes de comunicação pessoal simultânea ou diferida entre os estudantes, tutores e professores e entre os próprios alunos (BELLONI, 2015, p. 58-59, grifos da autora).

A mediatização é associado denotativamente a propagar com o auxílio da mídia, que nesse caso seria o conhecimento, mas para além disto, a autora coloca o contato comunicativo, a interação contínua entre professores e alunos como elemento para motivar o estudante, e que a nosso olhar já é um caminhar para o sentido de EOL. Este contato frequente e que garante segurança para os alunos aprender autonomamente, segundo a autora, em nossa ótica irá fomentar um pertencimento destes ao processo educativo online, o que pode culminar em aprender colaborativo e cooperativo, se houver mediação pedagógica efetiva online.

Assim, há uma construção de uma comunidade virtual de aprendizagem e, portanto, estaremos caminhando não mais para ensino de massa, mas para educação autêntica que se dá na comunicação complexa (interatividade) e construção do conhecimento colaborativo por alunos e professores. É nesse olhar que Belloni (2015) nos auxilia construir a visão de EOL, colocando a mediação pedagógica como central, apesar de não usar tal termo e falar apenas do autoaprender no extrato.

Concebemos que não existe processo educativo sem mediação, seja na modalidade presencial, online ou Blended-learning, e a EAD que se tem concretizado, por este motivo, é de um ensino pior que a sala de aula convencional que tenha presença de mediação e interação docente e discente, que avança a clássica visão de ensino instrucional, pela base construtivista, do sociointeracionismo. A EAD está alicerçada no paradigma conservador, com o professor como centro do processo educativo alunos que apenas consomem o que é depositado como conteúdo de ensino e reproduzindo nas avaliações, só que em um cenário novo, o virtual, sendo o aprender um processo mecânico e acrítico. Esta realidade é consonante “(…) com os modelos behavioristas e diretivos-que presidem em geral a concepção dos cursos, e com práticas excessivamente industrializadas e burocratizadas de acesso, distribuição de materiais e de avaliação” (BELLONI, 2015, p. 42), foco último este que daremos ênfase maior neste trabalho, estritamente na avaliação da aprendizagem, mas que se relaciona impreterivelmente com acesso, materiais entre diversos outros de singular importância que serão mencionados no capítulo acerca de tal temática.

Adentrando o olhar de Formiga (2009) denomina a mesma com dupla terminologia, EAD ou aprendizagem flexível e aberta, ambas pertencentes a mesma modalidade educativa, sendo o primeiro mais comum no Brasil e o segundo é a forma designada sobretudo pelos países de língua inglesa. Mencionam a necessária mudança de paradigma de aprendizagem com as Tics, sendo a EAD intrinsecamente ligada a estas, há uma grande alteração na sua forma concretização com a internet, trazendo os seguintes termos que caracterizam este novo paradigma: ciberespaço, conveniência de local e hora, aprender a aprender, conteúdos significativos e flexíveis, inter-multi e transdisciplinaridade, andragogia, aprendizagem coletiva, educação não formal, formação ao longo da vida, aprendizagem aberta e flexível, avaliação qualitativa, professor como orientador de aprendizagem e uma economia do conhecimento. De acordo com o autor

Nesse redesenho complexo do cenário científico/tecnológico/inovativo sobressai a valorização da aprendizagem cooperativa e disseminação do conhecimento potencializada pela EAD. […] Cada vez mais a EAD atravessa o século XX incorporando seguidamente novos meios de comunicação: televisão, computador, satélites artificiais, até a Internet proporcionar a grande explosão na virada para o século XXI, quando por meio do e-learning a EAD adquiriu o atributo atual da flexibilidade com plena interatividade (FORMIGA, 2009, p. 44-45).

Vemos que este autor já aponta para o momento atual, do e-learning, que possibilita a explosão da modalidade, que ganha em flexibilidade e em aprendizagem, com a interatividade

e aprender cooperativo, colaborativo, e nos aproxima do conceito de EOL. Litto (2009) também utiliza o termo EAD e já pontuamos anteriormente a variedade de termos trazidos para designar a mesma e a crítica a esta.

Ainda conceituando a EAD, as autoras Dias e Leite (2014) se apoiam na definição da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED)22 para tratar a conceitualização de

EAD, também denominada como Ensino a Distância, colocando que não se trata de algo inovador, pois o que diferencia a mesma são os meios disponíveis de cada época, e que há um consenso mínimo quanto ao conceito e que gira em torno da ideia de modalidade de educação em que as atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas, em sua maioria, sem necessariamente ter professores e alunos presentes em mesmo tempo e lugar. Há um avanço também no olhar da EAD no sentido para uma preocupação com a qualidade desta modalidade, pontuando que a mesma tem crescido em todos os continentes, e no Brasil especificamente, após a formalização como modalidade pela LDB 9394/9623, e por tal, precisamos pensar num futuro que poderemos falar de Educação apenas, retirando a dicotomia presencial e a distância.

Quando elas abordam a diferenciação da EAD com os meios de cada época não desconsideram o lócus atual da interatividade como cerne do que denominam da Era da mobilidade e ubiquidade, mesmo com a existência da Interatividade antes da EOL. Abordam o cenário histórico da EAD no Brasil trazendo a evolução das tecnologias em paralelo

Podemos associar o século XX à era do rádio e da televisão. O século XXI, no entanto, desponta como a era da internet. Mudanças, em todos os sentidos, ocorrem na sociedade. Das cartas e mensagens postadas via correio tradicional, passamos à era do correio eletrônico e do Twitter. Dos diários, escondidos a sete chaves, passamos aos blogs, disponíveis a todos os plugados. Da EAD, viabilizada via material impresso, emissoras de rádio e

22 Fundada em 21 de junho de 2005 a ABED é uma instituição sem fins lucrativos e que tem como missão contribuir para o desenvolvimento do conceito, métodos e técnicas que promovam a Educação aberta flexível e a distância. Segundo Alves (2009, p. 11) esta instituição vem colaborando para o desenvolvimento da EAD no Brasil e articula instituições e profissionais nacional e internacionalmente, organizando congressos anualmente, hoje internacionais e promove seminários nacionais. Em 2006 sediou a 22ª Conferência Mundial de Educação Aberta