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O CINEMA COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE BIOGEOGRAFIA

Glécia Alves da Silva Graduanda do Curso de Geografia da UFPI glecia260@hotmail.com

Bartira Araújo da Silva Viana Orientadora: Professora Doutora do Curso de Geografia da UFPI bartira.araujo@ufpi.edu.br GT – Práticas pedagógicas no ensino de Geografia

RESUMO

O cinema pode ser utilizado como um recurso didático não convencional, possuindo um potencial para aproximar os educandos de temáticas diversas. Dessa forma, o presente trabalho objetiva discorrer sobre a aplicação do cinema em sala de aula no ensino de Biogeografia, pois é uma ferramenta cujas características midiáticas favorecem um melhor entendimento do conteúdo abordado na disciplina. Para tal finalidade empreendeu-se pesquisa bibliográfica sobre o cinema, análise de produções fílmicas, a exemplo do documentário Galápagos, produzido pela BBC e lançado em 2006, assim como as discussões de seu uso em sala de aula. Observou-se que, atendidas algumas recomendações, esse recurso didático não convencional apresenta grande potencial.

Palavras-chaves: Biogeografia. Cinema. Recurso didático.

INTRODUÇÃO

No processo de ensino e aprendizagem são utilizadas ferramentas, materiais e recursos que permitem uma aproximação entre o que é ensinado (conteúdo) e aquele que constrói o conhecimento (educando). Tais ferramentas, chamadas de recursos didáticos são parte integrante e importante dos trabalhos educativos na medida em que, além de auxiliar o professor nesse processo de ensino, tornam a aula mais dinâmica e enriquecem a aprendizagem.

Nessa perspectiva, tem-se o cinema como recurso inserido no conjunto dos recursos didáticos não convencionais, definidos como “[...] materiais utilizados ou utilizáveis por professores (as), na Educação Básica, mas que não tenham sido elaborados especificamente para esse fim [...]” (SILVA, 2011, p.17).

O presente trabalho buscou, portanto, discorrer sobre a potencialidade do uso desse recurso didático não convencional no ensino de biogeografia, disciplina científica inserida no currículo da geografia, pois é importante sempre inovar e buscar novas ferramentas de apoio aos trabalhos docente e que promovam uma melhor relação em sala de aula. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfica sobre o cinema e a análise das discussões de seu uso em sala de aula.

Fez-se também uma correlação entre essa disciplina e o conteúdo de algumas produções fílmicas, entre elas o documentário sobre Galápagos produzido pela BBC e lançado em 2006, visto que o mesmo mostrou ter grande utilidade nas discussões dos textos da disciplina Biogeografia devido aos temas abordados.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nascido entre os franceses por volta de 1895 (PRETTO, 1996), o cinema é, originalmente uma forma de arte e entretenimento que, diferentemente da fotografia, permite os registros do cotidiano em movimento. Como recurso didático, pode ser usado em sala para abordar os conteúdos de maneira mais lúdica e que facilite a compreensão do aluno.

A linguagem cinematográfica, com suas imagens e sons, acabam rompendo com a monotonia de uma aula expositiva em que o docente apresenta o conteúdo esperando que o educando absorva tudo de maneira passiva, permitindo uma maior interação em sala de aula no momento da discussão sobre o filme apresentado. Assim, Barbosa (2015, p. 111) ao discutir sobre o cinema no trabalho docente afirma:

[...] tratando-se especificamente da imagem cinematográfica nas atividades de ensino, é importante afirmar que sua relevância didática não é maior nem menor em relação a outros recursos visuais – mapas, cartas topográficas, fotografias, pinturas etc. A vantagem (sempre relativa) dos filmes documentários e/ou ficção está na ludicidade que empresta ao nosso trabalho [...].

Depreende-se das palavras do autor que os professores têm uma gama de recursos a sua disposição, cabendo a eles optar por aquele que mais se adéquaao conteúdo ou abordagem que se pretende desenvolver em sala, tendo o cinema um diferencial trazido pelas suas características midiáticas, como afirma Berloni (2001 citado por NAPOLITANO, 2013 p. 12): “[...] a utilização do cinema na escola pode ser inserida em linhas gerais, num grande campo de atuação pedagógica chamado ‘mídia educação’ [...]”.

Sendo ficção ou documentário, a produção cinematográfica pode ser bastante explorada na aula de geografia. O foco deste trabalho, entretanto, é chamar a atenção para o documentário Galápagos, produzido pela BBC e lançado em 2006, e sua utilização na aula de biogeografia, campo de estudo cujo objeto é a distribuição dos seres vivos na superfície da Terra, condicionada por fatores bióticos e abióticos que constituirão a paisagem (FIGUEIRÓ,2015). Sobre o uso de documentários em sala de aula têm-se:

[...] a produção audiovisual, o documentário em particular, encontra na escola, no ensino médio, nas universidades e na produção não formal como um lugar privilegiado de renovação do modelo disciplinar dos currículos atuais, trazendo a possibilidade de propostas e experiências inovadoras, novas metodologias, processos e linguagens [...] (BENTES, 2008 p. 41 citado por MELO, 2013 p.136)

Na utilização de documentários em sala de aula, é importante destacar que o docente deve fazer a distinção para seus alunos entre aquilo que é real e o que é resultado da ficção. Pois,

mesmo representando acontecimentos ou fenômenos reais, como é o caso do documentário aqui analisado, a indústria do cinema faz uso de efeitos para realçar sua produção. A recomendação é que o docente faça uso, para fins didáticos, apenas da essência e das ideias que aquele filme transmite.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O documentário “Galápagos” apresenta três episódios assim denominados: “Nascida do fogo”, “As ilhas que mudaram o mundo” e as “Forças da natureza”, sendo que cada um possui aproximadamente 50 minutos de exibição sobre um conjunto de ilhas de mesmo nome situado a 960 km da América do Sul, no oceano Pacífico.

Trata-se de ilhas vulcânicas que resultaram da solidificação do magma que chegou até a superfície terrestre em virtude da alta pressão existente no interior da Terra. Verdadeiros rios de lava vulcânica atingindo 1100 °C deram origem a essas ilhas que, apesar dessa gênese inóspita, abrigam uma grande variedade de vida (BBC, 2006).

Foi sobre esse arquipélago que o naturalista Charles Darwin, a partir de sua visita em 1835, desenvolveu pesquisas que mudaram para sempre os rumos daquelas ilhas e da ciência, culminando com a publicação de seu livro em 1859 “Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida”, abreviado a partir da edição de 1872 para “A origem das espécies” (FIGUEIRÓ, 2015).

Abordando temas como geologia, vulcanismo e evolução das espécies, esse documentário favorece as discussões na disciplina de biogeografia em relação aos conteúdos conceituais/factuais apresentados pela mesma que podem ser trabalhados a partir de sua exibição em sala como biogeografia insular, formação de ilhas, fatores para a distribuição de espécies na Terra, a evolução das espécies para se adaptar ao meio e a teoria da Seleção Natural de Darwin.

O docente comprometido com a sua prática, entretanto, deve ter sempre em mente que apenas a exibição do filme não será capaz de proporcionar uma aprendizagem significativa em seus educandos. O uso do cinema em sala de aula funciona apenas como uma ferramenta de sensibilização para despertar os alunos para a temática que será desenvolvida, cabendo ao professor o papel de mediação entre a exibição e o conteúdo da matéria, promovendo discussões e relacionando autores que discorrem sobre o tema exposto na tela.

Conforme afirma Zabala (1998, p.43): ”[...] uma das características dos conteúdos conceituais é que a aprendizagem quase nunca pode ser considerada acabada, já que sempre existe a possibilidade de ampliar ou aprofundar seu conhecimento, de fazê-la mais significativa”. Compreende-se das palavras do autor que o professor deve ter o cuidado para não reduzir o conteúdo da matéria àquele filme apresentado, devendo ressaltar para seus alunos a existência de outras obras, seja literária ou fílmica.

É importante destacar, porém, que a escolha do filme a ser apresentado atenda a alguns princípios, como a adequação à faixa etária dos alunos, articulação com o conteúdo da matéria e utilizar o filme apenas como ponto de partida na abordagem que se deseja fazer, pois o recurso didático deve auxiliar o docente e não substituí-lo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É imprescindível na atuação docente o uso de recursos que possibilitem uma aproximação entre professor e aluno para o desenvolvimento das atividades. Dentre esses recursos encontram-se aqueles denominados não convencionais, pois são produções utilizadas em sala de aula, mas que não foram criadas para esse fim. O cinema enquadra-se nesse conjunto de recursos não convencionais, mostrando muito potencial para aproximar os educandos das temáticas que serão apresentadas.

O documentário “Galápagos”, ao bordar temas como geologia, vulcanismo e evolução das espécies, favorece o desenvolvimento de discussões de Biogeografia em relação aos conteúdos conceituais/factuais propostos para o desenvolvimento da disciplina de forma dinâmica, contribuindo para um processo ensino-aprendizagem mais efetivo.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Jorge Luiz. Geografia e cinema: em busca de aproximações e do inesperado. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri. (Org.). A geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2015. BBC. Galápagos: as ilhas que mudaram o mundo. 2006. (Documentário).

FIGUEIRÓ, Adriano S. Biogeografia: dinâmicas e transformações da natureza. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

MELO, Cristina Teixeira Vieira de. Documentário no ensino médio. In: BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Marcia. (Org.) Múltiplas linguagens para o ensino médio. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2013. PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas, SP: Papirus, 1996.

SILVA, Josélia Saraiva e. Construindo ferramentas para o ensino de geografia. Teresina: EDUFPI, 2011.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

O DESAFIO DA CARTOGRAFIA NO SEGUNDO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL:

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