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MANGÁS E ANIMES NO ENSINO DE GEOPOLITICA

Juliane Ferreira Vasconcelos ¹

Graduada em Geografia – Universidade Federal do Piauí julianeh@live.com

Armstrong Miranda Evangelista²

Professor Doutor da Universidade Federal do Piauí armstrong@ufpi.edu.br

GT – Práticas pedagógicas no ensino de Geografia RESUMO

O estudo da geopolítica é fundamental para nos tornamos cidadãos mais conscientes da realidade e dos problemas da relação sociedade-espaço, em diferentes escalas de abrangência. Atualmente, é um assunto presente na escola, porém vem sendo lecionada da maneira tradicional ou com a utilização de poucos recursos, é preciso então se pensar em métodos diferentes, ferramentas alternativas e pouco convencionais, como o gênero mangá e o anime. Assim sendo o presente trabalho tem por objetivo principal analisar o uso dos mangás como um recurso didático alternativo no processo de ensino-aprendizagem da geopolítica e buscar problematizar esses desenhos animados e histórias em quadrinhos japonesas na aprendizagem significativa de conceitos específicos da geografia humana, como o de Geopolítica. Portanto, consiste num breve relato de uma experiência de pesquisa-ação realizada com um professor e alunos de uma escola pública de Teresina.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Ensino. Geopolítica. Anime. Mangá

INTRODUÇÃO

Diversas abordagens atuais da Geografia já vêm buscando práticas pedagógicas que permitam incrementar a participação dos estudantes nas aulas, facilitando o aprendizado e possibilitando mais criticidade ao enfoque.

Essas práticas envolvem procedimentos de problematização, observação, registro, descrição, documentação, representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais que compõem a paisagem e o espaço geográfico, na busca e formulação de hipóteses e explicações das relações, permanências e transformações que aí se encontram em interação. Nessa perspectiva procura-se sempre a valorização da experiência do aluno.

É fato concreto que cada vez mais os meios de comunicação penetram na vida dos alunos. A televisão, os computadores permitem que eles interajam ao vivo com diferentes lugares do mundo. A Internet cada vez mais facilita que uma parte significativa dos alunos navegue pelas infovias. Para realmente trabalhar e valorizar o imaginário do aluno, não se pode restringi-lo à ideia de que seu espaço esteja limitado apenas à sua paisagem imediata. O acesso a recursos

como as histórias em quadrinhos de origem japonesa vem ficando mais fácil com o tempo, elas já podem ser encontrados em bancas, sites, livrarias etc.

De acordo com o exposto acima, chegamos à seguinte questão de pesquisa: os desenhos animados, no caso os animes, e as histórias em quadrinhos japonesas podem auxiliar na aprendizagem significativa de conceitos como o de Geopolítica? Com essa questão, queremos identificar qual o papel pedagógico estes artefatos podem desempenhar no processo de ensino-aprendizagem.

A metodologia utilizada para o presente trabalho foi à pesquisa-ação, por se encaixar melhor aos objetivos propostos. A pesquisa consistiu em uma intervenção junto a professores e alunos do Ensino Médio através de vários encontros planejados fazendo uso dos mangás como recurso de ensino. Sobre esse tipo de pesquisa procuramos nos basear nas orientações de autores com trabalhos consagrados nesse modelo investigativo. Thiollent (1985) afirma que é necessária uma ampla e explícita interação entre os pesquisadores e envolvidos na pesquisa e que esta não deve se limitar a uma forma de ação. Essa forma de método tem a pretensão de aumentar o conhecimento dos participantes (sejam pesquisadores ou pessoas integrantes do processo) e contribuir para o debate/discussão entorno das questões abordadas.

Assim, o presente trabalho teve como objetivo principal analisar o uso dos mangás como um recurso didático alternativo no processo de ensino-aprendizagem da geopolítica no 1º ano do ensino médio de uma escola pública. Concorrendo para isso os objetivos específicos que se seguem: a) explorar a importância da geopolítica no ensino compreendendo melhor seu conceito; b) Diagnosticar a situação da turma selecionada identificando os déficits desta em relação à geopolítica e os recursos disponíveis; c) Selecionar a metodologia conveniente e planejar em conjunto a professora titular a partir dos resultados da analise, buscando explorar melhor a temática em sala de aula com a utilização do mangá e anime; d) Compilar e selecionar os episódios em vídeo e os capítulos do mangá a serem trabalhados em sala; e) Aplicar a atividade com os alunos analisando em seguida os dados obtidos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Hoje a geopolítica é de grande influência na formação da cidadania, pois, de acordo com Gomes e Vlach (2007), um cidadão tem o dever de conhecer seu espaço, os homens e as relações que estabelecem na sociedade.

Ao fazemos a leitura de Martinez (2013) verificamos que "o estudo da geopolítica mundial tem como ponto central compreender os acontecimentos ocorridos no espaço geográfico que modificam ou interferem de maneira determinante em sua organização [...]". A Geopolítica é importante na formação da cidadania, mais especificamente dos jovens como cidadãos ativos da sociedade. O texto do PCN de Geografia do Ensino Médio esclarece que:

Ensino Médio deve orientar a formação de um cidadão para aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Isto é, deve buscar um modo de transformar indivíduos tutelados e infantilizados em pessoas em pleno exercício da cidadania, cujos saberes se revelem em competências cognitivas, sócio afetivas e psicomotoras e nos valores de sensibilidade e solidariedade necessários ao aprimoramento da vida neste País e neste planeta. (BRASIL, p. 31)

Dessa forma, consideramos a pertinência de se ensinar geopolítica utilizando mangás e animes. O mangá é um tipo de história em quadrinhos produzida no Japão, as quais possuem características únicas, distinguindo-se das demais produções em quadrinhos. Para Cé (2010), a palavra mangá se refere exclusivamente às histórias em quadrinhos japonesas, ou seja, toda história em quadrinho produzida no Japão, assim como gibi no Brasil, comics nos EUA e mahwas na Coréia, por exemplo. Já os animes (desenhos animados de origem japonesa) começaram a ser produzidos na década de 50, quando influenciados pelas animações americanas, diversos artistas do oriente desenvolvem seus próprios projetos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento das atividades ocorreu em sala de aula, obedecendo o cronograma e sem maiores dificuldades. Antecipadamente, montamos o equipamento a ser utilizado e modificamos a organização das carteiras em círculo a fim de facilitar a visualização dos vídeos reproduzidos no datashow, bem como o debate posterior que seria feito com os estudantes.

À medida que respondiam às perguntas, eram utilizadas suas próprias respostas para explicar melhor o tema, sempre relacionando ao que estava sendo mostrado com a nossa realidade para que tivessem uma maior facilidade de compreender a temática. Além das perguntas, foi feita a interpretação textual dos capítulos dos mangás, debatendo os conceitos de geopolítica em relação a realidade brasileira. Durante as sessões de apresentação do material incentivamos um clima de descontração nas aulas, mas sem perder o foco do assunto.

Conforme prosseguia a exibição percebíamos que havia o interesse dos estudantes em anotar no caderno aspectos importantes do que estava sendo tratado. As aulas transcorreram sem grandes incidentes ou problemas, os alunos apesar de relaxados não se mostraram dispersos ou menos participativos. A professora titular reconheceu isso elogiando a importância do trabalho e a atitude favorável durante a sua realização.

No o início das atividades foram feitas a leitura de cópias e a apresentação de slides no Data-show. Depois de explicada como seria a tarefa orientou-se os estudantes a lerem o material e fazerem anotações no quadro sobre pontos que poderiam ser mais explorados através de palavras-chave. A cada aula procurava-se revisar o conteúdo anterior para identificar as possíveis dificuldades apresentadas pelos estudantes. Depois disso, era introduzido conteúdo novo, pois era fundamental rever o aprendizado prévio. O desenvolvimento das aulas foi feito com bastante questionamentos visando estimular a participação e contribuir para a melhor compreensão do

assunto. Além disso, episódios curtos foram repetidos a pedidos dos próprios estudantes, interessados em entender o enredo da história apresentada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Notamos a partir de todos os dados que esses artefatos conseguiram responder os questionamentos, mas, não esgotar as possibilidades. Focando na temática da Geopolítica, que foi a escolhida para a experiência, fica claro que os alunos conseguiram compreender de maneira rápida e satisfatória os conceitos e demonstraram maiores interesse a cada etapa. De acordo com a avaliação feita pelos alunos no questionário final, podemos concluir que gostaram de estudar este conteúdo escolhido por meio do desenho animado japonês e o mangá. Foram necessários ajustes no decorrer do processo a fim alcançar um resultado satisfatório.

É necessário ainda salientar, diante do exposto, que o uso de mangás e animes no processo educativo ainda demanda uma abertura dos professores para se informarem mais sobre a sua potencialidade como recurso didático, tendo acesso as contribuições diversas das produções da cultura contemporânea. Por fim, com a realização do trabalho, percebemos que o estudo, bem como suas análises e resultados foram promissores, autorizando o uso dos mangás nas aulas de Geografia, além de fornecer condições para a continuidade de trabalhos sobre o assunto.

REFERÊNCIAS

ALVES CÉ, Otavia. Seme Ou Uke? Uma Análise Sobre o Yaoi, Os Quadrinhos Homossexuais Japoneses. Fazendo Gênero 9. Diásporas, Diversidades, Deslocamentos, S/E, v. 23, p. 01-08, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.

Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000.

GOMES, Francilene Lemes; VLACH, Vânia Rúbia Farias. O Ensino de geografia política e geopolítica nas escolas de ensino fundamental e médio dos distritos de Uberlândia (Martinésia; Cruzeiro dos Peixotos, Tapuirama e Miraporanga) - MG. Uberlândia - MG, 2007 MOLÍNE, Alfons. O grande livro dos Mangás. São Paulo: Editora JBC, 2004.

METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DA CARTOGRAFIA EM SALA DE

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