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METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DA CARTOGRAFIA EM SALA DE AULA

Camila Sueli de Oliveira Mendes ¹

Graduanda em Licenciatura Plena em Geografia camilasueli-15@hotmail.com

Maria Valdirene Araújo Rocha Morais ²

Profª. Drª. na Universidade Federal do Piauí valdirene@ufpi.edu.br

GT - Práticas pedagógicas no Ensino de Geografia RESUMO

O presente trabalho foi realizado na Unidade Escolar Sigefredo Pacheco, na cidade de Teresina/PI (bairro Bela Vista) com as turmas de 6º e 7º ano/manhã como atividade avaliativa para a disciplina de Cartografia II do curso de Licenciatura Plena em Geografia na Universidade Federal do Piauí-UFPI. Tendo em vista a forma como os conteúdos são expostos em sala de aula, a maneira como os alunos veem a cartografia e as dificuldades ocasionadas pela quantidade reduzida de recursos, o trabalho em questão apresenta propostas metodológicas mais interativas que permitam ao aluno a construção de uma alfabetização cartográfica eficaz e a maior internalização do conteúdo exposto. Além disso, proporciona uma diminuição das dificuldades enfrentadas pelo professor em sala de aula, principalmente á respeito da cartografia.

Palavras-chave: Metodologia. Ensino. Cartografia.

INTRODUÇÃO

O espaço geográfico continua sendo o objeto principal de estudo da geografia. A geografia escolar para dar conta desse objeto de estudo deve ficar atenta ao modo de vida dos alunos buscando realizar sempre uma ligação entre o cotidiano e os conteúdos escolares, é fundamental apresentar referências aos alunos a respeito do espaço em que vivem.

Infelizmente na maioria dos casos o que se percebe nas salas de aula é certo descaso quanto á esse ponto, onde os conteúdos são apenas expostos aos alunos e estes procuram na maioria das vezes através da memorização a absorção do conteúdo para as provas, sendo assim, quando estas passam pouco conhecimento fica.

Surge então uma dificuldade encontrada no sistema escolar que se estende muitas vezes dos primeiros anos da vida acadêmica às cadeiras das universidades, ocasionando um ciclo que

se resume em alunos com pouco ou nenhum conhecimento científico que chegando às universidades se formam e se transformam em profissionais ruins.

Esse fato se torna ainda mais evidente quando se levantam os olhos para a alfabetização cartográfica, que semelhante à alfabetização linguística e o letramento prático, se não for trabalhada de forma pertinente desde cedo alcançará resultados desastrosos no futuro. Adquirindo como produto final indivíduos que não possuem orientação alguma quanto ao espaço em que vivem, além de extremamente limitados apenas aos registros de sua memória.

Diante disso, buscou-se através desse trabalho encontrar meios que facilitem a absorção do conteúdo em sala de aula de uma forma em que o aluno venha a interagir com os assuntos expostos e possa através disso internalizar sua importância, além de construírem uma alfabetização cartográfica eficaz através de exemplos práticos.

Objetiva-se também, apresentar formas dinâmicas e interativas nas quais o professor, que muitas vezes não possui apoio da escola, não se sinta limitado com os recursos que tem a sua disposição e possa diminuir seu desgaste através de métodos mais criativos.

A Unidade Escolar Sigefredo Pacheco funciona nos turnos da manhã e tarde. No período da manhã a escola abre turmas de Ensino Fundamental II e Ensino Médio, possuindo uma turma de 6º ano e duas turmas de 7º ano. No período da tarde funcionam o Ensino Fundamental II, com uma turma de 6º ano e uma de 7º ano, e o projeto de Educação de Jovens e Adultos - EJA.

A pesquisa foi realizada durante duas semanas, nas quais se utilizaram dois dias de aula das turmas de 6º e 7º ano/manhã. Dividida em dois momentos onde á princípio as turmas foram observadas, buscando-se através disso a captação de como a forma ensinada é absorvida pelos alunos.

No segundo momento houve a apresentação de três propostas metodológicas visando à redução das dificuldades enfrentadas pelo professor e a melhor absorção de conteúdo pelo aluno, sobretudo, quanto à cartografia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Castrogiovanni (2012), faz-se necessário que os professores criem condições que favoreçam a melhoria da aprendizagem, obtendo como retorno um aluno mais ativo e participativo que com o passar do tempo vai evoluindo dos conceitos prévios aos raciocínios mais complexos.

Tendo a visão do autor citado acima como ponto de partida para a fundamentação do presente trabalho, foi captada a importância da maneira como se desenvolvem as condições e estratégias em sala de aula. Havendo a necessidade de um processo que proporcione o desenvolvimento do aluno de forma gradual tomando como marco inicial seu conhecimento prévio e através deste venha se desenvolver um amadurecimento desse conhecimento, sendo o mesmo lapidado dia após dia.

Almeida (2003), em seu livro Do Desenho ao Mapa: Iniciação Cartográfica na escola, apresenta abordagens bem dinâmicas quando se trata das estratégias levantadas pelos professores em classe. Tendo em vista a importância da leitura cartográfica para o desenvolvimento do aluno, afirma:

O indivíduo que não consegue usar um mapa está impedido de pensar sobre aspectos do território que não estejam registrados em sua memória. Está limitado apenas aos registros de imagens do espaço vivido, o que o impossibilita de realizar a operação elementar de situar localidades desconhecidas (ALMEIDA, 2003, p.17).

Quando os meios pelos quais o aluno aprendeu a ler e a escrever nos primeiros períodos escolares não foram tão eficazes é desnecessário dizer que este aluno sofrerá sérias dificuldades ao longo de sua vida acadêmica. O mesmo ocorre quando se trata da alfabetização cartográfica, o indivíduo estará limitado apenas aos registros presentes em sua memória e estará impossibilitado de situar localidades desconhecidas, como foi citado acima.

Outro autor que reafirma a importância da linguagem cartográfica chama-se, Joly (1990, p. 109) quando coloca que “um mapa não é apenas uma simples ilustração; é também um meio de armazenar e de tratar a documentação espacial que muitas vezes leva a rever ou a repensar a metodologia empregada e a concepção mesma do espaço geográfico”.

Assim, tendo em vista todos os fundamentos colocados, é de extrema importância ficar atento aos meios pelos quais essa forma de alfabetização vem sendo empregados dentro das salas de aula se tornando de grande valia encontrar estratégias adequadas para que se desenvolva uma alfabetização cartográfica eficaz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Visando o que foi afirmado pelos autores citados acima quanto ao papel fundamental a ser desempenhado pelo professor em sala de aula, assim como os meios pelos quais ele utiliza para facilitar a construção de todo conhecimento, foi-se pensado em três estratégias para a escola em questão. Levando em conta as preferências dos alunos e a disponibilidade de recursos garantidos pela escola ao professor através das informações coletadas no primeiro momento da pesquisa.

O resultado positivo obtido no primeiro momento da pesquisa foi a tentativa de aproximação entre o conteúdo e a realidade do aluno, onde a professora mesmo com a limitação de materiais fornecidos pela escola e tendo como recursos apenas o livro, o pincel e o quadro buscou através de perguntas e a utilização de exemplos a interação dos alunos.

O resultado negativo obtido nesse primeiro momento se deu principalmente pela falta de estrutura da escola onde as janelas da maioria das salas estão quebradas e por conta da ociosidade dos alunos de outras séries, devido á falta de professores de outras disciplinas, que ficam nessas mesmas janelas e retiram a atenção na aula atrapalhando o controle da turma.

No segundo momento foram propostas três metodologias como citado anteriormente. A primeira metodologia teve como base o tema Orientação onde o aluno seria levado a construir um instrumento simples utilizado ao longo de muitos anos como forma de se orientar, a bússola.

Com recursos comuns onde os alunos poderiam ter acesso em casa (bacia com água, pedaço pequeno de isopor, agulha e ímã) se construiu uma bússola em sala. Com a agulha pressionada algumas vezes sobre um dos polos do ímã e colocada sobre o isopor que flutua sobre a água, funcionaria como a agulha presente na bússola apontando para o norte (Figura 1.1; Figura 1.2).

Além de ativar a curiosidade do aluno seria alcançado a partir dessa experiência o processo de interdisciplinaridade entre a geografia e a física, despertando o interesse pela disciplina e o abandono da ideia de geografia tradicional e apenas como memorização, abrindo espaço para uma geografia dinâmica e presente nos elementos mais simples do dia-a-dia do aluno.

Figura 1.1 - Fotografia da turma 7º ano/manhã Figura 1.2 – Fotografia mostrando a experiência em sala

Fonte: Camila Mendes (2016). Fonte: Camila Mendes (2016).

A segunda metodologia foi a apresentação das figuras cartográficas (mapa, carta, planta e outras formas de representação) aos alunos e como atividade a construção de uma planta da escola e seus arredores. Os alunos se dividiram em dois grandes grupos e segundo um exemplo apresentado construíram a planta e em seguida explicaram para a classe o que haviam desenhado (Figura 2.1; Figura 2.2; Figura 2.3; Figura 2.4).

O objetivo era estimular a visão do aluno quanto á localização dos lugares, sobretudo, o que se posicionava próximo a eles. Além da importância de fazer a leitura da figura cartográfica onde a maioria sente grande dificuldade.

Figura 2.1 - Fotografia da turma 7º ano/manhã Figura 2.2 - Fotografia da turma 7º ano/manhã

Fonte: Camila Mendes (2016). Fonte: Camila Mendes (2016). Figura 2.3 - Fotografia da turma 6º ano/manhã Figura 2.4 - Fotografia da turma 6º ano/manhã

Fonte: Camila Mendes (2016). Fonte: Camila Mendes (2016).

A terceira e última metodologia foi a apresentação de uma música bem conhecida transformada em paródia, onde a letra envolvia muitos temas que os alunos encontrariam ao longo da sua vida escolar e chamava a atenção quanto à importância da geografia. Foi uma atividade bem dinâmica em que todos os alunos se envolveram (Figura 3.1; Figura 3.2).

Figura 3.1 - Fotografia da turma 7º ano/manhã Figura 3.2 - Fotografia da apresentação da paródia

Fonte: Camila Mendes (2016). Fonte: Camila Mendes (2016).

O objetivo da atividade era aproximar ainda mais a geografia à realidade do aluno. Através das observações se foi percebido o quanto os alunos gostavam de música, característica bem presente nos adolescentes, sendo assim essa se torna uma ferramenta bem chamativa a eles o

que facilita de forma extraordinária a absorção de conteúdo pelo aluno e reduz o desgaste do professor. O objetivo das três metodologias apresentadas foi alcançado, pois se pôde perceber uma maior participação e atenção dos alunos, sobretudo, na última atividade.

A experiência de produção da bússola despertou a curiosidade dos alunos que através de elementos tão simples passaram a entender a importância da orientação no seu dia-a-dia. A maioria não tinha a mínima noção a respeito da cartografia, e o contato com o mapa era reduzido ás figuras encontradas no livro didático, daí se explica o interesse despertado pela curiosidade ao tentarem identificar os elementos contidos em um mapa bem maior se comparado ao que já estavam acostumados.

Nos intervalos entre a troca de professores foi percebido que os alunos batiam nas carteiras e cantavam as músicas que gostavam, então quando se foi proposto que a turma cantasse uma música a respeito do assunto todos se colocaram dispostos a participar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O descaso quanto á construção de conhecimento em sala de aula, sobretudo, em relação á cartografia ainda é gritante. Embora muitos já busquem meios para mudar essa realidade ainda se encontram grandes números de alunos com uma alfabetização cartográfica reduzida ao mínimo.

Buscou-se através da apresentação das propostas metodológicas uma forma de encontrar um meio de se poder trabalhar em sala utilizando os recursos que estão disponíveis ao professor, tendo em vista a realidade do aluno e da escola em questão, que muitas vezes não auxilia o professor como deveria. São métodos que exigem apenas um pouco de pesquisa e criatividade e um valor de custo reduzido, mas que causam um efeito gratificante na aprendizagem e diminuem em grande parte um maior desgaste do professor.

Os objetivos de resolução mais instantânea como a diminuição do desgaste do professor e uma melhor internalização de conteúdo foram alcançados, assim como, através das aplicações das medidas apresentas se aplicadas em longo prazo permitirão o alcance de uma alfabetização cartográfica mais completa e com indivíduos que possuam um conhecimento científico de bases sólidas e bem fundamentadas. Espera-se que o trabalho realizado venha servir como resposta às dificuldades em sala e através de seus resultados como um exemplo de sugestões a profissionais que se sentem reféns dessas dificuldades, assim como foi proposto à Unidade Escolar Sigefredo Pacheco.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do Desenho ao Mapa: Iniciação cartográfica na escola. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2012.

MULTICULTURALISMO EM FOCO: OS DESAFIOS DE TRABALHAR TEMAS

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