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Classificação dos Produtos Turísticos do Polo Seridó

PARTE 2. SITUAÇÃO DO TURISMO NO POLO SERIDÓ

3.2. Ocupação Turística do Polo

3.2.6. Produtos Turísticos

3.2.6.1. Classificação dos Produtos Turísticos do Polo Seridó

A metodologia utilizada para a classificação tomou como base o modelo de Ruschmann Consultores utilizado no PDITS do Polo Costa do Sol (CE) com algumas adaptações feitas pela Consultoria. Neste modelo, são determinados: potencial de atratividade, critérios de hierarquização e critérios de priorização, a partir dos quais irá se calcular o Potencial de Implantação do produto turístico.

a) Potencial de atratividade (a): Consideram-se as características de peculiaridade e o interesse que o elemento pode despertar nos turistas. Atribui-se um valor quantitativo a suas características, estabelecendo uma ordem quantitativa para priorizar seu desenvolvimento para o turismo. É importante ressaltar que nessa escala encontram-se classificados atrativos de diferentes naturezas, e que, portanto, podem ter potencial de atratividade ligado a diferentes fatores, como beleza cênica, importância histórica, qualidade dos artefatos à venda e outros. Conforme Ruschamnn Consultores (2002, p. 198) a Organização Mundial do Turismo (OMT), em conjunto com a CICATUR, estabeleceu um quadro de hierarquia que classifica os atrativos da seguinte forma:

QUADRO 28. Classificação de Hierarquias.

Hierarquia Características

3

É todo atrativo turístico excepcional e de grande interesse, com significação para o mercado turístico internacional, capaz de, por si só, motivar

importantes correntes de visitantes, atuais ou potenciais. 2

Atrativos com aspectos excepcionais em um país, capazes de motivar uma corrente atual ou potencial de visitantes dos mercados internos e externos,

seja por si só ou em conjunto com outros atrativos contíguos.

1

Atrativos com algum aspecto expressivo, capazes de interessar visitantes oriundos de lugares distantes, dos mercados internos e externos, que tenham chegado à área por outras motivações turísticas ou de motivar

correntes turísticas locais (atuais ou potenciais).

0

Atrativos sem mérito suficiente para serem incluídos nas hierarquias superiores, mas que formam parte do patrimônio turístico como elementos que podem complementar outros de maior hierarquia, no desenvolvimento e funcionamento de quaisquer das unidades do espaço turístico que, em geral,

podem motivar correntes turísticas locais, em particular a demanda de recreação popular.

Fonte: Ruschmann Consultores, 2001.

b) Critérios de hierarquização: são aqueles que permitem classificar cada atrativo, de acordo com uma escala preestabelecida e assim fornecer subsídios para a diferenciação objetiva de suas características e dos graus de importância entre eles.

 Grau de uso atual (b): permite analisar o volume de fluxo turístico efetivo na atualidade e sua importância dentro do Município e da área turística. Difere do grau de interesse por representar a situação atual ao invés da potencial. Um alto grau de uso indica que o atrativo apresenta uma utilização turística efetiva, enquanto o menor grau representa os recursos turísticos.

 Representatividade (c): fundamenta-se na singularidade ou raridade do atrativo dentro da área turística. Quanto mais se assemelhar a outros atrativos da área turística, menos interessante ou prioritário é. Deve-se considerar não apenas o número de elementos de uma mesma categoria de atrativos, mas também a homogeneidade desse grupo.

 Apoio local e comunitário (d): permite analisar o grau de interesse da comunidade local para o desenvolvimento e disponibilidade ao público, a partir da opinião de seus líderes. Na área não foram encontradas grandes variações neste item, sendo que as variações existentes apresentam uma gradação extremamente tênue e, portanto, não puderam ser quantificadas. Deste modo, optou-se por dar uma mesma nota a todos os produtos turísticos da área turística.

c) Critérios de priorização: permitem entender os diferentes fatores que podem determinar a urgência ou não da sua implantação como atrativo turístico, de acordo com os seguintes itens:

 Acessibilidade (e): facilidade de acesso apresentada por cada um dos elementos turísticos. Um elemento de fácil acesso apresenta um maior potencial para a atividade turística tradicional. Entretanto, ressalta-se que, para o segmento de ecoturismo, muitas vezes o difícil acesso acaba por constituir-se como um fator positivo. Além disso, um atrativo tradicional com um alto grau de interesse, porém com acessibilidade precária deve ter seu acesso melhorado a fim de gerar um fluxo

turístico efetivo. Foram consideradas, não apenas as condições do acesso principal do produto, mas também a distância que este apresenta em relação ao aeroporto de Parnamirim. Produtos que apresentam uma distância superior a 200 quilômetros obtiveram notas superiores.

 Condições receptivas (f): analisa a infraestrutura receptiva instalada no atrativo e em seu entorno, levando em conta elementos como banheiros públicos, serviços de alimentação e hospedagem, estacionamento e outros. Atrativos com um alto grau de interesse e condições receptivas precárias são prioritários para ações de implantação de infraestrutura.

 Fragilidade (g): valoriza a capacidade de suporte das pressões de visitação, ou seja, quanto menos frágil o elemento em relação à visitação, mais interessante será para seu desenvolvimento turístico; quanto mais frágil, maiores serão os obstáculos para sua incorporação ao turismo.

QUADRO 29. Valoração dos Critérios de Hierarquização e Priorização. Valores Critérios 0 1 2 3 Potencial de Atratividade (a) Nenhum Baixo, pequena Atratividade Médio, Atratividade Mediana Alto, grande Atratividade Grau de Uso Atual

(b) Fluxo Turístico Insignificante Pouco intenso, pequeno fluxo Média intensidade e fluxo

Muito intenso, grande fluxo Representatividade (c) -Elemento bastante comum Pequeno grupo de elementos similares Elemento singular, raro D e H ie ra rq u iz a ã o Apoio Local e Comunitário (d)

-Apoiado por uma pequena parte da

comunidade

Médio apoio Apoiado por boa parte

da comunidade

Acessibilidade (e) - Boa acessibilidade

Existente, porém apresenta problemas

Condições precárias

Condições

Receptivas (f) - Estrutura adequada

Estrutura existente, porém insatisfatória Sem estrutura D e P ri o ri z a ç ã o

Fragilidades (h) - Elemento pouco frágil

Elemento de fragilidade

mediana

Elemento frágil Fonte: Ruschmann Consultores, 2002.

A partir da valoração das variáveis de cada produto turístico e com o objetivo de montar um

ranking de cada um deles, serão calculados os valores dos índices que correspondem ao

somatório das variáveis.

 Índice de Hierarquia: Analisa a importância de um determinado atrativo ou recurso para a atividade turística no Polo turístico. Quanto maior o valor numérico atribuído, maior a importância do elemento. É calculado pela soma das três variáveis de hierarquia (IH = b + c + d).

 Índice de Priorização: Indica o grau de prioridade de ações de conservação, estruturação do acesso, das condições receptivas e relativas à fragilidade. O maior valor indica aqueles de maior necessidade de intervenções. Calcula-se a partir da multiplicação das variáveis de priorização (IP = e x f x g).

 Índice de Implantação: É um número arbitrário obtido da multiplicação direta dos índices de Hierarquização, Priorização e do Potencial de Atratividade. Avalia a prioridade de intervenção segundo a importância do atrativo, sendo que aqueles de maior importância e prioridade ocupam as primeiras posições (I = a x IH x IP).

Aplicando-se essa valoração aos produtos turísticos definidos para o Polo Seridó, chegou-se ao seguinte quadro.

QUADRO 30. Polo Seridó: Variáveis de cada Produto Turístico do Polo Seridó. Produto Potencial de atratividade (a) Grau de uso atual (b) Representatividade (c) Apoio local e comunitário (d) Acessibilidade (e) Condições receptivas (f) Fragilidade (g) Açude Gargalheiras 2 1 3 2 2 2 2 Açude Itans 1 0 2 2 2 3 2 Açude Boqueirão 1 0 2 2 2 2 2 Festa de Sant’Ana 2 2 1 3 2 2 1 Ilha de Sant'Ana 0 2 2 3 2 2 1 Artesanato 1 1 1 3 2 2 2 Gastronomia 1 1 1 3 2 2 2 Carnaval 2 2 1 2 2 2 1 Sítios Arqueológicos 3 1 2 2 2 3 3 Mina Brejuí 1 1 3 2 2 2 2 Museu do Seridó 0 1 2 2 2 2 1 Museu do Sertanejo 0 1 2 2 2 2 1 Casa de Pedra 0 1 2 2 2 2 1 Castelo de Bivar 1 1 3 2 2 2 1 Monte do Galo 1 1 3 2 2 2 2

A partir da valoração das variáveis de cada atrativo turístico foi montado um ranking que expressa à ordem de importância dos atrativos e que pode servir como sinalizador de prioridades de investimentos a serem realizados no Polo Seridó.

QUADRO 31. Polo Seridó: Índices dos Produtos Turísticos.

Produto Potencial de atratividade (a) Índice de Hierarquia Índice de Prioridade Índice de Implantação Ranking Sítios Arqueológicos 3 5 18 270 1 Açude Gargalheiras 2 6 08 96 2 Açude Itans 1 4 12 48 3 Festa de Sant’Ana 2 6 4 48 3 Mina Brejuí 1 6 8 48 3 Monte do Galo 1 6 8 48 3 Artesanato 1 5 8 40 4 Gastronomia 1 5 8 40 4 Carnaval 2 5 4 40 4 Açude Boqueirão 1 4 8 32 5 Castelo de Bivar 1 6 4 24 6 Ilha de Sant'Ana 0 7 4 0 7 Museu do Seridó 0 5 4 0 7 Museu do Sertanejo 0 5 4 0 7 Casa de Pedra 0 5 4 0 7

Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2009.

No topo do ranking ficam os atrativos turísticos que precisam de maiores investimentos para o seu aproveitamento turístico, devendo ser priorizados quer seja por sua fragilidade ou por seu potencial de atratividade. Assim, dentre os listados, os sítios arqueológicos se destacaram no Polo Seridó como sendo aqueles que devem receber os investimentos iniciais.

Os atrativos turísticos existentes no Polo Seridó são muitos e diversificados, possibilitando a captação de vários nichos de mercado, porém, não existe uma interrelação entre os mesmos. Percebe-se que os principais atrativos não necessariamente despertam o interesse do turista em visitar outro que esteja próximo, seja no mesmo município, seja em outro vizinho. Isso se deve ao incipiente processo de apropriação do turismo no território, bem como, talvez, a falta de informação do turista, que em sua maior parte chega ao destino por conta própria, sem conhecimento prévio das opções que pode desfrutar na região. Com isso, quer-se dizer que há um enorme potencial para formação de um produto turístico mais rico e diversificado, com a adição de diversos elementos (atrativos ou recursos, ao serem devidamente trabalhados) similares, possibilitando a criação de roteiros. As opções são muitas:

 Turismo arqueológico: quase todos os municípios possuem sítios arqueológicos, necessitando, em sua maior parte, ainda da datação e de uma estrutura adequada de preservação e conservação, além de estrutura para visitação que impeça a depredação dos mesmos, seja pela comunidade local, seja pelos turistas;

 Turismo de aventura e ecoturismo: diversas atividades de aventura já são praticadas nas serras, cânions, grutas, cavernas, picos, enfim, na natureza oferecida

pelo Seridó. Para aqueles que não apreciam atividades “radicais”, a natureza também está lá para ser contemplada, através do ecoturismo;

 Turismo gastronômico/de eventos: a gastronomia é uma das tradições do Seridó. Foram identificados alguns eventos gastronômicos nos municípios como os Festivais “Saboreando”, promovido pelo SEBRAE, e outros, como o Festival de Inverno de Cerro Corá. Não se pode esquecer-se do Carnaval, o maior e mais conhecido de todos é, sem dúvida, o de Caicó, mas os demais municípios também promovem o seu carnaval de rua;

 Turismo rural: a oportunidade de vivenciar o cotidiano e as tradições do interior é possível no Seridó. Algumas das fazendas construídas no período do algodão recebem turistas com esse objetivo, adicionando à experiência cultural também o contato com a natureza;

 Turismo religioso: a religiosidade é uma característica do seriodoense, que não mede esforços para celebrar os seus santos de devoção. Felizmente, esse sentimento é compartido por tantas outras pessoas, que anualmente chegam a Caicó, em especial, mas também aos municípios para as celebrações religiosas e profanas agregadas.