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Produto Interno Bruto e Principais Atividades Econômicas do Polo

PARTE 1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO POLO SERIDÓ SERIDÓ

3.1. Caracterização Urbana do Polo Seridó

3.1.7. Análise Socioeconômica do Seridó

3.1.7.1. Produto Interno Bruto e Principais Atividades Econômicas do Polo

O Produto Interno Bruto equivale ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos em um determinado espaço geográfico durante um período específico. A tabela abaixo apresenta a distribuição do VAB (PIB) a preços básicos por setor de atividade e participação do total do Estado em 2005.

A diversidade entre os municípios do Seridó se percebe pela apresentação de seus PIB. Destacam-se nesse cenário os municípios de Caicó, Currais Novos e Parelhas que têm como atividade primordial, o comércio e serviços.

TABELA 07. Polo Seridó - Distribuição do VAB (PIB) a Preços Básicos por Setor da Atividade e Participação no Total do RN – 2005.

VAB Total (em R$ 1.000) VAB em %

Comércio e Serviços Comércio e Serviços RN e Seridó Agropecuária Indústria Total Adm. Pública

Total Agropecuária Indústria

Total Adm. Pública Total Total do RN 883.474,80 4.101.192,00 10.763.580,00 4.076.997,63 15.748.246,80 5,61 26,04 68,35 25,89 100 Seridó 102.847,05 87.676,21 578.023,74 303.813,55 768.547,00 13,38 11,41 75,21 39,53 100 Acari 8.108,22 3.140,25 25.255,53 14.758,33 36.503,99 22,21 8,60 69,19 40,43 100 Caicó 18.883,44 21.652,79 182.179,22 71.357,90 222.715,45 8,48 9,72 81,80 32,04 100

Carnaúba dos Dantas 1.998,63 2.510,15 15.583,51 9.963,37 20.092,29 9,95 12,49 77,56 49,59 100

Cerro Corá 5.452,29 2.397,57 19.168,63 14.147,59 27.018,48 20,18 8,87 70,95 52,36 100 Currais Novos 19.697,48 16.752,44 113.113,47 51.106,08 149.563,40 13,17 11,20 75,63 34,17 100 Equador 831,62 1.913,14 10.838,21 7.575,65 13.582,97 6,12 14,08 79,79 55,77 100 Florânia 4.265,05 2.229,33 17.089,91 10.842,23 23.584,28 18,08 9,45 72,46 45,97 100 Jardim do Seridó 4.423,67 7.853,44 27.317,27 14.637,43 39.594,39 11,17 19,83 68,99 36,97 100 Jucurutu 9.450,59 7.360,23 38.575,78 24.641,36 55.386,60 17,06 13,29 69,65 44,49 100 Lagoa Nova 5.684,81 2.462,88 24.247,67 17.796,17 32.395,36 17,55 7,60 74,85 54,93 100 Ouro Branco 4.108,83 4.138,94 10.571,06 6.876,03 18.818,82 21,83 21,99 56,17 36,54 100 Parelhas 4.723,57 9.655,27 43.653,43 25.664,12 58.032,27 8,14 16,64 75,22 44,22 100 Santana do Seridó 1.369,70 703,87 5.484,51 3.949,77 7.558,09 18,12 9,31 72,56 52,26 100

São João do Sabugi 4.792,05 1.281,87 12.316,42 7.771,15 18.390,35 26,06 6,97 66,97 42,26 100

Serra Negra do Norte 5.037,17 2.141,13 16.083,49 10.624,88 23.261,79 21,65 9,20 69,14 45,68 100

Tenente Laurentino Cruz 2.876,10 950,68 10.633,15 8.015,19 14.459,93 19,89 6,57 73,54 55,43 100

Timbaúba dos Batistas 1.143,83 532,23 5.912,48 4.086,30 7.588,54 15,07 7,01 77,91 53,85 100

Seridó % do RN 11,64 2,14 5,37 7,45 4,88

Fonte: IBGE - Produto Interno Bruto dos Municípios 2005.

Historicamente a estruturação básica do espaço econômico do Seridó incluiu o trinômio pecuária/algodão/culturas e alimentares. Ainda no início da ocupação econômica e demográfica do Nordeste e do estado do Rio Grande do Norte, a pecuária se constituiu em uma atividade dinâmica, favorecendo o povoamento do interior e capitanias vizinhas. Já nos anos trinta e quarenta do século XX, com a exploração de minério, especialmente a

Scheelita, a região ganhou visibilidade e ampliou a sua participação social e política no

contexto norteriograndense.

A partir dos anos de 1990, foi observado o início de um processo de reestruturação econômica na região, por meio do auxílio de políticas públicas, no caso do Programa do Leite do governo estadual, combinado com o espírito empreendedor e a forte cultura associativista seridoense. Novas atividades econômicas surgiram e outras se reorganizaram como é o caso da pecuária. Atualmente, agropecuária e indústria constituem pesos importantes na economia seridoense, enquanto o turismo desponta como novo potencial.

a) Agropecuária

Em termos de representatividade no PIB, a agropecuária é a atividade da região com maior peso na economia do estado, com participação de 12% em 2005. Tal participação galgou significativo incremento a partir de 2002, com a revisão da metodologia do cálculo das contas regionais pelo IBGE. No âmbito das atividades do agro do Polo Seridó, a pecuária de aptidão mista – carne e leite – é a mais importante do estado tanto em tamanho do rebanho bovino, como em número de vacas ordenhadas e de produção de leite. A indústria de laticínios também é destaque, especialmente em Currais Novos, onde se encontra a unidade pertencente à Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Seridó – CERSEL, que produz em torno de sete derivados de leite, sendo certificada pelo Serviço de Inspeção Federal, que a torna apta a comercializar seus produtos em qualquer ponto de venda do país. Em termos de tamanho de rebanho, tanto de bovinos, como de ovinos e caprinos, assim como na produção de leite, o município de Caicó é líder no Polo. No entanto, Currais Novos leva vantagem no que tange à produção de aves (frangos e galinhas). (IBGE, Produção Pecuária Municipal, 2005).

A agricultura comercial de todo o Seridó é pouco expressiva no contexto do RN, em virtude das condições pouco propícias do solo, salvo pelo nicho fértil mais circunscrito a Serra de Santana que supre o entorno com alimentos e se destaca na produção frutícola de caju, maracujá e goiaba. (IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2005).

Apesar da não disponibilidade de informações sobre a produção de pescado, é importante mencionar a existência de uma estação de piscicultura em Caicó, no Açude Itans, onde são produzidos alevinos de tilápias, tambaquis e carpas com o intuito de promover o peixamento nos demais açudes do Estado.

b) Indústria

Em termos de atividade industrial, a participação do Polo Seridó é de apenas 2% em relação total do estado. Nesse caso, é importante que se faça uma ressalva, uma vez que a região está fora da área de produção de petróleo, e nesse caso o valor de suas mercadorias levam desvantagem em relação à commodity – que no período de referência se encontrava especialmente valorizada no mercado global. Portanto, o valor do petróleo acaba distorcendo a representação da indústria dos municípios no contexto do estado.

De acordo com informações do Cadastro Industrial da FIERN - 2008, duas características se ressaltam na indústria seridoense: em primeiro lugar, o predomínio absoluto de micro e pequenas empresas - menos de 100 empregados; em segundo, o número de unidades manufatureiras de Caicó, por exemplo, ocupa a quarta posição no estado, atrás apenas de Natal, Mossoró Parnamirim, tomando-se por base as atividades formalmente constituídas.

São 112 indústrias de um total de 2.816 no RN. Currais Novos desponta em seguida, com 63 empresas e Parelhas com 45. (FIERN, 2008). Os segmentos mais representativos são alimentos, minerais (extração e transformação) vestuário e acessórios.

A indústria de alimentos é a mais representativa, reproduzindo a própria característica do estado. Além da produção de pães, biscoitos e bolachas destacam-se a já mencionada indústria de laticínios. Outras indústrias alimentares - de sorvetes, torrefação e moagem de café, processamento de caju, molhos, doces e rações para animais estão presentes na região, embora com menor representatividade.

A indústria extrativa mineral presente na área do Polo está constituída pelos minerais metálicos scheelita e ferro, e os não metálicos, como mármores, granitos, mica, caulim, feldspato, quartzo, argilas, turmalinas, brita e calcário. A scheelita é extraída em Currais Novos e o minério de ferro vem de uma mina de Jucurutu; os mármores e granitos são produzidos, principalmente, em Currais Novos, seguido de Parelhas e Equador; mica é extraída em Currais Novos; caulim, feldspato e quartzo em Equador e Parelhas; gemas (turmalinas) são produzidas em Parelhas e Currais Novos; britas e calcário são extraídos em Caicó, sendo também explorados informalmente em vários outros municípios; extração de argilas ocorre em Parelhas, Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos e Parelhas, com o intuito de prover de matéria-prima a indústria cerâmica da região.

A indústria de cerâmica vermelha para a construção civil é uma das atividades que mais emprega no Seridó. Com tecnologia ainda bastante rudimentar absorve, principalmente, mão de obra com baixa qualificação, inclusive analfabetos. Apesar da presença da informalidade, é significativa a proporção de trabalhadores com carteira assinada, o que explica, por exemplo, o destaque de alguns municípios produtores de cerâmica em termos de IDH-M. O principal produto cerâmico da região é a telha, mas também são produzidos tijolos, blocos de vedação e estruturais e casquilhos. O município de Parelhas é o principal produtor de telhas no contexto estadual. Outras olarias seridoenses estão em Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Jardim do Seridó, Jucurutu, Acari, Ouro Branco e Caicó. Os produtos cerâmicos do Seridó abastecem, principalmente, um nicho mais popular de mercados da Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia.

Os pré-moldados de cimento correspondem a produtos como cobogós, lages, postes, caixas d’água, estacas, mosaicos, lajotas, etc. Algumas indústrias de pré-moldados fabricam também argamassas. A cal, a partir de calcário, é praticamente dominada pela produção informal. Os mármores, granitos e outras pedras ornamentais, depois de extraídas, são aparelhadas, ou cortadas, polidas e transformadas em artefatos para a indústria da construção. Empresas de aparelhamento em pedras ornamentais foram cadastradas em Caicó, Parelhas e São José do Seridó.

É importante mencionar a presença de unidades produtoras de têxteis para uso doméstico, como panos de prato, mantas para cama, toalhas de mesa e banho, panos de chão, tapetes para banheiro, etc. em municípios como Caicó e Currais Novos. Embora o núcleo da produção esteja localizado em Jardim de Piranhas, portanto fora do Polo objeto da presente análise, é integrante da microrregião do Seridó. Alguns insumos para a atividade já são produzidos na própria região, como é o caso das linhas para costurar e bordar, acabamentos têxteis e estamparia. O esforço de consolidação do polo têxtil do Seridó em muito é devido à capacidade empreendedora e associativa dos microempresários dedicados à atividade, reunidos na Associação das Indústrias Têxteis de Jardim de Piranhas – ASITEX, criada em 2004 com o objetivo de modernizar a atividade, racionalizar a aquisição de matérias-primas e agregar valor aos produtos.

A região do Seridó conta também com um Polo de produção de bonés. Algumas empresas já produzem localmente matéria-prima, como brim, além de insumos a partir da reciclagem de plásticos (garrafas de refrigerantes) e metais. O Seridó é o segundo maior Polo produtor de bonés do país, depois de Apucarana, no Paraná. A maior parte das bonelarias está

localizada em Caicó, onde são produzidos também os insumos apontados acima. Grande parte dos fabricantes de bonés está organizada em torno da Associação Seridoense dos Fabricantes de Bonés – ASFAB.

A indústria de confecção do vestuário e de roupas íntimas e profissionais tem forte presença na região, porém, ao contrário da produção de têxteis e das bonelarias, não está organizada em associação. Parte das unidades produtivas são facções de indústrias de maior porte que terceirizam parte da produção. A maior presença da indústria de confecção é observada em Caicó, seguida de Jardim do Seridó, Jucurutu, Serra Negra do Norte, Currais Novos, Acari e Tenente Laurentino Cruz.

Também faz parte da cadeia de têxteis e confecções, os bordados de Caicó, feitos em camisetas, toalhas de lavabo, de bandejas, caminhos de mesa, etc., por artesãs autônomas congregadas na Associação das Bordadeiras de Caicó, que tem mais de 20 anos de atividade. Esta, por seu turno, juntamente com mais 23 entidades de produtores autônomos de artesanatos em cestarias, trabalhos em pedras e madeira, formam o Comitê Regional das Associações e Cooperativas de Artesanato do Seridó – CRACAS.

Finalmente, o agrupamento outras indústrias corresponde a 16,7% dos estabelecimentos com 12,5% dos empregados e compreendem atividades como a produção de embalagens plásticas, produtos de limpeza, calçados de couro, chuteiras e sandálias em Caicó e Jardim do Seridó; produção de cachaça e de água purificada, em Caicó; um matadouro em Jucurutu, carpintarias e fabricação de esquadrias de madeira e metal, gráficas, manufaturas de carimbos em vários municípios; instalação de máquinas e equipamentos, fabricação de ferramentas, motores e turbinas para o setor de cerâmica e manufatura de cataventos, em Parelhas; e embalagens de papelão ondulado, em Jardim do Seridó. Acima consta a tabela completa com os dados do PIB dos municípios.

c) Comércio e Serviços

De todas as atividades econômicas mencionadas, as de comércio e serviços são que estão mais voltadas para dentro da própria região. Trata-se das unidades relacionadas à administração pública municipal, estadual e federal, inclusive saúde e educação; alimentação, serviços prestados às empresas e serviços pessoais, transporte, alojamento e comunicação; o comércio de alimentos, confecções em geral, aviamentos, remédios, material de construção, veículos e autopeças, etc. Como seria de se esperar, a concentração dessas atividades está diretamente relacionada ao grau de urbanização e da própria presença das ditas “atividades produtivas”. Nesse sentido, Caicó e Currais Novos são os principais Polos das atividades de comércio e serviços do Seridó. Para estes centros acorre a população do entorno com o objetivo de suprir suas demandas por produtos e serviços não disponíveis em suas cidades.

Para os municípios de base produtiva mais incipiente, a dependência em relação ao setor público é fundamental. Em alguns casos, o peso da administração pública no PIB é de 50%, conforme apontado na tabela 07: Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Equador, Lagoa Nova, Santana do Seridó, Tenente Laurentino Cruz, Timbaúba dos Batistas. No próprio Rio Grande Norte tomado em conjunto embora, proporcionalmente, menor essa participação -de 26% do PIB - é consi-derada elevada para o padrão nacional.

Cabe, ainda, ressaltar a forte presença da informalidade nas atividades privadas do terciário. Trata-se de microempresas, como mercearias, bares a padarias, do comércio, das feiras livres, dos vendedores ambulantes e dos trabalhadores de prestação de serviços por conta própria, cujo rendimento não chega a ser suficiente para cobrir as obrigações tributárias e os encargos sociais e trabalhistas.

O turismo é outra atividade que vem se expandindo, mas o de maior peso ainda é o religioso, sobretudo a festa de Santana, no mês de julho, em Caicó e Currais Novos, e a

encenação da Paixão de Cristo, na semana santa em Carnaúba dos Dantas. O artesanato e a gastronomia regional, assim como as festas populares (carnaval, vaquejadas, festas juninas, a micareta Carnaxelita, de Currais Novos, etc.) são outros atrativos turísticos já consagrados.

Em síntese, a região do Seridó vem passando por um processo de consolidação da nova configuração econômica surgida a partir do declínio de sua base produtiva tradicional na década de 1980, como cultura algodoeira associada à pecuária e a produção de scheelita. Na atual dinâmica, os municípios de Caicó e Currais Novos reafirmam a centralidade econômica em relação ao Polo e toda a microrregião do Seridó em quase todas as atividades.

 Na nova dinâmica econômica seridoense, apesar da falta do algodão cujos restos da colheita serviam para alimentar o gado, a pecuária ser reafirma como principal bacia leiteira do estado. Além disso, vem conseguindo adensar sua cadeia produtiva para a produção de laticínios;

 A produção mineral se diversifica após o declínio da scheelita, aproveitando novas oportunidades no âmbito estadual, insumos para a construção civil, mas também na esteira do aumento da demanda global por minérios, como é o caso do ferro, dos mármores, granitos, caulim, feldspato, gemas e quartzos;

 As indústrias de têxteis domésticos e de confecções de bonés evoluem para a constituição de Polos;

 Outra atividade importante é, sem dúvida, o artesanato já descoberto dentro e fora do Estado, e que se organiza para atender o mercado internacional. Os bordados, rendas, trabalhos em pedra e madeira, cerâmicas decorativas e produtos alimentícios e muitos outros peculiares e singulares;

 O turismo surgiu recentemente e, embora ainda muito restrito às festas religiosas e pagãs, mas apresenta forte potencial de diversificação e expansão;

 A cultura empreendedora e a iniciativa para o associativismo presentes na região são fatores que explicam em parte a capacidade de uma infinidade de micro e pequenos empresários para a reorganização da base produtiva da região.