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PARTE 2. SITUAÇÃO DO TURISMO NO POLO SERIDÓ

3.2. Ocupação Turística do Polo

3.2.9. Gestão do Turismo

3.2.9.1. Estrutura Estadual de Turismo

a) SETUR

A Secretaria de Estado do Turismo - SETUR é composta, parcialmente, pela equipe técnica que pertencia à antiga Empresa de Promoções do Turismo do Rio Grande do Norte – EMPROTURN, que foi a responsável pela promoção do turismo do Estado no período de 1971 a 1995, quando foi extinta. Com a extinção EMPROTURN foi criada a Sub-secretaria de Turismo, em 1995, vinculada à Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo. Contudo, diante da demanda do setor, em 1996, foi criada a Secretaria de Estado do Turismo – SETUR, mas que apresenta dificuldades operacionais, na medida em que a burocracia imposta pela legislação, aos órgãos da administração direta, engessa e trava as atividades. Diante dessa situação, em 2007, foi criada a Empresa Potiguar de Turismo – EMPROTUR. O quadro de pessoal da Secretaria de Turismo dispõe atualmente de 65 servidores originários principalmente da EMPROTURN, e conta com 27 servidores que ocupam de cargos comissionados (42%), sendo alguns destes cedidos de outros órgãos estaduais. Entretanto, mesmo com essas mudanças no formato das estruturas administrativas, percebe-se que há uma carência no órgão estadual de turismo e no de promoção, devido à necessidade de fortalecê-los institucionalmente. Este fortalecimento passa por um planejamento estratégico pleno, buscando-se uma estruturação de acordo com as atividades que são operacionalizadas.

Partindo de uma visão macroestrutural pode-se apontar a ausência desse planejamento estratégico, que é o instrumento que define os rumos da organização para o longo prazo. Desta forma, a SETUR precisa melhorar sua estruturação para cumprir plenamente seu papel de desenvolver o turismo, e tornar sólida esta atividade econômica no Rio Grande do Norte. Na percepção da Consultoria isto ocorre devido à freqüente troca de gestores na Secretaria, que provoca a descontinuidade das ações, gerando dificuldade para as lideranças para colocarem em prática o processo de planejamento.

Analisando-se num nível mais intermediário verifica-se que há necessidade de melhorar a formalização dos processos internos, que ocorre atualmente apenas em alguns setores da Secretaria. Um dos setores que apresentou processos definidos foi a Coordenação de Desenvolvimento Turístico – CODET, com sistema de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor, executado pelo Ministério do Turismo, em parceria com os

Órgãos Oficiais de Turismo. Observa-se também uma falta de padronização quanto aos

procedimentos internos, algumas vezes atreladas às pessoas que neles atuam. Esse fator, além de gerar dificuldades no fluxo de atividades entre os clientes internos, pode levar à descaracterização de algumas funções, e promover uma distorção da imagem da SETUR para os clientes externos, que muitas vezes dependem de informações da SETUR para desenvolverem estratégias para os seus negócios.

Atualmente, na estrutura da SETUR, há a Coordenadoria Técnica que desenvolve as ações do Programa de Regionalização do Turismo, e acompanha as instâncias regionais de governanças no Estado, sendo dessa maneira um dos principais canais de comunicação entre o Estado e Prefeitura, no desenvolvimento de ações de planejamento do turismo estadual. Também, é integrante da SETUR, a Unidade Executora Estadual – UEE, que operacionaliza as ações do PRODETUR, que mantém uma ligação estreita com os municípios, no tocante as ações específicas do PRODETUR.

Com relação à liderança setorial, observou-se que algumas pessoas que tem esta atribuição vêm desempenhando o papel de forma positiva e com isso seus setores tem se destacado dentro da Secretaria, a exemplo da UIF, referendada por alguns

colaboradores como referência para alguns setores. Por outro lado, isso não ocorre em

desempenho dos seus líderes nas relações com seus liderados, no sentido de delegar e acompanhar as atividades, buscando potencializá-los e orientá-los sempre que se fizer necessário. Estas dificuldades podem gerar entraves nos fluxos entre os diversos setores que se inter-relacionam. Por último, pode-se mencionar a ausência de política salarial para os servidores da SETUR, gerando desmotivação devido à defasagem salarial.

No que tange à equipe técnica para operacionalizar a política e os programas de turismo para o Rio Grande do Norte, a SETUR, faz-se necessário definir uma estrutura técnica efetiva. Todos os servidores públicos foram cedidos por outras repartições públicas, além de haver um número significativo de cargos comissionados que exercem funções temporárias. Este último fator dificulta a continuidade das ações na SETUR, já que, a cada nova gestão política, tende-se a mudar os cargos comissionados, necessitando de novo tempo de aprendizagem e adaptação das equipes às atividades. É válido ressaltar que até hoje nunca foi realizado sequer um concurso público para atender aos quadros de técnicos efetivos na Secretaria do Estado de Turismo.

É importante registrar que na Coordenadoria Técnica há um técnico que exerce a função de “Interlocutor Estadual do Programa de Regionalização” que faz o elo de comunicação entre as ações do MTur com as Prefeituras, com o objetivo que as propostas do Plano Nacional de Turismo sejam realizadas da melhor maneira.

Por estar prevista a possibilidade de terceirização na Administração Pública para atividades não afins, a SETUR tem contratos de terceirização para locação dos veículos e equipamento de fotocópia, bem como para a efetuação de atividades de capacitação e treinamentos para os Municípios, através de processo licitatório, com o SENAC e SEBRAE, ou através de convênios, via PRODETUR.

Os principais recursos tecnológicos utilizados na SETUR são equipamentos de informática como computadores, impressoras, fotocopiadora e serviço de internet, que precisam tanto de manutenção, com atualizações periódicas ou substituições. Constatou-se à necessidade de que o órgão disponha de um software de gestão de projetos o que facilitaria na concepção do mesmo a gestão e acompanhamento.

A estrutura física é um ponto crítico no momento, dada a inadequação dos ambientes para o bom andamento das atividades, porém tal ponto já está a caminho da solução com as obras de adequação na sede própria da SETUR. Se os ambientes forem preparados, contemplando as conexões entre os setores e as necessidades dos clientes internos e externos as deficiências atuais serão minimizadas.

Analisando-se o relacionamento da SETUR a EMPROTUR, percebe-se a necessidade de uma maior aproximação e sintonia entre o órgão de planejamento do turismo e o órgão de promoção turística, para evitar atuações dessincronizadas ou sobrepostas. Tal realidade torna-se prejudicial aos planos de comercialização e promoção do Rio Grande do Norte e seus polos turísticos, uma vez que as ações priorizadas pela EMPROTUR, em termos de mercado e público, podem não estar alinhadas às metas idealizadas ou planejadas pela SETUR.

Apresenta-se abaixo um quadro completo que aponta as fragilidades identificadas por esse diagnóstico, considerando as áreas de escopo utilizadas, visando demonstrar de forma mais objetiva os tópicos a serem potencializados para a obtenção de melhorias na gestão da SETUR.

QUADRO 32. Principais Problemas Identificados na SETUR

ITEM PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS

Gestão Estratégica

 Inexistência de um planejamento estratégico formalizado;

 Planejamento gerado apenas por demandas específicas e pontuais dos gestores;

 Baixo nível de compreensão dos objetivos da SETUR bem como das suas prioridades;

 Falta de sintonia entre o planejamento da SETUR e da EMPROTUR;  Falta de entendimento sobre as posições hierárquicas.

Gestão de Processos

 Padronização e formalização dos processos apenas em alguns setores;  Baixo nível de controle dos processos, seja em meio físico ou eletrônico;  Baixa integração dos processos intra-setoriais, ocasionando descontinuidade e/ou retrabalho;

Gestão de Pessoas

 Necessidade de atuação mais diretiva e conclusiva dos lideres;  Necessidade do aumento da capacidade de resposta em equipe;  Distribuição não equitativa ou desigual dos servidores pelos setores;  Desmotivação e falta de comprometimento de alguns colaboradores;  Necessidade de maior capacitação técnica específica para o turismo;

Gestão da Tecnologia da

Informação

 Infraestrutura deficitária no que tange ao parque tecnológico;

 Inexistência de um sistema que integre as informações intra-setoriais;  Inexistência de equipe técnica especializada;

 Inexistência de um local para alojamento e guarda dos equipamentos de informática defeituosos ou em estoque;

 Equipamentos obsoletos, quebrados e/ou em número insuficiente;  Baixa qualidade do acesso à internet;

 Falta de um mecanismo de aceleração do acesso à informação interna (software);

 Baixo nível de controle das informações eletrônicas;

 Ausência de um site atualizado com informações específicas, relevantes e compatíveis com a atuação da SETUR;

Análise Conclusiva do Clima Organizacional

 Desmotivação e falta de comprometimento com a Secretaria por parte de alguns servidores;

 Dificuldade em obter os resultados almejados ou mesmo concluir algumas tarefas previstas;

 Infraestrutura inadequada para o trabalho diário;

Estrutura Orgânica

 Existência de disparidades entre a estrutura formalizada e a praticada;  Ausência de definição e disseminação das funções por setor, bem como da hierarquia da organização;

 Organograma desatualizado. Terceirização dos

Serviços

 Inexistência de uma área responsável por analisar o relacionamento com os terceirizados, visando o controle e melhoria dos serviços prestados, bem com a redução de custos;

Planejamento

 Ausência de um planejamento estratégico capaz de nortear as ações da entidade;

 Inexistência de planos de ação que objetivem viabilizar as metas da SETUR;

 Inexistência do hábito de planejar e executar ações de médio e longo prazo;

 Ausência de ferramenta de apoio (sistema) que seja capaz de organizar e socializar as informações sobre objetivos definidos.

CONT. QUADRO 32. Principais Problemas Identificados na SETUR

ITEM PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS

Integração de Ações  Dificuldade de manter a interação entre as equipes ou setores de forma sistematizada ou continuada;

Estrutura Física

 Espaço limitado para organização do mobiliário e locomoção dos servidores;

 Ambiente para recepção de visitantes e/ou interessados inadequado;  Falta de organização e sistematização do arquivo;

Recursos Humanos

 Não realização de concurso público;

 Inexistência de equipe técnica no quadro de pessoal;

 Alta proporcionalidade de cargos comissionados, frente aos contratados;

 Entraves para realização de capacitação motivacional e técnica;

 Necessidade evidente e imediata de capacitação técnica e comportamental;

Recursos Tecnológicos

 Computadores obsoletos e contaminados com vírus;  Necessidade de aquisição de computadores e periféricos;  Necessidade de suporte técnico contínuo;

 Falta de suprimentos tecnológicos. Exemplo: Cartucho de tinta;  Site desatualizado;

 Ausência de uma regra geral que norteio o acompanhamento das atividades de tecnologia da informação;

 Ausência de vinculação de um sistema de informação com os processos internos;

Recursos Financeiros

 Ausência de um processo sistematizado e participativo para elaboração do orçamento anual;

 Existência de cortes nas verbas, inviabilizando a execução de projetos; Programas e

Projetos Administrados

 Deficiência de planejamento financeiro, impactando na execução dos programas previstos.

Percepções e Expectativas do

Trade Turístico

 Estrutura física da SETUR inapropriada;

 Falta de divulgação dos atrativos turísticos do RN;  Falta de planejamento administrativo;

 Ausência de um sistema de informações turísticas;

 Baixo nível de integração e comprometimento dos servidores;  Falta de equipe técnica, principalmente para elaboração de projetos;  Consultas aos empresários sem apresentação de resultados;  Apoio limitado aos segmentos;

Relação SETUR-EMPROTUR

 Divisão confusa das funções entre SETUR e EMPROTUR;

 Duplicidade de atividades realizadas pela SETUR e também pela EMPROTUR;

 Dificuldade de comunicação entre os dois órgãos;

 Baixa compreensão do raio de atuação de cada órgão por parte dos servidores da SETUR;

Benchmarking

 Não utilização da ferramenta “Benchmarking”, ocasionando atraso nas decisões e superficialidade perante os conhecimentos específicos do turismo;

Integração de Ações com Municípios

 Necessidade de relacionamento mais aprofundado com os municípios, de modo a gerar resultados mais concretos a partir das intercessões existentes entre os mesmos;

Diz-se que o turismo é uma prioridade para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte, mas para que isso se concretize e passe do plano das palavras às ações, é preciso que o planejamento estratégico, traçando-se metas futuras, seja realizado e implantado, de forma individual e independente e, também, em parceria com municípios, Governo Federal e outros estados nordestinos.

O primeiro passo para transformação dessa realidade já foi dado: a elaboração do Plano de Fortalecimento da SETUR, que propõe estruturar a Secretaria, no que se refere a aquisição de equipamentos, capacitação técnica e estruturação administrativa com a finalidade de corrigir as distorções acima citadas e fortalecer o órgão para a gestão da atividade turística no Estado.

b) Unidade Executora Estadual – UEE (PRODETUR)

A Unidade Executora Estadual – UEE do PRODETUR/RN foi instituída através de Decreto Governamental n. 12.371, de 11 de novembro de 1.994, destinada a promover o gerenciamento, a execução e supervisão de atividades, serviços e obras do Programa, atendendo às recomendações do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, para que o Governo do Estado tivesse um setor para operacionalização do Programa.

Após algumas mudanças na estrutura da UEE, bem como a transferência de sua vinculação, que passou por várias Secretarias, em abril de 2002 a UEE/RN voltou a integrar a estrutura da Secretaria Estadual de Turismo e a contar com uma estrutura voltada a atender a demanda do PRODETUR II, de acordo com os componentes previstos no contrato de empréstimo.

A UEE está estruturada com uma coordenação que é o próprio Subsecretário da SETUR, e quatro coordenadorias: Jurídica, Técnica, Operacional e Administrativa e Financeira. Além desses cargos, a estrutura da UEE conta também com Subcoordenadorias de: Transportes, Saneamento, Meio Ambiente, Qualificação Profissional, Resíduos Sólidos, Informática e Fortalecimento da Gestão Municipal.