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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.3. Coleção Universos, Edições SM

Trazendo uma breve contextualização sobre como é a coleção Universos, da Edições SM, segundo o Guia, temos a informação de que ela possui como eixo organizador os gêneros. A resenha afirma que ela traz “novas perspectivas teórico-metodológicas do ensino de Língua Portuguesa articulando os eixos do ensino da leitura, da produção de textos orais e escritos e dos conhecimentos linguísticos” (BRASIL, 2013, p. 110; Guia de Livros Didáticos PNLD/2014). Isso acontece, por exemplo, com o eixo da leitura, que perpassa toda a obra. Essa integração é considerada, pelo PNLD, como o destaque e ponto forte da coleção, enquanto que o ponto fraco está no excesso de atividades e projetos para um ano letivo. Cada volume apresenta quatro unidades temáticas, contendo três capítulos, que são finalizadas com as “Atividades integradas” e o “Projeto”, que envolve atividades de pesquisa e produção de texto. Os capítulos dividem-se da seguinte forma, segundo o Guia:

“Antes da leitura” (proposta de compreensão de texto visual); “Durante a leitura” (atividade-desafio e informações sobre o contexto); “Depois da leitura” (atividades de compreensão voltadas para as estratégias cognitivas e para a análise do funcionamento dos recursos linguísticos do texto); “Avalie o que você aprendeu” (atividade de leitura de outro texto para fins avaliativos); “oficina de textos”, que se divide em sete subseções; “Qual é o gênero” (indicação da situação de uso do gênero); “Apresentação da situação” (orientação acerca do contexto e do planejamento temático do texto); “A primeira produção”; “Criando soluções para os problemas” (módulos sobre as características do gênero); “A produção final” (refacção do texto); e “Fim de papo” (pergunta do capítulo que leva à autoavaliação da produção final). Ao final de cada volume constam ainda uma proposta de estudo de uma obra literária indicada pelo PNBE, o módulo “Mais gramática”, que apresenta conteúdos gramaticais explorados ao longo do volume de forma sistematizada, similar às gramáticas pedagógicas atuais, e “Referências bibliográficas”. (BRASIL, 2013, p. 111-112; Guia de Livros Didáticos PNLD/2014)

O eixo dos conhecimentos linguísticos é integrado aos eixos da leitura e da produção textual, pois o estudo é organizado a partir dos textos lidos e dos textos a serem produzidos, utilizando uma metodologia indutiva e reflexiva. Segundo a resenha, é utilizada uma perspectiva textual, que aborda as capacidades de uso, análise e reflexão. No OEDs, não há o privilégio deste eixo sobre os demais, como ocorre nas outras coleções, pelo contrário ele é “apenas pontualmente explorado nos DVDs” (BRASIL, 2013, p. 114; Guia de Livros Didáticos PNLD/2014).

O eixo da leitura, nas palavras do Guia, aborda os diversos processos envolvidos no ato de ler:

inicia-se pela compreensão de textos imagéticos, como telas, fotografias e gravuras, favorecendo a ativação dos conhecimentos prévios dos alunos e o levantamento de hipóteses sobre a temática do capítulo. Em seguida, indica o objetivo da leitura do texto principal por meio de um desafio, como, por exemplo, reorganizar as partes desse texto ou lê-lo de forma expressiva (BRASIL, 2013, p. 112; Guia de Livros Didáticos PNLD/2014)

A resenha ainda afirma que o eixo explora bem as condições de produção dos textos e as estratégias cognitivas de leitura, contribuindo para a formação de um leitor autônomo. As atividades também possuem caráter textual e discursivo. Além disso, através do projeto anual da leitura de um romance, contribui-se para a formação do leitor literário. Com relação aos OEDs deste eixo, eles

permitem desenvolver algumas habilidades linguísticas dos alunos, tais como reconstruir a unidade de sentido de narrativas embaralhadas,

compreender os efeitos de sentido promovidos por adjetivos em conto de terror, analisar as características do gênero crônica e da canção de protesto. Predominam, contudo, slideshows sobre as temáticas ou os gêneros abordados no volume impresso. (BRASIL, 2013, p. 112)

Já o eixo da produção de textos, segundo o Guia, obedece à metodologia da

sequência didática da Escola de Genebra, pois há o primeiro contato com o gênero, na qual o

aluno realiza e avalia uma primeira produção textual, em seguida, há a contextualização e análise de alguns aspectos do gênero para, por fim, realizar a versão final de seu texto. A

progressão valorizada por essa metodologia, de retomar e aprofundar o estudo dos gêneros, é

verificada tanto dentro de um mesmo volume, como entre volumes. A resenha, no entanto, ainda afirma que são muitas as tarefas e projetos, havendo pouca relação com a realidade do tempo escolar. Quanto aos OEDs deste eixo, o Guia considera que houve poucas atividades, como por exemplo, no DVD para o 6º ano, explicar como deve ser elaborado o roteiro de um programa de mesa-redonda.

Por fim, de acordo com a resenha, o eixo da oralidade ensina de forma adequada gêneros da esfera pública e escolar, como seminário. Ainda são explorados “recursos da leitura expressiva e/ou dramática de textos, quer sejam literários, quer não, e focalizam os movimentos discursivos necessários à construção dos textos orais” (BRASIL, 2013, p. 113). Apesar de considerar as atividades bem elaboradas, o Guia alerta que o nível de complexidade delas pode estar um pouco acima da idade exigida. Quanto aos OEDs, afirma-se que eles contribuem para as atividades de escuta, como a declamação de cordel para o 6º ano, por exemplo.

Já pela resenha, vemos que esta coleção apresenta OEDs de forma diferenciada das outras, pois apresenta objetos para todos os eixos, sem a predominância dos conhecimentos linguísticos sobre os demais. Em nosso levantamento, identificamos 10 OEDs para o 6º ano, dos quais 2 são de conhecimentos linguísticos, 5 de leitura, 2 de oralidade e 1 de produção de textos. Quanto ao tipo, 4 são audiovisuais, 2 infográficos e 3 jogos. Já o objetivo do OED, 4 são de complementação conceitual, 3 de complementação temática e 3 de atividades práticas. Por fim, 3 apresentam interatividade e 7 não. A proporção desses objetos em porcentagem pode ser visualizada a seguir, nos gráficos das figuras 46, 47, 48 e 49:

Figura 46. Gráfico Universos Língua Portuguesa – 6º ano, Eixo de Ensino.

Figura 47. Gráfico Universos Língua Portuguesa – 6º ano, Eixo de Ensino. 50% 20% 20% 10% Eixo de Ensino Leitura Conhecimentos linguísticos Oralidade Produção de textos 45% 33% 22% 0% Tipo de OED Audiovisual Jogo Infográfico Simulador

Figura 48. Gráfico Universos Língua Portuguesa – 6º ano, Objetivo do OED.

Figura 49. Gráfico Universos Língua Portuguesa – 6º ano, Interatividade.

Como é possível observar, a coleção Universos, para o 6º ano, apresentou maior diversidade nos OEDs que as demais. O predomínio foi para objetos de leitura, audiovisuais, de complementação conceitual e sem interatividade. Apesar disso, houve um número mais expressivo de jogos, atividades práticas e interatividade que outras coleções. Ela também apresenta OEDs para as duas tipologias que estabelecemos, sendo 7 OEDs para

complementação conceitual ou temática e 3 OEDs como atividades práticas.

4.3.1. OEDs para complementação conceitual ou temática 40% 30% 30% Objetivo do OED Complementação conceitual Complementação temática Atividade prática 30% 70% Interatividade Sim Não

Dos 10 OEDs da coleção, 7 se encaixam nessa tipologia, sendo que 5 são audiovisuais e 2 são infográficos. O OED escolhido para análise é o conteúdo audiovisual

Pedro Malasartes e a sopa de pedras. Ele pertence à Unidade 1, A cultura nossa de cada dia,

capítulo 3, Poemas ao vento. O capítulo tem como objetivo principal estudar o gênero poema de cordel, o que incluiu também, nos conhecimentos linguísticos, o estudo da variação linguística. O cordel escolhido para estudo, pela coleção, foi um trecho de Travessuras de

Pedro Malasartes e a sopa de pedras (2004), de Olegário Alfredo. Há a contextualização

sobre o que são cordéis, sua origem, seu contexto de produção e circulação, assim como a importância das xilogravuras. A atividade de leitura se divide em duas partes, “Durante a leitura”, em que há indicações de como ler o cordel, e “Após a leitura”, em que há o estudo do texto. O livro sugere que os alunos façam uma leitura expressiva do poema, assim como um cordelista. Portanto, há dicas para o preparo dessa leitura, como por exemplo, ser claro e compreensível, usar entonações diferentes, planejar pausas, evitar postura curvada, cabeça baixa e mão na boca e expressar o sentido emocional dos versos (por exemplo, se são tristes, a voz deve ser triste, também). Nesse contexto, há a indicação para o OED da seguinte maneira: “Veja também o objeto educacional digital ‘Pedro Malasartes e a sopa de pedras’” (RAMOS, TAKEUCHI, 2012, p. 43).

O OED contém a declamação de um trecho do mesmo poema que será lido no livro impresso e sugere que os alunos prestem atenção na entonação e no ritmo da fala do declamador, para que, em seguida, procurem outros cordéis e façam o mesmo. A seguir, o trecho do poema declamado:

A fofoca lá na venda Agitava a vizinhança Malasartes só espiando E ganhando segurança Malasartes tinha fome Precisava encher a pança. Um caboclo foi dizendo: - Eu conheço essa velhinha Ela é mesmo pão-duro Ela é mão de galinha Nem bom dia ela dá Para não perder a linha. Malasartes só ouvindo Só ouvindo e matutando Dá o bote na hora certa Quieto ficou esperando Quando logo abriu a brecha

Malasartes foi falando: - Esta velha de quem dizem Vai cair no meu gogó Eu sou Pedro Malasartes Não dou ponto sem dá nó Ela vai ter de me dar Farinha de mocotó.

(ALFREDO, 2004, apud RAMOS, TAKEUCHI, 2012, p. 45).

Apesar de não estar explícito no vídeo, realizar a leitura expressiva ajuda na tarefa do livro didático. Consideramos que esse objeto digital é do eixo de ensino da leitura, tem como objeto de ensino o poema de cordel, é do tipo audiovisual, com objetivo de complementação conceitual e não apresenta interatividade. Apesar disso, há claramente também o estudo de questões do eixo da oralidade no objeto.

Ele foi escolhido por apresentar aspectos diferenciados em relação aos OEDs da mesma coleção e das outras analisadas. O primeiro deles é trabalhar com atividade de escuta, o que é muito interessante para um objeto digital, pois potencializa a experiência sonora, de escuta do oral, que o OED pode proporcionar. O segundo é o fato de trabalhar com a perspectiva cultural e dos diferentes modos de significação da linguagem, o que poderia favorecer os multiletramentos. Analisaremos a seguir o OED referido, segundo nossos critérios.

Projeto gráfico-editorial

O vídeo apresenta um player nas cores vermelha e verde. Há os recursos de “play”, “pause”, retroceder e avançar o vídeo, volume do som e acessibilidade de legendas. Ainda há, no canto superior direito, o logo da coleção Universos e da Edições SM. Identificamos no OED quatro momentos de layouts diferentes. O primeiro é a tela de abertura, com o nome do objeto digital, como pode ser visto na figura 50.

Figura 50. Captura de tela do OED Pedro Malasartes e a sope de pedras: Layout da tela de abertura. Fonte: Edições SM.

Em seguida, há a tela de narração, apresentando o que acontecerá no vídeo. Conforme pode ser visto na figura 51, de plano de fundo, temos uma fotografia de folhetos de cordel, com um videografismo que se sobrepõe à imagem estática. O videografismo é uma porta que vai sendo desenhada pouco a pouco até que, ao estar completa, se abre. A abertura da porta dá a ideia de “entrar no mundo do cordel”. Nesse mesmo momento, uma trilha sonora de fundo se inicia, se mantendo ao longo de todo o vídeo. A música é apenas instrumental e parece remeter ao objeto estudado.

Figura 51. Captura de tela do OED Pedro Malasartes e a sopa de pedras: Layout da tela de narração – porta. Fonte: Edições SM.

Durante a narração da proposta de ouvir a entonação e ritmo da fala do declamador, outro videografismo aparece no vídeo, representado na figura 52. Sobre a mesma fotografia de cordéis como plano de fundo, notas musicais em movimento aparecem na tela, como referência aos aspectos prosódicos da fala.

Figura 52. Captura de tela do OED Pedro Malasartes e a sopa de pedras: Layout da tela de narração – notas musicais. Fonte: Edições SM.

Em seguida, um declamador inicia a leitura expressiva do cordel, ainda com a trilha de sonora de fundo. Como pode ser visto na figura 53, com um efeito de transparência sobre a imagem dos folhetos de cordel, vemos a mão de uma pessoa virando calmamente as páginas de um livro, como se acompanhasse a leitura.

Figura 53. Captura de tela do OED Pedro Malasartes e a sopa de pedras: Layout da declamção do cordel. Fonte: Edições SM.

No meio da atividade, outro layout surge, em fundo branco e letras pretas, com uma ilustração de porta embaçada ao fundo, sugerindo que os alunos escutem novamente a declamação, agora reparando as mudanças na voz, dependendo de qual personagem havia falado. Por fim, para finalizar o objeto, há apenas a trilha sonora, retornando à tela das notas musicais, que esmaece em preto.

Como é possível observar, no projeto gráfico-editorial, pelo tipo de mídia, há multissemiose, mas a interface não favorece práticas dos novos letramentos, como compartilhamento, edição etc, cabendo ao aluno apenas assistir ao vídeo.

Interface digital

A usabilidade do material é, no geral, adequada. As letras e cores foram utilizadas de maneira apropriada e conferem legibilidade ao texto, nos poucos momentos em que aparece. As funções disponíveis são as mesmas para um vídeo comum: pausar e continuar. A trilha sonora não pode ser desligada, acompanhando até mesmo a declamação do poema. Seria pertinente que, durante a leitura do cordel, o trecho lido aparecesse em legendas, para melhor acompanhamento da leitura. As ilustrações utilizadas são adequadas ao tema e é positivo o uso de fotografia real de folhetos de cordel, embora os recursos gráficos pudessem ter explorado mais as xilogravuras, tão importantes para o gênero.

Quanto à interatividade, não há, devido à característica própria dos conteúdos audiovisuais, de poderem somente ser assistidos, sem intervenção do usuário.

Proposta pedagógica de língua portuguesa

A proposta do OED é a seguinte, conforme transcrevemos:

Prepare-se para ouvir a leitura expressiva de um trecho de cordel sobre um menino muito travesso. Preste atenção à entonação e à maneira como as palavras são faladas: o ritmo é rápido? É lento? As palavras são pronunciadas com vivacidade? Depois de ouvir vai ser a sua vez de ler um poema de cordel (RAMOS, TAKEUCHI, 2012, s/p).

Após a atividade de escuta, há também outra orientação:

Agora é a sua vez. Pesquise outros poemas de cordel e escolha um que tenha achado mais interessante. Leia com bastante atenção. Primeiro silenciosamente ou em voz baixa, depois em voz alta. Pense na entonação que pode deixar sua leitura mais expressiva e cativar os ouvintes. Depois, leia novamente o poema de cordel escolhido em voz alta, para sentir como ficou. Agora, é só juntar os amigos e fazer uma leitura de cordel em praça pública (RAMOS, TAKEUCHI, 2012, s/p).

A respeito da declamação, é preciso destacar que houve aspectos positivos e negativos. Foi positiva a escolha por uma leitura expressiva para complementar o livro impresso, assim como a atenção aos aspectos de entonação e ritmo da fala, através da escuta. Também foi interessante convidar os alunos a não somente apreciar, mas a fazer o mesmo. Portanto, nesse sentido, o OED é uma boa contribuição para o livro didático. No entanto, ao ouvi-la, fica nítido que se trata de uma declamação simulada, que não foi feita por um cordelista autêntico. As marcas da variação linguística utilizada não parecem autênticas, pois o r retroflexo é exagerado e evidenciado em todas as palavras, configurando um estereótipo da fala sertaneja do interior de São Paulo, Minas e de alguns estados do Centro-Oeste, muito diferente do r aspirado do sertanejo nordestino, supostamente como seria o autor do poema. Além disso, o contexto de produção e circulação do gênero é pouco considerado, somente é citado que a leitura pode ser feita em praça pública, sem maiores informações de como funciona essa manifestação cultural. Isso demonstra que a perspectiva de língua(gem) do objeto não respeita seu contexto sócio-histórico situado, valorizando apenas os aspectos mais estruturais da língua, como a prosódia, o que se aproxima de uma perspectiva de língua como instrumento de comunicação. Isto é, caso o aluno observe bem como declamar estruturalmente um poema de cordel, ele também será capaz de fazê-lo.

Com relação aos multiletramentos, o OED tinha potencial para favorecê-los, pois o cordel permitiria o estudo das multiplicidades cultural e de linguagens. No entanto, a perspectiva cultural do objeto ficou fraca, estereotipada, por apresentar uma simulação, não representando, de fato, uma manifestação artística e cultural autêntica. Já a perspectiva pedagógica se aproxima da synthesis, pois o aluno não somente ouve a narração de maneira passiva, mas é convidado a pesquisar outros cordéis e a também fazer uma leitura expressiva, valorizando a experiência e o conhecimento empírico.

Já a respeito dos novos letramentos, não há e, a princípio, não se aplicaria diretamente ao gênero. No entanto, para aproveitar as potencialidades da mídia digital, já que o OED sugere a busca por outros cordéis, isso poderia ter sido mais bem aproveitado, ao indicar como fazer essa busca na Internet, sugerindo links interessantes e vídeos de cordelistas no Youtube, por exemplo. Além disso, poderia ter sido trabalhado o impacto da Web nos gêneros literários, ao criar novas formas de expressão. Um exemplo interessante é o do poeta cordelista Bráulio Bessa, fenômeno nas redes sociais e na televisão. O autor possui uma página no Facebook chamada Nação Nordestina22, na qual publica imagens e textos relacionados à cultura nordestina, dos quais alguns textos são cordéis de sua autoria. Bráulio Bessa também aparece em programas de televisão, como Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, declamando seus poemas e divulgando o cordel para a cultura de massa23.

4.3.2. OEDs como atividades práticas

Para esta tipologia, neste ano da coleção, há 3 OEDs, todos jogos do eixo da leitura. Seus objetivos são propor atividades que estão de alguma forma relacionadas ao conteúdo visto no livro didático. Nesta coleção não é tão evidente que a categoria jogos seja destinada a OEDs de perguntas/respostas, havendo outros tipos de atividade. Dois deles não são interativos, enquanto um apresenta interatividade. Por essa razão, escolhemos um caso interessante para análise, de um OED interativo e que apresenta uma atividade diferenciada de outras vistas nas outras coleções.

O OED escolhido se chama Editando os três porquinhos. Ele pertence ao capítulo 8, Assisti, gostei e recomendo, que trata sobre a primeira parte do estudo do gênero resenha. Como forma de composição dessa coleção, há sempre algo que antecede a leitura, como a

22

Disponível em: https://www.facebook.com/nacaonordestina/?fref=ts. Acesso em: 18 jan 2016.

23 Exemplo de poema declamado por Bráulio Bessa, no programa Encontro com Fátima Bernades, Rede Globo:

discussão de uma imagem, orientações para a leitura (como formas adequadas de ler um determinado texto ou pontos específicos a serem observados), a leitura de um texto, e por fim, algumas atividades e textos explicativos após a leitura, nas quais há algumas reflexões linguísticas, a partir do texto. Neste capítulo, o primeiro texto é a resenha “O vampiro virou emo”, da Revista Época, sobre o filme Crepúsculo. Após a leitura, há algumas atividades sobre o texto e a estrutura do gênero, além do estudo dos adjetivos, a partir de trechos lidos. Depois, ainda no mesmo capítulo, há a leitura de um segundo texto, um texto enciclopédico sobre os elementos dos filmes, disponível no portal Planeta Educação. Depois da leitura, há algumas questões sobre os elementos cinematográficos apresentados no texto. Em uma questão sobre a ordem em que as histórias são contadas nos filmes, isto é, sobre as sequências narrativas, há como apoio o OED em questão, com a pequena e lateral indicação: “Veja também o objeto educacional digital ‘Editando os três porquinhos’” (RAMOS, TAKEUCHI, 2012, p. 145).

Acessando o OED, podemos ver que ele consiste em montar uma versão do conto “Os três porquinhos”, colocando em ordem 16 cenas já pré-estabelecidas. O trabalho do aluno é montar essa sequência narrativa, que pode ser diferente do conto original, porém, de maneira que, ao reproduzir a versão final, ela deve ficar coerente. Como o objeto estava no contexto de questões interpretativas da leitura do texto apresentado, consideramos-o como do eixo da leitura, embora ele praticamente, em si, seja de produção de texto. Porém, respeitamos o critério de categorizá-lo no eixo em que ele aparece no livro didático impresso, assim como todos os outros OEDs analisados de outras coleções. Também é possível ver que ele se trata de um jogo, em que o objeto de ensino é a sequência narrativa. A seguir, a análise, de acordo com as categorias estabelecidas.

Projeto gráfico-editorial

Esse objeto possui quatro layouts diferentes. O primeiro, representado na figura 54, se inicia com uma tela vermelha, com o título do OED em branco, seguido do botão em