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DOMICILIARES EM DOIS BAIRROS NA CIDADE DE PAULO AFONSO-BA: ESTUDO DE CASO

2. METODOLOGIA 1 TIPOS DE ESTUDO

2.3. COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

As coletas foram realizadas nos meses de março à abril de 2016. Foi elaborado um questionário estruturado com 23 questões objetivas, abrangendo desde dados pessoais como faixa etária, sexo, escolaridade até questões específicas voltadas ao gerenciamento de resíduos, tais como coleta seletiva, separação e reuso dos resíduos orgânicos, conhecimento a respeito do destino final e tratamento dos resíduos domiciliares. Os dados foram tabulados estatisticamente para obtenção das porcentagens a fim de avaliar o nível de conhecimento da população em relação às questões de educação ambiental.

3. RESULTADOS

Os questionários foram aplicados em dois bairros com diferentes classes sociais e econômicas, sendo que o bairro periférico ainda não possui uma infraestrutura adequada, apresentando problemas como córregos de esgoto ao ar livre, ruas sem calçamento e um grande número de lixo no seu entorno. Foram entrevistados no total 30 moradores, 15 residentes no centro da cidade de Paulo Afonso – BA, sendo 80% do sexo feminino e 20% masculino e 15 do Bairro rodoviário, sendo 60% do sexo feminino e 40% masculino, com faixa-etária entre 25 à 65 anos. Foi verificado durante a pesquisa que há uma diferença significativa no nível de escolaridade entre os bairros investigados. No centro, 33,3% dos entrevistados possuem ensino médio completo, a maioria 53,33% possui o ensino fundamental completo e nenhum dos participantes revelou ser analfabeto. Já no bairro rodoviário 20% dos entrevistados possuem ensino médio completo, 13,33% ensino médio incompleto, 26,66% são analfabetos e 13,33% dos participantes responderam que possuem ensino fundamental completo e incompleto. Em ambas as comunidades, 13,33% possuem nível superior.

Foi constatado que mesmo as pessoas com menor nível de escolaridade possuem conhecimento em relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos gerados em suas residências. Acerca da percepção de como é armazenado o lixo ambos responderam em maior percentual que ocorre através de sacolas plásticas. No

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entanto, algumas participantes do bairro rodoviário 13,33% informaram que armazenam também o seu lixo em baldes.

Em relação à separação do lixo, foi verificado um fato contrastante. Os entrevistados do centro possuem nível de escolaridade mais elevado quando comparado ao bairro rodoviário. Todavia, 40% dos participantes do mesmo declararam não fazer separação do lixo, contrastando os 26,66% dos entrevistados do bairro rodoviário que afirmaram não fazer. Neste caso, o nível de escolaridade parece não ter relação direta com o nível de conscientização. Para CASTILHOS JUNIOR et.al. 2003, a coleta seletiva é uma etapa importante no gerenciamento dos resíduos sólidos uma vez que a segregação maximiza as possibilidades da reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos minimizando assim a quantidade de material descartado. Outro fato curioso é que a maioria 86,66% dos entrevistados do centro afirmou ter conhecimento da coleta seletiva, mas não coloca em prática. Em ambos os bairros, os participantes não souberam responder de que realmente se trata uma coleta seletiva. Não sabem identificar através das cores os baldes exatos para descarte de papel, plástico, vidro, metal e resíduos orgânicos corroborando com os resultados obtidos por PEDROSA, 2014 mostrando que as pessoas possuem noção a respeito da coleta seletiva, mas não a colocam em prática.

Neste trabalho também foi constatado que os participantes de ambos os bairros não conhecem a diferença entre resíduos sólidos e rejeitos, a ABLP 2009 destaca as principais diferenças entre esses dois termos, deixando claro que a fonte geradora precisar esta ciente sobre estes para gerir corretamente seus resíduos domiciliares. Resíduos sólidos são sobras ou restos do processo produtivo ou de consumo, que tem valor e podem ser reutilizados ou reciclados. Rejeitos são os materiais considerados não aproveitáveis, indesejados, ou desprovidos de valor, estes que não apresentam outra possibilidade senão a disposição final ambientalmente adequada.

Outra questão abordada no questionário foi em relação ao destino do lixo das residências após serem coletados. No centro, 60% dos participantes responderam que desconhecem, enquanto no bairro rodoviário apenas 33,32% afirmaram desconhecer o destino final do seu lixo. Dentre as categorias de objetivos da educação ambiental estão à consciência, conhecimento, comportamento, habilidade e participação. E durante a pesquisa foi constatado que conhecimento implica em adquirir diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas anexos. O bairro rodoviário mesmo sendo considerado periférico, com baixo índice de escolaridade, mostrou-se mais consciente em relação aos problemas ambientais, tendo em vista a maneira que gerenciam seus resíduos. Sabendo que na cidade de Paulo Afonso – Bahia há um aterro sanitário controlado foi perguntado aos proprietários das residências se eles tinham conhecimento sobre a existência do mesmo. No centro 80% responderam que não, já no bairro periférico 66,6% responderam que tem o conhecimento sobre o aterro sanitário, mas não conhece sua localização e nem se já está em funcionamento.

A maioria 80% dos residentes de ambos os bairros tem consciência a respeito dos impactos ambientais gerados pela produção exagerada do lixo em seus domicílios e citaram alguns problemas ocasionados pelos mesmos, entre os mais citados destacam-se as doenças relacionadas a animais que utilizam o lixo, contaminação da água, ar e solo e aquecimento global. Segundo GODECK et.al. (2012) Entre os principais malefícios decorrentes das destinações finais inadequadas dos RSU estão aqueles que afetam a população de entorno dos locais de deposição dos resíduos sólidos e outros, relativos à saúde humana, poluição ambiental e ao clima. Decorrentes da localização estão o mau cheiro e a depleção paisagística, que resultam em redução no bem-estar das pessoas e na desvalorização dos imóveis de entorno. A saúde humana é impactada pelas doenças transmitidas

pelos micro e macrovetores que proliferam nos lixões; pelos malefícios resultantes da absorção de metais pesados provenientes do descarte de lixo eletrônico, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, etc; e aquelas decorrentes da poluição do ar, proveniente de particulados e gases cancerígenos emitidos nas incinerações dos

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resíduos; e ainda pela falta de água e alimentos, decorrentes da redução na capacidade dos recursos naturais em disponibilizar serviços ecossistêmicos.

A educação ambiental é o principal mecanismo para sensibilização da população de pequenas e grandes cidades sobre a preservação do ecossistema. Portanto, a educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem, que valoriza as diversas formas de conhecimentos, habilidades e competências, visando formar cidadãos comprometidos com a melhoria local e planetária. À medida que adquire novos conhecimentos, o educando se torna mais capaz de interagir melhor com os seus semelhantes e com o espaço geográfico. Dessa forma, o aprender deve ser um ato de formação contínua (SÁ E NOVAIS, 2015).

4. CONCLUSÕES

O gerenciamento dos resíduos sólidos ainda se trata de uma prática recente, que está evoluindo e se aprimorando no contexto cultural e social aos poucos em relação à administração dos mesmos. Tal problemática está totalmente ligado à falta de educação ambiental aplicada na sociedade, pois mesmo alguns indivíduos possuindo um nível maior de escolaridade quando se deparam com questões pertinentes aos cuidados de acondicionamento do lixo ficam embaraçados, porque não conhecem devidamente as regras básicas para realizar o gerenciamento apropriado dos seus resíduos. Por isso, é de suma importância a mobilização dos órgãos municipais, das instituições de ensino, bem como da própria comunidade no desenvolvimento de ações que visem informar, conscientizar e mobilizar toda a população a fim de assumirem uma nova postura diante das problemáticas ambientais, entre elas o gerenciamento de resíduos sólidos domiciliares.

REFERÊNCIAS

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SÁ, Maria Aparecida de; NOVAES, Ana Sélia Rodrigues. Qual o Destino dos Resíduos Sólidos nas escolas estaduais de floresta- PE?. E-book Resíduos Sólidos 2015.

SORRENTINO, M. Educação Ambiental e universidade: um estudo de caso. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação da USP, São Paulo, 1995.

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3.2. RESÍDUOS ORGÂNICOS DA FEIRA LIVRE DO CENTRO DE UNIÃO DOS