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PONTOS DE LOCALIZAÇÃO MARGEM DIREITA REFERENTE À NASCENTE

MARGEM ESQUERDA REFERENTE À NASCENTE COMPRIMENTO DO RIO 20,24m 13,41m 72,27m 13,49m 12,94m 73,27m 16,27m 8,94m 76m

Fonte: Elaboração dos autores.

Segundo o novo código florestal as áreas referentes a encostas de rios devem apresentar 100m preservada para o corpo d’água com 50m a 200m de largura, com a finalidade de proteção dos recursos hídricos. Além do mais os manguezais são considerados Áreas de Preservação Permanente, segundo o Código Florestal de 15 de setembro de 1965, fundado na consideração de um dos ambientes naturais brasileiros mais produtivos em todos os aspectos.Da vegetação nativa há o predomínio nesta área de mangue branco (Lagunculari racemosa), o qual pode chegar aos 18m de altura, possuindo tronco áspero e fissurado, com raízes apresentando geotropismo negativo e portam penumatóforos, para oxigenar os tecidos no solo alagado. Nota- se que o desenvolvimento do mesmo sofreu modificações evidentes com uma altura em torno dos 10m no máximo e, troncos mais finos e fracos.

Fig. 7. Mangue brando com troncos frágeis e retorcidos.

Foi observado também vegetação bioindicadora de poluição, ou seja, elementos que estão presentes em grande quantidade em ambientes favoráveis as mesmas, sendo que nestes ambientes haja compostos orgânicos ou tóxicos, excretados ou descartados por ações humanas em geral, que possibilite o estabelecimento e adaptação dessas espécies conforme figura 8. Neste caso temos a presença da baronesa – sendo a espécie mais representativa a Eichhornia crassipes– que, segundo uma pesquisa feita antecipadamente pelo Projeto de Navegabilidade dos Rios Capibaribe e Beberibe, é a macrófata, numericamente, mais abundante. A mesma é bioindicadora de eutrofização pela abundância exorbitante. As macrófitas aquáticas só ocorreram nas duas primeiras estações P1 e P2 em função do maior aporte de água doce, já que esses vegetais não toleram ambientes com elevada salinidade, mas também em função de diversos pontos de despejo de esgoto doméstico diretamente no rio. O reduzido número de espécies nativas e a alta abundância de baronesas

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encontrada se devem, provavelmente, a má condição ambiental propiciada pelo desequilíbrio oriundo de esgotos lançados sem o devido tratamento. Sendo ocasionada a entrada de exagerada quantidade de nutrientes, precursor do agravamento do processo de eutrofização, e com isso haja um crescimento excessivo dessa vegetação aquática.

Fonte: Autores 2016.

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Figura 9- Localização do predomínio das macrófitas aquáticas na região de P1 e P2 do rio Capibaribe. Fonte: Projeto de Navegabilidade dos Rios Capibaribe e Beberibe.

A bacia hidrográfica do rio Capibaribe tem boa parte do seu curso dentro da região metropolitana do Recife, sendo que grande parte desse corpo d’água corresponde a estuários, esses por sua vez tem um valor ecológico bastante significativo ao qual atuam como áreas de criação, refúgio temporário ou permanente de Figura 8- Presença de macrófitas no percurso do rio, correspondente a região entre a P2 e a P3 da

imagem posterior. Imagem A presença no corpo hídrico, já na B tem-se na margem direita.

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várias espécies de peixes ,crustáceos e moluscos, que são fontes de renda e alimentação para as comunidades ribeirinhas, a indústria e várias pessoas que depende dos mesmos.

Neste aspecto, estas regiões constituem-se num importante meio de vida para as populações que retiram do estuário o seu sustento. Pode-se então compreende–lós como corpos semi-fechados que têm uma conexão livre com o mar, no qual há diluição da água do mar, de forma mensurável, com a água doce de origem continental. Esses corpos hídricos, tendem a formar regiões protegidas ao longo da costa, sendo propício ao assentamento humano assim como todo um desenvolvimento social.Em relação às condições físicas, químicas e hidrodinâmicas destas regiões apresenta condições favoráveis ao habitat de grande parte dos recursos marinhos, o que as torna de grande relevância biológica. Contudo, o Capibaribe apresenta sua localização dentro de um grande centro urbano e industrial, tendo por receber grande quantidade de rejeitos sem tratamento adequado, além de resíduos comerciais e hospitalares da região, o que vem modificando as condições ambientais e hidrodinâmicas (BARROS et al., 2009).

Durante a investigação notou-se claramente a presença de vários pontos de descarga de esgotos domésticos e de resíduos lançados, principalmente descartáveis plásticos - que apesar da presença de marés favoráveis a renovação dos parâmetros químicos e biológicos - contribuíram para a degradação do meio e da poluição da água.

Fig. 10. Descarga de esgoto na área visitada do rio Capibaribe.

Naturalmente com um bom equilíbrio as áreas de manguezais possuem seu solo alagado, salino, rico em nutrientes e em matéria orgânica, graças à mistura da água do mar com a do rio, na área estuarina. Tendo como proteção a vegetação que auxilia nos processos erosivos que se dão conforme aos alagamentos assim com fortes chuvas, sendo que na presença desses fatores poderá ocasionar parcialmente o aterramento do corpo hídrico.Contudo durante todo o percurso do rio Capibaribe há presença de muito lixo acumulado, provenientes de indústrias, moradias habitacionais, comícios, hospitais, entre outros. Esses resíduos disponibilizados ao solo, independentemente de sua natureza, irá interagir no seu processo de decomposição e se integrarão ao perfil do solo, levando assim materiais pesados, produtos tóxicos e compostos externos que danificarão sua qualidade e até mesmo sua vivacidade, estando em desacordo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010). Neste processo, por consequência, haverá o aparecimento de espécies – vegetais e animais – invasoras, assim como algumas espécies nativas sofrerá uma redução ou desaparecimento. Essa presença de acumulo de lixo é identificada nas imagens registradas durante a investigação, conforme a figura 12.

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Fig. 11. Resto de material de construção dentro do mangue.

Fig. 12. Mais resíduos presentes na margem do Rio Capibaribe.

Outro fator importante é o desmatamento, o qual provoca uma redução da cobertura vegetal, e por consequência o escoamento do sedimento para dentro do rio por erosão. Neste aspecto há declínio na qualidade do solo por ocasião, além de perda de sua parte, da diminuição da matéria orgânica vinda da vegetação, decomposição de folhas, troncos, frutos, sementes, e animal por a incorporação de dejetos, esqueletos e carapaças.

4. CONCLUSÕES

Mesmo a Política Nacional de Resíduos Sólidos em vigor desde 2010, observa-se que a população tem pouco conhecimento acerca, conferindo no decorrer do tempo, altas poluições por resíduos sólidos biodegradáveis e não biodegradáveis sobre o Rio Capibaribe. A falta de educação ambiental sem sobras de dúvidas tem sido o maior responsável pelo alto nível de poluição do rio supracitado.Observou-se também vegetação bioindicadora de poluição, podendo indicar altas concentrações de fósforo e nitrogênio, decorrentes do lançamento de resíduos ou esgotos pela população. O acúmulo de lixo urbano nas margens, entre outros fatores, sugerem estar impedindo o desenvolvimento da mata ciliar local, aumentando a degradação do Rio Capibaribe.

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A pesquisa sendo do tipo observacional e de campo limitou bastante o projeto. Estudos mais aprofundados e sistematizados devem ser realizados a fim de constatar a possível contaminação ambiental através de metais pesados, sugerindo um processo de bioacumulação acentuado.

REFERÊNCIAS

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CARNEIRO, Ana Rita S.; DUARTE, Mirella; MARQUES, Eliábi A. A conservação da paisagem na perspectiva de um sistema de espaços livres públicos do Recife. Paisagem Ambiente, n. 26, p. 127-141, 2009.

CASTRO, I.B. et al. Imposex in two muricid species (Mollusca:Gastropoda) from the northeastern Brazilian Coast. J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v.2 n.1 p. 81-91. 2007.

COELHO, P.A; Batista-Leite. L. M. A; Santos, M. A. C; Torres, M. F. A. O Manguezal. In: Eskinazi-Leça, E.; Neumann-Leitão, S.; Costa, M. F.(Orgs). Oceanografia um Cenário Tropical. Bagaço: Recife, 761 p. 2004. LEMOS, Reinaldo Martins (Org.). Manguezais: conhecer para preservar: uma revisão bibliográfica. Brasília. Ícone, 2011. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/95206709/livromanguezais>. Acesso em: 14 abril de 2016.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em 25 de março de 2015. PROJETO DE NAVEGABILIDADE DOS RIOS CAPIBARIBE E BEBERIBE. Disponível em:

http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/RIMA-Navegabilidade-Capibaribe-Beberibe.pdf. acesso em 13 de abril de 2016.

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