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DOMICILIARES EM DOIS BAIRROS NA CIDADE DE PAULO AFONSO-BA: ESTUDO DE CASO

Capítulo 4. Gestão Estadual

3. ANÁLISE E RESULTADOS

3.2. Entrevistas in loco

Com base nas entrevistas aplicadas aos moradores, comerciantes e turistas no entorno dos pontos de descarte inadequado dos resíduos sólidos na orla da praia do Francês, foi possível entender a convivência dos entrevistados com os resíduos sólidos. As entrevistas foram realizadas com base em 5 (cinco) perguntas informais para uma média de 35 pessoas entrevistadas, voltadas para o descarte dos resíduos, os tipos de resíduos gerados, a suas destinações, as causas do acúmulo em locais inadequados e sobre as quantidades de lixeiras existentes na orla da praia do Francês. Ao perguntar sobre onde os moradores costumam depositar seu resíduo, 20% relatou que colocar na porta de casa, os demais relataram colocar em caixas coletoras e terrenos baldios (figura 07).

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Figura 07: local de descarte de lixo por frequentadores da orla.

Fonte: do autor

Segundo Calderoni (1998, p.25) expressa que “O lixo é um material mal amado. Todos desejam dele descartar-se. Até pagam para dele se verem livre, o que é pior, o lixo é inevitável, não se consegue parar de produzi-lo todos os dias”. O lixo é tudo aquilo que não tem utilidade e é jogado fora, e são originados em trabalhos domésticos e industriais, porém os resíduos podem ser reutilizados através de um processo chamado reciclagem, a qual a orla da praia do Frances deverá adotar como medidas mitigadoras para esses impactos que são causados pelos resíduos. Com relação ao destino final dos resíduos, apenas 10% dos entrevistados souberam responder que os resíduos são encaminhados para o aterro controlado da Cidade de Marechal Deodoro e 25% relataram não saber para onde vai, pois, informaram que o caminhão da coleta pública passa recolhendo, mas não sabem onde são descartados. Pode-se concluir que se tem uma falta de informação por parte da população, pois há 2 (dois) anos os resíduos gerados no Município de Marechal Deodoro, possui como destino final o aterro controlado municipal. Para Schalch e Cabral (2003), através de campanhas de orientação para separação do lixo seco (reciclável) do úmido (destinado ao aterro), pode-se evitar que catadores tenham acesso aos resíduos, sujando calçadas, trazendo prejuízos à limpeza pública, pondo ainda em riscos a sua saúde e a de coletividade.

Na orla da praia do Frances mesmo nos locais que dispõem de setor destinado exclusivamente às lixeiras, isolado e protegidos da ação de animais e pessoas, diariamente, pouco antes da passagem do caminhão de recolhimento, os tonéis que acondicionam os resíduos são encaminhados à calçada deixando os rejeitos momentaneamente expostos à ação do público e de animais.No tocante aos tipos de resíduos gerados na orla da praia do Francês, observou-se que 20% são resíduos oriundos do uso residencial, se enquadrando nestes os resíduos dos bares e restaurantes da orla, 10% são os resíduos comerciais e 5% resíduos públicos, conforme está ilustrado no gráfico abaixo. Na geral a composição dos resíduos residencial/domiciliar dos entrevistados é formada por restos de alimentos, papel, plásticos e alumínio (figura 08).

Com a pesquisa, entendeu-se que, dentre os responsáveis por estabelecimentos da Orla da Praia do Francês que foram submetidos à entrevista, nenhum teve a iniciativa de contatar uma cooperativa de reciclagem para recolhimento de materiais reciclável tais como: plástico, jornal, papel, PET, entre outros. Em relação ao material orgânico, apenas 10% dos estabelecimentos comerciais e residentes aproveita no preparo de composto orgânico. Com relação aos descartes dos resíduos em locais inadequados, sabe-se que essa atitude causa sérios problemas e impactos ambientais a natureza, pois afeta direta e indiretamente a saúde da

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humanidade, ao realizar a entrevista os principais motivos na visão da população foram: a falta de consciência das pessoas, a falta de locais para armazenamento nas residências e ausência da coleta pública.

Figura 08: tipos de resíduos gerados

Fonte: do autor

Um programa de gerenciamento integrado é mais do que um simples plano de tratamento de resíduos; requer um planejamento composto por várias etapas, todas com um objetivo comum, nas quais estão inclusas um sistema de estocagem, coleta, tratamento e destinação final, interligados, de maneira a oferecer o melhor custo benefício para a gestão de resíduos sólidos de uma determinada região, sendo permeado pela educação ambiental em todas as ações, uma vez que o grau de educação da população será determinante para a eficiência da gestão (TENÓRIO e ESPINOSA, 2004).

A educação ambiental vem com um propósito de estimular uma mudança intrínseca de comportamento. Nesse sentido, o indivíduo deve passar a se perceber enquanto parte integrante da natureza, ou seja, a própria natureza. Acredita-se que, realizada de maneira informal, a educação ambiental deve representar um meio eficaz para sensibilizar os proprietários e funcionários dos bares e restaurantes da orla, assim como os moradores residentes e frequentadores da orla da praia do Frances com relação aos resíduos sólidos. As principais consequências do acúmulo inadequado dos resíduos, na visão dos moradores que habitam no entorno dos pontos de lixo, é o mau cheiro, a proliferação de insetos e animais vetores de doenças e o alagamento das ruas decorrente dos entupimentos da boca de lobo, no período de chuva, etc. O grande acúmulo de lixo traz como consequências em qualquer região, impactos ambientais, mau cheiro e o excessivo número agentes transmissores de doenças, tais como Leishmaniose, Leptospirose, Hepatite, Dengue e Alergias (ROSA et al, 2010). Observou-se que, na visão dos entrevistados os impactos através do acúmulo de lixo em locais inadequados não são significativos. Segundo Sanches et al., (2006), o descarte inadequado de resíduos sólidos nos centros urbanos, sem qualquer tratamento, está contaminando os lençóis freáticos de várias regiões brasileiras. Essa situação é ainda pior ao se considerar que a água potável vai se tornar, em breve, um fator de grande competitividade entre as nações, pois está transformando-se em recurso cada vez mais escasso.

Na maioria das áreas vistoriadas na Orla Marítima da Praia do Francês, foi encontrada a disposição de resíduos predominante do tipo, residenciais e públicos, sendo que os residenciais são em grande quantidade devido à presença de bares e restaurantes existentes na orla e que infelizmente não fazem a coleta e

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segregação correta dos resíduos gerados. No tocante a quantidade de recipientes dos lixos existentes na orla da praia do Francês para armazenamento temporário dos mesmos gerados pela população, foi indagada a seguinte pergunta: você acha que na orla da praia do Frances tem lixeiras suficientes para o descarte do lixo? E na visão da população responderam que não tem coletores suficientes e que eles não irão sair da beira da praia para se deslocar até a orla para procurar uma lixeira e colocar o lixo. A sugestão de melhoria para essa tal situação, seria os proprietários dos bares e restaurantes colocarem sacolas e/ou lixeiras em todos os lugares do estabelecimento e na faixa de praia estando visível e próximo da população.

Na pesquisa, buscou-se saber se a problemática do lixo no Bairro do Frances implica na qualidade de vida 25% da população entrevistada informaram que sim e apenas 5% informaram que não e os que disseram que sim, informaram que são inúmeros os casos de dengue, leptospirose, hepatite, infecções por verminoses, entre outras doenças atreladas ao mau acondicionamento do lixo urbano, e que no Francês existe muita casa que é usada apenas por temporada ficando assim exposta para o acúmulo de doenças e vetores. Referindo-se a uma conduta ambientalmente aceitável, Reigota (2006) afirma com bastante propriedade que não adianta apenas “falar” do meio ambiente, é preciso também mudar os comportamentos individuais e sociais.