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MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E ANÁLISE DOS FOCOS DE POLUIÇÃO DO MANGUE DO PINA

pítulo 2. Impactos Ambientais

2. METODOLOGIA 1 Área de estudo

2.5. MAPEAMENTO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E ANÁLISE DOS FOCOS DE POLUIÇÃO DO MANGUE DO PINA

SILVA, Elisabeth Regina Alves Cavalcanti Grupo de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento da Universidade Federal de Pernambuco (SERGEO/UFPE) bellhannover@hotmail.com MELO, José Gustavo da Silva Grupo de Estudos em Biogeografia e Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (BIOMA/UFPE)

josegustavo_melo@gmail.com SANTANA, Sidney Henrique Campelo de SERGEO/UFPE sidneysantana.geo@hotmail.com

GALVÍNCIO, Josiclêda Domiciano SERGEO/UFPE josicleda@hotmail.com

RESUMO

O Estado de Pernambuco apresenta uma concentração de manguezais bastante significativa, porém ressalta-se os processos de antropização sofridos por esse ecossistema no Estado e em especial na Bacia do Pina. Diante disso, este trabalho buscou expor a relação entre o nível de degradação ambiental do manguezal do Pina, a partir do mapeamento com imagens de satélite, e a poluição proveniente do processo de adensamento urbano na área. Os resultados demonstraram que apesar do manguezal do Pina passar por um processo de recuperação, a poluição, tanto pelo lixo presente na área quanto pela lançamento de efluentes, tem prejudicado o manguezal. Dessa maneira, conclui-se que é necessária a limitação das formas de exploração desse ecossistema, pois a conversão de florestas de mangues em áreas degradadas expõe a população que vive no entorno aos efeitos diretos da poluição do ambiente.

Palavras–chaves : legislação ambiental, áreas degradadas, poluição. 1. INTRODUÇÃO

As florestas de mangue são de suma importância do ponto de vista dos seus aspectos paisagísticos e ecológicos nas regiões litorâneas tropicais e subtropicais das Américas, África e Oceania, estando restritas às faixas entre marés, reentrâncias da costa e contorno de baías e estuários, pois funcionam como ponto de ligação entre os ambientes marinhos e terrestres (BRAGA et al., 1989). Manguezais são, geralmente, sistemas jovens que, seguindo a dinâmica das marés nas áreas em que se localizam, produzem a modificação na topografia desses terrenos, resultando em uma sequência de recuos e avanços da cobertura vegetal (SCHAEFFER-NOVELLI, 2002 apud MOURA; QUERINO, 2010).

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O manguezal se constitui, portanto, em ecossistema chave, cuja preservação é essencial para o funcionamento de outros ecossistemas maiores e mais diversos, que se estendem além dos seus limites (DINERSTEIN, 1995). O ecossistema é protegido no Brasil, pelo Código Florestal sob a Lei nº 12.727 (BRASIL, 2012), e reconhecido como Área de Preservação Permanente, mas encontra-se ameaçado devido a diversos fatores como: a expansão de áreas urbanas e portuárias, turismo e pesca predatórios, poluição por derramamento de petróleo e esgotos domésticos ou industriais, aterros e construção civil, extração de madeira e a carcinicultura desordenada e ilegal.

Recentemente foi criado em Pernambuco o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza (SEUC), estabelecido através da Lei nº 13.787 (PERNAMBUCO, 2009). O Estado possui 66 Unidades de Conservação Estaduais (UCE), sendo 25 de Proteção Integral e 41 de Uso Sustentável. Dentre estas, 33 aguardam a recategorização e implantação e 13 foram instituídas como Áreas de Proteção Ambiental estuarina. Nestas unidades de conservação, o ecossistema a ser protegido são os mangues.

Dentre os principais ecossistemas degradados por conta da expansão da área urbana na cidade do Recife está o manguezal. A área correspondente ao Parque dos Manguezais é um dos últimos resquícios de mangue preservado da cidade do Recife, que sofre com o aterramento das áreas de mangue e pelo acúmulo de lixo (RECIFE, 2004). A área é acometida pela desordem da área urbana pela especulação do mercado imobiliário e, mais recentemente, pela construção da Via Mangue (RIMA, 2008).

Melo et al. (2014), em levantamento sobre o nível de degradação no manguezal do baixo curso do rio Capibaribe, identificou vários tensores antrópicos atuando no ecossistema, destacando como principais: expansão urbana, terraplanagem, aterros, corte do mangue, deposição de lixo, despejo de efluentes domésticos/industriais, desvio do curso natural do rio, dentre outros. Tendo em vista que há de existir muitas leis que protegem esses ecossistemas, ainda existe a poluição por lançamentos de esgotos, aterramentos são realizados indiscriminadamente e grande quantidade de resíduos sólidos jogados no local. Isto acaba sendo refletido para a qualidade ambiental do município afetado.

Segundo Andrade e Pereira (2014) para a realização da construção da Via Mangue foram necessárias as remoções da comunidade Beira Rio e Jardim Beira Rio (Pina) e Pantanal, Paraiso/Deus Nos Acuda e Xuxa (Boa Viagem) que estavam na área onde hoje está a Via, habitando palafitas às margens dos estuários e não possuía serviços básicos de infraestrutura. O sistema de coleta de lixo era precário e a partir disto os moradores jogavam lixo no mangue causando poluição na área. As pessoas que habitavam nas palafitas encontram- se em três conjuntos habitacionais que foram construídos denominados de Conjunto Habitacional Via Mangue I, II e III. Os dois primeiros localizados no bairro do Pina foram entregues em 2012 e o último, localizado no bairro da Imbiribeira, foi entregue em 2010.

Neste cenário, o objetivo deste é analisar a relação entre o nível de degradação ambiental do manguezal do Pina a partir do mapeamento com imagens de satélite ao longo dos anos e a poluição proveniente do processo de adensamento urbano na área próxima ao mangue. Este artigo pretende auxiliar na estruturação de um pensamento sustentável para o planejamento da área.

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2. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste trabalho teve como premissas gerais a caracterização ambiental da área para posterior entendimento da dinâmica estuarina onde se insere o ecossistema manguezal, tendo sido desenvolvido na Bacia do Pina, na cidade do Recife, Pernambuco. As imagens obtidas pelo satélite Landsat 5 foram processadas de forma a evidenciar a situação do mangue em relação ao crescimento urbano na área. Foi utilizado o índice de vegetação Soil Adjusted Vegetation Index (SAVI), para verificação das áreas degradadas no mangue ao longo de aproximadamente 25 anos de período amostral.