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DOMICILIARES EM DOIS BAIRROS NA CIDADE DE PAULO AFONSO-BA: ESTUDO DE CASO

2. METODOLOGIA 1 Descrição da Área

3.3 Dados acerca da coleta seletiva no município

Como citado no presente artigo a coleta seletiva ganhou destaque na Lei Federal nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010) e sua definição pode ser caracterizada como um sistema, do qual se recolhe materiais recicláveis em suas diversas categorias (papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos), previamente separados pela fonte geradora seja ela domiciliar, pública ou privada (SÃO PAULO, 2013).

Um plano de coleta seletiva do estado de Sergipe foi vigorado em 2014 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SERGIPE, 2014), este mesmo plano faz em sua apresentação referencia à Politica Nacional de Resíduos Sólidos. No mesmo ano gestores da Grande Aracaju se reuniram para debater sobre o plano estadual, a técnica da superintendência de Qualidade Ambiental e Educação Ambiental da SEMARH, em entrevista ao “Jornal da Cidade”, ressaltou a importância da possível adoção do plano pelos municípios:

A coleta seletiva pode ser implanta nos municípios independentemente do plano estadual, mas a partir deste estudo apresentado hoje, se torna mais fácil a implantação do plano por parte de cada gestor, tendo em vista que a realidade de cada município foi apresentada. O plano de coleta é pontapé inicial para a política de Resíduos Sólidos em todo o Estado (JORNAL DA CIDADE, 2014).

Em se tratando de quantificação a respeito do volume de resíduos sólidos domiciliares e quanto a sua principal forma de coleta, tem-se na Figura 2 a apresentação dos volumes anuais coletados.

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Fonte: Dados Cedidos Emsurb, 2015

Nota-se na Figura 2 que durante os anos de 2011 a 2014 os volumes anuais dos coletores/compactadores foram exorbitantemente maiores que o volume coletado nas caixas estacionárias, ocorreu um aumento ainda que tímido no volume das caixas estacionárias a partir de 2014, que em geral são utilizadas para entulho e resíduos de construção civil, hoje a distribuição dessas caixas em Aracaju é realizada pela EMSURB, realizada conjuntamente com empresa terceirizada. Em relação a coleta seletiva, a Tabela 1 elaborada com dados obtidos a partir de entrevista com colaborador gestor da Central Nacional das Cooperativas em Aracaju é apresentado o quantitativo dos materiais recicláveis comercializados em 2015, enfatiza-se dentre eles a Apara e papelão que apesar de não constar como os mais caros, encontram-se como os dois mais comercializados.

Tabela 1 – Preços e quantidades de matérias recicláveis comercializados

Material Quantidade (Kg) Preço Unitário (R$) Total (R$) Aço 7.400,00 R$0,30 2.200,00 Alumínio 3.000,00 R$2,30 R$6.900,00 Apara 734.300,00 R$0,50 R$367.150,00 Jornal 147.800,00 R$0,15 R$22.170,00 Lata 23.600,00 R$0,15 R$3.540,00 Litro 2.400,00 R$0,10 R$240,00 Pet 25.800,00 R$0,50 R$12.900,00 Plástico Fino 29.500,00 R$0,60 R$17.700,00 Plástico grosso 26.100,00 R$0,80 R$20.880,00 Papelão 167.500,00 R$0,15 R$25.125,00 PVC 500,00 R$0,40 R$200,00 Vidro 43.600,00 R$0,05 R$2.1800,00 Total 1.211.500,00 Fonte: Autores, 2016

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Vale frisar também que os números apresentados na Tabela 1 apresentados sofrem influência das doações recebida por particulares sejam empresas ou pessoas físicas. Para o material jornal, se particulariza seu reaproveitamento com a oficina de papel do projeto Reciclart, da empresa Emsurb que nos foi apresentado pela coordenadora da Educação Ambiental da Sema, onde diversas artesãs transformam jornal em utensílios e objetos de decoração. A oficina de papel foi criada no ano de 1997, e tem o objetivo de ser ampliada dentro do município. Tendo em vista os dados já dissertados, analisando-se o montante de coleta de resíduos domiciliar em comparação com os resíduos coletados na coleta seletiva, afirma-se que a coleta domiciliar, aquela feita com coletores/compactadores, apresente-se em maior quantidade, e a coleta seletiva em menor quantidade, podendo assim visualizar melhor na Figura 3.

Figura 3: Coleta de resíduos Aracaju/SE 2005-2014

Fonte: Autores, 2016

Foi possível observar resultados da PNRS na capital estudada, havendo um leve aumento da coleta seletiva no transite do ano de 2013 para o ano de 2014 (Figura 3), que se considera de suma relevância visto demais anos onde a coleta seletiva foi quase igualada à zero. A coleta seletiva possui em sua essência um aspecto de educação ambiental, por envolver a comunidade nos problemas ambientais presentes ocasionados pelo excesso de lixo (BRASIL, 2013). Após a realização das entrevistas junto aos órgãos ambientais de Aracaju percebeu-se que o município de Aracaju vem investindo em métodos de educação ambiental que envolva cada dia mais a população ao projeto de segregação de resíduos.

Em entrevista, o coordenador de resíduos sólidos urbanos da EMSURB apresento um programa de coleta seletiva que consiste em visitas a localidades onde a coleta pode ocorrer tanto porta a porta como em pontos de depósito voluntários, que não são encontrados em todos os bairros, ou por doação voluntária onde o doador deve entrar em contato com a empresa por telefone e manifestar sua doação. Esta prática do ponto de vista da educação ambiental é muito positiva, por envolver os trabalhadores e a comunidade no programa de coleta seletiva, valorizando assim a participação de todos.

A EMSURB, visita cerca de vinte e sete (27) localidades dentro dos bairros de Aracaju dentre elas, bairros com grande fluxo de moradores, turistas ou comercio como: Beira Mar, Atalaia, Coroa do Meio, Siqueira campos, Centro, entre outros. Foi informado também que em alguns bairros o projeto não se abrange sua totalidade tendo a coleta apenas em alguns pontos.

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Outro projeto apresentado foi o “cata bagulho”, que está destinado ao recolhimento dos resíduos classificados como “entulhos” e resíduos volumosos que estejam tanto na rua quanto nas residências. Esses resíduos são descartados corretamente e destinados à reciclagem, porém a prefeitura de Aracaju afirma que não recolhe os resíduos de construção civil de grande porte pois estes são de responsabilidade do gerador. No site da prefeitura de Aracaju, o Presidente da EMSURB, enfatizou que o objetivo do projeto citado não engloba só a coleta mas também o bem estar dos moradores, ao dizer quer:

“ Nossa intenção é de não apenas manter a cidade cada vez mais limpa, mas também de promover bem-estar aos cidadãos, que muitas vezes não têm como descartar os entulhos que ocupam espaço desnecessário em suas casas. A ação complementa os serviços de limpeza e paisagismo executados pelo órgão em todos os bairros de Aracaju” (PREFEITURA DE ARACAJU, 2015)

A Figura 4 mostra como os coletores adotados para campanha de Educação Ambiental apresentam um aspecto receptivo, e didático com o objetivo de chamar a atenção de quem passa pelos locais onde estão presentes. Nota-se que os pontos estão espalhados por toda cidade em locais estratégicos onde há mais visitantes e turistas como parques, orla pôr do sol e calçadão da 13 de julho, além de diversas praças que recebe diversos moradores todos os dias

Figura 4- Planilha de Ponto GPS - PEVs

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Com relação ao programa de coleta seletiva, através de entrevista, foi informado ainda que existem caminhões cedidos pela prefeitura para realizarem em parceria com cooperativas a coleta seletiva. Os caminhões passam pelos bairros em dias alternados, já as cooperativas mediante cronograma montado por elas de acordo com as demandas.

A entrevista com o coordenador de resíduos sólidos da EMSURB, revelou que apesar dessas tomadas de decisões quanto a coleta seletiva apenas cerca de 25% da cidade de Aracaju é atingida, não alcançando também região metropolitana. Durante as entrevistas, em relação as dificuldades apresentadas para melhoria da porcentagem de coleta seletiva na capital, notou-se como citação comum a diversos órgãos a pouca participação da população, demostrando a objeção e dificuldade com o tema, fazendo-se, portando, ainda mais necessário as campanhas de Educação Ambiental.

4. CONCLUSÕES

Verificou-se dificuldade na obtenção de dados para pesquisa acerca das informações atuais disponíveis referentes à gestão da coleta seletiva do município, inviabilizando uma melhor discussão política, gerencial e social. A respeito da quantidade de recicláveis coletados não foi possível ter clareza, devido a problemas relatados com a balança para pesagem e a escassez de recursos.O município de Aracaju apresenta-se com potencialidade para geração de resíduos recicláveis, entretanto tem reduzido percentual de coleta seletiva, sendo assim, necessita de um programa de coleta seletiva eficaz, em cumprimento à PRNS, que incumbe aos Municípios a gestão integrada dos resíduos sólidos citando como uma das metas a coleta seletiva. Diante da análise dos dados obtidos, a coleta seletiva precisa de um sistema de gestão eficiente com planejamento e estratégias para inclusão de catadores e participação da população, contudo há pouco incentivo por parte da prefeitura. A valorização de catadores é um ponto que deve ser observado pelo poder público, a maioria sobrevive da coleta, porém, não possuem estrutura adequada. Existem poucas ações de valorização e inclusão de catadores na coleta seletiva, sendo um ponto em que se constata necessidade de melhorias.

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