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3 TRILHAS METODOLÓGICAS

3.2 EM BUSCA DOS DADOS: O CONTATO COM O AMBIENTE ESCOLAR

3.2.1 Como é a escola

A investigação se objetivou através de visitas ao ambiente escolar a fim de conhecermos a estrutura, o perfil e o funcionamento da instituição de ensino. De acordo com Lüdke e André (1986, p. 12), a aproximação com o local onde são manifestados os fenômenos a serem estudados é de grande importância, pois é no contexto que são expressas determinadas circunstâncias e representações que fazem parte do vivido pelo grupo.

Além das visitas à escola manteve-se um contato direto com sua direção e com a coordenadora pedagógica. Além das conversas informais, foi realizada uma entrevista semiestruturada13 (ANEXO A) com o intuito de caracterizar o perfil da escola, dos educandos e as propostas pedagógicas da instituição. Foram coletados       

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Entende-se por entrevista semiestruturada aquela que se desenvolve tendo como referência um esquema básico, porém, aplicado com flexibilidade, permitindo que o entrevistador/pesquisador faça as necessárias adaptações (LÜDKE e ANDRÉ, 1986).

o Projeto Pedagógico, o Regimento Escolar e os planos de estudos do componente curricular de Geografia do 3º ano do Ensino Fundamental e procurou-se ter conhecimento a respeito das orientações destinadas à disciplina de Geografia na instituição.

3.2.1.1 A comunidade que a constitui.

A escola é um espaço institucional que congrega diferentes ramos do saber e permite que os seres humanos estabeleçam experiências e façam parte dela. Gestores, educadores e educandos transitam por esse lugar comprometido com a transmissão de saberes e com o desenvolvimento de habilidades cognitivas e afetivas. No interior de seus espaços educativos, são transmitidos saberes instituídos pela sociedade. As estruturas curriculares organizam-se ao mesmo tempo em que a sociedade demanda novas abordagens e enfoques. Por envolverem a trajetória da sociedade, fornecem à escola possibilidades de compreensão e intervenção, por meio dos símbolos que transmite e dos aparatos estruturais que dela fazem parte. Dessa forma, cada instituição educacional possibilita à sociedade e ao entorno no qual se insere a relação educativa e o lugar por excelência de poder possibilitar e desenvolver mecanismos de reconhecimento do saber, do desenvolvimento da cidadania e das formas de completude do ser humano.

A Escola de Ensino Fundamental São José pertence à Associação Caritativo-Literária São José que é mantenedora de duas instituições privadas na cidade: uma que fica situada na área central e atende aos Ensinos Fundamental e Médio e, a outra, afastada uns 20 quilômetros do centro da cidade, na qual desenvolvemos a presente pesquisa, e que atende somente aos anos iniciais. Apesar de ambas fazerem parte da mesma mantenedora, cada instituição desenvolve um trabalho voltado aos interesses da comunidade onde estão inseridas. A escola São José, na qual estabelecemos os nossos vínculos, foi fundada em 1987. Recebe esse nome porque é dirigida pela congregação das irmãs de São José. Na sua formação, possuía o intuito de ser um espaço para as alunas normalistas da instituição localizada no centro desenvolverem seus estágios. No início, havia poucos alunos, mas, com o decorrer do tempo, a instituição passou a receber mais estudantes e a ampliar a sua oferta nos níveis de ensino além de

contratar suas professoras, já que não possuía mais a função de oferecer possibilidades de estágio, pois a instituição central não formou mais profissionais em nível de Curso Normal.

A escola abrange uma área de 2.078 m² e se localiza próximo à rodovia BR- 116, na rua José Pessoli, nº 80, bairro Capivari. Situada em uma região que concentra áreas industriais e residenciais – o que facilita o acesso até a unidade escolar. O colégio contava até 2003 com um único prédio, onde atualmente estão instaladas a parte administrativa, a direção, a vice-direção, a supervisão escolar, a orientação e a secretaria, a biblioteca e a sala de informática, além de dispor de três salas de aula. Devido à procura pela instituição, o espaço físico foi ampliado com a construção de outro prédio com mais cinco salas de aula que são ocupadas nos turnos da manhã e tarde.

Os prédios da escola estão em ótimo estado de conservação e seu mobiliário é adaptado em grande parte à estrutura física das crianças. A escola conta com um laboratório de informática, onde os alunos dispõem de aulas semanais com acompanhamento de uma professora.

A biblioteca possui um espaço improvisado e conta com um pequeno acervo que, a nosso ver, não oferece subsídios necessários à sua utilização por parte de professores e alunos. Está disponível para o uso das professoras, mas não conta com uma bibliotecária. Quanto ao material indispensável para o ensino da Geografia, identificamos alguns materiais como mapas e globos antigos e que não eram muito utilizados pelas professoras.

A escola dispõe de uma sala/cozinha para os professores e um bar onde são vendidos lanches e guloseimas às crianças durante o intervalo. A parte externa da escola é arborizada e permite o desenvolvimento das atividades físicas e de recreação no pátio. Outro local usado nesse sentido é a quadra de esportes. Todo o espaço da escola é cercado por telas de arame e há um pequeno portão na entrada. No aspecto institucional, a escola é organizada da seguinte forma: Equipe Diretiva (direção e vice-direção), serviço de Coordenação Pedagógica e Secretaria, além de envolver profissionais que participam dos serviços de limpeza.

A instituição contava em 2009 com aproximadamente 400 alunos matriculados, distribuídos entre a Educação Infantil nível II até o 5º ano. Nos últimos tempos, a escola teve uma crescente demanda que se deve, segundo a atual

coordenadora pedagógica e vice-diretora, à divulgação do trabalho desenvolvido, ao ambiente familiar e aos princípios humanos e cristãos valorizados. Fica evidenciado no Projeto Pedagógico da escola que ela deseja contribuir para a formação constitutiva de um ser humano capaz de desenvolver a si e contribuir para a sociedade por meio de ações conscientes em defesa da vida.

Outro fato ligado à ampliação da procura pela escola e ressaltado pela coordenadora é que se localiza em um dos eixos industriais do polo metal-mecânico de Caxias do Sul, o qual atrai em busca de emprego muitos moradores da região. Essa constatação é possível observando as fichas de matrículas dos alunos que, em grande parte, são provenientes de outras cidades do Rio Grande do Sul, em especial dos Campos de Cima da Serra, região sul e parte central do Estado. Muitos dos alunos são filhos de metalúrgicos que moram nos arredores e bairros próximos da escola. Por possuírem, na maioria baixa escolaridade, eles buscam para seus filhos uma escola privada por oferecer um ensino com diferencial. A escola não possui problemas de evasão nem alunos com graves problemas comportamentais, o que possivelmente possa ser explicado em boa parte pela presença da família, que é marcante no cotidiano escolar.

A escola conta com 16 professoras que, em sua maioria, cursaram o magistério e, posteriormente, todas fizeram Pedagogia, sendo que algumas já possuem pós-graduação. Grande parte delas trabalha nos turnos da manhã e tarde, geralmente em mais de uma instituição em Caxias do Sul e cidades vizinhas. Os momentos de formação continuada na escola são proporcionados através de palestras com especialistas na área de educação, geralmente no início do ano letivo. Os encontros pedagógicos são definidos por meio de reuniões quinzenais com duração de uma hora, onde são discutidos assuntos em geral, sendo que, no decorrer de 20 minutos finais, as professoras podem definir seus planos de trabalho em conjunto e discuti-los. A coordenadora ressaltou que esse momento foi reduzido devido à contenção de gastos, o que faz com que as professoras se comuniquem por bilhetes e telefonemas, além de alguns encontros extraclasse.

Segundo o Projeto Pedagógico, o perfil do educador que atua na instituição indica um profissional que estimula o aluno a pensar, a analisar e a criticar construtivamente; facilitador da aprendizagem e respeitoso às potencialidades e aos ritmos de cada aluno; portador de valores que buscam somar esforços, compartilhar

experiências, respeitando e aceitando opiniões de outros profissionais, assumindo junto ao grupo uma postura que vise sua formação, crescimento profissional e pessoal permanentes (Colégio São José, Projeto Pedagógico, 2006).