• Nenhum resultado encontrado

De Compadres e Comadres

No documento Download/Open (páginas 39-45)

FAMÍLIA, PARENTELA, REDES RELIGIOSAS E DE AMIZADE NA ORGANIZAÇÃO DA SOCIABILIDADE YAVEÑA

1.3 Redes de Relacionamento Não Familiares: Os Laços Além do Parentesco

1.3.1 De Compadres e Comadres

As relações de compadrio são muito generalizadas na região. Existe uma diversidade de instâncias propicias para criar esse tipo de laço, motivo pelo qual cada pessoa pode ter vários compadres/comadres. Por um lado, encontram-se as instâncias da religião católica, como o batismo e a primeira comunhão, nas quais os pais criam um vínculo de compadrio com o padrinho eleito para seus filhos. Quando indaguei sobre os critérios que levavam em

consideração para eleger um compadre/comadre, alguns entrevistados explicaram-me que as pessoas costumam eleger residentes da cidade com uma posição econômica mais elevada, para que no futuro ajudem seus afilhados, financiando seus estudos ou comprando medicinas caso sofram uma doença e seus pais não possam afrontar as despesas. Pude corroborar esse tipo de lógica quando falei com uma técnica de MINKA que, junto com seu marido, têm vários afilhados. Porém, o dado significativo foi que, ao pouco tempo de ela começar a trabalhar nas aldeias, já tivera os primeiros convites para ser madrinha, sem ainda ter desenvolvido um vínculo afetivo intenso com os proponentes.

Observa-se que o processo de criação desse tipo de vínculo pode ser interpretado a partir da noção de dádiva proposta por Marcel Mauss (1974). No convite que os pais fazem a um terceiro para ser padrinho de seu/s filho/s, está implícito o reconhecimento da estatura moral do futuro padrinho/madrinha. Uma espécie de dom que se da gratuitamente, mas que é impossível rejeitar, a não ser que se queira afetar os bons termos do relacionamento com os pais, quebrar um código moral e pôr em jogo seu próprio prestígio. De fato, rejeitar o convite a ser padrinho/madrinha envolve a idéia de descomprometer-se de antemão a ajudar o filho e, por extensão, seus pais, quando precisarem. Mas com esse dom não só se cria um vínculo de longo prazo, mas também a expectativa de retribuição, isto é, um contradom, que nesse âmbito sócio- cultural está predeterminado pela forma em que se espera deve agir um bom padrinho.

Na forma como foi explicado pelos aldeões, o convite para alguém da cidade ser padrinho fazia parte de uma estratégia consciente para criar um vínculo e um compromisso no futuro. De fato, esse tipo de vínculo, quando estabelecido com alguém de uma posição econômica superior, é percebido como utilitarista pelos yaveños, pois quem realiza o convite procura vincular-se de maneira estável para mobilizar através da prestação de favores bens materiais ou simbólicos. Em uma sorte de crítica moral, algumas pessoas referiram que essas lógicas, embora estivessem bastante generalizadas nas aldeias, não tinham a ver com eles já que haviam elegido pessoas de sua mesma posição social, em alguns casos parentes, como padrinhos de seus filhos, e com as quais tinham fortes laços afetivos. Isto é, para alguns yaveños a criação desses vínculos, quando motivada apenas por interesses utilitaristas, pode ser moralmente questionada, pois espera-se que seja priorizada a dimensão afetiva.

Existem outras instâncias para a criação de laços de compadrio. Uma delas é “la flechada” – a flechada. Para ocasião da construção de uma morada ou um quarto, costuma-se que as pessoas que tenham algum tipo de vínculo afetivo ou de parentesco com a família que construirá a casa assistam à “minga”. No local persistem instituições andinas denominadas “minga” e “señalada” que, equivalentes aos mutirões no Brasil, constituem-se em espaços de trabalho e festivos. A “minga” é convocada por uma família para semear a terra ou para reparar ou construir uma casa. A “señalada” realiza-se uma vez por ano no momento da marcação das ovelhas e lhamas; cada família sempre em uma data determinada. Em ambos os casos, a família que realiza o convite agradece com um jantar no final da jornada ou com produtos caso trate-se de um evento de colheita. É um jeito de agradecer pela “ajuda”, que também será retribuída no futuro com a “tornovuelta”, quando as outras partes convocarem a uma “minga”. Aqui se reproduz o ciclo de dom-contradom, evidenciado por Mauss. Além do espaço simbólico e de sociabilidade que representam, ambas as instituições constituem um mecanismo para garantir a provisão de mão-de-obra na unidade doméstica, sem ter que contratar a um peão e gastar dinheiro, especialmente nos momentos em que a família não pode dar conta com seus próprios membros.

Na “minga” para a construção/reparação de uma morada, no final da jornada de trabalho, a festa começa com a “flechada”. Os donos de casa penduram da viga maior do teto um ovo e o resto dos participantes munidos de um arco e flecha devem acertar no alvo, o ovo. Quem conseguir, converte-se em padrinho da casa e, em conseqüência, cria um vínculo de compadrio com os donos. Espera-se que o padrinho da casa contribua com sua manutenção e com as oferendas à Pachamama, que costumam realizar para que haja bem-estar na morada.

Em 2 de outubro de cada ano, festeja-se o dia dos mortos, um dos eventos mais importantes na região. Por ocasião dessa festa, também se criam relações de compadrio, através de objetos não humanos. Cada família junto a parentes, compadres e vizinhos organizam um importante jantar para receber as “almas” dos parentes que deixaram a terra há mais de um ano. Considera-se que os que morreram no ano em curso ainda não se elevaram. Para os yaveños é uma festa muito emotiva e pretende ser alegre, pois é um momento de reencontro com as pessoas que já não estão. A preparação de abundante comidas e bebidas, em especial das que mais gostavam os que faleceram, é uma parte central do evento. Só para ocasião dessas festas, prepara- se com farinha de trigo uns pãezinhos com diferentes desenhos de animais e de bebês. Com os bonequinhos de bebês – denominados “guagua de pan”– também se estabelecem laços de compadres por ocasião da festa. A família que convida pode convocar algum dos assistentes para ser compadre/comadre e obsequia-lhe o bonequinho, que simboliza o afilhado.

Sem dúvida o compadrio é um vínculo muito importante na região e é comemorado dois dias ao ano, perto do carnaval: “jueves de comadres” – quinta de comadres– e na quinta-feira seguinte, “jueves de compadres”. Na época dessas festas, juntam-se na primeira quinta-feira as comadres de uma aldeia para festejar seu dia, conversam, comem e bebem. As tarefas do lar ficam sob responsabilidade dos homens ou dos filhos. Na quinta-feira seguinte, a situação inverte-se: é a vez dos compadres. São espaços para conversar, festejar e reafirmar os laços afetivos que unem as pessoas.

Ellen Woortmann explica que existem duas interpretações teóricas para analisar as relações de compadrio. A primeira, denominada compadrio extensivo, que são as formas de ampliar as relações de solidariedade além da rede de parentesco, vizinhança e amizade, o que pode assumir tanto a forma horizontal (entre agentes da mesma posição social), como vertical (entre pessoas de diferente grau de poder). A segunda denominada compadrio intensivo refere-se às formas de reforçar os laços já estabelecidos por essas relações, como um parentesco paralelo. Nessa modalidade, enfatiza-se o intercâmbio simbólico e não o material (WOORTMANN, E. 1995:63).

Nos casos acima analisados, observa-se que as duas formas estão em jogo nas estratégias de articulação dos yaveños. Por um lado, existem pessoas que pretendem articular-se com agentes de outras posições sociais que não residem na aldeia e com os quais nem sempre têm vínculos afetivos desenvolvidos; por outro, observa-se a formalização ou, melhor dito, institucionalização sob o vínculo de compadres de laços que já existem. De fato, só pode assistir à “minga” ou à Festa dos mortos uma pessoa que já faça parte do circulo social da família. Porém, o dado chamativo e que retrata a força desse tipo de vínculo na região, é que para criar um vínculo de parentesco não só se pode apadrinhar um ser humano, mas também um objeto, seja uma morada, seja um boneco de pão. Nesses casos, evidencia-se com maior força que o importante não é a relação padrinho-afilhado, mas o vínculo entre compadres que se consagra. Nem todos os vínculos de compadres prosperam. Sem dúvida, os vínculos de compadrio criados sobre o apadrinhamento de uma pessoa são mais intensos e envolvem mais expectativas que os que se criam sobre objetos não humanos, pois a possibilidade de ter de ajudar sempre está latente, e

possivelmente seja uns dos elementos que contribui para reproduzir o vínculo. Não é por acaso que na flechada o compadre surja da sorte que em um batismo seja eleito pelos pais.

É preciso salientar que todas as relações sociais, justamente por serem pessoais, carregam uma dimensão emocional, seja de afeto, seja de desprezo, seja de indiferença ou de outro tipo que, certamente, tem um papel importante na própria constituição e reprodução do laço. Embora reconheça a existência e importância dessa dimensão nas relações sociais, nesta pesquisa não aprofundarei na sua análise. Não tentarei explicar as diferentes representações sociais que existem com relação aos afetos, nem as formas como são vivenciados e manifestados pelos yaveños em cada contexto. Essa é uma dimensão psicosocial que excede o objeto de estudo desta pesquisa e minha formação como pesquisador para compreendê-la. Simplesmente, limitar-me-ei a indicar, nos casos analisados, quando o aspecto emocional tiver grande poder explicativo do desenrolar dos vínculos entre as pessoas.

Outro aspecto interessante para analisar é que essa instituição ganha força social pela consagração de dois dias no ano para celebrarem esse tipo de vínculo. No resto da Argentina, ou mais precisamente, nas áreas urbanas do país, tal dia não existe. Provavelmente um dia homólogo seja “o dia do amigo” que há umas décadas se festeja em 20 de julho. Para minha supressa, nos diferentes relatos coletados apenas em contadas situações os yaveños acionaram a categoria “amigo/a”. Na maioria das vezes, foi para remeter-se a relações com políticos, o que adquire um sentido ambíguo, pois falava-se sobre mecanismos, nem sempre legítimos, para conseguir coisas através desses funcionários públicos. Algumas pessoas utilizaram a categoria “amigo” para referir a pessoas com as que tinham vínculos afetivos. Uma delas, não por acaso, era originário de uma província vizinha e ainda ninguém a tinha convidado para ser compadre de seus filhos.

Os dados coletados, em especial a grande relevância que tem o vínculo de compadrio e o pouco salientado que foi o de amizade, fazem-me inferir que entre os adultos as relações de compadres passam a cumprir grande parte das funções que têm as relações de amizade em outros âmbitos sociais do país, em particular os das cidades. De fato, entre compadres assim como entre membros com relações de parentesco freqüentemente há uma importante prestação de favores, principalmente no referido à ajuda na lavoura, oferecimento de transporte ou contratos de parceria para cultivar conjuntamente a terra. No geral, prefere-se alugar a terra a um parente ou a um compadre. Por sua vez, os aldeões preferem emigrar acompanhados de um compadre, quando se afastam da aldeia por longos períodos de tempo.

Entendo que o leitor terá percebido a relevância que têm a prestação de favores na (re)produção dos laços sociais dos yaveños. Ora, é preciso fazer algumas observações para compreender um aspecto do funcionamento desses laços. Os favores entre compadres, como aqueles que ocorrem entre parentes e entre os membros de um lar, são prestações denominadas “ayuda” – ajuda- pelos yaveños e constituem casos típicos de ajuda entre pares, pessoas que se encontram em uma posição social semelhante. Em conformidade com a noção de dádiva, desenvolvida por Marcel Mauss em Ensaio sobre o dom, os agentes na realização dessas prestações pretendem agir desinteressadamente, isto é, sobrepondo o interesse afetivo do laço por cima do retorno material e/ou simbólico que puderem obter. Assim, ajudam-se sem demandar algo em troca. No entanto, mesmo que a dádiva não seja pactuada em um contrato formal – principal diferença com a troca mercantil– existe um contexto social e cultural que regula a troca de favores. Assim como a doação desinteressada é socialmente valorada, também se espera que todo dom seja correspondido com um contradom. Isto se deve ao fato de que “a dádiva tem por natureza criar uma obrigação a prazo” (MAUSS, 1974:97). Nela está implícita a obrigação de

dar, de receber e de retribuir, já que, se alguém rejeitar algum desses atos interdependentes, quebrará um código moral e porá em jogo seu próprio prestígio.

Pierre Bourdieu (1997) salienta que para que a ilusão do desinteresse possa ser mantida, o contradom não deve ser entendido como um pagamento, pois suporia a existência de um interesse no dom. É por isso que existe certo acordo quanto ao tempo e modo de retribuição, princípio a partir do qual a ilusão social sobre a qual se sustenta esse tipo de prestação vem ser reproduzida. O intervalo temporal contribui a reproduzir a hipocrisia social do ato aparentemente desinteressado, pois possibilita conceber dois atos simétricos como se fossem singulares e não mantivessem mútua relação. Assim, esse tipo de prestações ocorre como em um ‘cenário’, uma sorte de performance no sentido de Goffmam, onde os papéis e as lógicas de ação estão, mais ou menos, pré-fixadas e no qual os agentes agem perante um público que espera se comportem conforme às regras (GOFFMAN, 1996). O outro dado significativo para esta pesquisa é que, sobre esse ciclo de prestações, os yaveños (re)produzem seus vínculos com seus pares, interagindo no dia-a-dia e produzindo aproximações e atritos segundo seus pares ajam conforme suas expectativas.

Todavia, é possível identificar particulariedades na forma em que se realizam essas ajudas conforme as características do laço que une as partes em questão. Marshall Sahlins, no livro Stone age economics, através da noção de reciprocidade − inspirada na noção de dádiva de Mauss-, propõe uma tipologia para analisar diferentes tipos de trocas, que, por sua vez, as relaciona à distancia social das pessoas. No tipo ideal de reciprocidade generalizada a prestação tende a ser unidirecional e mais altruísta, um tipo de solidariedade extrema cujo laço emblemático é a relação mãe-filho. Isso não supõe a inexistência de obrigações de retribuição, existem sem estar estipuladas no tempo. No tipo reciprocidade balanceada, os bens trocados são de características semelhantes, intercambiam-se no tempo e reproduzem ciclos de dom- contradom. Embora nem sempre se explicite a obrigação de retornar o favor realizado, os doadores esperam receber um retorno. Assim, a reciprocidade balanceada seria menos altruísta ou mais interessada que a generalizada (SAHLINS, 1972:193-194).

Entendo que essa tipologia é útil para interpretar e salientar algumas diferenças entre os tipos de ajuda que ocorrem entre os membros de um lar, entre parentes, compadres e amigos. Os modos em que estão contidas as expectativas de retorno, que certamente estão associadas à carga emocional do laço, marcam uma das diferenças. Assim, as prestações entre membros de um lar apresentaria traços de reciprocidade generalizada. A divisão de papéis e responsabilidades no interior de um lar leva a que as contribuições de cada membro sejam diferentes e mudem conforme a idade e condição. Aliás, existe uma idéia ou expectativa de retribuição mais estendida no tempo, especialmente nas obrigações dos filhos para com seus pais quando envelhecem ou nos casos em que algum membro do lar fique doente. No entanto, entre pessoas que não fazem parte do mesmo lar, mas são percebidas como pares, há uma prestação de favores que se espera seja retribuída em um praço de tempo menor, se comparado com o primeiro caso. Note-se que na “minga” está presente a categoria de “tornavuelta” que define a retribuição da ajuda realizada, o que institucionaliza em conseqüência o retorno do favor.

Indubitavelmente a noção de ajuda é de grande importância na (re)produção dos laços sociais para os yaveños. Ao longo do texto, na medida em que analise os laços sociais que se estabelecem com outros agentes, voltarei sobre este referencial teórico para analisar os diferentes contextos em que é acionada essa categoria e os (novos) sentidos que lhe são atribuídos.

Mas voltemos à categoria “amigo”. É provável que a amizade seja um vínculo importante em grupos etáreos mais novos. Em particular, entre as pessoas que ainda não formalizaram um novo lar através do casamento ou que ainda não têm filhos. Nesses casos, os jovens consolidam seus vínculos afetivos através da amizade, pois não estão em condições de estabelecer laços de compadrio. Nessa linha de pensamento, considero pertinente inferir que esses vínculos de amizade criados na primeira etapa da vida possam ser formalizados em vínculos de compadres quando os jovens formarem um novo lar e tiverem filhos. Isso explicaria a grande difussão da figura de compadre. Entretanto, qual é o sentido que adquire a categoria “amigo” quando utilizada entre adultos? Neste momento, os dados apresentados não bastam para desvendar essa incógnita. No capítulo IV, quando analise o domínio da política, novos dados contribuirão a esclarecer o sentido desses laços.

Nas aldeias não é comum ver grupos de jovens ou de pessoas reunidas, a exceção dos mutirões e das reuniões mensais dos vizinhos, isto é, âmbitos de trabalho ou de planejamento. Tampouco identifiquei espaços onde as pessoas assistissem assiduamente para conversar e distender-se. Formalmente existem três lugares de reunião dos vizinhos, a saber: o salão comunitário, a igreja e o campo de jogo. O salão comunitário é utilizado periodicamente para as reuniões mensais dos vizinhos ou para receber alguma pessoa que vier comunicar ou oferecer alguma coisa. Nas festas comunitárias, o salão tem um papel importante como centro de reunião, igual à igreja. Mas não foi freqüente ver pessoas que se reunissem nesses espaços simplesmente para sociabilizar e compartilhar tempo juntos. O uso desses espaços restringe-se às instâncias festivas formais da aldeia, e não para uso individual ou grupal por fora do estritamente comunitário. O campo de jogo é utilizado ocasionalmente e alguns anos realizam-se campeonatos de futebol entre times das diferentes aldeias. Mas nenhuma das minhas visitas à região coincidiu com uns desses campeonatos.

Com exceção da vila, na maioria das aldeias não existem bares ou armazéns onde as pessoas possam reunir-se para conversar e beber vinho ou cerveja. Em Yavi, esses espaços reduzem-se a três armazéns que, embora não sejam bares, no geral têm uma ou duas mesas com algumas cadeiras para que as pessoas possam distender-se19. Contudo, durante minha estadia em Yavi, não percebi que fossem lugares muito freqüêntados. Os jovens viajam diariamente a La Quiaca para ir à escola, lugar onde se concentram muitos bares orientados a esse público. Talvez seja por esse motivo que, só por ocasião de um mutirão ou de uma festa, as pessoas se reúnem. Se pensarmos na paisagem que acompanha essas situações, podemos caracterizá-la por um conjunto de casas dispersas, muitas delas abandonadas. Eventualmente se pode encontrar ou ver na distância algum aldeão trabalhando a terra ou caminhando pela estrada, indo em casa, a seu “rastrojo” ou levando animais de um lado para outro. Esta observação reforçaria a idéia acima citada de que o tempo é um recurso escasso e, portanto, valorizado pelos aldeões que o destinam principalmente para o que consideram trabalho.

Assim, pareceria que os momentos de sociabilidade entre as pessoas com as quais se vinculam afetivamente se restringissem aos mutirões e às festas nas aldeias; aliás, não são poucas e são distribuídas ao longo do ano: Festas do Padroeiro, Carnaval, Quinta de Compadres, Quinta de Comadres, Páscoa, Natal, Réveillon, Festa dos Mortos, Festa da Pachamama, entre outras. Também se encontram no calendário de eventos da comarca as reuniões que se realizam por

19 Existem três bares e um restaurante em Yavi que estão orientados para os turistas, pois seus preços são altos

No documento Download/Open (páginas 39-45)