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4.1 ANÁLISE DOS DADOS

4.1.1 HOTEL INDEPENDENTE (HI)

4.1.1.4 Comparação de percepções: Gestora x PcDs HI

Para se chegar ao terceiro objetivo específico foram feitas comparações das percepções da gestora com as dos funcionários com deficiência em relação à inserção dessas pessoas no hotel. A grade de categorização utilizada para contemplar este objetivo foi também a mista, visto já existiam algumas categorias pré-definidas dos dados produzidos pela gestora. O terceiro e último objetivo específico é:

Comparar as percepções dos gestores e das pessoas com deficiência, quanto às práticas de inserção dessas últimas em hotéis da rede hoteleira de Belém - PA. Cabe destacar que as práticas mencionadas no objetivo específico 3, são as de gestão recursos humanos (categorias pré-definidas), assim como as práticas mencionadas pela literatura da área (SASSAKI, 1991; COSTILHA, NERI; CARVALHO, 2002; NAMBU, 2003, entre outros) para inserção de pessoas com deficiência no ambiente laboral (categorias a serem definidas). Esta mesma observação vale para todos os hotéis pesquisados.

Recrutamento e Seleção

Estas duas categorias houve convergência de informações entre o depoimento da gestora em relação ao relato dos funcionários. Todos relataram que o recrutamento foi feito pela Casa do trabalhador (F1HI e F3HI) e convite do próprio hotel (F3HI). Foi observado que existe neste

hotel forte indício de delegação da prática de recrutamento aos órgãos de apoio à pessoa com deficiência.

Socialização

Os dados apresentados também mostraram convergência nesta categoria, onde todos concordaram não haver a prática de socialização, inclusive a gestora.

Treinamento e desenvolvimento (T e D)

Em relação a T e D, constatou-se pelos relatos dos funcionários e da gestora que não existe investimento por parte deste hotel em treinamento e consequentemente em desenvolvimento. A gestora ainda chegou a falar em palestras de representantes de produtos que vêm até o hotel fazer demonstrações, e palestras de saúde e higiene pessoal, mas em seus relatos não constam indícios de cursos, mini-cursos, participação em eventos, etc. destinados as PcDs que trabalham neste hotel. Esta informação relatada pela gestora é compartilhada por F3HI, conforme se observa nos trechos a seguir:

“Não, não. A gente só faz, como eu lhe disse, a supervisora que toma de conta deles que vai ensinando, que vai mostrando os produtos, já a quantidade que usa. Essas pessoas que vendem material de limpeza, eles mesmos fazem a demonstração[...]” (GHI)

“Não, aqui eu estou trabalhando 1 ano e 7 meses e nunca fiz. Já fiz por fora né, trabalhei por um tempo aqui na (empresa em que trabalhou), aí de vez em quando tô passando por lá pra ver se tem alguma novidade de negócios de prédio que eu fiz por lá, aí eu fico na expectativa que na função que eu tô sempre tem produtos novos que a gente lida todo dia, aí tem que está atualizado.” (F3HI)

No caso do F2HI, como ele é da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) acabou participando de alguns treinamentos específicos para quem faz parte desta Comissão, mas que nada têm a ver com sua função dentro do hotel:

“Já, aqui eu já participei da CIPA por duas vezes, teve um outro treinamento que tá fazendo já um tempo...já tivemos umas três ou quatro participação, inclusive até de bombeiro.” (F2HI)

Interesse pela inserção

Em relação à inserção das pessoas com deficiência, notou-se pelos relatos da gestora em comparação com a percepção das PcDs que há divergência de opiniões. De um lado a organização que deve cumprir uma lei, sob pena de pagar multa, de outro as PcD que têm uma visão positiva sobre sua inserção naquela empresa. São duas visões diferentes que geraram relatos diferentes, como os que seguem abaixo:

“O interesse é porque teve a lei, e que a empresa tem aquele percentual ao qual ela tem que cumprir. E, aí nós fomos solicitados pela delegacia do trabalho pra levar a quantidade de empregados e deter, foi determinado que nós tivéssemos, por exemplo oito aprendizes, três deficientes...” (GHI)

“Talvez seja uma espécie de dar oportunidade pras pessoas deficiente, o que a pessoa faz muitas vezes, não é porque a pessoa é deficiente que não é um bom profissional, então acho que deve ser por isso”. (F2HI)

“o interesse do hotel...? acho que eles valorizam nosso trabalho, sabem que podemos também contribuir, mesmo tendo uma deficiência...” (F3HI)

Alocação de PcD no trabalho

A alocação de pessoas com deficiência é um costume, segundo a literatura, comum em muitas empresas. A situação encontrada no HI não foi diferente, a gestora expos explicitamente esta condição como sendo melhor para as PcD e também para o hotel. Em sua entrevista a gestora explica que não tem como inserir pessoas com deficiência em alguns setores como: cozinha, restaurante, recepção (incluindo portaria social), serviço de camareira, lavanderia; ou seja quase todos os setores do hotel, sobrando apenas os setores administrativos, serviços gerais e manutenção. Como visto no trecho a seguir:

“Não. No caso, como lhe falei da recepção, porque às vezes não tem como se colocar um surdo-mudo na recepção que não tem ... não tem uma certa lógica. (GHI)

Já na alusão do funcionário F3HI, o que transparece é justamente o oposto do que foi dito pela gestora: que ele teria oportunidade de concorrer a um cargo melhor dentro do hotel, se ele estivesse qualificado. Segue abaixo dois trechos do relato deste funcionário:

“Acho que não, acho que todo mundo é capaz de exercer um cargo, pode exercer qualquer cargo sem dificuldade nenhuma [...] (F3HI)

“... você que está qualificado pra poder exercer esta função, agora se você não estiver, não tem como você ir pra um setor despreparado.” (F3HI)

Este mesmo funcionário ainda vislumbra a possibilidade de, no futuro, trabalhar na portaria do hotel e, para tanto, ele está investindo em cursos, para quando a vaga surgir:

“[...] eu tô fazendo curso... quem sabe surge uma vaga de porteiro aqui né, mas só que eu não tenho... eu tenho pouca experiência porque lá onde eu trabalhava eu tirava a folga do porteiro, ele tava de folga e eu tirava a folga dele”. (F3HI)

No Quadro 9 tem-se a comparação entre as percepções da gestora e dos funcionários com deficiência sobre a inserção das PcDs no hotel HI, mostrando-se os pontos divergentes e convergentes dos relatos dos envolvidos. Como pontos divergentes foram encontradas práticas de: Desenvolvimento, interesse pela inserção e setores específicos para PcDs; e como pontos convergentes as práticas encontradas foram: Recrutamento, seleção, treinamento e socialização. Como visto a seguir:

Quadro 9 - Comparação gestora x PCDs HI

COMPARAÇÃO GESTORA X PCDS HI

PONTOS DIVERGENTES PONTOS CONVERGENTES

Desenvolvimento Recrutamento e seleção

Interesse pela inserção Treinamento

Setores específicos para PcD Socialização