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2.1.2 Elementos da Cultura

2.1.2.3 Ritos, rituais e cerimônias;

Esses elementos fazem parte da sociedade como um todo, e em várias ocasiões as pessoas se deparam fazendo parte de ritos, rituais e cerimônias, quer seja por uma imposição ou por vontade própria. De acordo com os pesquisadores os ritos organizacionais são facilmente identificáveis, porém dificilmente interpretáveis. Silva (2008, p. 02) diz que os ritos e rituais estão presentes em todas as culturas, das comunidades mais primitivas à sociedade contemporânea, e segundo a autora “os ritos e rituais são fenômenos extremamente diversificados e, sobretudo por essa diversificação, portam uma riqueza extraordinária e muito esclarecem sobre o ser humano. Falar em vida social é falar em ritualização”.

Para Bettega (200-, p. 1) “os ritos são produtos culturais que visam à integração de diferentes grupos sociais, ou seja, são construções sociais específicas de um determinado grupo, simbolizando o elo entre „mundos separados‟, necessários à sobrevivência do indivíduo social” (grifo do autor).

No contexto organizacional Silva, Mariângela (2008) salienta que os ritos, rituais e as cerimônias passam a ser elementos estratégicos a serviço da construção e consolidação das imagens das organizações, apoiadas na credibilidade e aceitação social das ações e realizações desenvolvidas

Freitas, M (2007, p. 19) destaca que os rituais e os ritos são atividades planejadas que manifestam o lado concreto da cultura organizacional. Para ela:

“Eles preenchem várias funções: comunicam a maneira como as pessoas devem se comportar na organização, sinalizando os padrões de intimidade e decoro aceitáveis, exemplificando a maneira como os procedimentos são executados, liberam tensões e ansiedades [...]”.

É importante ressaltar que, a maior parte dos eventos que ocorrem nas organizações podem ser administrados, e que muitos deles são transformados em rotina, existindo até situações que podem ser investidas de importância, de solenidade ou de glamour (FREITAS, 2007 p. 18).

No dia-a-dia das empresas, em várias ocasiões, pode-se observar a presença de ritos e rituais, como por exemplo, quando um indivíduo é selecionado para fazer parte da organização, este poderá ser recebido com maior ou menor formalidade; podendo, simplesmente, ser apresentado pelo seu chefe aos colegas com quem trabalhará, ou poderá ser convidado a conhecer as instalações da empresa, ou a assistir um filme ou documentário sobre o histórico da organização (FREITAS, 2007 p. 19). Tudo dependerá da empresa e do grau de importância que esta dá para este evento.

A maior parte dos pesquisadores refere-se a Harrison Trice e Janice Beyer (FLEURY, 2009a; ISLAM; ZYPHUR, 2009; TOMEI; BRAUNSTEIN, 1993; FREITAS, M., 1991a, 2007; e outros) como sumidades no assunto ritos, rituais e cerimônias na cultura organizacional. Eles oferecem um ponto de partida para esclarecer a discussão sobre estes elementos e tentam mostrar como os rituais são similares, porém diferentes dos conceitos relacionados. Trice e Beyer12 (1984) descreveram rito e rituais da seguinte maneira:

“São conjuntos de atividades relativamente elaboradas, que combinam várias formas de expressão cultural, as quais têm conseqüências práticas e expressivas. Os gestos, os comportamentos ritualizados, a linguagem, os artefatos, constituem-se em algumas das formas de desempenhar um rito” (TRICE E BEYER apud FREITAS, M 1991a p; 24- 25).

Ainda baseando-se em Trice e Beyer (1984), Freitas, M. (1991a, p. 24) apresentou seis tipos de ritos que os autores identificaram como sendo os mais comuns nas organizações. Segundo a autora os ritos organizacionais podem ser classificados como ritos de passagem, degradação, reforço, renovação, redução de conflitos e de integração, conforme visto na Figura 3.

12 TRICE, ; BEYER, . Studying organizational culture through rites and cerimonials. Academy of Management

Figura 3 - Ritos organizacionais mais comuns Fonte: Adaptado de Freitas, M. (1991a, p. 24)

Freitas, M. (1991a, p. 24) explicou também algumas das principais características (ver Figura 4) e a forma como esses ritos são usados dentro das organizações.

Figura 4 - Tipos de ritos e suas características Fonte: Adaptado de FREITAS, M., 1991a.

RITOS ORGANIZACIONAIS INTEGRAÇÃO REDUÇÃO DE CONFLITOS RENOVAÇÃO REFORÇO DEGRADAÇÃO PASSAGEM

Como se pode perceber, pela Figura 4, todos os ritos listados estão relacionados ao departamento de recursos humanos e suas práticas como, por exemplo, o rito de passagem que está relacionado à prática de contratação e promoção ou o rito de degradação que está relacionado à prática demissional, entre outros. Nesta Figura pode-se observar também que os ritos acompanham os indivíduos desde sua entrada na empresa até seu desligamento, e que também fazem parte de outros momentos importantes para a empresa e para os profissionais.

Esses tipos de ritos podem ser encontrados em certas cerimônias, que desempenham funções específicas. Existem cerimônias que envolvem os ritos de passagem ajudando os indivíduos a efetuar uma mudança de status; as que envolvem os ritos de reforço ocorrem em épocas de crise e atuam para aumentar a solidariedade do grupo e para diminuir a tensão existente (SILVA, MARIÂNGELA, 2008 p. 06).

Já sobre cerimônias Silva, Mariângela (2008, p. 06) se refere a estas como “a manifestação de sentimentos ou atitudes em comum”, através de ações formalmente ordenadas, para a autora estes eventos são:

“de natureza essencialmente simbólica, sendo que, no contexto cerimonial, gestos, posturas corporais e objetos específicos estão presentes. Por exemplo, as pessoas se curvam, apertam as mãos, sentam em lugares previamente estabelecidos na mesa, levantam e sentam a todo o momento, cantam hinos, aplaudem, discursam por ordem de importância dos seus cargos e assumem outras posturas e gestos condizentes com o local, a hora e o tipo de cerimônia”.

Tanure, Evans e Pucik (2007) destacam as cerimônias e os rituais como eventos especiais nos quais são promovidos os valores específicos de cada organização. Avançando um pouco mais nos estudos descobri-se que o termo cerimônia é freqüentemente usado como sinônimo de ritual, porém o emprego os diferencia um do outro (SILVA, MARIÂNGELA, 2008 p. 06). A fundamentação para diferenciar estes dois elementos foi baseada em Beals e Hoijer (1953)13 apud Silva, Mariângela (2008 p. 06) que fizeram a seguinte definição:

“ritual é um modo prescritivo para realizar determinados eventos, e cerimônia como um evento que envolve um conjunto de rituais entrelaçados e selecionados, desempenhados em um determinado momento e em um determinado espaço físico.”

Com estas definições, pode-se entender que a cerimônia é um evento maior, composto de um conjunto de ritos e rituais. De acordo com Fossá (2004), geralmente, a cerimônia envolve o uso de objetos tais como bandeiras, cartazes, flâmulas, flores, cadeiras com espaldares mais ou menos altos de acordo com o nível hierárquico da pessoa que terá assento à mesa. Para a autora “todos estes objetos possuem significações simbólicas e, portanto, é necessário saber o significado de tais atos nas cerimônias para captar os seus sentidos” (FOSSÁ, 2004).

Ainda sobre esse assunto, Freitas, M. (2007) explica ritos, rituais e cerimônias como sendo atividades planejadas que têm conseqüências práticas e expressivas, tornando a cultura mais tangível e coesa. Os ritos e cerimônias tornam expressiva a cultura à medida que comunicam comportamentos e procedimentos, e exercem influência visível e penetrante, pois promovem a integração dos membros da organização.

Muitas empresas quando decidem contratar uma pessoa para fazer parte do grupo, já têm definidos uma série de eventos que englobarão: ritos, rituais e cerimônias. Já dentro da empresa ele pode ser recebido com maior ou menor formalidade, pode ser apresentado pelo seu chefe aos colegas com quem trabalhará, poderá ser convidado a conhecer as instalações da empresa ou a assistir um filme ou documentário sobre o histórico da organização (FREITAS, 2007 p. 19).