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Esta pesquisa encontrou algumas limitações: a primeira delas foi com o lócus da pesquisa que, a priori, tinha sido determinado à cidade do Recife-PE, porém o que se encontrou foi um contexto de rejeição já prevista, mas não na intensidade vivenciada. Uma explicação que poderia

justificar essa rejeição seria o tema abordado na pesquisa, inserção de PcDs, o que poderia ser entendido como uma fiscalização, mesmo sob o argumento do anonimato das empresas envolvidas na pesquisa. Nos contatos telefônicos feitos com os seis gestores de RH dos hotéis que se enquadravam nos parâmetros da pesquisa encontrou-se as seguintes desculpas para não participar da pesquisa:

_ “[...] Ah! pessoas com deficiência é difícil achar no mercado, aqui tinha três [...] uma se demitiu, a outra foi demitida e a que ainda continua no hotel não vai poder ajudar [...] ela é deficiente mental, e [...] imagina? Ela não pode ajudar, e a sua pesquisa vai ficar „pobre‟.”

_ “O hotel possui um número reduzido de funcionários com deficiência”. Foi argumentado que o número de PcDs não faria diferença para pesquisa, então a gestora informou que seria “impossível” o hotel participar da pesquisa; e diante de um novo argumento de que a pesquisa poderia esperar e ser marcada em uma nova data e horário, convenientes ao hotel, a mesma mais uma vez disse, meio sem paciência _ “Impossível! Ainda assim o hotel estará lotado, sem previsão de data. E mesmo assim, não posso tirar um profissional do trabalho pra falar com você. ” Então só restou um cordial agradecimento.

O primeiro relato aconteceu em um hotel independente e o segundo em um hotel de rede internacional. E assim seguiram as outras investidas, ora os hotéis assumindo não ter em seu quadro de pessoal PcDs, ora dizendo simplesmente não ter interesse em participar da pesquisa. A exceção veio de uma rede pernambucana de hotéis que aceitou participar do pré-teste desta pesquisa, porém cabe destacar o viés de se ter familiares trabalhando em dois dos hotéis da rede.

Diante desta constatação o local de realização da pesquisa foi modificado e voltou-se para a cidade de Belém. Lá, encontrou-se, ainda, a limitação de existir uma série de eventos na cidade, que estavam lotando os hotéis e consequentemente impediram a entrada nestas empresas, sendo necessário aguardar a melhor data para iniciar a pesquisa, mas nada próximo ao ocorrido em Recife.

Em Belém encontrou-se a limitação de uma gestora (Hotel Independente) que no meio do processo de investigação resolveu travar o andamento da pesquisa impedindo o acesso às funcionárias com deficiência. Ao ser entrevistada a gestora de RH informou que havia, em seu quadro, três funcionárias com deficiência, porém não permitindo que estas fossem entrevistadas naquele momento, solicitando que fosse marcado em outra data, o que foi tentado por mais duas

vezes, obtendo sempre resposta negativa com a alegação de alta ocupação e férias de uma das pessoas com deficiência.

Entretanto, na primeira visita feita ao hotel, dia em que foi feito agendamento da entrevista da gestora, houve uma conversa com o executivo de vendas e este afirmou que o hotel só tinha uma funcionária com deficiência que foi entrevistada naquela oportunidade e que também mostrou desconhecer a presença de outras funcionárias com deficiência. Como restou a dúvida se existiam ou não mais funcionárias com deficiência naquele hotel, pelas sucessivas negativas da gestora, aliado ao tempo de três semanas transcorridos sem resultados, resolveu-se investigar outro hotel da mesma condição deste e que já havia sinalizado positivamente.

A falta de conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), aliado a falta de intérpretes disponíveis para data, foi uma limitação que se instalou no processo da pesquisa quando ocorreu a entrevista de dois funcionários com deficiência auditiva no Hotel de Rede Internacional. Na ocasião da entrevista da gestora deste hotel a mesma informou que eles conseguiam se comunicar, pois utilizavam aparelhos e ambos conseguiam “ter entendimento” e ainda que sabiam ler e escrever. Por isto, foi feita uma adaptação no roteiro de pesquisa para uma linguagem mais acessível e em formato de questionário, que foi impresso e entregue uma cópia ao funcionário entrevistado enquanto seguia-se o roteiro.

No entanto, na prática a realidade era bem diferente daquela informada pela gestora, pois eles não sabiam ler e escrever, nem usavam aparelhos auditivos. Foi tentada a leitura labial, e arriscou-se algumas palavras em libras, daí vieram a decepção e a impotência diante da impossibilidade de comunicação com os dois funcionários. Pensou-se em desistir deste hotel e buscar outro de rede internacional, mas analisando a situação foi notado que esta era uma realidade que deveria sim ser mostrada.

Diante deste contexto, resolveu-se observar e anotar a linguagem não-verbal transmitida pelos entrevistados, neste sentido, foram tomadas notas do contato visual, expressão facial, postura e gestos, buscando-se na literatura da área de comunicação o entendimento sobre o assunto.

Estas foram as limitações encontradas durante a pesquisa e que encerram o terceiro capítulo que tratou da Metodologia utilizada neste estudo. A seguir inicia-se o quarto capítulo que trata da Análise e Discussão dos Dados.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A partir deste capítulo, este estudo apresentará as inferências realizadas a partir das informações obtidas pela pesquisa, tendo como guia os objetivos específicos deste trabalho, promovendo, ao final, discussão sobre os resultados.

As bases para a análise dos dados desta pesquisa foram as transcrições do conteúdo das entrevistas e das anotações colhidas no diário de campo por intermédio da observação não participante. Primeiramente foi feita uma exaustiva leitura das transcrições das entrevistas, e a partir daí foram feitos alguns recortes. Os trechos recortados das transcrições das entrevistas estão expostos de modo fiel à informação oral gravada dos entrevistados. Em função disto observa-se que estão sujeitas a questões de estilo e problemas gramaticais provenientes das fontes originais.

Por se tratar de um estudo de casos múltiplos, os hotéis foram analisados separadamente, conforme sugerido por Merriam37 (1988) citado por Guimarães (2009, p. 121) que aponta que

“ao se realizar um estudo de múltiplos casos, há de se realizar dois estágios de análises: a análise dentro de cada caso, que consiste em analisar cada uma das unidades de pesquisa em separado, e a análise cruzada dos casos, que é realizada logo em seguida”

A análise se inicia com o Hotel Independente (HI) e finaliza com o Hotel de Rede Internacional (HRI). Após as três análises terem sido feitas, procedeu-se a análise final fazendo o cruzamento dos casos sugerido por Merriam (1988, apud Guimarães 2009) e Yin (2001). Assim como nos demais capítulos, neste também encontra-se a estruturação deste capítulo, conforme mostrado na Figura 18.

37 MERRIAM, Sharan B. Qualitative research and case study applications in education. 2. ed. San Francisco:

Figura 18 – Análise e discussão dos dados Fonte: Adaptada de OLIVEIRA, 2011