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COMPARAÇÃO HISTÓRIA TRADICIONAL E A NOVA HISTÓRIA

CONCEITOS-CHAVE E METODOLOGIA Existe em cada cidade, para os que a

COMPARAÇÃO HISTÓRIA TRADICIONAL E A NOVA HISTÓRIA

HISTÓRIA TRADICIONAL NOVA HISTÓRIA

O estudo da História diz respeito, essencialmente, à política, os outros tipos de história são marginalizados.

História diz respeito a toda atividade humana. Propõe uma história total, baseada numa realidade social ou culturalmente constituída (relativismo cultural). A história é uma narrativa dos

acontecimentos. A história é uma análise das estruturas. É concentrada nos grandes feitos

dos grandes homens, apresentando uma “visão de cima”.

Está preocupada com as opiniões das pessoas comuns e com suas experiências de mudança social, a “história vista de baixo”.

Baseada em documentos oficiais,

escritos. Apresenta históricas e diversas abordagens diversas evidências metodológicas.

Preocupação com ações individuais. Preocupação com movimentos coletivos, ações individuais, tendências e acontecimentos. Cabe ao historiador apresentar os

fatos, a narrativa deve ser objetiva e imparcial.

Relativismo cultural aplica-se tanto à escrita da história quanto aos seus objetos.

Fonte: Adaptado de CURADO, 2001, p.3.

No mesmo rumo, Marques acentua o caráter revolucionário desse novo paradigma e comenta:

A empresa foi tomada por um novo objeto de análise, buscando superar a visão da teoria econômica ortodoxa sobre a empresa, tomada como mera unidade de coordenação dos fatores de produção na economia capitalista. Ou mesmo superar a visão marxista da empresa como um locus de conflito social, decorrente dos interesses opostos entre os empresários e os operários. A escola européia da Nova História buscou inserir na investigação do objeto a dimensão

simbólica, tornando a empresa também como uma unidade de

produção de bens e serviços, mas principalmente, como uma

unidade de produção de significados sociais. (2007, p.03,

Como se pode perceber, além dos documentos oficiais e textos escritos, a nova abordagem valoriza diversas evidências históricas e emprega variedade de metodologias. Dada, portanto, essa abertura de visão de objetos e campos de pesquisa, o rebatimento na área da metodologia, também, se fez sentir no dizer de Marques, ao salientar que, ao lado das fontes documentais, a Nova História abre um canal para a reconstrução de temas como o da cultura na esfera das organizações. Lobo (1997) identifica, no mesmo rumo, a cultura como um tema novo na história empresarial.

Foi a partir dessa perspectiva, ampla e compreensiva, que o estudo examinou as seguintes fontes primárias:

I) entrevistas abertas, com portugueses ou descendentes, pertencentes à colônia na cidade do Recife;

No plano dos dados secundários foram trabalhadas:

II) acervo iconográfico de mapas e ruas de estabelecimentos de propriedade de portugueses ou luso-brasileiros;

III) acervo de contratos e marcas de firmas pertencentes à mesma comunidade;

V) imagens de estabelecimentos, seja de vista exterior, seja de vista interior de lojas e fábricas de portugueses e de outros proprietários do período;

V) dados e informações estatísticas oficiais do governo do estado e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, relativos à economia e demografia com ênfase para atividades dos lusos na cidade e sua presença como imigrante, demograficamente falando;

VI) publicações oficiais, ou comemorativas, de instituições públicas e privadas que direta ou indiretamente tenham registrado ações do ator social o imigrante português. Nesse sentido, publicações da Associação Comercial de Pernambuco, o prestigiado Livro do Nordeste, publicado na década de 1930, publicações do Gabinete Português de Leitura e do Real Hospital Português de Beneficência de Pernambuco foram consultadas. Da mesma forma, o Álbum da Colônia Portuguesa no Brasil, editado na década de 1920, foi consultado;

VII) outras publicações do mesmo gênero, como almanaques, álbuns e revistas, a mídia de época, tão em uso nessa fase histórica, forneceram preciosas informações através de imagens de propagandas ou reclames, dados de relevância das ações do imigrante, alvo da indagação; da mesma forma, publicações do período como a Revista do Arquivo Público e assemelhadas foram também visitadas.

Ademais, em três grandes eixos a bibliografia levantada foi trabalhada, a saber:

A) em primeiro, textos sobre a imigração européia para o Brasil e portuguesa em particular, desde os estudos de Klein (1989) e Lobo (2001), por parte do Brasil, e Alves (1999, 2001 e 2002) e Leite (1994, 1999, 2003) do lado de Portugal;

B) em segundo, a diversificada literatura, sobre o que se pode chamar de economia e sociedade dos anos 1900 a 1950, a respeito da cidade do Recife. Autores como Souza Barros (1972), Singer (1974), Lubambo (1991) e Perruci (1978) tiveram suas obras discutidas;

C) ainda sobre o período em tela, livros de cronistas da época como Mário Sette (1978) e Mario Melo (1985) foram consultados, sem esquecer as obras de memorialistas contemporâneos como Paraíso (2004), Fragoso (1971) e Guerra (1972), com textos devotadas à analise dos costumes da época citada.

Foram analisados, ainda, dados secundários a partir da temática da modernidade na cidade do Recife. Nesta esfera, menção especial deve ser feita ao professor Antônio Paulo Rezende e demais pesquisadores do Mestrado e Doutorado em História da Universidade Federal de Pernambuco- UFPE, que produziram um rico e interessante cabedal de reflexões dentro dessa linha da modernidade. Muitas delas foram importantes, tais como as obras de Rezende (1997), Teixeira (1995), Oliveira (2007) e Couceiro (2007), também já mencionados. Textos como os de Rita de Cássia Barbosa de Araújo (2007) foram ainda consultados e contribuíram para a reconstrução do ambiente da fase histórica objeto da tese.

Desde as reflexões de Rezende, passando pelos olhares com base na nova história de Teixeira e, os novos ângulos de análise,

apresentados por Oliveira atribuindo valor e sentido cultural às ruas do Recife, todos facilitaram muito a interdisciplinaridade adotada.

Outra faixa da pesquisa seguiu a estrada do empreendedorismo, mainstream do corpus da pesquisa, ora na linha clássica de Schumpeter e seguidores, ora na linha do empreendedorismo étnico.

Contatos pessoais com pesquisadores e professores de economia, de história e de administração foram realizados pelo doutorando, sem, obviamente, deixar de registrar os profícuos contatos havidos com o orientador da investigação.

Por fim, sites e bibliotecas virtuais disponíveis na Internet, foram navegados e vários papers, teses e dissertações pertinentes e valiosos foram da mesma forma, consultados e baixados.

As instituições Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisas Socias- FUNDAJ, Junta Comercial do Estado de Pernambuco- JUCEPE, Museu da Cidade do Recife- MCR, Biblioteca da Universidade Católica de Pernambuco, Biblioteca do Doutorado e Mestrado de História da UFPE, Real Hospital Português de Beneficência de Pernambuco- RHPBP e, o Gabinete Português de Leitura de Pernambuco- GPL, em especial este último, foram, por assim dizer o lócus onde os dados e informações foram coletados e trabalhados.

Prosseguindo, o CAPÍTULO III explora a saga da migração dos europeus, com destaque para os portugueses, com destino ao Brasil, no período de 1850 a 1950.

CAPÍTULO III

MIGRAÇÃO NO MUNDO E DO