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CONCEITOS-CHAVE E METODOLOGIA Existe em cada cidade, para os que a

VISÕES MAIS IMPORTANTES SOBRE EMPREENDEDORES E RESPECTIVAS CONCEITUAÇÕES

2.2.3. O COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

Antes, porém, serão repassados conceitos-chave fundamentais. Nesse sentido, salta à vista, em primeiro lugar, a expressão clássica do economista Schumpeter que define o empreendedor:

O empreendedor é o impulso

fundamental que aciona e mantém em marcha o motor

capitalista, constantemente criando novos produtos, novos

métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente,

sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros. (1961, p.27, grifo nosso).

Por outro, explorando melhor a contribuição de Schumpeter, Fillion argumenta que ele não só associou os empreendedores à inovação, mas também, mostrou em sua obra a importância deles na explicação do desenvolvimento econômico.

Na verdade, como explicita Lima de acordo com a visão schumpeteriana, o desenvolvimento econômico processa-se auxiliado por três fatores fundamentais: inovações tecnológicas, crédito bancário e empresário inovador, e que:

O empresário inovador é o agente capaz de realizar com eficiência as novas combinações, mobilizar

crédito bancário e empreender um novo negócio. O

empreendedor não necessariamente é o dono do capital (capitalista), mas um agente capaz de mobilizá-lo. Da mesma forma, o empreendedor não é necessariamente alguém que conheça as novas combinações, mas aquele que consegue identificá-las e usá-las eficientemente no processo produtivo.

(2002, p.02, grifo nosso).

A existência de empresários inovadores e de novas combinações produtivas é, segundo Schumpeter, condição necessária para o processo de desenvolvimento econômico.

(2002, p. 02).

Sem duvida, como enfatiza Leite (2000), o traço fundamental do capitalismo, seria segundo Schumpeter, a destruição criativa, que incessantemente revoluciona a estrutura econômica, destruindo a velha e criando a nova. Ora, o empreendedor seria o agente dessa mudança, aquele que a enxerga e introduz a inovação, destruindo a velha estrutura.

Por outro lado, a teoria do empreendedorismo, com base em McLelland, adita as seguintes dimensões comportamentais ao perfil do empreendedor: busca de oportunidade e iniciativa; persistência; correr risco calculado; exigência de qualidade e eficiência; comprometimento; busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemático; persuasão e rede de contato; independência e autoconfiança, conforme divulga o EMPRETEC, programa de fomento ao empreendedorismo das Nações Unidas, implementado no Brasil.

Ao lado da inovação, oportunidade e mudança, o empreendedor, ou melhor, dizendo, o espírito empreendedor não seria algo encontrado apenas na cabeça dos grandes homens ou visionários. As pessoas que enxergam oportunidades e que ousam satisfazer as necessidades vislumbradas nessas oportunidades, qualquer que seja o tamanho ou a natureza da organização, seriam pessoas dotadas do espírito empreendedor. Em síntese, empreendedor não é ter um dom dos gênios, mas sim um comportamento que pode até ser desenvolvido. São tais lições extraídas de Drucker20 que nunca foram contestadas.

De fato, nos termos do já salientado, várias vezes, nesta revisão há diversos enfoques a respeito do conceito de empreendedor, mas, na linha da ótica integrada de Dinis e Ussman e Drucker, pode-se destacar que três

20 Coincidentemente, no mesmo rumo, e reforçando a interdisciplinaridade

defendida nesta pesquisa, identifica-se uma convergência de visão da Nova História que defende a concessão de voz aos atores anônimos da história em contraponto à corrente do paradigma da história clássica que via nos grandes homens, os únicos construtores da história. Adiante na metodologia este assunto será abordado.

atributos não podem deixar de existir, na compreensão do que seria empreendedor: I) inovação; II) visão de oportunidade; e III) mudança.

Sobre esse último atributo, Drucker argumenta: “O

empreendedor está sempre buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade‖. (1986).

Além do mais, as mudanças impulsionadas pela ação empreendedora não se restringiriam ao campo da economia. Mais uma vez, defende Drucker que empreendedores da educação, da saúde, da política e de outros campos, encontram as mesmas dificuldades e soluções que os empreendedores da economia. Dentro dessa sua visão enlarguecida, a história de qualquer país está cheia de empreendedores, que enxergaram mudanças, perceberam oportunidade e ofereceram à sociedade novos processos, novos produtos e em especial novas soluções organizacionais e institucionais.

Ao longo da história de Pernambuco, por exemplo, Duarte Coelho, Maurício de Nassau, o Conde da Boa Vista e mais proximamente, o governador Sérgio Loreto, contemporâneo da fase em estudo, se enquadrariam no modelo conceitual acima. Na mesma linha, a prolífica ação de Gilberto Freyre, tanto na área científica quanto na institucional, criando o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. Idem, quanto às ações de Dom Helder Camara, através da sua militância pastoral, sempre inovando nas mudanças e propondo idéias novas aos cristãos. Essas pessoas seriam mesmo fundadoras do espírito empreendedor pernambucano.

Retornando, todavia, ao campo estrito da economia, Pernambuco teria entre outros, grandes pioneiros como no caso da industrialização no Nordeste, Delmiro Gouveia21 e também, o português Luís Fonseca de Oliveira e sua Biscoutaria Pillar, da mesma forma, pioneiro na industrialização de biscoitos. Por meio de sua BISCOUTARIA, o Recife conheceu biscoitos semelhantes àqueles importados àquela altura da Inglaterra. O genro de Oliveira, engenheiro inglês Joseph Tourton, tornou-se um grande líder empresarial e fundou a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, em 1939.

Mas, como já afirmado acima, as mudanças na economia não são feitas apenas por grandes empreendedores. Houve na história do Recife, centenas e talvez milhares de pessoas que, nos seus respectivos setores econômicos ou outros da sociedade, souberam fazer diferente e inovaram, tornando-se impulsionadores das mudanças pelo espírito empreendedor que os animava. Oportunidade, inovação, mudança vis a vis novos mercados, novos métodos, novos produtos e novas organizações ou instituições compõem o universo da dinâmica empreendedora. Tem-se, assim, um breve resumo da base conceitual do ator, o empreendedor.

A essa idéia central, os pesquisadores juntaram o conceito recente de empreendedorismo étnico. A seguir, sua definição e aplicações.