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Comparativo dos eixos centrais do PLNA 1756-2003, do Substitutivo final 6222 2005 e da Lei 12.010-

REGISTRO DA TRAMITAÇÃO PLENARIO E SENADO PL 6222-2005 2008 e

3.5 Comparativo dos eixos centrais do PLNA 1756-2003, do Substitutivo final 6222 2005 e da Lei 12.010-

Para facilitar a comparação dos eixos centrais que foram mantidos e os que mudaram preparamos para nossa análise um quadro comparativo entre o texto na integra dos artigos do PLNA 1756-2003, do Substitutivo final 62222- 2005 (apresentado pela relatora deputada Tete Bezerra) e da Lei 12.010-2009 (aprovado conforme Emenda Substitutiva 1 apresentada pela deputada Maria do Rosário, tendo o Dep. João Mattos assumido sua autoria, embora o produto final tenha sido reelaborado por outro grupo, dos quais destacaríamos Murillo Digiácomo como importante contribuinte para o texto final). Inicialmente destacamos as questões mais críticas apresentadas pelo movimento de São Paulo para ampliarmos a compreensão de como foram “derrubadas”.

Numa análise dos PLs e da Lei 12.010-2009 podemos dizer que em linhas gerais foram

mantidos alguns eixos que se destacaram como estruturantes nos três textos da lei:

a) a limitação de prazos para o tempo de abrigamento, o envio de relatórios e do estudo do caso e, também do trâmite da destituição do poder familiar e dos recursos;

b) a centralidade do trabalho de reintegração familiar nos abrigos que deveriam contar com o trabalho direto de profissionais ou em parceria com equipes técnicas;

c) a efetivação de cadastros e controles sobre adotantes, adotandos, crianças e adolescentes abrigados e serviços de acolhimento;

3.6.1. Estabelecimento de prazos: a centralidade do serviço de acolhimento institucional no trabalho de reintegração familiar

Destes destacamos o estabelecimento de prazos para o abrigamento e a destituição do poder familiar, que apareceu como demanda mesmo por parte de quem se posicionava contrário ao PLNA.

A delimitação de tempo para o abrigamento era quase um consenso entre os defensores do PLNA e também por parte dos que se colocavam contrários como fica explícito na manifestação de Maria Regina Fay Azambuja (com grifos nossos).

Ousamos afirmar que o mérito maior do projeto de lei reside na possibilidade de abrir, nos vários segmentos da sociedade, o debate sobre as crianças e os adolescentes que se veem privados do direito fundamental à convivência familiar. Da discussão, várias indagações emergem: como está a situação das crianças e dos adolescentes que vivem nos abrigos, privados do convívio familiar? Não estaria na hora de pensar na possibilidade de se fixar prazo para o ajuizamento e a conclusão dos processos de suspensão e destituição do poder familiar? Há algo a ser aperfeiçoado?

Pode-se afirmar, Srs. Deputados, com segurança e tranquilidade, que o instituto da adoção, primeiro ponto do projeto a ser analisado nesta oportunidade, no que se refere à criança e ao adolescente, encontra-se adequadamente regulamentado no Estatuto da Criança e do Adolescente, não demandando revogação, o que viria a ocorrer com a aprovação do Projeto de Lei nº 1.756, de 2003.

O projeto em exame, como já afirmamos, traz à discussão um aspecto que consideramos da maior relevância: como evitar que crianças fiquem indefinidamente no abrigo, sem qualquer plano para restabelecer os vínculos familiares? Como evitar que crianças fiquem esquecidas nos abrigos por longos períodos, sem ajuizamento de ação de suspensão ou destituição do poder familiar, inviabilizando em muitos casos a própria adoção? Como evitar que crianças cujos pais já foram destituídos do poder familiar não sejam incluídas de imediato no cadastro de disponíveis à adoção?

(...)

Quando propomos um debate, não sobre o Projeto de Lei nº 1.756, mas sobre a possibilidade de fixarmos prazos e medidas a serem adotadas nos casos de abrigamento de uma criança ou adolescente, não estamos pensando em modificar a sistemática da Lei nº 8.069, de 1990, tampouco em emperrar a máquina, ou mesmo criar entraves ao sistema de proteção e ao sistema de justiça. Estamos pensando unicamente em mecanismos que venham a assegurar o direito à convivência familiar daqueles que ainda não atingiram os 18 anos de idade. (Maria Regina Fay de Azambuja, procuradora RS, Audiência Pública N°: 1462/04 DATA: 1/12/2004)

Embora no posicionamento evidentemente contrário ao PLNA, Maria Helena do Instituto Amigos de Lucas, também destacou a necessidade de delimitação de prazos para as ações

após o acolhimento institucional, considerando, que algumas alterações no ECA em relação a prazos seriam suficientes para atender essa necessidade.

No nosso entender, essa seria a grande alteração, ou seja, estimar um prazo, porque o tempo entre abrigagem e desabrigagem é fundamental para manter os vínculos, retomá-los ou até para criar novos, mesmo que não sejam por laços de sangue, mas de afeto.

Basicamente, este é o nosso entendimento. (Maria Helena Martinho, presidente do Instituto Amigos de Lucas - RS, Audiência Pública N°: 0380/05 DATA: 13/4/2005)

Como podemos observar no quadro comparativo a proposta inicial era de oito meses para o desenvolvimento de trabalho de reintegração familiar (120 dias podendo se renovar por mais 120 dias), foi ampliada para dois anos já no substitutivo, o que foi mantido na Lei 12.020-2009.

O prazo para o Ministério Público apresentar a ação de destituição do poder familiar após o relatório que dá indicativos para isso foi mantido em 30 dias, assim como o prazo de 120 dias para a sentença judicial na primeira instância.102

O PL 6222-2005 sugere estudo de caso e relatório trimestral. O prazo de dois anos como tempo máximo para o acolhimento institucional tem origem nele, mantendo-se na Lei 12.010-2009. Certamente, esse foi um dos eixos “inegociáveis”. Observamos, entretanto, importante mudança na redação de “§ 4º Nenhuma medida de abrigamento se prolongará por mais de dois anos antes que a criança ou adolescente seja inscrito no cadastro como adotável” (PL 6222-2005 para “§ 2o A permanência da criança e do adolescente em

programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária” (Lei 12.010-2009).

Observamos que a Lei 12010-2009 indica como “imediata” a necessidade de elaboração do plano individual de atendimento, entretanto, mantém o prazo máximo de seis meses para reavaliação do estudo de caso e envio de relatório, o que nos parece contraditório com o limite de dois anos para o acolhimento. Certamente, o intuito que prevalece é o da avaliação constante e da interlocução entre abrigo e vara da infância de forma a atender as singularidades do caso na medida em que se processam na vida da criança de sua família e da rede de atendimento envolvida, tendo como parâmetro os prazos referidos.

102 A possibilidade de o abrigo dar entrada na ação de destituição do poder familiar foi eliminada, sendo exclusiva atribuição do MP.

COMPARATIVO LEGISLAÇÃO DELIMITAÇÃO PRAZOS

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