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CONCEITO DE CIDADANIA

No documento MESTRADO EM DIREITO DAS RELAÇÕES SOCIAIS (páginas 67-70)

CAPÍTULO 4 CIDADANIA COMO UM DIREITO PREVIDENCIÁRIO

4.1 CONCEITO DE CIDADANIA

Em sentido etimológico, o termo cidadania vem do latim "civitas", Átis (civis) condição de cidadão, conjunto de cidadãos. Indivíduo membro do Estado como portador de direitos e obrigações.137

Cidadania, de forma simples, é o conjunto de direitos e deveres atribuídos às pessoas que nasceram e vivem num país. O cidadão deve ser, primeiramente livre, condição essencial para o exercício da cidadania. E a cidadania é expressão individual da vontade soberana do povo.138

A cidadania pode ser compreendida como uma série de direitos, deveres e atitudes relativos ao cidadão, aquele indivíduo que estabeleceu um contrato com seus iguais para a utilização de serviços em troca de pagamento (taxas e impostos)

137Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/palavra_presidente/2005/88/>. Acesso em: 05 mar. 2012. 138CRUAHES, Maria Cristina dos Santos. Cidadania: educação e exclusão social. Porto Alegre:

e de sua participação, ativa ou passiva, na administração comum, assim, para ter esse título de cidadão compete a este cumprir seus deveres em troca de direitos.139

O conceito de cidadania, como direito a ter direitos, foi abordado em diferentes concepções, reconhecido como um processo em constante construção. O sociólogo britânico Thomas H. Marshall foi uma figura marcante no aprofundamento do tema, uma vez que, em 1949, ele apresentou a primeira teoria sociológica de cidadania ao desenvolver os direitos e as obrigações inerentes à condição de cidadania. O mesmo criou uma tipologia dos direitos de cidadania, estabelecendo que seriam os direitos civis, conquistados no século XVIII; os direitos políticos alcançados no século XIX – ambos chamados de direitos de primeira dimensão e os direitos sociais alcançados no século XX, chamados direitos de segunda dimensão.140

Historicamente, a cidadania foi concedida de forma restrita à classe elitizada – homens ricos de Atenas e barões ingleses do século XVIII – mas ao longo dos anos ela foi estendida à coletividade.141

Como se vê, houve um progresso histórico, os homens passaram da situação de sujeitos para a de cidadãos, dotados de direitos e deveres, sendo que, na França, somente em 1830 a palavra sujeito desapareceu dos documentos oficiais. A adoção do termo cidadão introduziu com ele a democracia; não há cidadãos sem democracia ou democracia sem cidadãos. Assim, a cidadania é resultado de direitos conquistados ao longo da história.142

Desse modo, compreende-se por cidadania a atuação passiva e ativa de indivíduos em um determinado Estado em que detêm certos direitos e obrigações em um específico nível de igualdade.

A partir dessa breve definição histórica pode-se dizer que a cidadania consiste em um conjunto de práticas políticas, econômicas, jurídicas e culturais que definem uma pessoa como membro da sociedade.

Nesse sentido, para Dallari, a condição de cidadão depende sempre das condições determinadas pelo próprio Estado; elas podem ser decorrentes de

139PINSKY, Jaime. Cidadania e educação. 5.ed. São Paulo: Contexto, 2001. p.18-19. 140VIEIRA, Liszt. Os argonautas da cidadania. Rio de Janeiro: Record, 2001. p.33. 141Ibid., p.35.

142BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria geral da cidadania: a plenitude da cidadania e as

determinadas circunstâncias e também pelo atendimento de certos pressupostos que o Estado estabelece.143

Por exemplo, na seara previdenciária, o indivíduo somente será reconhecido como segurado da previdência social quando estiver exercendo atividade laboral remuneratória ou mediante recolhimento de contribuições, portanto, o cidadão previdenciário, deve atender a alguns requisitos legais para ter direito a proteção previdenciária, sendo uma relação de direitos e deveres, entre o segurado e o INSS – Estado.

A concepção de cidadão implica direitos e deveres que acompanham o indivíduo sempre. A cidadania pressupõe a condição de cidadão, mas exige, para isso, que o indivíduo atenda aos requisitos legais exigidos pelo Estado. Se o cidadão ativo deixar de respeitar a algum desses requisitos poderá ter reduzidos os atributos da cidadania, ou seja, o descumprimento legal reduz o direito, assim como a proteção social, essa noção geral se aplica no sistema previdenciário.144

A incorporação dos direitos sociais ao conceito de cidadania consiste em estabelecer direitos e deveres, aos cidadãos e Estado, a fim de que seja reduzida a desigualdade social. Mas tais direitos e obrigações da cidadania somente existem quando o Estado institui normas de cidadania e adota medidas para implementá-las.

Entretanto, embora exista positivação constitucional de direitos sociais, nem sempre tais direitos são cumpridos e, em determinados casos, a legislação não protege de maneira justa e igual a todos145, ou ainda, não produz efeitos jurídicos,

tornando-se apenas vigente, mas sem aplicabilidade.

A cidadania constitui-se em direitos civis, sociais e políticos do cidadão, que não podem ser desvinculados, mas devem ser respeitados e efetivamente cumpridos. Considerando-se o Brasil um Estado Democrático de Direito, em que o ordenamento jurídico é traçado pela Constituição Federal, que estabelece diretrizes da vida nacional, temos como paradigma de cidadania a própria lei Maior do país, na qual a palavra cidadania aparece em seu primeiro artigo, como fundamento deste Estado Democrático de Direito.

143ABREU, Dalmo Dallari de. Elementos de teoria geral do estado. São Paulo: Saraiva, 1994. p.76. 144Id.

145O benefício de salário-maternidade às seguradas adotantes é concedido apenas ao gênero

feminino, assim, os homens que adotam crianças não tem o mesmo direito que as mulheres, havendo distinção de gêneros.

Portanto, os direitos dos cidadãos devem ser respeitados e concretizados, mas em decorrência das dificuldades da realidade refletem em dados concretos de não efetivação dos princípios constitucionais.146

Por fim, insta salientar que a cidadania expressa um extenso conjunto de direitos e de deveres, que, em sua concepção ampla, constitui como ideal do Estado, assegurar aos cidadãos o exercício de direitos fundamentais, sendo um aspecto almejado por todos aqueles que buscam melhores garantias individuais e coletivas perante o Estado.

No documento MESTRADO EM DIREITO DAS RELAÇÕES SOCIAIS (páginas 67-70)