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3 Gestão de Processos

3.2 Conceituação de processos

Um conceito generalizado sobre processo o define como “qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico” (GONÇALVES, 2000. p.7). A partir deste conceito geral, podemos imaginar um processo como uma unidade de processamento17, que ao receber uma entrada, faz uma transformação, e gera uma saída, um resultado que terá valor para um consumidor, conforme mostrado na Figura 2. Nesta ilustração, o processo é expresso como uma única tarefa – “Publicar Artigo”. Relembrando o paradigma de melhoria das operações, uma evolução do processo “Publicar Artigo” seria a divisão do trabalho baseada em níveis de atividades elementares. Dessa forma, o desmembramento em tais tarefas geraria uma cadeia de outros processos, a que poderemos chamar de subprocesso.

17 Expressão utilizada para capturar o conceito de Central Processing Unit (CPU) na Ciência da Computação, no sentido de demonstrar o processo como um processador, cujos componentes são: tarefas, clientes e insumos.

Com o intuito de nortear o entendimento sobre processos, e não apenas traçar uma definição, Paim et. al. (2009) ofereceram uma série de conceitos baseados em vários autores. Destacamos neste trabalho aqueles que apresentam relevância ao entendimento sobre processo e os elementos que o compõe.

• “Uma cooperação de atividades e recursos distintos voltados à realização de um objetivo global, orientado para o cliente final, que é comum ao processo e ao produto/serviço” (ZARIFIAN apud PAIM et. al., 2009, p. 100).

• “Um conjunto de atividades que juntas produzem um resultado de valor para um consumidor” (HAMMER e CHAMPY apud PAIM et al, 2009, p. 101)

• “Uma ordenação específica de atividades de trabalho através do tempo e do espaço, com um início, um fim e um conjunto claramente definido de entradas e saídas: uma estrutura para ação” (DAVENPORT apud PAIM et al, 2009, p. 101). • “Um processo é bastante em si, ou seja, envolve a realização de um conjunto

completo de atividades. Ele é uma ordenação lógica (em paralelo ou em série) e temporal de atividades que são executadas para transformar um objeto de negócio com a meta de concluir uma determinada tarefa.” (NAGEL e ROSEMANN apud PAIM et. al. 2009, p.101).

• “Um conjunto de atividades (funções) estruturadas sequencialmente (requisitos e tempo). [...] Deve descrever um conjunto de atividades que se inicia e termina em clientes externos. Deve diferenciar os processos ligados às atividades fim e às atividades meio. Por questões práticas, deve ser representado hierarquicamente [...]”. (CAULLIRAUX apud PAIM et. al., 2009).

• “Processos sempre se constituem do fluxo do objeto no tempo e no espaço". Esses objetos podem ser materiais, ideias, informações e etc. (ANTUNES apud PAIM et al, 2009, p. 101).

• “Simplesmente o modo como uma organização realiza o seu trabalho – a série de atividades que executa para atingir um dado objetivo para um cliente interno ou externo [...]” (NETO apud PAIM et. al. p. 101).

Paim et al (2009) chamou a atenção para as observações feitas por Nagel e Rosemann, no que concerne às definições encontradas na literatura, para o fato de elas não destacarem que não há um responsável pelo processo como um todo.

Raghu e Vinze (2005, p. 1064) forneceram uma definição baseada no processo de negócio como contexto do conhecimento que consiste em:

“uma coleção de atividades ou tarefas interdependentes organizadas para atingir um objetivo específico de negócio. [...] muitas vezes atravessam várias organizações funcionais e hierarquias dentro e fora da organização e, portanto, exigem que as atividades dentro do processo sejam coordenadas para atingir os objetivos de negócio de forma eficaz”.

Na conceituação de Raghu e Vinze (2005) podemos observar que, se por um lado a definição não deixa clara a existência de um responsável pelo processo, por outro, indica a

existência de vários responsáveis por sua efetiva execução. No entanto, podemos perceber que a menção ao “fluxo de atividades” ou “conjunto de atividades” é comum dentre as definições. Através de Gonçalves (2000, p. 10) encontramos três tipos de processos: processos de negócio - “caracterizam a atuação da empresa e são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo”; processos organizacionais - “são centralizados na organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da organização em busca de seu desempenho geral, garantindo o suporte adequado aos processos de negócio”; e processos gerenciais - “são focalizados nos gerentes e nas suas relações e incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização”.

Baldam et al (2007, p. 6) definiram três categorias de processos, a saber: processos de governança: “envolvem processos como gerenciamento de conformidades, gerenciamento de riscos, Business Intelligence, processos de BPM, desenvolvimento de estratégia, desenvolvimento de negócio e arquitetura empresarial”; processos de gerenciamento (suporte e controle): abrangem atividades diárias e mais comuns de gerenciamento da organização”; e processos operacionais: “destinados a desenvolver a atividade fim da empresa – CRM, logística, desenvolvimento de produto, gestão de material, etc.”

As definições elaboradas por Paim et al (2009, p. 103) caracterizam de forma objetiva três tipos de processos, a saber: processos finalísticos: “os resultados gerados são produtos/serviços para os clientes da organização”, processos gerenciais: “prestam apoio aos demais processos da organização”, processos de suporte: “promovem o funcionamento da organização e seus processos”.

Na visão de Cruz (2011, p. 63) os processos foram simplificados em dois tipos básicos: o primário e o secundário, e um terceiro o qual chamou de latente. Os processos primários estão diretamente ligados à produção do produto que a organização tem por objetivo disponibilizar para seus clientes. Os processos secundários, também chamados de processos de suporte, são os que suportam tantos os processos primários quanto os secundários, dando-lhes apoio para que possam existir. Os processos latentes são os que são executados por demanda, ou seja, quando há necessidade de produzir um bem ou serviço. Após ter cumprido seu objetivo, o processo passa ao estado de inoperância até que outra operação da mesma natureza ponha-o em operação novamente.

Com o estudo sobre a submissão de artigos em periódico científico, a ser visto no capítulo 6 como o campo empírico desta pesquisa, e com as conceituações vistas nesta seção

sobre processo, acreditamos que possamos entender o processo de submissão no contexto organizacional de uma editora científica. Esperamos com isso identificar o tipo do processo de submissão quanto ao nível de relevância para alcançar o objetivo final da editora; o resultado final gerado pelo processo; o conjunto de atividades que permite a publicação do artigo; o cliente do processo de submissão e o cliente final do periódico científico.

Na próxima seção trataremos do conjunto de práticas que permite que o processo seja visto como um organismo cuja sistematização reflete o modo de funcionamento de organização para atingir seus objetivos de negócio. A implementação de tais práticas viabiliza o conhecimento de cada elemento componente do processo através da explicitação de todo o seu fluxo de atividades e tudo o que é necessário para a sua execução.