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2 Organização de conteúdo em documentos digitais

2.3 Formas de representação do modelo conceitual

Neste trabalho, o mapa conceitual foi o instrumento utilizado para a implementação do modelo conceitual para hiperdocumentos. Os mapas conceituais decorrem das teorias da aprendizagem significativa e redes semânticas. A teoria da aprendizagem significativa preconiza que o armazenamento das informações ocorre a partir da organização de conceitos

em forma hierárquica. A teoria das redes semânticas institui que as ideias e informações na memória estão relacionadas umas com as outras e estas relações podem ser retratadas por nós, representando os conceitos, e ligações rotuladas que conectam estes nós, podendo ser representados por algumas estruturas formais e precisas. Fundamentalmente, são ferramentas de representação visual de ideias, conceitos e relações entre conceitos, na forma hierárquica escrita ou gráfica.

Baseadas no modelo aristotélico de categorização conceitual, Amoretti e Tarouco (2000) ressaltaram que há certos conceitos que são semanticamente privilegiados e que as representações categoriais apresentam duas propriedades básicas, a saber: grau de tipicalidade das categorias e o nível de abstração das categorias. Além destas propriedades, as autoras atribuíram outras duas ao mapa conceitual, são elas: a flexibilização na modelagem dos fenômenos cognitivos e a presença dos planos inferencial e referencial. Segundo essas autoras, essas propriedades são relevantes na forma de representar o conhecimento porque nelas estão distribuídas as informações que o sujeito considera importantes para ele, em detrimento de outras informações consideradas por ele irrelevantes ou inadequadas.

Tanto as colocações de Sayão (2001) quanto àquelas feitas por Amoretti e Tarouco (2000) apontaram o esquema conceitual como um instrumento de representação do entendimento que certo indivíduo possui de uma dada realidade, ou seja, a forma como os conceitos são conectados em sua memória cognitiva, pois “os conceitos são escolhidos pelo sujeito em razão de sua representatividade cultural, fundamentando-se na tipicalidade” (TAROUCO e AMORETTI, 2000, p.69). Segundo essas autoras, a tipicalidade é definida como o grau de pertinência a uma classe determinada e na representatividade de um conceito com relação a uma classe de conceitos. O conceito indica o conjunto de características a que pertencem os objetos de uma determinada classe, para um determinado segmento social, permitindo-nos distingui-los de todos os outros. O nível de abstração da categoria é determinado pela tipicalidade. Isto significa que as categorias são estruturadas previamente de acordo com o saber do elaborador do esquema conceitual, refletindo uma organização estrutural baseada em associações dispostas hierarquicamente. Dessa forma, o mapa conceitual constitui uma representação aberta do conhecimento, pois as associações feitas previamente pelo elaborador podem ser complementadas e acrescidas de novas propriedades aos conceitos. Esta característica denota a flexibilização na modelagem dos fenômenos cognitivos e está relacionada com a presença de dois diferentes planos no mapa conceitual. O plano inferencial permite a descoberta de significados a partir dos conceitos expressos pelos nós conceituais relacionados entre si. Por outro lado, no plano referencial os

conceitos e suas ligações relacionam-se com os objetos e estados de coisas que eles simbolizam (TAROUCO e AMORETTI, 2000).

“A representação concisa e gráfica do conhecimento por meio do mapa conceitual, com amplas possibilidades de relações, sejam elas hierárquicas ou horizontais, resulta em um ambiente ideal para se criar uma estrutura navegacional, na qual os usuários podem encontrar informação com conteúdo semântico, principalmente se a representação for feita por um especialista da área a ser estruturada” (LIMA, 2004, p. 140).

Na visão de Moreira (1997), nos mapas conceituais, os conceitos mais abrangentes são dispostos no topo do mapa e os conceitos mais específicos, pouco abrangentes, dispostos na parte inferior. Essa forma de dispor os conceitos no mapa conceitual deriva da aplicação do modelo hierárquico, porém, o autor alertou que os mapas conceituais não precisam necessariamente seguir este tipo de hierarquia.

Tendo em vista que a modelagem conceitual considera fortemente a visão do elaborador, a sugestão de Lima (2004) tende a assegurar que o mapa conceitual reflita certo grau de fidelidade das informações representadas. Porém, a questão que se faz presente decorre da existência de outro tipo de elaborador, o do hiperdocumento, que não entende da temática a ser abordada. A contribuição de uma ferramenta gráfica para ilustrar o modelo pode ajudar na compreensão da temática. Portanto, neste trabalho será adotada a ferramenta de software CMAP Tools.

O CMAP Tools é um software que permite construir, navegar, compartilhar e criticar modelos de conhecimento representados como mapas conceituais. É um software gratuito distribuído pelo Institute for Human and Machine for Cognition (IHMC) para autoria de mapas conceituais. IHMC é um instituto de pesquisa sem fins lucrativos, da Universidade de West Florida, sob a supervisão do Dr. Alberto J. Cañas. A ferramenta possui independência de plataforma e permite a construção de mapas e colaboração de usuários de qualquer lugar na rede, internet e intranet (IHMC, online; PARANÁ, 2010).

A apropriação do CMAP Tools neste trabalho serve ao propósito de elaborar o mapa conceitual para representar graficamente os conceitos e as relações existentes entre os conceitos identificados na temática de submissão de artigos. Esta medida foi recomendada por Campos (2001) no conexto de autoria colaborativa do hiperdocumento, ou seja, entre o autor de conteúdo e o autor do hiperdocumento. Contudo, neste trabalho, esta medida se aplica ao objetivo de representar o modelo da organização das informações não estruturadas nos documentos textuais.

No entanto, coube ainda para este trabalho a apropriação do mapa hiperbólico para fins de comunicação visual das informações com o autor, este no papel de usuário-leitor,

considerado aqui o usuário final das informações/conceitos. A apropriação do mapa hiberbólico neste trabalho vai ao encontro da utilização de um instrumento capaz de apresentar as ligações entre conceitos a serem convertidos em blocos de informação, validando, assim, a estrutura classificatória das informações. A ferramenta de software adotada neste trabalho para elaboração do mapa hiperbólico é a Treebolic13, baseada em software livre e aquisição gratuita.

Segundo Lima (2004), o mapa hiperbólico ou árvore hiperbólica, é um tipo de mapa conceitual aplicado aos sistemas de hipertextos. A interface desse mapa é denominada Olho- de-peixe por permitir a manipulação de grandes hierarquias de conceitos. Essa interface apresenta a estrutura de forma flexível, ou seja, permite que as ramificações sejam expandidas ou suprimidas conforme a necessidade de visualização do usuário. Por esta razão, o mapa hiperbólico se apresenta como um componente de representação gráfica para a elaboração de hiperdocumento, porém, uma ferramenta para apoiar a construção do sistema de navegação pelo conteúdo. Assim, a aplicação do mapa hiperbólico pressupõe que o conteúdo já esteja organizado e classificado conceitualmente.

Logo, a modelagem conceitual das informações não estruturadas contemplada neste trabalho se apropriará da utilização dos mapas conceitual e hiperbólico, a fim de atingir objetivos distintos.