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4 Periódico Científico

4.4 Periódico eletrônico online

Iniciativas de editoração eletrônica de revista ocorreram a partir da década de 70. O uso do computador permitiu avançar no campo da editoração eletrônica, melhorando a qualidade e aumentando a rapidez na editoração das revistas. Registram-se, nos Estados Unidos e Inglaterra, os projetos EPC e BLEND, respectivamente, que tinham por finalidade informatizar o processo editorial (STUMPF, 1996).

O projeto EPC - Editorial Processing Center - iniciou nos anos 70 o conceito de centro de processamento editorial, anunciado pela National Science Foundation. O objetivo deste projeto foi baratear o custo de produção de revista, através de um empreendimento cooperativo entre publicadores a fim de oferecer a automação de todas as etapas envolvidas na produção de revistas. As dificuldades encontradas na implementação do EPC foram referentes à compatibilização de equipamentos (hardware) e programas (software) para processar textos dos autores e dos árbitros (STUMPF, 1996).

O projeto BLEND - Birmingham and Loughborough Eletronic Network Development – teve início na década de 80 e se mostrou mais avançado que EPC. Seu desenvolvimento foi coordenado por universidades inglesas com o objetivo de substituir totalmente a publicação impressa pela armazenagem eletrônica, além de oferecer automação de todas as etapas do processo editorial. As dificuldades encontradas na implementação do BLEND, apesar de ter sido iniciado alguns anos após o EPC, também foram referentes à compatibilização de

hardware e software e o alto custo para desenvolvimento (STUMPF, 1996).

Em 1989, com o advento da Web e o surgimento do hipertexto, os jornais e revistas iniciaram uma adaptação ao suporte eletrônico online (BOMFÁ e CASTRO, 2004).

Em 1993, surgiram as propostas de periódicos eletrônicos, a partir da visibilidade de publicações em meio digital (BOMFÁ e CASTRO, 2004). O objetivo de oferecer publicação eletrônica foi o de “facilitar o acesso e a divulgação da pesquisa, permitir a recuperação da informação de modo ágil, oferecer largo alcance, diminuir os custos com impressão e postagem, oferecendo fluxo contínuo de artigos científicos” (BOMFÁ e CASTRO, 2004, p. 41).

Em 1994, com o rápido desenvolvimento da internet, os serviços de informação foram disponibilizados na rede, modificando o acesso à informação e marcando a transição de um rígido sistema de publicação tradicional para um sistema eletrônico baseado em publicação aberta e direta, porém, conservando certas características dos periódicos tradicionais (MUELLER, 2000b).

Os sistemas eletrônicos surgiram como uma alternativa ao meio impresso. Os problemas com o modelo impresso foram surgindo em virtude do avanço das tecnologias de comunicação eletrônica. Os pesquisadores, na qualidade de usuários do ferramental eletrônico para comunicação, foram diretamente afetados pelo avanço tecnológico; tiveram suas expectativas modificadas e frustradas pelo modelo impresso, que passou a não mais atender suficientemente a demanda dos pesquisadores. Utilizando-se dos periódicos no formato impresso, os pesquisadores destacaram alguns problemas que se converteram em descontentamento para a comunidade científica (MUELLER, 2000b, p. 76).

 Tempo de publicação: uma espera de até um ano após a entrega do original.  Alto custo para aquisição e manutenção das coleções.

 Rigidez no formato impresso.

 Dificuldade na recuperação de publicação de interesse do pesquisador: muitos periódicos e poucos instrumentos eficientes de identificação e busca.

 Dificuldade no acesso a artigos de interesse do pesquisador: nem sempre a biblioteca possuir a publicação ou consegue obter cópia do artigo em tempo hábil.

Na década de 90 foram registradas mudanças significativas na forma de acesso/consulta ao periódico. As bases de dados bibliográficas eram fornecidas aos usuários por meio de disquetes e/ou CD-ROM. Nada significante com relação à alteração no formato das revistas, mas muito impactante na forma e no custo dispendido pelo usuário para acessar a informação. A mudança no formato das revistas se deu por meio das redes de telecomunicações para transmissão eletrônica (STUMPF, 1996). As revistas passaram a ser disponibilizadas através das redes eletrônicas, as quais o usuário se conectava através de computador e equipamento de comunicação de dados e, assim, poderia acessar a revista disponível na internet com o formato de hipertexto.

Com o advento e a evolução da internet, não só as informações científicas foram disponibilizadas na web, por meio do periódico científico, como também as informações oriundas do ambiente empresarial. Os avanços tecnológicos permitiram o desenvolvimento de novas formas de negócios, como o E-Business21, por exemplo. Com isso, as empresas alavancaram seus negócios no que concerne ao aumento de produtividade. Assim, aumentou também o volume de artefatos de informações físicas e eletrônicas gerados durante os processos empresariais. Essa sobrecarga de informações corporativas se transformou em uma

grande oportunidade de negócio para as empresas de softwares, que prometeram oferecer “poderosos” produtos e serviços para resolverem o problema da explosão informacional corporativa (SMITH e MCKEEN, 2003).

A ótica da editoria científica como uma organização cuja missão é promover o acesso ao conhecimento (ANPAD, 2010), nos levou a pensar sobre a aplicação de estratégias, métodos e ferramentas tecnológicas para gerir os recursos de informação pertinentes ao periódico científico. Entende-se por recursos de informação, no âmbito deste trabalho, os acervos de informações e “os conjuntos ordenados de procedimentos automatizados de coleta, tratamento e recuperação destas informações” (BRASIL, online).

A atividade de publicação científica com a utilização do periódico científico como veículo de informação envolve vários atores, dentre eles autores e editores, que precisam acessar informações que permitam a operacionalização do periódico, como é o caso das normas de submissão ou publicação, como também é conhecida. As normas de submissão, quando tornadas públicas e compreendidas pelo autor, proporcionam parte da viabilização da publicação do artigo.

Outro ponto interessante, no que tange à publicação eletrônica, é a promoção da internet como instrumento funcional para uma base global de conhecimento, fomentada na reunião intitulada “Open Access to Knowledge in the Sciences and Humanities”, ocorrida em 2003 (COSTA, 2006). Isto nos permite pensar o quão necessário seria a organização das informações não estruturadas, estas entendidas por conteúdos tais como textos, vídeos e outros tipos, publicadas em sítios eletrônicos para sustentar a operacionalização do periódico, tanto do ponto de vista da automação dos processos editoriais quanto do provimento de um ambiente informacional integrado e centralizado para facilitar o acesso à informação aos autores e leitores.