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Concepção de formação integrada entre os docentes

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5. A EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO CURRICULAR NOS CURSOS DO

5.4. Concepção de Integração Curricular dos Cursos

5.4.3. Concepção de formação integrada entre os docentes

Alguns professores assumiram não compreender ainda, o que é currículo integrado; outros apresentaram noções vagas e confusas; alguns expressam opiniões coerentes com os pressupostos de uma formação integrada; um professor declarou que quando o aluno tem uma dificuldade na parte técnica, ele não percebe que essa dificuldade é da base. Mas, a questão da integração precisa ser vista de forma mais ampla. E isso só é possível com a formação de um quadro docente que entenda a perspectiva integrada do currículo, ou seja, a lógica tecnicista da educação precisa ser superada pela perspectiva do trabalho como princípio educativo.

O desafio está em elaborar uma proposta curricular sob este princípio a partir do trabalho coletivo de professores e equipes pedagógicas, os quais buscarão construir um currículo que ajude os alunos jovens e adultos a entender o mundo do trabalho a partir dos conhecimentos históricos, sociais, políticos, culturais, científicos, filosóficos, articulados aos conhecimentos profissionais, como explica Ramos:

[...] no currículo integrado nenhum conhecimento é só geral, posto que estrutura objetivos de produção, nem somente específico, pois nenhum conceito apropriado produtivamente pode ser formulado ou compreendido desarticuladamente da ciência básica. [...] Obviamente, a organização formal do currículo exigirá a organização desses conhecimentos, seja em forma de disciplinas, projetos etc. Importa, entretanto, que não se percam os referenciais das ciências básicas, de modo que os conceitos possam ser relacionados interdisciplinarmente, mas também no interior de cada disciplina. O estudo das Ciências Humanas e Sociais em articulação com as Ciências da Natureza e matemática, e das linguagens, pode contribuir para a compreensão do processo histórico-social da produção de conhecimento. (RAMOS, 2005 p.120-121)

No entanto, ao ser perguntado aos docentes se o currículo dos cursos do PROEJA estão fundamentados nos princípios da ciência, trabalho e cultura; se há integração entre esses princípios e se existe semelhança ou não desses princípios de integração, que fundamentam o currículo do PROEJA com o currículo do curso regular, 69% dos professores não souberam opinar/ não responderam. O gráfico 4 mostra a opinião dos docentes sobre os princípios do “trabalho, ciência e cultura” fundamentar ou não o currículo:

Gráfico 5 – Percentual de docentes investigados, segundo opinião sobre os princípios do

80 Isto possibilita deduzir que os professores são desprovidos de conhecimentos que podem embasar uma vivência de fato, de uma formação integrada. Percebe-se a ausência de discussões de conteúdos específicos de EJA, pois falta uma política de educação continuada e sistematizada, pois nas declarações dos docentes é óbvia a falta de uma articulação sólida entre as concepções que dão sustentação teórica sobre currículo integrado, das especificidades da EJA e dos pressupostos ideopolíticos do PROEJA. Para Ferreira e Garcia:

A concepção e a materialização de um currículo que articule e integre os conhecimentos – o geral, o técnico, e o tecnológico [...] o campo de riscos é extenso e complexo, na medida em que uma opção é sempre uma atitude de inclusão e exclusão simultânea; uma defesa e uma rejeição de princípios e de uma concepção de realidade. Acima de tudo, o complexo se encontra no campo de conflitos, antagonismos e contradições que emolduram a história da educação brasileira. Neste sentido, construção coletiva da proposta curricular é um imperativo posto pela prática social, e não somente um comportamento que se instala com o fortalecimento do valor da democracia na sociedade brasileira. (FERREIRA e GARCIA, 2005 P.167).

Na realidade a discussão sobre currículo na escola quase não acontece, e as explicações para isso podem ser a forma de organização do trabalho pedagógico, a falta de compromisso da direção da escola e uma equipe pedagógica mal preparada para levar adiante discussões que possibilitem um movimento pedagógico e social dentro da instituição, capaz de superar tradições educacionais que não ajudam a formar um indivíduo pleno. Assim, na perspectiva de currículo integrado, o eixo que deve materializar a articulação dos conhecimentos gerais e específicos é: ciências, trabalho e cultura. E isto pressupõe que a relação entre conhecimentos gerais e específicos seja planejada e executada continuamente ao longo da formação do sujeito, ou seja, precisa haver um diálogo constante entre as disciplinas que formam o currículo, convergindo para a formação humana. E obviamente precisa haver diálogo entre todos os envolvidos com o programa.

Porém, 67% dos docentes revelaram que ainda não houve reunião com os professores do PROEJA. E deram as seguintes justificativas: 4% disseram que esse planejamento não existe nem para o regular nem para o PROEJA, talvez porque ninguém saiba como fazer; 4% dos professores declararam que falta tempo; 4% afirmaram que esse planejamento já está definido pela coordenação; 4% revelaram que participaram só da ementa do curso e 17% afirmaram planejar em parte.

Todavia, 78% dos docentes aprovam como boa/excelente iniciativa a implantação do PROEJA e apontaram aspectos positivos, tais como: inclusão social; resgate da cidadania; ganho social, cultural e profissional; oportunidade de estudo para todos, além da possibilidade de entrada no mercado de trabalho. Também apontaram aspectos negativos: pouco tempo e a forma de implantação; o curso não funciona como foi proposto; má escolha do curso; há muita evasão e repetência; foi determinado de “cima para baixo”; os professores não estavam preparados para lidar com o PROEJA; as condições para operacionalização dos conteúdos precisam ser revistos e replanejados.

Para Ciavatta (2005), uma proposta de integração curricular precisa nascer da adesão de gestores, e de professores responsáveis pela formação geral e profissional. Essa proposta deve ser discutida, buscando construir as estratégias acadêmico-científicas de integração coletivamente.

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5.4.4. Concepção de formação integrada entre os gestores do trabalho

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