CONCLUSÕES DO CAPÍTULO

A avaliação das contribuições da AAE para os planos de manejo de áreas protegidas da categoria V trouxe reflexões importantes para a construção dos planos de manejo. A partir da análise teórica e prática dos casos da AAE, foram identificadas contribuições da AAE para os planos de manejo. Contudo, para que isto ocorra a AAE precisa ser bem executada.

Sendo assim, para que as contribuições da AAE para os planos de manejo sejam efetivadas é preciso observar alguns critérios, a saber:

 A existência da integração entre o processo da AAE com o processo de elaboração dos planos de manejo, e de preferência, que o fluxo de trabalho da AAE e do plano de manejo seja desenvolvido pelo mesmo órgão responsável pela gestão da área protegida. Seguir esta orientação é fundamental para que os resultados da AAE sejam realmente absorvidos pelo plano de manejo. Assim, quanto mais integrados estiverem os processos, mais a AAE pode contribuir para os planos de manejo;

 Cada etapa da AAE traz contribuições importantes para a construção dos planos de manejo. Portanto, não adianta os processos serem integrados se as etapas do processo da AAE não forem elaboradas e executadas com a clareza dos objetivos que cada etapa deve alcançar na construção do processo de avaliação como um todo;

 Para que os objetivos da AAE avaliem os planos de manejo sobre as questões relacionadas à sustentabilidade, estes precisam considerar questões ambientais, sociais e econômicas e a integração entre estes. Sem isto, a avaliação dos planos de manejo fica sendo unilateral e a integração das dimensões ambiental, social e econômica com a compatibilização dos objetivos das dimensões ambiental, social e econômica fica prejudicada.

 A avaliação e o acompanhamento do estoque ambiental da área protegida é uma importante contribuição da AAE para os planos de manejo. A base de dados da AAE apresenta um papel fundamental na descrição e na avaliação do estoque ambiental da área protegida. Contudo, para que esta

contribuição seja percebida na prática é preciso que a base de dados da AAE cumpra com o objetivo de avaliar o estoque ambiental. Para tanto, é preciso que a base de dados da AAE seja articulada e influencie as demais etapas do processo da AAE e de elaboração do plano de manejo; A partir da avaliação dos casos foram verificados alguns aspectos em que a AAE inova dentro de uma abordagem de avaliação dos planos de manejo, sendo estes:

 Quando os planos de manejo são submetidos a uma AAE, estes são avaliados de maneira mais ampla e transparente, no sentido que outras possibilidades também foram levadas em consideração para a escolha de um conjunto de ações que será implementado na área protegida;

 A partir da articulação dos objetivos do plano de manejo com outras ações estratégicas, conflitos entre os objetivos do plano de manejo e outras ações estratégicas são identificados e estratégias para minimização destes conflitos podem ser definidas;

 A previsão e avaliação de impactos da AAE permite a avaliação dos possíveis impactos dos planos de manejo. Desta maneira, é possível prever o quão bom ou quão ruim é o plano de manejo e quem ganha e quem perde com a implementação do mesmo;

 A partir da definição de alternativas viáveis para alcançar os objetivos do plano de manejo é possível estabelecer trade-offs e orientar a tomada de decisão sobre a melhor (ou melhores) alternativa a ser implementada. Com isto, a transparência no processo de tomada de decisão é favorecida;

 Por meio da avaliação das ações do plano de manejo, propostas de mitigação de impactos ambientais, sociais e econômicos podem ser desenvolvidas. Com isso, as propostas de medidas mitigadoras no contexto dos planos de manejo podem auxiliar a reduzir conflitos sociais e econômicos e a fortalecer a avaliação em cascata (tiering) de futuros planos ou projetos a serem realizados na área protegida;

 O monitoramento desenvolvido pela AAE no contexto dos planos de manejo tem como propósito verificar o desempenho do plano de manejo e a evolução da qualidade ambiental da área protegida. Para tanto, a estrutura de monitoramento da AAE pode ser desenvolvida junto com a proposta de

monitoramento do plano de manejo. Este sistema conjunto de monitoramento direciona e fornece base para a próxima revisão do plano de manejo;

 No processo da AAE dois relatórios são publicados: um parcial (relatório de scoping) e um final (relatório ambiental). Estes relatórios são importantes para melhorar eficácia da AAE e para tornar públicas as questões avaliadas no plano de manejo, fato que favorece a transparência do processo.

 A AAE incorpora ao contexto dos planos de manejo a participação pública tanto no processo de tomada de decisão como no de avaliação do plano de manejo.

Com base nos casos avaliados, foi possível verificar que a maior parte das contribuições da AAE identificadas na teoria é encontrada na prática. Sendo o estágio pós-decisional o mais crítico na prática da AAE, onde o monitoramento, o follow-up e o plano de implementação são ou muito insatisfatórios ou inexistentes. Contudo, as outras etapas da AAE que antecedem a aprovação do plano de manejo apresentaram bons resultados nas práticas dos casos avaliados.

Dos oito casos avaliados, quatro apresentaram um desempenho satisfatório com algumas omissões ou inadequações. Os outros casos foram considerados insatisfatórios de acordo com os critérios avaliados. Sendo assim, os casos 2, 4, 7 e 8 apresentaram os melhores resultados entre as AAEs avaliadas. Neste sentido, estes casos destacam-se dos demais com alguns exemplos de boas práticas, como:

 A integração entre os objetivos ambientais, sociais e econômicos nos objetivos da AAE dos casos 2 e 4;

 A identificação de alternativas dos casos 4 e 7 e,

 A avaliação do estoque ambiental contra as ações dos planos de manejo nos casos 7 e 8.

Os exemplos práticos das contribuições da AAE para os planos de manejo da categoria V da IUCN reforçam o que a teoria destaca e evidencia a importância da AAE para o planejamento das áreas protegidas desta categoria de manejo, onde sem a AAE estas contribuições não são alcançadas.

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Capítulo II

Avaliação do planejamento das Áreas de