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CAPÍTULO I Avaliação das contribuições da Avaliação Ambiental Estratégica no contexto de planos de

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.10. Visão geral da avaliação dos casos

O Quadro 30 resume a avaliação dos casos para cada seção avaliada, ou seja, as fases do planejamento, a fase que antecede o processo de planejamento e dos produtos resultantes do planejamento.

Quadro 30. Resumo da avaliação dos casos segundo as fases de planejamento. Fases do planejamento 1. CNPP 2007- 2012 2. CNPP 2012- 2017 3. CNPLP 2008 4. PNCLDP 2013 5. WRSGP 2010 6. LLTNPP 2007- 2012 7. LLTNPLP 2010-2015 8. LLTNPPP 2012-2017 Screening (fase que antecede o ciclo de planejamento) A A A A A C A A Objetivos D B D B D D D C Inventário e diagnóstico D C D C D D C C Produto parcial do processo de planejamento B B B B B B B B Prognóstico D D D B D D B C Produtos finais D D D D D D D D Decisão C D C D D D C C Monitoramento F F F F G F F G Revisão G G G G G G G G Avaliação do relatório ambiental com um todo D C D C D D C C Legenda: 1. Cairngorms National Park Plan (2007 – 2012); 2. Cairngorms National Park Plan (2012- 2017); 3. Cairngorms National Park Local Plan; 4. Cairngorms National Park Local Development Plan; 5. Water resources Supplementary Planning Guidance; 6. Loch Lomond & The Trossachs National Park Plan – (2007-2012); 7. Loch Lomond & The Trossachs National Park Local Plan (2010 - 2015); 8. Loch Lomond & The Trossachs Park Partnership Plan (2012 - 2017).

Com relação aos a fase dos objetivos, a avaliação mostrou que existem alguns pontos críticos entre a teoria e a prática analisada. A teoria mostra importantes contribuições da AAE para os planos de manejo, porém estas não são encontradas na totalidade dos casos avaliados. Assim, os pontos mais críticos foram observados com

relação: a) a integração dos objetivos ambientais, sociais e econômicos; b) a articulação dos objetivos da AAE com a base de dados; e c) a integração dos planos de manejo com as AAEs para uma gestão adaptativa.

Por outro lado, no que diz respeito à influência dos objetivos da AAE nas visões dos planos de manejo, a prática condiz com a teoria, sendo possível verificar as alterações nas ações dos planos de manejo por intermédio dos objetivos da AAE. Contudo, para que os objetivos da AAE influenciem os objetivos do plano de manejo com qualidade é preciso que os objetivos da AAE sejam formulados com a observação dos aspectos ambientais, sociais, econômicos e a integração entre estes e a vinculação à base dados. Sendo assim, os casos 2, 4 e 8 que observaram estes critérios obtiveram na avaliação geral da formulação dos objetivos um resultado satisfatório.

Cabe destacar que na avaliação dos casos, os casos 2 e 4 mostraram um melhor desempenho para a formulação de objetivos ambientais, sociais e econômicos. O principal destaque destes casos é a integração entre os objetivos ambientais, sociais e econômicos, pois esta integração refletiu na resolução de conflitos, evidenciou oportunidades e contribuiu para a avaliação dos três pilares da sustentabilidade dos planos de manejo. Os casos 1, 3 e 5 por apresentarem uma deficiência na articulação dos objetivos com a base de dados da AAE foram considerados com um menor desempenho, pois esta relação com a base de dados é importante para contribuir com a avaliação do estoque ambiental das áreas protegidas, como é requerida pela IUCN. Os casos 6 e 7 exibem uma grade de nota igual aos casos 1, 3 e 5, porém com problemas diferentes, ou seja, uma abordagem dos objetivos da AAE sem a integração dos pilares da sustentabilidade e a articulação da AAE com o plano de manejo é menos evidente do que nos outros casos.

Assim como os objetivos, o inventário e o diagnóstico apresentaram como resultado da avaliação dos critérios pontos críticos entre a teoria e prática.

Os aspectos críticos estão principalmente relacionados à avaliação do estoque ambiental e à integração dos dados das questões ambientais, sociais e econômicas. A avaliação do estoque ambiental é problemática devido à falta de articulação entre os objetivos da AAE com a base de dados. Nos casos avaliados, esta articulação é quase inexistente. É importante que a base de dados da AAE seja articulada com os objetivos

da AAE, pois são os objetivos da AAE que avaliam as ações dos planos de manejo. Portanto, esta articulação permite que a avaliação seja direcionada à base de dados da AAE e, consequentemente, ao estoque ambiental da área protegida. A articulação da base de dados com os objetivos da AAE pode ser realizada por meio da formulação de indicadores para cada objetivo da AAE. Contudo, nos casos 1, 2, 3 e 4, que apresentam indicadores no intuito de monitorar o estoque ambiental, este acompanhamento encontra-se somente “no papel”, na prática não existe monitoramento dos objetivos da AAE articulados com a base de dados. Assim, a análise dos casos mostra uma falta de articulação da base de dados com as demais etapas do processo de avaliação.

Sobre a integração dos dados ambientais, sociais e econômicos, esta não é realizada pela maioria dos casos. A falta de integração dos aspectos ambientais, sociais e econômicos na base de dados tem ocasionado uma perda de oportunidades nas interseções dos três pilares da sustentabilidade. Neste contexto, considera-se que a avaliação do estoque ambiental e a integração dos dados ambientais, sociais e econômicos são aspectos chaves para a avaliação da situação atual com e sem o plano de manejo. Portanto, como a base para avaliação da situação atual com e sem os planos de manejos é falha, logo, esta avaliação também é realizada de maneira insatisfatória para a maioria dos casos estudados.

Contudo, apesar destes aspectos críticos encontrados na prática, alguns pontos de convergência entre a teoria e a prática são verificados. Um ponto positivo entre a prática e a teoria é a identificação e proposição de soluções para os problemas ambientais encontrados. Em alguns casos, apesar de a AAE identificar os problemas ambientais na área de estudo, os planos não propõem ações para solucionar os problemas encontrados com a justificativa de que o objetivo é cumprir com os objetivos dos planos de manejo. Neste sentido, a contribuição da AAE para identificar os problemas ambientais é clara, porém fica a critério do tomador de decisão criar ou não estratégias no plano de manejo para solucionar estes problemas ambientais identificados pela AAE. Outro ponto positivo é a articulação entre as ações estratégicas, que mostrou um bom exemplo na prática.

Na avaliação geral do inventário e do diagnóstico, os casos 2, 4, 7 e 8 obtiveram desempenho satisfatório, porém com algumas inadequações e omissões para os critérios avaliados. Enquanto os casos 7 e 8 apresentaram uma melhor avaliação do estoque

ambiental, porém ainda não a ideal, e os casos 2 e 4 apresentam uma melhor integração entre os objetivos ambientais, sociais e econômicos. Os outros casos foram considerados insatisfatórios para os critérios avaliados por apresentarem deficiências tanto na avaliação do estoque ambiental como na integração dos dados ambientais, sociais e econômicos. Com relação aos outros critérios avaliados, de maneira geral, estes foram considerados satisfatórios em todos os casos analisados. Contudo, no que diz respeito a etapa de consulta ao público nesta fase da avaliação, esta foi considerada insatisfatória.

A avaliação do relatório de scoping mostrou que a consulta às autoridades contribuí para o aprimoramento do processo de avaliação da AAE. Em todos os casos, as autoridades emitiram pareceres construtivos e pertinentes para as avaliações. Quando estes comentários foram incorporados pelos relatórios ambientais, estes apresentavam uma avaliação mais clara das ações estratégicas. Entretanto, quando são avaliadas nos casos as possíveis contribuições da consulta ao público nesta fase de planejamento, nenhum resultado é obtido, pois não houve participação pública nesta fase da AAE em nenhum dos casos estudados.

Com relação ao prognóstico, entre os critérios avaliados alguns são melhores aplicados na prática do que outros. Os critérios que não obtiveram bons resultados na prática são: a consideração de alternativas, e consequentemente, uma previsão e avaliação de impactos direcionada a auxiliar na identificação da melhor alternativa a ser implementada; e a ponderação de “quem ganha e quem perde” com a adoção do plano. Dentro da perspectiva da avaliação de impacto, Therivel (2004) recomenda uma avaliação de “juízo de valor” sobre “quem ganha e quem perde” com a adoção da ação estratégica. Contudo, esta concepção não é muito bem incorporada pelos casos que, por sua vez, deixam a critério do leitor decidir ou interpretar “quem ganha e quem perde” com a implementação do plano de manejo. Apesar das falhas evidentes no prognóstico, a previsão e a avaliação de impactos são realizadas para identificar os impactos positivos e negativos das ações dos planos de manejo contra os objetivos da AAE. Contudo, nesta avaliação dos objetivos da AAE, a base de dados AAE não tem sido considerada. Apesar disso, a avaliação dos impactos positivos e negativos das ações dos planos de manejo contribui para a proposição de medidas mitigadoras. Sendo a proposição das medidas mitigadoras um aspecto positivo encontrado na avaliação dos

casos em que a teoria corresponde com a prática. Sob este aspecto, as medidas mitigadoras e a avaliação em cascata apresentam bons resultados, onde foi possível reconhecer os conceitos da teoria na prática dos casos avaliados.

Neste contexto, os casos 4 e 7 e 8 obtiveram os melhores resultados na avaliação da seção do prognóstico. Contudo, estes casos também apresentaram algumas inadequações, como, por exemplo: não são claros os critérios utilizados para definir as alternativas; falta de justificativa sobre a escolha da melhor alternativa a ser implementada (casos 4 e 8); a avaliação de impactos não faz relação com a base de dados, exceto o caso 8, que avalia os impactos cumulativos contra a base de dados com uma abordagem qualitativa e genérica; e a avaliação de “quem ganha e quem perde” com a adoção da ação estratégica deixou a desejar em quase todos os casos, com exceção do caso 5. Com relação aos casos 1, 2, 3, 5 e 6, estes mostram um desempenho insatisfatório para o prognóstico, que além das inadequações apresentadas nos outros casos, não apresentam alternativas, o que torna a previsão e avaliação de impactos pautada em uma única possibilidade e direcionada somente na proposição de medidas mitigadoras. Apesar destes pontos negativos, algumas partes estão bem realizadas, como a proposição de medidas mitigadoras (todos os casos). Na maioria dos casos as medidas mitigadoras são inseridas como propostas do próprio plano, e quando não é possível introduzir tais medidas nos planos, devido à incompatibilidade de escalas, estas são sugeridas para serem trabalhadas no âmbito de planos mais específicos e/ou com o direcionamento de futuros EIAs.

Como resultado do processo de avaliação da AAE, dois produtos são gerados: o relatório ambiental com a descrição de como ocorreu à avaliação ambiental, e o plano de implementação com as orientações para a implantação das ações estratégicas avaliadas. Apesar dos relatórios ambientais terem fornecido informações satisfatórias sobre como ocorreu à avaliação da AAE, o plano de implementação deixou a desejar. A falta de adequação dos planos de implementação pode comprometer a continuidade da AAE ao longo do processo de implementação dos planos de manejo. Portanto, como resultado final dos produtos finais, estes são considerados insatisfatórios, porém com algumas partes bem realizadas, como é o caso dos relatórios ambientais.

Com relação a fase de decisão, na avaliação dos casos alguns pontos chaves são observados onde a prática não condiz com a teoria, como, por exemplo, os momentos de

consulta pública estão restritos ao final do processo de avaliação da AAE (isso ocorre em todos os casos avaliados). Em contrapartida, a boa prática recomenda que a participação pública permeie todo o processo da AAE. Outro aspecto falho da prática com a teoria, diz respeito às informações prestadas ao público. Para o fortalecimento da participação pública é preciso que as informações sobre como as sugestões do público foram consideradas na tomada de decisão sejam divulgadas. Esta prestação de informações ao público foi realizada pelos casos 1, 3, 7 e 8. Portanto, estes casos obtiveram um desempenho superior aos demais casos analisados. Os casos 2, 4, 5 e 6 são considerados insatisfatórios, pois além de apresentarem momentos restritos a participação pública, faltou o esclarecimento ao público sobre as como respectivas sugestões foram incorporadas ao processo de tomada de decisão.

Após o termino da avaliação da AAE e das decisões terem sido tomadas, o monitoramento acompanha a implementação dos planos de manejo com relação aos resultados identificados pela AAE. Com relação ao monitoramento, os seguintes aspectos são avaliados nos casos: a proposição de um sistema de monitoramento, o acompanhamento dos efeitos adversos previstos pela AAE e a qualidade ambiental da área protegida.

Os resultados da avaliação mostram que a abordagem realizada pelos casos sobre o monitoramento é muito insatisfatória. Apesar da maioria dos casos apresentarem um sistema de monitoramento (1, 2, 3, 4, 6 e 7), estes não são implementados na prática. Assim, os resultados evidenciam que as práticas dos casos avaliados precisam ser mais trabalhadas para atingir as expectativas da teoria sobre o monitoramento.

Devido ao processo ineficiente de monitoramento da AAE, o processo de revisão da AAE em conjunto com a revisão do plano de manejo é prejudicado. Isto ocorre, pois o critério utilizado pela presente pesquisa para avaliar o processo de revisão, considera que este deve ser atrelado ao sistema de monitoramento e ao follow- up para permitir uma gestão adaptativa. Como resultado da avaliação, foi identificado que os casos não apresentam uma gestão adaptativa da AAE (follow-up) articulada com os planos de manejo. Sendo assim, não existe um processo de revisão articulado entre a AAE e o plano de manejo. Apesar desta constatação, os planos de manejo têm sido revisados a cada cinco anos como previsto pela IUCN, porém sem a interferência da AAE.

Na avaliação do relatório como um todo, verifica-se que a base de dados da AAE tem um papel crucial em todo o processo de avaliação da AAE. A Figura 15 representa a articulação da base de dados da AAE com todo o processo de planejamento. A base de dados influência e é influenciada pelos objetivos da AAE que, por sua vez, influenciará o prognóstico, ou seja, a avaliação das ações do plano de manejo. Na sequência, este prognóstico influência a tomada de decisão que deverá ser monitorado. Os resultados do monitoramento são a base para o novo ciclo de planejamento, que culmina na revisão do plano de manejo.

Dentro desta perspectiva, verifica-se que os casos que melhor trabalharam as questões relacionadas com a base de dados obtiveram melhores resultados na avaliação geral dos relatórios ambientais.

Apesar de os casos 2, 4, 7 e 8 apresentarem um melhor desempenho na articulação da base de dados com as demais etapas do processo de planejamento, esta ainda não é bem considerada na fase de prognóstico e por consequência não é um ponto chave de influência nas decisões. No outros casos, a base de dados da AAE tem sido apresentada de maneira desarticulada com os objetivos da AAE e com o prognóstico, o

que dificulta a avaliação do estoque ambiental da área protegida, como requerida pela IUCN.

De maneira geral, as fases de planejamento melhores avaliadas foram as etapas de Screening e os produtos parciais do processo de planejamento (relatório Scoping). Os objetivos, inventário, diagnóstico e prognóstico não apresentam uniformidade entre os casos estudados, porém alguns casos podem ser considerados como bons exemplos de execução destas fases dos processos de planejamento. Com destaque para os casos 2 e 4 pela consideração de questões ambientais, sociais e econômicas nos objetivos e na base de dados da AAE, e para os casos 4, 7 e 8 para o prognóstico, por terem sido os únicos casos que ponderam alternativas de desenvolvimento para os respectivos planos de manejo.

A fase de decisão mostra que ainda é preciso avançar na consulta pública e na prestação de informações ao público que participou do processo da AAE. Nos produtos finais, o plano de implementação não é apresentado pelos casos, fato que prejudica o encaminhamento do processo contínuo da AAE para as fases de monitoramento e revisão que, por sua vez, são os dois itens mais críticos dos relatórios ambientais. Tal fato indica que não existe a continuidade do processo da AAE para o início do próximo ciclo de planejamento.

5.11. Contribuições da AAE para os planos de manejo das áreas