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Dispositivos legais que incidem sobre as Áreas de Proteção Ambiental

CAPÍTULO II – Avaliação do planejamento das Áreas de Proteção Ambiental

3. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

3.1. Dispositivos legais que incidem sobre as Áreas de Proteção Ambiental

Considerando este contexto, a seguir é apresentado o histórico dos dispositivos legais que orientam a criação e a gestão das APAs no Brasil.

As APAs foram instituídas no Brasil por meio da Lei Federal nº 6.902/1981. Os artigos 8º e 9º dispõem:

“Art. . 8º - O Poder Executivo, quando houver relevante interesse público, poderá declarar determinadas áreas do Território Nacional como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais.

Art. . 9º - Em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o Poder Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo:

a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água;

b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas;

d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional.”

A Lei Federal n.º 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, destaca a APA como um dos instrumentos para alcançar os respectivos objetivos, no artigo 9º, inciso VI:

“Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: (...) VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;”

Em 1987, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) por meio da Resolução n.º 11/8715 no artigo 1º, letra “c”, declarou a APA como UC, especialmente as zonas de vida silvestre e os corredores ecológicos. Em 1988, outra Resolução do CONAMA, a 10/8816, dispõe sobre a regulamentação das APAs. No Art. 1º desta

15 Complementada pela Resolução nº 12, de 1988, a qual foi revogada pela Resolução nº 428, de

2010.

Resolução fica estabelecido que as “APAs são UCs, destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais.” Além disso, esta resolução orienta sobre a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico no território da APA, onde o zoneamento deverá estabelecer normas de uso de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agropastoris, extrativistas, culturais e outras. Por meio desta resolução foi exigida a licença especial a ser concedida pela entidade administradora da APA, para qualquer projeto de urbanização ou loteamento rural a ser implantado em seu território.

Apesar de não fazer referência direta às APAs, o Artigo 225 da Constituição Federal apresenta um marco legal importante para as UCs no Brasil. A saber:

“Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurara efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;” – Inciso regulamentado pelo SNUC.

Em 1990, o Decreto Federal n.º 99.274/90 regulamentou a Lei nº 6.902/81, e a Lei nº 6.938/81, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Este Decreto nos artigos 25 a 32, que trata sobre o Capítulo II - Das APAs, destacam sobre: a criação das APAs; a orientação aos proprietários para que os objetivos da legislação sejam alcançados; a vinculação da propriedade privada (dentro dos limites das APAs) com o nome da APA para a promoção de atividades turísticas e indicação de procedência dos produtos nela originados; e a prioridade de crédito e financiamento destinados à melhoria do uso racional do solo e das condições sanitárias e habitacionais das propriedades situadas nas Áreas de Proteção Ambiental.

Em 1998, a Lei Federal n.º 9.605/98, a Lei dos Crimes Ambientais, estabelece as infrações ambientais penais contra a flora e contra as UCs. No Artigo 15 ficam estabelecidas as circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualifiquem o crime, entre estes agravos estão à infração que atinge as áreas dentro das UCs.

Em 2000, com a aprovação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei Federal nº 9985/2000), as APAs são definidas no artigo 15 como:

“área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.”

Sendo assim, as APAs apresentam como desafio conciliar a conservação com a promoção da qualidade de vida da população, observando um desenvolvimento com a utilização sustentável dos recursos naturais por meio do disciplinamento do uso e ocupação do solo.

A partir deste cenário legal sobre as APAs, Figura 16 mostra a evolução da criação das APAs (em número e área) com relação aos dispositivos legais que regulamentam ou regulamentaram as APAs.

Exposto o panorama legal sobre as APAs, os objetivos e algumas diretrizes para a elaboração dos respectivos planos de manejo, na próxima seção são apresentados alguns dados sobre a distribuição destas UCs no Brasil.

As APA equivalem à categoria de manejo V da IUCN com as seguintes