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CAPÍTULO II – Avaliação do planejamento das Áreas de Proteção Ambiental

3. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

4.5. Ferramenta de análise

A avaliação da eficácia das áreas protegidas é um procedimento incluído no programa de trabalho da Convenção sobre a Diversidade Biológica (LEVERINGTON, et al., 2010). As metodologias de avaliação são diversas, e por conta desta grande diversidade de metodologia a IUNC publicou um Guia de Boa prática para a avaliação da eficácia das áreas protegidas (Evaluating Effectiveness: A framework for assessing management effectiveness of protected areas). Este guia fornece orientações para um sistema de avaliação da eficácia das áreas protegidas e promove um checklist das questões que necessitam ser avaliadas (Hockings, et al., 2006). Para tanto, seis elementos são intitulados como pontos centrais das avaliações das áreas protegidas, que são: o contexto (valores e ameaças), o planejamento, a alocação de recursos (inputs), o resultado das ações de manejo (processo), a produção de bens e serviços (outputs) e o impacto (outcomes).

Sobre este assunto, Hockings (2003) avaliou 27 metodologias de avaliação de eficácia de gestão de áreas protegidas com relação ao guia de boas práticas proposto pela IUCN (uma versão anterior ao publicado em 2006). Como resultado, duas metodologias atendiam aos requisitos dos seis elementos sugeridos pela IUCN, sendo estas: a metodologia do RAPPAM (Avaliação Rápida e Priorização do Manejo de Unidades de Conservação) e a Efetividade de Manejo de Áreas Protegidas (EMAP). Ambas as metodologias têm sido aplicadas no Brasil. Contudo, o método RAPPAM é proposto com o foco de avaliar sistemas de áreas protegidas (ERVIN, 2003) e a EMAP

fornece informações para o nível tanto de sistemas como da unidade individual (FARIA, 2004).

Com base nestas informações e considerando o escopo de análise da presente pesquisa que é a avaliação das APAs individualmente, optou-se pela utilização da metodologia EMAP. Esta metodologia foi atualizada por Faria (2004), que também é o autor da primeira e da segunda versão da mesma, sendo a primeira versão proposta em 1993 e a segunda em 2000. Esta terceira versão da metodologia foi aplicada por Faria (2004) para avaliar as UCs do Estado de São Paulo (tanto de proteção integral como de uso sustentável).

Contudo, ao considerar as especificidades da categoria de manejo das APAs, a metodologia de Faria (2004) foi adaptada. O Guia da IUCN para gestão de áreas protegidas da categoria V (PHILLIPS, 2002), que dispõe sobre princípios e diretrizes para o manejo da categoria V (a categoria das APAs), foi utilizado como base para adaptar os indicadores propostos por Faria (2004). Além desta adaptação, a avaliação foi direcionada para atender os objetivos da presente pesquisa, que é o de avaliar o planejamento e os planos de manejo.

4.5.1. Adaptação da proposta metodológica: seleção dos indicadores Os indicadores utilizados são adaptados de Faria (2004), que utilizou um conjunto de indicadores para avaliar a eficácia das Unidades de Conservação gerenciadas pelo Instituto Florestal de São Paulo. Este mesmo conjunto de indicadores foi utilizado por Pellin (2010) para avaliar a eficácia de manejo das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) do Mato Grosso do Sul. Nas pesquisas desenvolvidas por Pellin (2010) e Faria (2004) foram utilizados indicadores por componentes da gestão da unidade, ou âmbitos, como, por exemplo, Político-Legal, Planejamento e ordenamento, Administração, Conhecimento, Qualidade dos recursos naturais e Usos atuais. Entretanto, o foco desta pesquisa está na avaliação do processo de planejamento, o que incluí os planos de manejo. Assim, entende-se que não é necessário avaliar todos os âmbitos descritos acima. Neste sentido, a presente pesquisa faz um recorte ao conjunto de indicadores propostos para o âmbito de planejamento.

Entretanto, como os trabalhos de Faria (2004) e Pellin (2010) utilizaram indicadores para avaliar uma categoria de manejo diferente da categoria V da IUCN, algumas adaptações nas variáveis foram necessárias para ajustar os indicadores a esta

categoria de manejo, bem como, novas variáveis foram criadas. Desta maneira, o Quadro 36 apresenta as variáveis que foram adaptadas e as que foram criadas.

Quadro 36. Indicadores utilizados para avaliar a eficácia dos planos de manejo neste trabalho, com a indicação de se tratar de um indicador adaptado ou não ou novo conforme os propostos por Faria (2004) e Pellin (2010).

Indicadores

Âmbito Dimensões de análise Variável Adaptado ou Novo

Planejamento e Ordenamento

Contexto

Contexto da área protegida Novo Definição dos limites Novo Articulação com outros

planos e programas setoriais e de nível nacional, regional e

local

Novo

Processo

Participação Novo Consulta pública Novo Monitoramento Adaptado Gestão adaptativa Adaptado Conteúdo e execução

Plano de Manejo Adaptado Planejamento e uso do solo Adaptado Ações de Manejo Adaptado Plano corporativo Novo

Para uma melhor compreensão dos indicadores utilizados nesta pesquisa, cada variável e subvariável são descritas a seguir.

Âmbito de planejamento e ordenamento

Os indicadores que compõem o âmbito de planejamento e ordenamento têm a função de avaliar a adequação do planejamento da área protegida da categoria V aos critérios estabelecidos pela IUCN. Para tanto, este grupo de indicadores é subdividido em três “dimensões de análise” que são indicadores de maior hierarquia e permitem visualizar os aspectos mais gerais do planejamento das APAs. As “variáveis” são indicadores de maior sensibilidade para descrever uma situação relacionada à determinada dimensão de análise. As “subvariáveis” são indicadores com o foco na ação ou atividade relacionada a uma variável (FARIA, 2004, PELLIN, 2011).

Assim, as dimensões de análise estão relacionadas ao contexto, processo, execução e conteúdo do plano de manejo. A Figura 22 apresenta uma ilustração de como estas dimensões são interpretadas.

Figura 22. Ilustração da relação das dimensões de análise.

A primeira e mais ampla dimensão está relacionada ao contexto em que o plano de manejo está inserido. Com isso, esta dimensão avalia as bases que o plano de manejo está fundamentado. A segunda dimensão diz respeito ao processo de planejamento do plano de manejo que é tão importante quanto o próprio plano, pois é nesta dimensão que o plano de manejo adquire um aspecto dinâmico, ou seja, onde este está sempre acompanhando as alterações do meio. A terceira e última dimensão é o próprio plano de manejo, que diz respeito às ações que devem ser desempenhadas pelo plano. Assim, nesta dimensão é avaliado o conteúdo e a execução do plano. Dentro deste contexto, o Quadro 37 apresenta as dimensões de análise e suas respectivas variáveis e subvariáveis.

A seguir cada variável e subvariável das respectivas dimensões de análise são descritas.

Quadro 37. Relação das variáveis e subvariáveis contidas em cada dimensão de análise. Dimensões

de análise Variáveis Subvariáveis

Conte xto qu e o pl an o de ma nejo est á inseri

do Contexto da área protegida. Definição dos limites. --- ---

Articulação com outros planos e programas setoriais e de nível nacional, regional e local. --- Pr oc esso do plan o de m ane jo Participação. --- Consulta pública. --- Monitoramento. --- Gestão Adaptativa --- C on te úd o e E xe cuçã o do pl an o de m ane jo Plano de manejo  Atualidades Características  Execução do plano Planejamento do uso do solo  Controle do uso do solo Zoneamento Ações de manejo  Estudos ambientais e pesquisas o Execução  Sistemas de informações o Execução  Recuperação da biodiversidade o Execução  Proteção e conservação do patrimônio histórico e cultural o Execução  Proteção e conservação da paisagem e da biodiversidade o Execução  Uso sustentável dos recursos naturais o Execução  Desenvolvimento econômico o Execução  Turismo sustentável o Execução  Educação ambiental o Execução  Papel da população local o Execução  Fiscalização o Execução  Gerência da área protegida o Execução  Orçamento o Execução Plano Corporativo ---