• Nenhum resultado encontrado

Condições de admissibilidade

No documento Apostila RECURSOS (páginas 47-50)

7.3 RECURSOS EM ESPÉCIE

7.3.4 Agravo de Petição

7.3.4.9 Condições de admissibilidade

De acordo com o § 1º do art. 897 da CLT, com a redação determinada pela Lei nº 8.432, de 11- 6-1992, há necessidade de se delimitar as matérias e os valores impugnados por meio do agravo de petição. Deve ser feita a delimitação, justificada, da matéria e dos valores impugnados que serão objeto do agravo de petição. A redação anterior do art. 897 da CLT, determinada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19-1- 1946, não fazia essa exigência.

48 Trata-se de uma das condições para a apresentação do recurso, que não fere o princípio da ampla defesa, que é dependente da previsão da lei sobre o assunto, ou das condições estabelecidas por ela para tanto. Constitui-se, portanto, numa das condições de admissibilidade do recurso (pressuposto objetivo).

O agravo de petição não pode ser admitido por simples petição, pois há necessidade de se delimitarem matéria e valores.

Não há mais a possibilidade de se interpor agravo de petição genérico, amplo. Mister se faz tanto a delimitação justificada da matéria a ser debatida, quanto no tocante aos valores impugnados. Quando o recurso não tratar de um único aspecto, deverá ser delimitado em tópicos, explicitando as razões de fato e de direito para a reforma da decisão. Ainda que os valores estejam determinados, mas não a matéria, é de não se conhecer do agravo de petição, pois a lei exige cumulativamente o atendimento das duas circunstâncias: delimitação de valores e matéria.

Se a parte não atender às regras do § 1º do art. 897 da CLT, o recurso não será recebido pelo juiz de primeira instância ou não conhecido pelo tribunal, caso subir para exame desse órgão.

O agravo de petição terá, assim, um juízo de admissibilidade no primeiro grau, que irá verificar não só o prazo e demais pressupostos do recurso, mas também irá observar se houve delimitação e justificação das matérias e valores impugnados. Caso não sejam atendidos esses requisitos, o recurso não será recebido (§ 1º do art. 897 da CLT). O juízo não irá, porém, entrar no mérito da questão debatida no agravo de petição, apenas fará a verificação da matéria e dos valores impugnados de maneira justificada.

Não tem fundamento legal o juiz mandar a parte declarar os valores incontroversos, pois eles devem ser indicados no recurso.

A falta de delimitação dos valores inviabiliza a interposição de agravo de petição pelo executado. Entretanto, se não há controvérsia sobre os valores, poder-se-ia dizer que não seria o caso de delimitação. Ocorre que o § 1º do art. 897 da CLT determina expressamente que os valores devem ser delimitados, sob pena de não-conhecimento do recurso.

Isso quer dizer qualquer valor, inclusive os incontroversos, de maneira que o tribunal ad quem possa também examiná-los e saber o que está sendo debatido, diante da regra da devolução ao tribunal daquilo que houver apelação. Se houver preclusão anterior da discussão de valor incontroverso, que por exemplo foi homologado pelo juiz, sem impugnação de uma das partes, o recurso nem mesmo deveria ser conhecido.

No agravo de petição, a parte não poderá reportar-se a cálculos apresentados no processo, como na impugnação à conta de liquidação ou em embargos à execução. Os cálculos devem ser mencionados no agravo de petição, de forma atualizada, inclusive no período que vai da elaboração da conta até a interposição do agravo.

A delimitação de valores incontroversos diz respeito ao recurso da empresa, não ao do empregado, para que este possa levantar a importância incontroversa. O empregador é que tem interesse em protelar o andamento da execução.

O recurso será interposto por simples petição (art. 899 da CLT). Entretanto, entendo que essa regra aplica-se às partes que não constituíram advogado, que podem exercer o ius postulandi. Mesmo quando o empregador postula sem advogado deverá limitar a matéria e os valores.

o juiz de primeiro grau pode negar seguimento ao recurso de agravo de petição, desde que não estejam presentes os pressupostos objetivos e subjetivos para seu cabimento.

49

7.3.4.10 Efeito

Antigamente, o juiz podia sobrestar o andamento do processo, quando julgasse conveniente, até o julgamento do recurso (§ 2º do art. 897 da CLT), de acordo com a redação dada pelo Decreto-lei nº 8.737/46. O sobrestamento do feito implicava as mesmas consequências práticas do efeito suspensivo. As minuciosas informações que eram previstas no § 2º do art. 897 da CLT não eliminavam a necessidade de se enviar os autos ao Tribunal. Em muitos casos em que não se sobrestou o andamento do feito, foi necessário posteriormente enviar os autos ao tribunal, por requisição do relator.

Com a nova redação dada ao § 2º do art. 897 da CL T, determinada pela Lei nº 8.432, de 1992, já não existe a necessidade de o juiz informar minuciosamente à instância superior sobre a matéria controvertida, como ocorria anteriormente. Agora, o agravo de petição não terá efeito suspensivo, pois não mais se fala em sobrestamento do feito.

Permite-se, todavia, a execução imediata da parte que não foi objeto do recurso, ou seja, a execução definitiva, até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença (parte final do § 1 º do art. 897 da CLT), o que mais justifica a inexistência de efeito suspensivo ou sobrestamento do feito. Assim, incide a regra geral de que os recursos têm efeito meramente devolutivo (art. 899 da CLT), inexistindo efeito suspensivo tanto no agravo de instrumento, como no de petição.

O juiz, ao admitir o recurso, irá dizer se há ou não necessidade de se fazer o traslado das peças necessárias, ou remeterá os próprios autos ao tribunal superior. Permite-se, todavia, a execução imediata da parte que não foi objeto do recurso, ou seja, a execução definitiva, até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença (parte final do § 1 º do art. 897 da CLT), o que mais justifica a inexistência de efeito suspensivo ou sobrestamento do feito.

Os embargos de terceiro terão efeito suspensivo quando versarem sobre todos os bens discutidos na execução (art. 1.052 do CPC). Caso a ação de embargos de terceiro possibilite a suspensão total do feito, o agravo de petição que recorre da sentença que julgou os embargos também terá efeito suspensivo.

7.3.4.11 Objetivo

O objetivo da Lei nº 8.432/92, ao determinar nova redação ao art. 897 da CLT, foi dar maior rapidez e celeridade às questões de execução na Justiça do Trabalho. O atual § 1º do art. 897 da CLT permite a execução imediata da parte que não foi objeto de impugnação no agravo de petição, importando em dizer que a execução nesse caso vai até o final, ou seja, é definitiva, seja nos próprios autos ou por carta de sentença.

Caberá ao juiz avaliar ou não a necessidade da extração da carta de sentença de acordo com o que foi ventilado no agravo de petição. Matérias mais complexas, que versem sobre a maior parte da execução, recomendarão a remessa ao tribunal do agravo juntamente com os próprios autos principais. Matérias mais simples, ou pequenas questões que não envolvam toda a execução ou não interfiram diretamente nela, recomendarão o traslado das peças necessárias para a formação do instrumento do agravo de petição.

7.3.4.12 Processamento

Apresentado o agravo de petição perante o juiz da execução, o magistrado irá examinar os pressupostos de admissibilidade. Será, em seguida, intimado o agravado a oferecer sua contraminuta no prazo de oito dias (art. 900 da CLT c/c art. 6º da Lei nº 5.584/70) ou em dobro (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, suas autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica).

50 Mantendo a decisão, os autos serão enviados ao tribunal.

Depois de ser autuado no tribunal, o processo será enviado para a Procuradoria do Trabalho oferecer parecer no prazo de oito dias a contar da distribuição do processo ao procurador.

Quando da volta do processo da Procuradoria, haverá distribuição ao relator. Este prepara seu voto e apõe seu visto, enviando-o ao revisor. Em seguida, o processo é posto em pauta para julgamento, sendo intimadas as partes.

7.3.4.13 Procedimento

Será apreciado o agravo de petição pelo Tribunal Regional Pleno, se este não for dividido em turmas, ou por estas, nos tribunais divididos em turmas. Não é, portanto, julgado por seção especializada. A exceção diz respeito ao agravo de petição contra decisão do juiz presidente do Tribunal, que será julgado pelo pleno ou por órgão especial, onde existir, como ocorre no TRT da 2ª Região (art. 203 do Regimento Interno).

O agravo de petição apresentado contra decisão do juiz de direito julgado pelo Tribunal Regional da respectiva área e não pelo Tribunal de Justiça ao qual o juiz estiver subordinado. O julgamento também será feito pelo pleno ou turmas.

Normalmente, os regimentos dos tribunais costumam colocar o agravo de petição mais rapidamente em pauta de julgamento, por se tratar de um processo que se encontra em fase de execução, devendo haver um julgamento mais rápido do que qualquer outro.

Nos casos em que a decisão é do presidente do Tribunal na execução, o agravo de petição será julgado pelo pleno do tribunal, quando não dividido em turmas, presidido pela própria autoridade recorrida (§ 3º do art. 897 da CLT).

No dia do julgamento, as partes terão direito de fazer sustentação oral após o relatório do relator. Em seguida, este proferirá seu voto, depois o revisor e o terceiro juiz.

Da decisão proferida pelo tribunal em agravo de petição não caberá recurso de revista. O Enunciado 266 do TST só admite o recurso de revista quando se tratar de ofensa à Constituição. Tal orientação jurisprudencial foi adotada pelo legislador, quando a Lei nº 7.701/88 acrescentou o § 4º do art. 896 da CLT, e, atualmente, por força da Lei nº 9.756, de 16/12/98, que deu nova redação ao § 2º do mesmo artigo, com a seguinte redação:

Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá recurso de revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.

Isso ocorrerá, principalmente, por violação da coisa julgada ou do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da Lei Maior). Exige-se ofensa direta e literal da Constituição e não indireta ou meramente reflexa.

No documento Apostila RECURSOS (páginas 47-50)