• Nenhum resultado encontrado

Embargos no TST

No documento Apostila RECURSOS (páginas 38-43)

7.3 RECURSOS EM ESPÉCIE

7.3.3 Embargos no TST

7.3.3.1 Denominação

A palavra embargos pode tanto ter o significado de ação ou defesa, como ocorre nos embargos do devedor e nos embargos de terceiro, quanto de recurso, como se observa nos embargos infringentes ou nos embargos para as seções especializadas do TST. No singular, a palavra anteriormente tinha por acepção arresto.

Com o passar do tempo a palavra embargos passou a ter significado tanto de recurso (embargos de nulidade, infringentes ou de divergência), quanto de ação (embargos de devedor, de terceiro, à arrematação, à adjudicação etc.).

7.3.3.2 Embargos para a Vara

O Decreto-lei nº 1.237, de 02/05/39, já previa os embargos de alçada para a própria Junta. Eram previstos também embargos para o Conselho Nacional do Trabalho (atual TST), quando a decisão do Conselho Regional do Trabalho (atual TRT) tivesse dado interpretação diversa em relação a um mesmo dispositivo de lei, que já houvera sido interpretado por outro Conselho Regional ou pelo Conselho Nacional do Trabalho.

Nas Juntas, só havia embargos contra decisões dos Juízes do Trabalho ou dos Juízes de Direito, investidos estes da jurisdição trabalhista e que verificamos na alínea c do art. 652 da CLT. Eram os embargos de nulidade e infringentes dirigidos à própria Junta (art. 201, inciso I, do Decreto nº 6.596/40). Não se pode falar que haveria duplo grau de jurisdição, mas duplo exame pelo mesmo órgão prol ator da sentença. Recorria-se para o mesmo órgão que prolatou a sentença, visando com que este se retratasse. Na jurisprudência, o Enunciado 133 do TST esclarecia que para julgamento dos embargos infringentes opostos às Juntas era desnecessária a notificação das partes.

Embora encontre-se ainda na alínea c do art. 652 da CL T a competência para a Vara julgar os embargos "opostos às suas próprias decisões", esse recurso não mais existe.

Com o advento da Lei nº 5.442, de 24-5-68, o art. 894 da CLT passou a ter nova redação, extinguindo-se o recurso de embargos à própria Vara e, por consequência, revogando a alínea c do art. 652 da CLT.

Assim, não há mais necessidade de o juiz fundamentar as decisões recorridas antes da remessa ao Tribunal Regional, pois a parte final do inciso VI do art. 659 da CLT foi derrogada pela Lei nº 5.442/68, que deu nova redação ao art. 894 da CLT, extinguindo a necessidade de fundamentação da justificação em despacho da manutenção da sentença de primeiro grau e eliminando o recurso de embargos infringentes ou de nulidade para a própria Vara.

39

7.3.3.3 Embargos nos tribunais regionais

Os embargos ao Pleno dos Tribunais Regionais divididos em Turmas também não mais existem em função da nova redação dada ao art. 678 da CLT, pela Lei nº 5.442/68.

Das decisões da Turma não caberá recurso para o Pleno do TRT, exceto no caso de recurso contra multas impostas pelas Turmas.

Não caberão embargos ao Pleno dos Tribunais Regionais que possuam Grupos de Turmas (art. 4º, § 3º, da Lei nº 7.119), das decisões proferidas por esses grupos, por falta de amparo legal.

No processo do trabalho, não são utilizados os embargos infringentes, previstos nos arts. 530 a 534 do CPC, que têm por objetivo atacar decisão não unânime do Tribunal.

Os embargos previstos no Direito Processual do Trabalho são apenas os dirigidos ao TST. Mesmo que a decisão das Turmas ou grupos de Turmas não seja unânime, será incabível qualquer recurso para o Pleno do Tribunal Regional correspondente, não se socorrendo o intérprete do CPC, pois não há omissão, sendo a CLT expressa quanto aos recursos cabíveis na Justiça do Trabalho e os embargos infringentes não estão incluídos nas hipóteses elencadas no art. 893 da CLT, que é taxativo.

7.3.3.4 Natureza e finalidade dos Embargos no TST

Na CLT, os embargos estão previstos no art. 894, tendo natureza de recurso.

A atual previsão dos embargos para o TST não é bem como está no art. 894 da CLT, que foi derrogado na parte em que colide com as disposições da Lei nº 7.701, de 1988.

A finalidade dos embargos no TST é, principalmente, a unificação da interpretação jurisprudencial de suas turmas, ou de decisões não unânimes em processos de competência originária do TST.

Antigamente, os embargos eram dirigidos ao Pleno do TST. Com o advento da Lei nº 7.701/88, o TST ficou dividido em Seção de Dissídios Individuais (SDI) e Seção de Dissídios Coletivos (SDC), além das turmas e do próprio Pleno. As atribuições do Pleno, entretanto, foram esvaziadas, passando certas matérias à competência da SDI ou SDC.

Não existe, porém, grau de jurisdição entre as turmas e as seções especializadas do TST. As Turmas apreciarão os recursos de revista. Do acórdão que julgar este recurso é que caberão os embargos para a SDI. Visam os embargos à uniformização da jurisprudência das turmas do TST, que, em muitos casos, têm entendimentos divergentes. A SDI servirá, assim, para unificar a divergência jurisprudencial das Turmas no TST. Dessa forma, o recurso de embargos tem cunho nitidamente extraordinário, assemelhando-se ao recurso interposto ao Pleno do Supremo Tribunal Federal, após as Turmas julgarem o recurso extraordinário.

7.3.3.5 Competência do Pleno do TST

Com as mudanças implementadas pela Lei nº 7.701, de 1988, o Pleno do TST passou a ter competência para:

a) declarar a inconstitucionalidade, ou não, das leis ou de atos normativos do Poder Público;

b) aprovar os enunciados das Súmulas de jurisprudência predominante nos dissídios individuais;

40 d) aprovar os precedentes jurisprudenciais predominantes em dissídios coletivos; aprovar

tabelas de custas e emolumentos, de acordo com o que for preconizado em lei;

e) elaborar seu Regimento Interno, exercendo as atribuições administrativas disciplinadas pela lei ou pela Constituição (art. 4º, a e f, da Lei nº 7.701/88).

7.3.3.6 Cabimento

Na redação do art. 894 da CLT, os embargos eram cabíveis para o Pleno do TST:

a) em julgamentos de dissídios coletivos que excedessem a jurisdição dos Tribunais Regionais, bem como que tivessem revisto suas próprias decisões normativas;

b) das decisões que homologassem os acordos celebrados nos dissídios coletivos.

Poderiam, ainda, ser interpostos das decisões das Turmas: contrárias à letra da lei federal; divergentes entre si.

O recurso de embargos também caberá no procedimento sumaríssimo, pois a lei não veda expressamente tal apelo. Assim, será cabível o referido recurso de acordo com o art. 894, b, da CLT, e Lei nº 7.701/88.

Com a edição da Lei nº 7.701/88, os embargos podem ser divididos didaticamente em: infringentes, de divergência e de nulidade.

7.3.3.6.1 Embargos infringentes

São interpostos para a SDC, das decisões não-unânimes proferidas em processo de dissídio coletivo de sua competência originária, como ocorre nos dissídios coletivos que excedam a área de um Tribunal Regional (ex.: dissídio coletivo do Banco do Brasil, Petrobrás etc.).

Não caberão os embargos se a decisão impugnada estiver em consonância com precedente jurisprudencial do TST ou de Súmula de sua jurisprudência predominante (art. 2º, II, c, da Lei nº 7.701/88). Serão esses embargos julgados em última instância pela SDC.

A falta de unanimidade de julgamento da SDC diz respeito a cada cláusula rediscutida no recurso, pois os embargos estarão restritos à matéria objeto da divergência (art. 530 do CPC).

O TST admite em seu regimento interno que, se o acórdão em ação rescisória não for unânime, cabem embargos infringentes (arts. 309 e 356, II), para as seções especializadas. Não há previsão legal nesse sentido no art. 894 da CLT ou no art. 3º da Lei nº 7.701/88. Matéria processual é de competência da União (art. 22, I, da Constituição), não podendo ser disciplinada pelo regimento interno do TST.

7.3.3.6.2 Embargos de divergência

A SDI julgará em última instância os embargos divergentes das decisões das Turmas, ou destas com decisão da SDI, ou com enunciado da Súmula da jurisprudência uniforme do TST (art. 3º, III, b, da Lei nº 7.701/88).

A divergência jurisprudencial será entre as turmas do TST. Não se admitem embargos de acórdão da mesma turma do TST, mesmo que com composição diversa (Orientação Jurisprudencial nº 95 da SDI do TST).

O objetivo da decisão será a uniformização da jurisprudência das turmas do TST. Esclarece o Enunciado 337 do TST que:

41

I - junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e

II - transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.

É possível indicar como fundamento orientação jurisprudencial do TST para embasar o recurso de embargos (Orientação Jurisprudencial nº 219 da SDI-1 do TST).

O relator pode negar seguimento aos embargos com fundamento em orientação jurisprudencial do TST.

7.3.3.6.3 Embargos de nulidade

Caberão embargos de nulidade para a SDI, das decisões proferidas contra violação literal de preceito de lei federal, tratados internacionais, convenções da OIT ratificadas pelo Brasil ou da Constituição da República (art. 3º, III, b, da Lei nº 7.701/88). A lei federal a ser examinada pode ser qualquer uma, como o Código Civil, o CPC etc.

Esse julgamento será feito em última instância pela SDI.

Não caberão, porém, os embargos contra violação de lei estadual ou municipal, apenas de lei federal. A lei estadual ou municipal ao ser editada pelo Estado ou o Município é feita como se estes fossem empregadores, surgindo um verdadeiro regulamento de empresa. De certa forma, esse regulamento envolve a apreciação de fatos e provas, que não é permitido veicular por meio de embargos (En. 126 do TST).

O juiz não é obrigado a conhecer o direito estadual e municipal (art. 337 do CPC), o que demonstra ser objeto de prova o exame das referidas normas, porque, inclusive, não compete aos Estados e Municípios legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, da Constituição).

Também não caberão embargos a respeito da interpretação de acordo ou convenção coletiva. O mesmo ocorre em relação a sentença normativa e regulamento de empresa.

Informa o En. 221 do TST que: "interpretação razoável de preceito de lei, ainda que não seja a

melhor, não dá ensejo à admissibilidade ou ao conhecimento de recurso de embargos com base na alínea b do art. 894 da CLT. A violação há de estar ligada à literalidade do preceito". É a mesma orientação da

Súmula 400 do STF, em relação ao recurso extraordinário.

A SDI do TST entende que não se conhece de embargos por violação legal ou constitucional quando o recorrente não indica expressamente o dispositivo da lei ou da Constituição tido como violado (Orientação Jurisprudencial nº 94).

Esclarece o En. 353 do TST que: "não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de

decisão de Turma proferida em agravo, salvo para reexame dos pressupostos extrínsecos do recurso a que se denegou seguimento no Tribunal Superior do Trabalho".

O fundamento do verbete foi a necessidade de duplo grau de jurisdição quando os embargos irão analisar decisão da Turma sobre pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento, como, por exemplo, tempestividade, preparo e representação processual, conforme decisão do Tribunal Pleno, nos autos do processo TST AG E AI 4970/86.4, em sessão de 22/10/87. No exame do agravo de instrumento, o Tribunal não entra no mérito da questão, apenas vai verificar se o recurso anterior pode ou não subir, daí por que não é possível se ingressar com os embargos, em que seria necessária uma decisão de mérito, salvo em relação a pressupostos extrínsecos do agravo de instrumento.

42 Não cabem embargos para a SDI dessas decisões, pois também não se entra no mérito da questão, apenas é indeferido o recurso.

São cabíveis embargos à SDI contra decisão de turma do TST proferida em agravo interposto de decisão monocrática do relator, com fundamento no § 1º do art. 557 do CPC (Orientação Jurisprudencial nº 293 da SDI-1 do TST).

Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da súmula da jurisprudência uniforme do TST, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de embargos, como também à revista e ao agravo de instrumento. O remédio cabível será a interposição de agravo regimental (art. 896, § 5º, da CLT), quanto à negativa de seguimento dos embargos.

Decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do TST não autorizam a admissibilidade dos embargos (En. 333 do TST). É a Orientação Jurisprudencial da SDI do TST.

Não se conhecerá dos embargos quando a decisão impugnada tiver resolvido determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos (En. 23 do TST). A parte não poderá pinçar de decisões diversas os subsídios para os embargos, pois os fundamentos dos embargos devem advir de uma única decisão paradigma. A divergência jurisprudencial indicada há de ser específica, de modo a revelar a existência de teses divergentes na interpretação de um mesmo preceito de lei, embora idênticos os fatos que as ensejaram (En. 296 do TST).

Os embargos não são admitidos para a discussão de fatos e provas (En. 126 do TST), pois têm a natureza eminentemente técnica, ao analisarem violação da lei federal ou da Constituição ou divergência jurisprudencial entre Turmas do TST.

Não se conhece de recurso de embargos de divergência do processo trabalhista, quando houver jurisprudência firme no TST no mesmo sentido da decisão impugnada, salvo se houver colisão com a jurisprudência do STF (Súmula nº 401 do STF).

7.3.3.7 Procedimentos

A parte contrária poderá demonstrar que o arresto indicado como paradigma já está superado por jurisprudência mais recente ou atual do Tribunal. O interessado poderá também, comprovar que o órgão, nas vezes em que se pronunciou, o fez de acordo com composições diversas de seus membros.

Não servirá para embasar os embargos acórdão em agravo de instrumento, pois a finalidade deste é destrancar o despacho denegatório do recurso, não ingressando no mérito da questão, nem vinculando o órgão prol ator.

Para a interposição dos embargos, há necessidade do prévio questionamento da matéria a ser embargada. Entende-se como prequestionamento da matéria, quando na decisão recorrida haja sido adotada, explicitamente, tese sobre o tema. Incumbirá à parte ingressar com embargos de declaração, visando o pronunciamento do tribunal sobre a questão (En. 297 do TST). Ocorrerá preclusão se não forem interpostos os embargos de declaração da decisão no recurso de revista sobre a matéria que neste ato deveria ter sido arguida, para dar ensejo à interposição dos embargos (En. 184 do TST). Desse modo, é preciso haver lacuna, omissão, obscuridade ou contradição sobre tema que deveria ser objeto de pronunciamento pelo tribunal. Se não forem interpostos os embargos de declaração, prequestionando a matéria, não serão admitidos os embargos.

Os embargos não dispensarão o exame dos pressupostos de admissibilidade (objetivos e subjetivos), que são exigidos em relação a qualquer recurso. O prazo para razões e contrarrazões será de oito dias.

Nos embargos no TST não constitui violação ao art. 896 da CLT quando não se conhece do recurso de revista com base em inespecificidade da jurisprudência colacionada.

43 Tal fato constitui reavaliação de prova, além de que não há violação direta da lei, mas apenas reflexa, ou seja, apenas indiretamente.

7.3.3.8 Depósito

Nos embargos, há necessidade de que, não atingido o limite total da condenação, a parte pague o depósito para a interposição do apelo (art. 40 da Lei nº 8.177/91, de acordo com a redação determinada pela Lei nº 8.542/92).

7.3.3.9 Processamento

A petição inicial dos embargos é dirigida ao Presidente da Turma que julgou o recurso de revista. As razões para apreciação deverão ser dirigidas à SDI. Na SDC a petição é dirigida ao Presidente da referida seção e as razões à própria seção.

O prazo para a interposição de recurso é de oito dias.

Os embargos não mais são enviados ao Presidente da Turma para despacho (art. 239 do Regimento do TST). A secretaria da turma dá vista à parte contrária em 8 dias.

Posteriormente, é remetida à distribuição.

Admitidos os embargos, serão processados e julgados conforme dispuser o regimento do tribunal (art. 533 do CPC).

Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator, esta recairá, se possível, em juiz que não haja participado do julgamento anterior (art. 534 do CPC).

O Ministro Relator poderá negar seguimento ao recurso de embargos com fundamento em enunciado da súmula do TST, cabendo desta decisão agravo regimental.

O processo posteriormente é enviado à Procuradoria para parecer. Com o visto do relator, o processo é encaminhado para a designação de revisor. Após o visto do revisor, o processo é incluído em pauta.

Se os embargos são conhecidos, mas mantida a decisão embargada, diz-se que são conhecidos e rejeitados. Para o recurso de revista e ordinário, costuma-se dizer que estes são conhecidos, mas desprovidos ou improvidos, quando a decisão a quo é mantida.

Havendo empate na votação dos embargos, prevalecerá o acórdão embargado, sendo que o Presidente do Tribunal não votará.

Ao ser reformado o acórdão embargado, diz-se que os embargos são conhecidos e acolhidos ou recebidos. Ao contrário, se não foram conhecidos, não haverá apreciação do mérito da questão.

No documento Apostila RECURSOS (páginas 38-43)