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Recurso de Revista

No documento Apostila RECURSOS (páginas 30-38)

7.3 RECURSOS EM ESPÉCIE

7.3.2 Recurso de Revista

7.3.2.1 Introdução

Antigamente, o recurso de revista era denominado de recurso extraordinário. Era um recurso trabalhista de natureza extraordinária. Havia necessidade da demonstração de violação literal do dispositivo de lei ou de divergência jurisprudencial para ser admitido. Daí seu caráter extraordinário.

Existia, portanto, no processo trabalhista a possibilidade da interposição de dois recursos extraordinários, um para o TST, outro para o STF.

O Decreto nº 6.596, de 12 de outubro de 1940, que regulamentou o Decreto-lei nº 1.237 chamou o apelo de recurso extraordinário. A redação original do art. 896 da CLT denominou-o recurso extraordinário.

O termo recurso extraordinário somente foi modificado para recurso de revista com a edição da Lei nº 861, de 13/10/1949.

No processo civil, também era previsto um recurso de revista, de acordo com o art. 853 do CPC de 1939.

O CPC de 1973 eliminou essa dualidade, acabando com o recurso de revista no processo civil. Revista num sentido genérico tem sentido de rever, de reexame.

O recurso de revista é um apelo eminentemente técnico e extraordinário, estando sua admissibílidade subordinada ao atendimento de determinados pressupostos. Não vamos aplicar a regra da interposição do recurso por simples petição (art. 899 da CLT), ou seja, sem fundamentação, bastando a intenção de recorrer, que devolveria à apreciação do tribunal ad quem o exame de toda a matéria. No recurso de revista, é mister que a parte demonstre divergência jurisprudencial, ou violação literal de dispositivo de lei ou da Constituição para seu conhecimento (art. 896, a e c da CLT).

Poderá demonstrar, também, interpretação divergente de lei estadual, convenção ou acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do TRT prolator (art. 896, b, da CLT).

A redação anterior do art. 896 da CLT mencionava que o recurso de revista cabia de decisões de última instância. Não havia exatamente última instância no julgamento do TRT, justamente porque cabia o recurso de revista para o TST. Atualmente, usa-se mais acertadamente a expressão "decisões

proferidas em grau de recurso ordinário", mas também caberá a revista nas remessas de ofício.

Do acórdão que julga o incidente de uniformização de jurisprudência não cabe recurso, apenas embargos de declaração, por ser decisão interlocutória. Só do acórdão proferido pela turma é que caberá o recurso de revista.

O objetivo do recurso de revista é uniformizar a jurisprudência dos tribunais regionais por intermédio das turmas do TST.

Dispõe o inciso III do art. 506 do CPC que o prazo para interposição do recurso começa a correr a partir da publicação da súmula ou acórdão no órgão oficial. Recurso apresentado antes da publicação do acórdão não pode ser conhecido, em razão de que a publicação do acórdão não tinha sido feita.

7.3.2.2 Admissibilidade

Se o juízo a quo (TRT) admitir a revista apenas por um dos fundamentos alegados pelo recorrente, não admitindo quanto ao outro, nada impede que o juízo ad quem (Turma do TST) dele conheça por ambos os fundamentos, ou pelo fundamento diverso daquele em que foi conhecido pelo Tribunal Regional.

31 Não cabe nesse caso agravo de instrumento (En. 285 do TST), pois não se está negando seguimento ao recurso. O fato de o juízo a quo entender que o recurso cabe quanto a violação literal do dispositivo de lei, não sendo possível quanto a divergência jurisprudencial, não vincula o TST. O tribunal ad quem não está subordinado ao juízo de admissibilidade do tribunal inferior, podendo conhecer do recurso pelo motivo que este entender não ser possível, ou pelos dois motivos (divergência jurisprudencial e violação literal de dispositivo de lei).

Não está o juízo a quo denegando seguimento ao recurso, por isso não cabe o agravo de instrumento, porque o TST poderá examinar integralmente o cabimento do apelo.

O recurso de revista é apresentado ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, que poderá recebê-lo ou denegá-lo (§ 1º do art. 896 da CLT). Não há previsão legal para delegação do despacho de admissibilidade do recurso de revista para o vice-presidente do tribunal. Há necessidade, porém, de o despacho ser fundamentado, principalmente para indicar os motivos de seu não recebimento.

Poderá o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho reconsiderar seu despacho, conhecendo do recurso. Do contrário, mantendo o Presidente o despacho que entendeu não cabível o recurso, o remédio adequado será o agravo de instrumento, endereçado ao TST.

Se a decisão impugnada estiver em consonância com súmula de jurisprudência uniforme do TST, o ministro relato r do processo poderá negar seguimento ao recurso de revista, indicando o referido enunciado (§ 5º do art. 896 da CLT).

É faculdade do relator no TST denegar seguimento ao recurso, como também pode determinar seguimento à revista, mesmo entendendo haver matéria já sumulada no TST.

Entendendo a parte que o enunciado é inaplicável à espécie, poderá interpor agravo regimental do despacho que denegou seguimento à revista (parágrafo único do art. 9º da Lei nº 5.584/70 e parte final do § 52 do art. 896 da CLT).

Somente se o recurso de revista for admitido é que a parte contrária será intimada para apresentar contrarrazões, no prazo de oito dias. Em alguns tribunais da Justiça Comum, é costumeiro acontecer o contrário: primeiro abre-se o prazo para contrarrazões do recurso especial ou extraordinário, depois o Presidente do Tribunal vai verificar se recebe ou não o apelo, e qual o efeito. No processo do trabalho, quanto ao recurso de revista, isso não ocorre. Só após ser admitido o recurso é que se dá vistas ao ex adverso, poupando tempo, pois se o recurso não for admitido, não há necessidade de contrarrazões.

Mesmo após a apresentação das contrarrazões é facultado ao juiz presidente do TRT o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso (parágrafo único do art. 518 do CPC).

O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica (art. 896-A da CLT).

Transcendência vem do latim transcendentia, æ, do verbo transcendere.

Transcendência é a qualidade de que é transcendente; envolve superioridade, sagacidade. Transcendente é um adjetivo com o significado de muito elevado; sublime; superior; agudo; perspicaz; metafísico; que excede ou ultrapassa os limites ordinários; que dimana imediatamente da razão. A transcendência pode acabar envolvendo um critério subjetivo do julgador.

Transcendência significa relevância. É semelhante à arguição de relevância para o STF.

Talvez o sentido empregado pela determinação legal represente algo que excede ou ultrapassa os limites comuns, tanto que se fala em reflexos de natureza econômica, política, social ou jurídica.

Reflexos de natureza econômica seriam os que tivessem alguma influência na política econômica do governo, como planos econômicos, reajustes salariais etc.

32 Reflexos políticos também teriam o sentido dos que tivessem influência na política adotada pelo governo, que não seria apenas econômica. Isso também poderia envolver questões sociais.

O TST pode entender que se trata de mais um requisito para a admissibilidade do recurso de revista, além dos já previstos nas alíneas a e c do art. 896 da CLT.

O entendimento também poderá ser no sentido de dar preferência a recursos de revista que envolvam reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica, que teriam mais importância do que outros aspectos, principalmente para o governo. Isso ocorreria justamente porque tais assuntos seriam mais importantes do que outros, daí se falar em transcendência.

O julgamento terá de ser público, sendo vedado julgamento secreto, como ocorria quando havia a arguição de relevância.

A transcendência deve ser observada nos recursos apresentados a partir da vigência do art. 896-A da CLT.

7.3.2.3 Efeito

O § 2º do art. 896 da CLT, na redação determinada pela Lei nº 7.701/88, previa que o juiz presidente do TRT iria dar o efeito ao recurso de revista, que poderia ser o suspensivo ou o meramente devolutivo. A determinação do atual § 1º do art. 896 da CLT, com a redação da Lei nº 9.756/98, menciona que o recurso de revista só terá efeito devolutivo. Não há mais efeito suspensivo a ser dado ao recurso de revista.

O mandado de segurança pode voltar a ser utilizado para dar efeito suspensivo ao recurso de revista, quando ficar demonstrado direito adquirido que importe prejuízo irreparável ao recorrente. O mesmo efeito poderá ser obtido com a cautelar, desde que presentes a fumaça do bom direito e o perigo da demora. Diante da redação do art. 899 da CL T, em que os recursos têm efeito meramente devolutivo, dificilmente vai ser conferido efeito suspensivo ao recurso de revista.

Com o efeito devolutivo ao recurso de revista, a parte poderá requerer a extração da carta de sentença, visando a execução provisória do julgado.

A redação anterior do § 2º do art. 896 da CLT, de acordo com o Decreto-lei nº 8.737, de 19-1- 46, mencionava que quando o recurso tivesse apenas o efeito devolutivo a carta de sentença, para execução provisória do julgado, poderia ser requerida em 15 dias.

A atual redação do § 2º do art. 896 da CLT nada fala sobre o prazo para extração da carta de sentença. Socorrendo-nos do art. 521 do CPC também não verificamos qual seria o prazo para a referida extração. Aplicaríamos, então, por analogia, a regra anterior, de que o prazo para extração da carta de sentença, pelo costume, seria de 15 dias.

Todavia, para evitar qualquer problema quanto a interpretação do prazo, deve a parte pedir a extração da carta de sentença o mais rápido possível, visando à execução provisória do julgado, sob pena de o processo não mais se encontrar no TRT, subindo para o TST. A carta de sentença deverá atender os requisitos do art. 590 do CPC (autuação, petição inicial e procuração das partes, contestação, sentença exequenda e despacho do recebimento do recurso). No TST, a carta de sentença poderá ser requerida para execução provisória, quando não a houver providenciado a parte na instância inferior e pender de julgamento do Tribunal recurso sem efeito suspensivo. O pedido será dirigido ao Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, que o apreciará. A carta de sentença obtida conterá as peças indicadas, que serão autenticadas pelo funcionário encarregado e assinada pelo Presidente.

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7.3.2.4 Alínea a

A alínea a do art. 896 da CLT prescreve a hipótese da admissão do recurso de revista quanto a divergência jurisprudencial.

Ocorrerá divergência jurisprudencial quando for dado a um mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa por outro tribunal. Nesse caso, não ensejará recurso de revista com fundamento nessa alínea interpretação divergente quanto a dispositivo constitucional, nem de lei estadual ou municipal.

A interpretação divergente ocorrerá em relação a outro Tribunal Regional, tanto quanto ao Pleno ou de Turmas. Não é mais possível a indicação de divergência jurisprudencial do mesmo tribunal, seja por meio de suas turmas ou do pleno. A razão é que os tribunais regionais do trabalho deverão proceder à unificação da sua jurisprudência (§ 312 do art. 896 da CLT).

No que diz respeito ao TST, é possível indicar divergência jurisprudencial do acórdão recorrido em relação a Seção de Dissídios Individuais, que tem por função justamente unificar a jurisprudência trabalhista das turmas daquele tribunal.

Assim, não se admitirá recurso de revista com fundamento em acórdão de turma do TST, pois os acórdãos das turmas podem ser modificados pela Seção de Dissídios Individuais (SDI), em recurso de embargos.

A redação anterior da alínea a do art. 896 da CL T não previa a hipótese de ser apresentado o recurso de revista com fundamento na Súmula de Jurisprudência Uniforme do TST, que são os seus enunciados. Entretanto, na prática, o TST vinha admitindo o recurso com esse fundamento, pois contrariava a orientação da Seção de Dissídios Individuais do TST.

Agora, há expressa previsão sobre o cabimento do recurso de revista com base em Súmula de Jurisprudência Uniforme do TST, conforme a nova redação dada a alínea a do art. 896 da CLT pela Lei nº 9.756/98.

A divergência jurisprudencial tem significado de conflitante entre os tribunais ou turmas indicados como paradigmas. Para tanto, "a divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, de

prosseguimento e de conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses divergentes na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram"

(En. 296 do TST).

O recurso de revista não será conhecido quando a decisão do juízo a quo resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência não abranger a todos (En. 23 do TST). Essa orientação é a mesma no STF, por meio da Súmula nº 283 desta Corte. Justifica-se esse entendimento porque se o acórdão recorrido tratou, v. g., de justa causa e ônus da prova, o acórdão indicado como divergente deve conter os dois fundamentos em seu bojo, e não indicar um acórdão diferente para cada fundamento, ou seja, um acórdão só para justa causa, outro só para ônus da prova. Há necessidade de que o acórdão indicado mostre os dois fundamentos numa mesma ementa.

Não caberá recurso de revista de decisões já superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do TST (En. 333 do TST). Atualmente, o § 4º do art. 896 da CLT prevê que a divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do TST.

Jurisprudência já superada no TST não será fundamento para a interposição de recurso de revista. A jurisprudência iterativa é a reiterada, que normalmente já se faz por meio dos enunciados do TST. A expressão notória, por outro lado, é um pouco ampla demais.

Entende-se que é a jurisprudência predominante e de conhecimento de todos os membros do TST, embora de certa forma se confunda com a iteratividade. Por fim, a atual jurisprudência do TST

34 presume-se que prevaleça sobre a anterior, por ser mais recente e refletir o entendimento predominante da Corte trabalhista, pois o objetivo da uniformização da jurisprudência já foi obtido.

É possível indicar como fundamento orientação jurisprudencial do TST para embasar o recurso de revista (Orientação Jurisprudencial nº 219 da SDI-1 do TST).

A Súmula 401 do STF esclarece que "não se conhece de recurso de revista, nem dos embargos

de divergência do processo trabalhista quando houver jurisprudência firme do TST no mesmo sentido da decisão impugnada, salvo se houver colisão com a jurisprudência do STF".

O Enunciado 337 do TST esclarece que:

Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente: I - junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e

II - transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de testes que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.

A fotocópia do acórdão paradigma deve ser autenticada nos termos do art. 830 da CLT. Na cópia ou certidão, deverão estar mencionadas as fontes oficiais (Diário de Justiça da União, dos Estados etc.) ou o repositório autorizado de jurisprudência, como Revista do TST, Revista Jurisprudência Trabalhista, Revista dos Tribunais Regionais. O Ato nº 270/94 do TST, de acordo com o art. 203 do Regimento interno, exige que o repertório idôneo tenha tiragem superior a três mil exemplares e periodicidade mínima semestral.

A orientação do Enunciado 337 do TST assemelha-se à posição do STF quanto a recurso extraordinário, compendiada na Súmula nº 291 desta Corte. Mesmo que os acórdãos paradigmas já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso, é mister que o recorrente transcreva nas razões recursais as ementas ou trechos dos acórdãos trazidos à colação, mencionando as teses que identifiquem os casos confrontados.

A Internet não é considerada fonte de publicação oficial.

Não caberá recurso de revista pela alínea a, do art. 896 da CLT, se a decisão recorrida estiver em consonância com enunciado da súmula de jurisprudência uniforme do TST ou de orientação jurisprudencial.

Não vinha sendo comum os tribunais regionais procederem ao incidente de uniformização de jurisprudência, apesar de já existir previsão no art. 14 da Lei nº 7.701/88, nem de expedir súmulas. Atualmente, há obrigatoriedade de o tribunal regional proceder à uniformização de sua jurisprudência (§ 3º do art. 896 da CLT). Determina a CLT que a uniformização será feita nos termos do Capítulo I, do Título IX, do Livro I do CPC (arts. 476 a 479).

Não dispõe, portanto, que será feita nos termos do Regimento Interno do TRT, independendo de previsão deste. A única hipótese em que o CPC faz referência a regimento interno é no parágrafo único do art. 479, quando menciona que os regimentos internos disporão sobre a publicação no órgão oficial das súmulas de jurisprudência predominante e não ao procedimento da uniformização da jurisprudência. Na prática, vai ocorrer que o procedimento não vai ser utilizado pela maioria dos tribunais, como já ocorreu com a previsão do art. 14 da Lei nº 7.701/88.

O § 3º do art. 896 da CLT é claro, contudo, no sentido de que a referida súmula editada pelos tribunais não servirá de fundamento para ensejar a admissibilidade do recurso de revista, pois haverá necessidade de demonstrar as hipóteses contidas nas alíneas a e c do art. 896 da CLT. Um dos fundamentos para o recurso de revista poderá ser a não observância da súmula de jurisprudência uniforme do TST ou de decisão da SDI.

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7.3.2.5 Alínea b

A alínea b do art. 896 da CLT refere-se a divergência de interpretação de lei estadual, convenção ou acordo coletivo do trabalho, sentença normativa ou regulamento de empresa de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do TRT prolator do acórdão.

Essa alínea foi acrescentada, inicialmente, pela Lei nº 7.701/88, pois não era prevista na redação anterior dada pela Lei nº 5.442, de 24/05/68. Nessa redação só existiam duas alíneas no art. 896 da CLT, que não previam a hipótese ora em comentário. A atual alínea b foi incluída no art. 896 da CLT, passando a antiga alínea b a ser a atual alínea c.

A Procuradoria do Trabalho vinha entendendo que a alínea b do art. 896 da CLT tratava de matéria de fatos e provas. Por esse motivo não deveria ser admitido o recurso de revista com base na referida norma, sendo inconstitucional a citada disposição. Ajuizou a Procuradoria do Trabalho ação perante o TST, arguindo a inconstitucionalidade do referido preceito.

O TST rejeitou a mencionada tese, editando o Enunciado 312, que afirma que "é constitucional

a alínea b do art. 896 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 7.701, de 21 de dezembro de 1988".

Lei estadual quer dizer a norma oriunda do Poder Legislativo estadual. Pode ser sobre qualquer matéria. Não poderá ser, porém, uma norma oriunda do Poder Executivo.

A referência feita na alínea b, in fine, do art. 896 da CLT diz respeito não só ao regulamento de empresa, mas a tudo o que vem antes da oração, como acordo, convenção coletiva, sentença normativa, pois é usada a conjunção ou, que, portanto, refere-se a toda a frase. A interpretação divergente ocorre apenas em relação a lei estadual, e não a lei municipal.

A lei estadual deve ser uma norma trabalhista, como se costuma dizer, um verdadeiro regulamento de empresa no âmbito estadual. Muitas vezes, porém, será difícil encontrar um acórdão nesse sentido, pois outras turmas do Tribunal podem não ter julgado o mesmo caso.

De certa forma, o exame de convenção ou acordo coletivo de trabalho, sentença normativa ou regulamento de empresa envolve a apreciação de fatos e provas, que é vedado pelo Enunciado 126 do TST e Súmula nº 279 do STF, pois o recurso de revista não visa a corrigir a má apreciação da prova produzida ou, até mesmo, a injustiça da decisão, mas a interpretação correta da lei pelos diversos tribunais trabalhistas. Hoje, porém, há expressa previsão da alínea b do art. 896 da CLT, determinando o cabimento do recurso de revista quanto à divergência jurisprudencial relativa a acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou regulamento de empresa. Não se admitirá, contudo, recurso de revista quanto à interpretação de cláusula de contrato de trabalho, por envolver reexame de fatos e provas (En. 126 do TST).

A norma coletiva na maioria das vezes só tem aplicação estadual. Dificilmente vai ser possível obter acórdão de outro regional sobre o tema, pois naquela região a norma coletiva não é aplicável. A exceção ocorre com os TRTs da 2ª e 15ª Regiões. Não dará ensejo a recurso de revista pela letra b do art. 896 da CLT, que prevê que a norma coletiva deve exceder a área de atuação do regional. Entretanto, entre as turmas do mesmo regional poderá haver divergência de interpretação da mesma norma, devendo ser objeto de incidente de uniformização de jurisprudência, não dando ensejo a recurso de revista.

No que diz respeito à divergência de interpretação de regulamento de empresa, há necessidade de que este seja de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional

No documento Apostila RECURSOS (páginas 30-38)