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Histórico

No documento Apostila RECURSOS (páginas 43-47)

7.3 RECURSOS EM ESPÉCIE

7.3.4 Agravo de Petição

7.3.4.1 Histórico

O agravo de petição, nas Ordenações, era o recurso contra as sentenças, decisões ou despachos do juiz inferior para a Relação, ou para o juiz de direito residente no mesmo julgar ou no seu Termo, ou dentro de cinco léguas onde se agravava.

Dispunha o art. 79 do Decreto-lei nº 1.237, de 1939, na redação determinada pelo Decreto-lei n2 2.851, de 10/12/1940, que:

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A reforma das decisões do juiz ou presidente, proferidas em execução, somente poderá ser obtida por meio de Agravo, interposto: quanto às decisões do primeiro, para o juiz da comarca mais próxima, investido da administração da Justiça do Trabalho; quanto às do segundo, para o próprio tribunal. Em um ou outro caso, o julgamento será em última instância. Parágrafo único. O agravo será interposto no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão, e não terá efeito suspensivo, salvo ao juiz, ou presidente, quando julgar conveniente, mandar sobrestar o andamento do feito até o julgamento do agravo.

Usava-se apenas o nome de agravo e não de agravo de petição.

O CPC de 1939 previa o agravo de petição. Era previsto para as decisões que implicassem a terminação do processo principal (art. 846), a chamada interlocutória mista.

Não podia haver o exame do mérito e para as quais não houvesse previsão de cabimento de agravo de instrumento.

O Regulamento da Justiça do Trabalho, Decreto n2 6.596, de 12-12-1940, especificou no art. 204 que:

Cabe agravo das decisões do juiz, ou presidente, nas execuções.

§ 1º O agravo será interposto no prazo de cinco dias e não terá efeito suspensivo, sendo facultado, porém, ao juiz ou presidente, sobrestar, quando julgar conveniente, o andamento do feito, até julgamento do recurso.

§ 2º O agravo será julgado pelo próprio tribunal, presidido pela autoridade recorrida ou, em se tratando de decisão do juiz de direito, pelo juiz de direito da comarca mais próxima, investido na administração da Justiça do Trabalho, a quem o primeiro informará minuciosamente sobre a matéria controvertida, ou remeterá os autos, quando tiver sobrestado o andamento do feito. Era cabível o agravo na execução, mas ainda não tinha o nome de agravo de petição.

A alínea a do art. 897 da CLT passou a prever o agravo de petição em relação às decisões do juiz na execução.

O § 2º do citado artigo eliminou o julgamento do agravo de petição por juiz de direito da comarca mais próxima:

O agravo será julgado pelo próprio Tribunal presidido pela autoridade recorrida, salvo em se tratando de decisão do presidente da Junta ou juiz de direito, quando o julgamento competirá ao presidente do Conselho Regional a que estiver subordinado o prol ator da decisão agravada, a quem este informará minuciosamente sobre a matéria controvertida ou remeterá os autos, se tiver sobrestado o andamento do feito.

O Decreto-lei nº 8.737, de 19/01/1946, deu nova redação ao art. 897 da CLT e seus parágrafos, eliminando a menção ao Conselho Regional e passando a dispor que o julgamento seria feito pelo Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da decisão agravada.

A Lei nº 5.442, de 1968, modificou a competência para julgamento dos agravos na execução, determinando que isso seria feito pelo Pleno ou pelas turmas.

Não tratou o CPC de 1973 do agravo de petição, mas apenas do de instrumento.

7.3.4.2 Denominação

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7.3.4.3 Conceito

Agravo de petição é o recurso que serve para atacar as decisões do juiz nas execuções (art. 897, a, da CLT).

7.3.4.4 Distinção

Distingue-se o agravo de petição do de instrumento. O primeiro é cabível das decisões do juiz na execução.

O agravo de instrumento é o recurso cabível quando o juiz nega seguimento a recurso interposto pela parte.

Atualmente, ambos podem ser processados por instrumento, mas também nos próprios autos principais.

7.3.4.5 Cabimento

Dispõe a alínea a do art. 897 da CLT que o agravo de petição cabe da decisão do juiz na execução.

O agravo de petição é um recurso cabível na execução e não na fase de conhecimento.

Mesmo na execução, vamos observar a regra geral de que dos despachos de mero expediente não cabe qualquer recurso, posição adotada inclusive no processo civil (art. 504 do CPC).

Não caberá agravo de petição contra decisões interlocutórias na execução, que somente serão recorríveis quando da apreciação do mérito nas decisões definitivas (§ 1º do art. 893 c/c § 2º do art. 799 da CLT e En. 214 do TST).

Não se admitirá agravo de petição, portanto, da decisão que entende não ser o caso da produção de determinada prova na execução; da que recusa a nomeação de bens à penhora, por não obedecer à ordem legal; dos despachos de mero expediente; das decisões interlocutórias, do despacho que determinou ou não a perícia contábil; da decisão que manda levantar os depósitos na execução. Não caberá também agravo de petição se não houve embargos do devedor ou impugnação à sentença de liquidação.

Não se admitirá agravo de petição de quem não é parte no processo. A exceção ocorre na hipótese de embargos de terceiro, desde que provada essa condição.

Nas hipóteses mencionadas, somente poderá haver recurso quando da decisão definitiva na execução.

Segundo a redação do § 4º do art. 884 da CLT, a sentença de liquidação somente poderá ser impugnada na oportunidade dos embargos à execução.

Anteriormente, admitia-se agravo de petição contra a sentença de liquidação. Com a edição da Lei nº 2.244, de 23/06/54, foi suprimido o agravo de petição contra a sentença de liquidação. Essa decisão somente poderá ser atacada pelo executado se não houver preclusão, nos embargos do devedor (§ 3º do art. 884 da CLT), e pelo exequente, pela impugnação, no mesmo prazo dos embargos do devedor.

A sentença que julga a liquidação não é definitiva, pois pode ser mudada quando do exame dos embargos ou da impugnação à sentença de liquidação. Assim, da sentença de liquidação não cabe agravo de petição.

Julgados não provados os artigos de liquidação, não será feita a penhora e, não existindo esta, o exequente não terá remédio apto a discutir a decisão proferida nos artigos.

46 Por esse fundamento Wagner Giglio (2007, p. 486) assevera ser cabível o agravo de petição contra sentença prolatada nos artigos de liquidação. Amauri Mascaro Nascimento (1999, p. 550) afirma que cabe o agravo de petição quando os artigos de liquidação são julgados não provados. Entretanto, os artigos de liquidação podem ser renovados e provados pelo exequente.

A decisão que julga os artigos de liquidação é, inclusive, interlocutória. O juiz, nos embargos, poderá modificar a sentença de liquidação. A Lei nº 2.244 suprimiu o agravo de petição contra sentença de liquidação.

Caso a parte perca o prazo para apresentar embargos à execução ou impugnação à sentença de liquidação não poderá se utilizar de agravo de petição, pois esse recurso não substitui os embargos ou a impugnação.

Não caberá agravo de petição na execução provisória, pois a execução para na penhora (art. 899 da CLT) e não pode prosseguir, além do que a decisão pode ser modificada em grau de recurso ordinário pelo tribunal.

Questões relativas a remição, adjudicação ou arrematação não ensejarão agravo de petição, mas embargos, pois envolvem decisões interlocutórias ou meros despachos.

Haveria, inclusive, supressão de instância se fosse examinado o agravo de petição pelo tribunal, em razão de que a decisão poderia ser modificada na sentença que julga os embargos.

O agravo de petição caberá, portanto, da decisão que julgar os embargos do devedor, de terceiros, à praça, à arrematação, à adjudicação, a impugnação à sentença de liquidação. Já se admitiu o agravo de petição no despacho que anulou acordo e pôs termo à execução, por ser terminativo de instância.

Da decisão que julga extinta a execução cabe agravo de petição, pois é uma decisão de mérito. O mesmo ocorre na decisão que acolhe a prescrição intercorrente.

Da decisão que entende haver incompetência da Justiça do Trabalho para determinada questão caberá agravo de petição.

Não cabe remessa de ofício na execução, pois diz respeito apenas à fase de conhecimento. Assim, o ente público deverá apresentar o recurso de agravo de petição.

Se o valor dado à causa for de até dois salários mínimos, não caberá recurso da decisão em execução, isto é, o agravo de petição, salvo se houver discussão sobre matéria constitucional. Como o § 4º do art. 2º da Lei nº 5.584 dispõe que nas causas com valor de alçada não cabe nenhum recurso, serão inadmissíveis o agravo de petição e também o agravo de instrumento. Não importa qual é o valor da execução, mas o valor dado à causa.

A alínea a do art. 897 da CLT refere-se a juiz ou presidente. A palavra juiz quer dizer juiz de direito, quando investido de funções trabalhistas. A palavra presidente significa o juiz presidente da antiga Junta de Conciliação e Julgamento e atual Vara do Trabalho. Pode também a palavra presidente significar o presidente do Tribunal Regional do Trabalho, nos processos de sua competência originária, em que a execução é perante ele promovida.

Da decisão do juiz de direito que julgar a execução em processo trabalhista de sua competência caberá também o agravo de petição.

A matéria discutida no agravo de petição é a mesma que foi objeto da sentença desfavorável à parte, que julgou, por exemplo, os embargos ou a impugnação à sentença de liquidação.

Quando o agravo de petição versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em apartado, e remetidas à instancia superior para apreciação, após contraminuta (§ 8º do art. 897 da CL T). É mais fácil a extração de

47 peças para subir apenas o recurso do INSS em relação às contribuições previdenciárias, executando-se o crédito do reclamante.

O recurso cabível para o INSS na execução é o agravo de petição e não o recurso ordinário, pois o processo não se encontra na fase de conhecimento.

7.3.4.6 Depósito

Antigamente, discutia-se a necessidade de depósito recursal para o agravo de petição. Argumentava-se que o depósito seria exigido, pois nenhum recurso poderia ser admitido sem depósito (§ 1º do art. 899 da CLT). Entendia-se, porém, que não seria preciso o depósito, porque a decisão estava garantida com a penhora. A jurisprudência, todavia, não era pacífica sobre o tema.

Com o advento do art. 40 da Lei nº 8.177/91, não há mais necessidade do pagamento do depósito para a interposição do agravo de petição, visto que aquele dispositivo elenca a necessidade do depósito apenas para o recurso ordinário, de revista, de embargos e no recurso da ação rescisória, silenciando quanto ao agravo de petição. Assim, entende-se que é prescindível o depósito no agravo de petição, mormente pelo fato de a execução já estar garantida pela penhora. Persiste a inexigibilidade do depósito no agravo de petição, mesmo com a nova redação determinada pela Lei nº 8.542, de 23-12-92, ao § 2º do art. 40 da Lei nº 8.177/91, pois a execução já está garantida pela penhora e, inclusive, porque não se saberia qual o valor a ser depositado, visto que a lei não o menciona.

A letra c do item IV da Instrução Normativa nº 3/93 do TST estabelece que, "garantida

integralmente a execução nos embargos, só haverá exigência de depósito em qualquer recurso subsequente do devedor se tiver havido elevação do valor do débito".

Elevação do valor do débito poderia ocorrer com a correção monetária diária e com os juros de mora. A correção monetária, porém, é mera atualização do valor da dívida. Poderia ocorrer também de no julgamento da impugnação à sentença de liquidação o juiz fixar valor superior à condenação e a penhora teria sido feita por valor anterior, que é menor. Nesse caso, segundo a Instrução Normativa, haveria necessidade de depósito para o devedor recorrer, visando garantir o juízo em relação a essa diferença.

7.3.4.7 Custas

As custas na execução serão pagas ao final (art. 789-A da CLT). Não há necessidade de pagar custas para a admissibilidade do agravo de petição.

7.3.4.8 Prazo

O prazo para a interposição do agravo de petição é de oito dias (art. 6º da Lei nº 5.584170). Para as entidades de direito público, suas autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica, observar-se-á o prazo de 16 dias para o seu recurso e suas contrarrazões (Decreto-lei nº 779/69).

O Ministério Público também terá prazo em dobro para apresentar o recurso.

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