• Nenhum resultado encontrado

Os conflitos pela terra nas frentes de expansão: a disputa entre posseiros e fazendeiros de gado

desenvolvimento capitalista

2.6 Os conflitos pela terra nas frentes de expansão: a disputa entre posseiros e fazendeiros de gado

A facilidade com que os camponeses ocuparam as terras no norte de Goiás e a melhoria em suas condições de vida não significa que deixavam de viver relações conflitivas: as contradições enfrentadas nas áreas de terras livres eram diferentes de onde a terra já tinha assumido sua forma capitalista. Os posseiros não viviam um sonho idílico na fronteira, estes

314 OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista/ O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003, p. 42. 315

SILVA, José Graziano da. A Modernização Dolorosa: estrutura agrária, fronteira agrícola e trabalhadores rurais no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1981, p. 117.

espaços eram também ocupados por pecuaristas que, apesar de inicialmente não se oporem ao apossamento das terras em regiões próximas das suas fazendas de gado, poderiam, pela necessidade de incorporar novas terras pelo crescimento do rebanho ou esgotamento do solo, abrir uma ofensiva contra suas glebas.

A pecuária era a atividade mais adequada e rentável nessas áreas devido à ausência de estradas que impediam a prática da agricultura comercial voltada à exportação. Três fatores explicam a predominância das fazendas de criação nesta região. Primeiro, a topografia do planalto central, sem grandes acidentes, favorecia a criação de gado e, embora a vegetação predominante – o cerrado – fosse de baixo valor nutritivo, alimentando, em média, uma rés por hectare, podia-se ampliar a área de pastagem estendendo os limites das fazendas. Segundo, as fazendas de criação, com exceção do gado, quase não exigiam investimentos. As construções eram rústicas e os processos utilizados na criação não demandavam muito trabalho. O gado era criado solto, na “larga”, “quase não havia cerca dividindo pastos e fazendas”317

devido às dificuldades de importação do arame pela precária estrutura de transportes e pela baixa mercantilização da produção de gado para compra-lo.

Nos gerais não há marcos divisores dos bens imóveis. Diz-se que a terra é de fulano ou beltrano, quando se observam as ancas do gado marcadas a ferro: as reses ora se amontoam na propriedade de seus donos, ora na dos vizinhos. O arame é um rio por onde o gado não pode atravessar318.

Por ser esta a condição da criação do gado, o que diferenciava o rebanho de um fazendeiro com o de outro era a marca de seu proprietário. As cercas eram vedações de madeiras improvisadas pelos sertanejos nas plantações para protegê-las do gado, de porcos e de outros animais. O fazendeiro, absenteísta, delegava ao vaqueiro a administração da atividade criatória, e este recebia como pagamento uma porcentagem dos bezerros que nasciam. Em algumas situações, o vaqueiro conseguia reunir um número razoável de rés e iniciar sua própria fazenda de criação.

O rebanho bovino era composto do gado curraleiro, conhecido como pé-duro, raça que tem em sua característica a rusticidade, a capacidade de adaptação em locais de baixa qualidade como o cerrado goiano e, por isso, não exige tantos cuidados. A produção do gado curraleiro caracterizava-se “processos rotineiros” e reduzido investimento de capital319.

317

BORGES, Barsanufo Gomides. Goiás nos quadros da economia nacional, 1930-1960. Goiânia: Editora UFG, 2000, p. 112.

318 PATERNOSTRO apud BORGES, op. cit., p. 133 319

Diferente, por exemplo, da pecuária desenvolvida no sul e sudoeste goiano, em que já se registrava a introdução do gado de raça e a presença do capital na produção para abastecer as regiões de Minas Gerais e São Paulo. CAMPOS, Francisco Itami. Questão Agrária: Bases sociais da política goiana (1930-1964). Tese

Segundo Fernandes Sobrinho: “O gado curraleiro, era criado extensivamente nos logradouros de águas vertentes, nos lambedouros, nas campinas agrestes, nos buritizais e fraldas de morros, comendo mais o sal da terra. O sal do reino320, somente uma vez por ano, nas salgas de novembro”321

.

Por fim, os obstáculos para a comercialização dos produtos agrícolas, devido à carência de estradas, podiam ser superados em partes pela pecuária: o gado era levado pelas “estradas boiadeiras” e comercializados na “região setentrional do país por via terrestre, e, após 1940”322

, também por via aérea, para as capitais dos estados do Norte-Nordeste, o que levou ao aumento das exportações de carne. Mas, mesmo assim, as fazendas de criação continuavam organizadas de forma arcaica, predominando um gado nativo de baixa qualidade e reduzido investimento de capital. Com a pecuária, o produto de sua atividade superava os obstáculos impostos aos produtos agrícolas, pela carência de estradas, pois eles mesmos poderiam ser levados até o mercado.

Para Campos, “essas mínimas exigências de capital e de mão-de-obra, aliadas a vastidão territorial, facilitava sobremaneira a reprodução e ampliação desta atividade”323

. Desse modo, a despeito da importância da pequena lavoura camponesa, é a pecuária a principal atividade econômica do estado. E, por isso, era uma atividade exercida por homens ricos e chefes políticos. Hugo de Carvalho Ramos, escritor goiano, descreve as fazendas de gado e seus proprietários:

Em pontos mais ou menos distanciados de sedes e municípios, (...) existem as chamadas fazendas de criação. Os seus proprietários, quase sempre ricos- homens ou chefes políticos de prestígio, vivem comumente nas cidades; não possuem apenas um e duas fazendas, mas quatro e cinco e às vezes mais. Lá aparecem somente pela época das vaquejadas, quando se tem em vista fazer a contagem das crias do ano, a sua „férra‟, tirar a „marca de tala‟, remuneração do vaqueiro, ou vender as boiadas a compradores que surgem com as primeiras chuvas. (...) A cultura da terra é ali mínima, senão nula, limitada apenas aos gastos do pessoal. Disso incluem dois ou três camaradas (...)324.

No médio-norte goiano, muitos dos pecuaristas ocupavam papel de destaque em suas cidades. Era o caso por exemplo do coronel Gaspar Fernandes de Carvalho, patriarca da

(Doutorado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985, p. 8

320

O sal do reino era o sal industrializado e de difícil acesso pelos pecuaristas do norte de Goiás por seu elevado preço, devido às taxas de transporte até chegar à região.

321 FERNANDES SOBRINHO, op. cit., p. 13 322

BORGES, Barsanufo Gomides. Goiás nos quadros da economia nacional, 1930-1960. Goiânia: Editora UFG, 2000, p. 120.

323 CAMPOS, op. cit., p. 6.

tradicional família Fernandes de Carvalho, que, segundo Fernandes Sobrinho325, foi dona de quase todos os meios de produção de Uruaçu, além de ocuparem os principais cargos políticos, administrativos e jurídicos na cidade.

Não raro, os proprietários dedicavam-se também ao comércio ou estabeleciam relações estreitas com os comerciantes para explorar os posseiros e agregados. Nos lugares onde o sistema produtivo predominante é o gado criado à solta, os fazendeiros não têm a preocupação em um “estabelecimento continuado da propriedade”326

e, assim como posseiros, assentavam seu direito às terras a partir do domínio de uso.

Mesmos os proprietários que tinham títulos não se preocupavam em fazer um testamento dividindo a terra entre seus herdeiros, e nem estes tinham a preocupação em regularizar a situação. De acordo com Fernandes Sobrinho327, a partilha da terra herdada era feita nominalmente entre os filhos. Dividido o quinhão respectivamente a cada filho a partir de marcações naturais, esses limites eram respeitados:

Prevalecia ainda o sistema das terras em comum, que consiste no seguinte: o pai avaliava a propriedade em dinheiro e dividia a soma fictícia em partes iguais para cada filho de ambos os sexos. A cada quinhão, que dão o nome de „primitivo‟, corresponde a quantidade X em alqueires não medidos que são as seções de herança, cujos limites são definidos por um acordo geral entre filhos e genros.

Geralmente, os herdeiros aos primitivos não tinham noção exata de sua propriedade. A norma que detinha o avanço de uns nas terras do outro era o respeito, que garantia a posse da herança da terra de modo a não prejudicar a ninguém (...)

O sistema de respeito funcionou em Goiás desde os tempos ainda do ciclo do ouro. Todos respeitavam uma certa metragem de terreno, a partir da carta até o local de servir ao vizinho.328

Ademais, as terras também eram adquiridas por seções de heranças, que, como vimos acima, não garantia a legitimidade dos títulos. Foi assim, segundo Fernandes Sobrinho, que muitos povoadores mineiros e baianos, em Uruaçu, “ocuparam paulatinamente os cursos d‟água, cercando várzeas, rebentões, vazantes e morros, comprando seções de heranças dos antigos sertanejos” 329

. O desinteresse pelos títulos está relacionado aos elevados custos para legitimação da terra, como medir, demarcar e transferir a documentação para os diferentes

325

O autor era sobrinho neto do fundador de Uruaçu.

326

MAIA, Cláudio Lopes. Os Donos da terra: a disputa pela propriedade e pelo destino da fronteira: a luta dos posseiros em Trombas e Formoso 1950/1960. [Tese de Doutorado]. Goiânia: Programa de Pós-Graduação em História UFG, 200, p. 88.

327

FERNANDES SOBRINHO, op. cit., 1997, p. 69.

328 Ibid., p. 69. 329 Ibid., p. 17.

herdeiros num momento em que a terra apresentava um baixo preço por não oferecer condições de aferimento da renda capitalista.

Assim, tanto os camponeses, que encontraram no norte do estado a materialização do tão sonhado acesso à terra, quanto os médios e grandes fazendeiros, que se dedicavam à pecuária extensiva com o gado criado solto, estavam na condição de posseiros e não tinham limites muito definidos sobre seus domínios. Com efeito, nas regiões de terras livres a propriedade se constituía pelo domínio temporário da terra. Segundo Claudio Maia:

(...)a indefinição dos limites territoriais das propriedades, a convivência da lavoura camponesa e do criatório de gado e a ausência de uma posse continuada da terra são os elementos que definem o espaço das „terras livres‟, sem que se entenda, por isso, a ausência completa de dominação330

.

Contudo, a coexistência entre posseiros e criadores de gado nas regiões de terras livres não estava isenta de conflitos. Era comum que, logo após se apossarem das terras, os criadores de gado, que não haviam colocados obstáculos para a ocupação, pressionassem os camponeses a pagarem o arrendo. Essa ofensiva dava-se mesmo sem o recurso do título legítimo da propriedade. Essa prática ainda podia ser observada no final dos anos 1950 como registrou o perióidico Jornal de Notícias, embora neste momento o que definiria o conflito era a expropriação das terras: “Convém relembrar que, todos os anos ao se aproximarem das colheitas, que tanto sacrifício custam aos pobres roceiros, aparecem os espertalhões, os quais, sempre se dizendo donos das terras, insistem em receber arrendos e outras indenizações”331.

Este universo era regido pelo costume do uso como garantia de domínio, apresentava conflitos que repousavam no uso diferenciado da terra entre camponeses e criadores de gado que advém de práticas e tradições transmitidas desde a colonização, e que compõem daí o sentido de propriedade e suas diferenças enquanto classes sociais. O uso como domínio de propriedade é um costume antigo no Brasil e ampara, sob diferentes concepções, as noções de propriedade dos camponeses e dos fazendeiros. A existência desde os tempos mais remotos do apossamento, fundamentou a concepção de propriedade entre posseiros e criadores de gado e dos grupos sociais que ocupam as zonas de terras livres, como é o norte de Goiás.

Assim, se os latifundiários e os camponeses tinham em comum o sentido de propriedade baseado no uso da terra, este era forjado a partir das condições históricas e sociais que esses grupos se constituem enquanto classe, e das diferentes configurações que delimitam o espaço de atuação e reprodução social dessas classes em suas relações de produção, o que

330 MAIA, op. cit., 2008, p. 90.

compreende, segundo Marx, a forma com que fazem sua história a partir de “circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas pelo passado”332

.

É por esta condição de classe que se compreende a ofensiva dos fazendeiros aos posseiros, e como ela não é voltada essencialmente para a expropriação. Para os senhores de terras, o uso estava assentado no domínio como propriedade individual não capitalista, mesmo que esse uso não fosse resultado de sua exploração mas da exploração de terceiros, e, no caso dos criadores de gado, pela capacidade de pastagem de seu rebanho; ao passo que para o pequeno posseiro, o uso da terra ancorava-se no trabalho efetuado nela, a terra é, então, fonte de sobrevivência e uma melhor condição de reprodução social em relação a outras formas de trabalho no campo.

Isso mostra porque que os conflitos que marcam o norte de Goiás, onde a ocupação das terras dava-se pelo apossamento, foi a ofensiva dos criadores de gado sobre as terras dos camponeses, que, mesmo sem títulos legítimos das terras, buscam submetê-los à condição de agregado. A convivência entre lavoura camponesa e pecuária, num contexto de indefinição dos limites dos estabelecimentos rurais, com a posse e o uso, baseando na contínua apropriação da terra com o esgotamento do solo, tanto por parte dos camponeses que se dedicavam a lavoura, quando pelos criadores de gado, não implicava num conflito que culminasse na supressão de um em detrimento do outro. A disputa não ocorria pela propriedade da terra em si, mas pelo uso, pela exploração decorrente dela.

Para o fazendeiro, a riqueza estava no seu rebanho e a ampliação dos limites de sua propriedade decorria de seu crescimento e das necessidades de força de trabalho, numa região onde essa era escassa, submetendo o camponês à condição de meeiro ou agregado333. Era uma estratégia importante para os criadores de gado que, em face da reduzida oferta de mão de obra, fazia do posseiro seu subordinado. Fernandes Sobrinho destaca a função exercida pelo agregado nas fazendas de criação: “Tanto o arrendatário agregado, como o meeiro, no período de entressafra, eram aproveitados para reparos na fazenda, bateção de pasto, vedação de açude

332 MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. In. A Revolução Antes da Revolução vol. II. São Paulo:

Expressão Popular, 2008, p. 207

333 Segundo Andre Gunder Frank, a forma com que o grande proprietário explora o camponês/trabalhador rural

depende das circunstâncias e das condições de produção, e são sempre determinadas “pela economia capitalista de que aquele faz parte” FRANK, op. cit., 2012, p. 87. Nesse sentido, ele argumenta: “Em certos casos, é relativamente fácil explicar a persistência ou a introdução de uma determinada forma de relação. As diárias e os contratos de curto prazo, por exemplo, são mais convenientes se a oferta de mão de obra é grande e segura com relação à demanda real e potencial do proprietário de terras, quando um plantio permanente é economicamente indicado, quando o proprietário, por razões de especulação, quer mudar rapidamente de um plantio para outro, quando os tempos estão bons, quando, por causa da inflação, o valor do dinheiro diminui etc. Em outras circunstâncias e lugares, como quando a oferta de mão de obra escasseia, o pagamento em espécie e várias formas de inquilinato, que prendem o trabalhador a determinado fazendeiro, são mais vantajosas para este último. Ibid., p. 87.

limpação de regos, asseros e consertos em cercas e aberturas de estradas. Estas empreitadas eram melhor remuneradas” 334

.

O interesse dos fazendeiros estava assentado na exploração da mão de obra camponesa, faziam isso submetendo-os à condição de agregados e exigiam-lhes o pagamento pelo uso da terra. Nesse sentido, a expansão das fazendas de criação ocorria, com frequência, com o avanço sobre as glebas dos posseiros, que cultivavam o solo deixando-o pronto para a formação de pastagens, além de oferecer mão de obra assalariada num lugar onde ela é escassa335.

Portanto, a ofensiva dos pecuaristas contra a terra dos posseiros e ocupantes não era direcionada para a expropriação visando aproveitar o mercado de terras ou a producação cpaitalista, pois a debilidade dos meios de comunicação impedia auferir a renda fundiária capitalista. Deste ponto de vista, a expropriação dos posseiros, não foi inicialmente o motivo dos conflitos nesses lugares. Concordamos com Maia336

que:

No território das “terras livres”, como o uso era o elemento principal na definição da propriedade e como era partir destes que se davam as disputas, a terra não se configurava no elemento essencial da formação e da delimitação da propriedade. O sentido de propriedade estava no uso diferenciado que se dava à terra, no qual o camponês, assegurava a extensão do seu terreno na sua capacidade de trabalho e os criadores de gado definiam sua propriedade pela capacidade que tinha o seu gado de se colocar em busca de novas pastagens. Esta configuração da propriedade nas zonas das “soltas” não poupava as regiões dos conflitos, embora a expropriação do outro não fosse o objetivo principal dos oponentes.

Se os criadores de gado, em sua grande maioria, ocupavam as terras através do apossamento, portanto, sem o recurso do título, como submetiam o posseiro (pequeno agricultor) a pagar arrendo ou prestar serviços? Pelo poder, influência e prestígio político obtidos na cidade/região em que estão situadas suas terras. Assim, em uma realidade onde é inviável o aferimento da renda capitalista, vigorava formas de exploração baseadas no uso, cujo domínio se constituía pela capacidade que uma classe se sobrepõe à outra, necessariamente pela violência e poder temporal, sem recorrer à produção de títulos para viabilizar decisões judiciais, fundamentais à expropriação de terras. Não existe aí o recurso jurídico que assegura a propriedade capitalista da terra, o poder sobre as terras era decidido de forma meramente arbitrária pelos grandes proprietários em detrimento dos pequenos posseiros.

334

FERNANDES SOBRINHO, op. cit., 1997, p. 36.

335 BORGES, op. cit., 2000, p. 122. 336 MAIA, op. cit., 2008, p. 51.

Assim, até o início da década de 1950, o processo de ocupação do norte de Goiás por posseiros se deu sem grandes impeditivos e o regime predominante da propriedade fundiária se assentava, basicamente, na terra como domínio de uso, tanto entre os posseiros que se dedicavam à produção agrícola como os grandes fazendeiros que se dedicavam à pecuária.

Todavia, essa situação se altera a partir da segunda metade década de 1950, quando ocorreu a transferência da capital federal para o território goiano. Houve uma valorização e mudaram-se as relações que os diversos grupos sociais tinham com a terra. No norte goiano registrou-se uma corrida por títulos e o processo de dissolução do uso da terra como garantia de domínio; no sul ocorreu o impulso à modernização da produção agrária.

Capítulo 3

A emergência do mercado capitalista de terras em Goiás 1950/64: grilagem,

Outline

Documentos relacionados