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O homem e a terra em Goiás: trajetórias, experiências e expectativas na ocupação do norte goiano

desenvolvimento capitalista

2.2 O homem e a terra em Goiás: trajetórias, experiências e expectativas na ocupação do norte goiano

O norte de Goiás era uma extensa área que ia desde o médio-Norte até a região onde hoje está situado o estado de Tocantins, e estava localizado na Amazônia Legal. Sua ocupação começou a partir da década de 1940, com a expansão da fronteira agrícola impulsionada pela Marcha para o Oeste. A origem desse povoamento está atrelada à possibilidade anunciada pelo governo de se obter glebas na CANG.

221 CAMPOS, Itami. Questão Agrária: Bases sociais da política goiana (1930-1964). Tese (Doutorado em

Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985, p. 24.

Os que não conseguiam lotes na CANG ocuparam terras nas regiões circunvizinhas à colônia ou deslocavam-se para o médio-Norte e norte de Goiás, onde foram orientados sobre a possibilidade de se apossarem de devolutas: corria a notícia de que nesta região as terras estavam “livres das pragas dos donos”, ou seja, não tinham patrão, para lembrar o personagem Negro Carrero223, do escritor José Godoy Garcia224. Esta expectativa fazia parte do imaginário daqueles que eram seduzidos a migrar para os rincões do setentrião goiano. O camponês de Porangatu, em depoimento à Jacinta Sampaio, conta como foi persuadido a ir para a região:

(...) vim para Porangatu em 1954, eu, minha mulher e meus sete filhos. Saímos de Cajazeiras na Paraíba, mas lá não deu certo. Não tinha trabalho. Aí eu voltei para Paraíba para pegar minha última colheita de algodão. Quando cheguei lá, meus parentes tavam se arrumando para ir para Goiás. Aí pensei – aqui eu não fico não. O pau-de-arara saía de lá dentro de três dias. Cheguei em casa e falei para minha mulher – arruma nossa catrevagem que nós vamos para Goiás, porque Manoel Cipriano (amigo do sr. Abel) disse que lá tem muita terra avulsa é só chegar e trabalhar ele falou também que lá quando não chove o mato continua verde225.

De acordo com o relatado no testemunho acima, para a região migravam também camponeses que não tiveram em sua trajetória a passagem pela CANG, mas que foram atraídos por notícias que circulavam na rede de comunicação camponesa de que aquelas terras eram devolutas. Neste caso o acesso a elas dava-se sem obstáculos. Somados a estes posseiros migrantes, havia na região os que já ocupavam aquelas terras anos ou décadas anteriores a este intenso fluxo demográfico. Portanto, a expansão da fronteira para o Norte em uma região onde havia uma grande quantidade de terras de livres, atraiu camponeses que buscavam através da posse melhores condições de vida.

A ocupação de terras livres não supõe um território vazio, sem a presença do homem e outras formas de sociabilidade e apropriação das riquezas extraídas de solo, mas uma região de concentração demográfica, que não se encontrava ainda dominada pela marcha da “civilização” e pelos impulsos modernizantes da economia capitalista, ou seja, grande parte das terras não eram apropriadas privadamente. Segundo Maia, terras livres “seriam aquelas que estavam livres do apossamento e poderiam ser ocupadas com base unicamente no trabalho” 226

. Só assim faz sentido a noção de propriedade com base no uso, pois, como acrescenta o autor, “(...) do ponto de vista do ordenamento jurídico da propriedade privada,

223

O personagem Negro Carrero foi inspirado no posseiro que participou da luta em Trombas e Formoso.

224 GARCIA, José Godoy. O caminho de Trombas. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1966.

225 SAMPAIO, Jacinta de Fátima Rolim. A História da Resistência dos posseiros de Porangatu – GO (1940 –

1964). Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal

de Goiás, Goiânia, 2003, p. 44.

todas as terras que, após a Lei de Terras de 1850 foram declaradas sem ocupação privada, tornaram-se terrenos devolutos no caso, propriedades do Estado e passíveis de ocupação somente pela compra”227

.

Predominava, então, o regime de propriedade baseado no uso da terra, uso este que se fundamenta em noções diferentes de direito entre posseiros e fazendeiros, através da forma com que exploram suas terras, sendo assim, uma região marcada pela ausência da institucionalização da propriedade. Nesse sentido, a propriedade constituía-se na ocupação de terras devolutas ou, propriedade individuais228, cujos títulos não ofereciam qualquer segurança jurídica.

A ausência de meios de comunicação que ligassem o norte de Goiás ao restante do estado e, principalmente, com a economia do sudeste do país, não atraía o interesse do capital porque não havia condições de auferir a renda capitalista da terra, por isso, grande parte delas não eram exploradas e as que estavam sob o domínio individual os ocupantes não tinham interesse em regularizá-las.

Um panorama mais detalhado dessa situação é apresentado pelo IBGE sobre o número de estabelecimento rurais229 explorados por ocupantes e proprietários. O IBGE definiu como ocupante os que “exploram terras alheias a título gratuito, com ou sem o consentimento do proprietário”230. No Norte, “somente 5,31% das áreas dos estabelecimentos rurais estavam sob a responsabilidade do proprietário, sendo que outras 67,86% estavam sob a responsabilidade de ocupantes”231

. Mantém-se na década de 1950 uma boa porcentagem dos estabelecimentos sob o domínio de ocupantes:

(...) 48,19% da área dos estabelecimentos na Zona do Alto Tocantins estavam sob a responsabilidade de ocupantes. Esta proporção se torna significativa quando comparada com regiões de ocupação mais antiga, como, por exemplo, a Zona Sul do Estado, cujos ocupantes controlavam 1,38% da área, ou a Zona Sudoeste onde estes dominavam 1,75%. (...) A presença significativa dos ocupantes na Zona do Alto Tocantins só perdia para a Zona Norte onde estes controlavam 66,41% das áreas dos estabelecimentos, o que permitiria a afirmação de que nesta região, na década de 1950, as terras

227 Ibid., p. 74-75.

228 Propriedade que se constituía pelo domínio pessoal sem o recurso do título fundiário. 229

A definição de estabelecimento rural segundo o IBGE: “considerou-se como estabelecimento todo o terreno, de área contínua, independentemente do tamanho, formado de uma ou mais parcelas confinantes, sujeito a uma única administração, onde se processava uma exploração agropecuária, ou seja: cultivo do solo com culturas permanentes ou temporárias, inclusive hortaliças e flores; a criação, recriação ou engorda de gados; a criação de pequenos animais; a silvicultura ou reflorestamento; e a extração de produtos vegetais”. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. VI Recenseamento Geral do Brasil, 1950b, série regional – Goiás, Censo Agropecuário, Rio de Janeiro: IBGE p. XV.

230

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. VI Recenseamento Geral do Brasil, 1950b, série regional – Goiás, Censo Agropecuário, Rio de Janeiro: IBGE, p. XV.

estavam livres de qualquer tipo de titulação, com o direito de propriedade assentado quase que fundamentalmente no uso232.

A predominância do ocupante como aquele que explora a terra “a título gratuito, com ou sem o consentimento do proprietário”233

, indica que grande parte das terras eram devolutas e as que estavam sob domínio privado não tinham segurança jurídica de seus títulos, sendo a propriedade basicamente constituída pelo apossamento. O levantamento da natureza da propriedade em Goiás, entre 1950-1960, feito pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (IDAGO)234, confirma que grande parte das terras do estado eram devolutas, das quais a maior parte estava situada no norte do estado:

Natureza da Propriedade em Goiás - 1960235

Especificação %

Privada 30%

Estado 70

Total 100

Fonte: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário de Goiás – 1950-1960, extraído da obra de COSTA, Cléria Botêlho da. Posseiros e política - Goiás nos anos '60. Rev. hist., São Paulo, n.134,jun.1996, p. 63.

A ausência da propriedade capitalista é uma característica peculiar das zonas de fronteira agrícola nas áreas de frente de expansão. Segundo Martins236, a fronteira é marcada num primeiro momento pela frente de expansão, que constitui o deslocamento de camponeses, fazendeiros normalmente dedicados à pecuária, na ocupação de espaços que não foram ainda integrados ao processo de acumulação capitalista, onde estão presentes índios e extensas faixas de terras pouco povoadas. Na frente de expansão, a terra estaria livre para o apossamento, pois não se conformava ainda como uma mercadoria, fato que ocorrerá quando o capital passar a atuar diretamente na modernização, criando uma infraestrutura para a reprodução de capital, surgindo daí as instituições que vão regular o mercado de produtos,

232

IBGE apud MAIA, op. cit., 2008, p. 132.

233 Ibid, p. 78.

234 Órgão criado pelo governador Mauro Borges (1961-1964) do PSD, responsável por formular políticas de

colonização, modernização agrícola e de administrar a venda de terras devolutas, depois do fechamento do Departamento de Terras e Colonização.

235 Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário de Goiás – 1950-1960, extraído da obra de COSTA, Cléria

Botêlho da. Posseiros e política - Goiás nos anos '60. Rev. hist., São Paulo, n.134,jun.1996, p. 63.Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/viewFile/18787/20850.

236 MARTINS, José de Souza. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec,

oferta de trabalho e a “contratualidade das relações sociais”237

, marcando, assim, o movimento da frente pioneira.

Nesse sentido, a fronteira é entendida por Martins238 como o limite do humano, pois além dela, se desenvolve uma forma social distinta da civilização capitalista, de relações de produção que não são orientadas pela lógica do lucro, da propriedade privada e de formas de organização e instituições típicas do Estado moderno, mas que são integradas à reprodução ampliada do capital, conservando e reproduzindo seus aspectos não capitalistas, sem que isto se constituía um entrave ou manifestação residual de elementos de outros modos de produção, como, por exemplo, o feudalismo:

A frente de expansão é essencialmente um mundo criado pelo modo como se dá a inserção dos trabalhadores rurais, que produzem diretamente seus meios de vida, no processo de reprodução ampliada do capital. Nesse mundo, apesar da determinação capitalista de suas relações sociais, as concepções de valores precedem, na vida de seus membros, os interesses econômicos e a eles sobrepõem.”239

Partindo desses pressupostos, podemos dizer que a ocupação do norte de Goiás está vinculada ao movimento de frente de expansão e é esta condição que explica a indefinição da propriedade rural e o livre acesso à terra, confirmado pelo significativo deslocamento populacional para o estado entre os anos de 1920 a 1950. A partir de meados de 1950, quando começa a ocorrer o fechamento das terras para a produção camponesa, esse fluxo será estimulado pelas possibilidades promissoras que anunciavam a economia goiana com a criação de Brasília e as políticas de modernização implantadas pelos militares na região do Centro-Oeste240. Incremento Populacional Goiás Brasil Crescimento % Crescimento % 1920 – 1940 314.495 61,4 10.6000.710 34,6 1940 – 1950 388.507 47,0 10.708.082 26,0 1950 – 1960 698.368 57,5 19.022.788 36,6 1960 – 1970 1.025.388 53,6 23.516.240 33,1

Fonte: 1. F. IBGE – Recenseamentos 1920, 1940, 1950, 1960 e 1970241.F. IBGE – Sinopse – Censo Demográfico, Goiás, 1970, p. 14.

237 MARTINS, op. cit., 1997, p. 187. 238

Ibid.

239

Ibid., p. 186.

240 Esse movimento de povoamento e suas diferentes configurações será apresentado ao leitor no transcorrer do

texto.

241

Dados Extraídos de. CAMPOS, Francisco Itami. Questão Agrária: Bases sociais da política goiana (1930-

1964). Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,

O incremento populacional de Goiás foi significativamente superior à média nacional entre os anos de 1920/70. Ainda que nem todo esse contingente fosse direcionado ao campo, uma boa parte dele era composto de camponeses que migraram seduzidos pela expectativa de adquirir uma gleba, conforme as estatísticas da população rural e urbana.

População Rural e Urbana Goiás, Brasil, 1940-1970 1940 1950 1960 1970 População Urbana 142.110 (17,2%) 245.667 (20,2%) 575.325 (30,1%) 1.237.1087 (42,1%) População Rural 684.304 (82,8%) 969.254 (79,8%) 1.337.964 (69,9%) 1.701.569 (57,9%) Total 826.414(100,0%) 1.214.921 (100,0%) 1.913.289 (100,0%) 2.938.677 (100,0%) Fonte: Recenseamento 1940, 1950, 1960 e 1970242.

Esse crescimento populacional foi marcado por uma forte presença de migrantes mineiros e maranhenses243 que, como podemos verificar nos dados do IBGE, direcionavam-se sobretudo ao campo. Boa parte deles era composto de camponeses que ocupavam pequenos estabelecimentos nas zonas de terras livres. Segundo os números do censo do IBGE de 1920/50, o número de estabelecimentos rurais cresceu três vezes se comparado com o período anterior e quase duas vezes entre 1950 e 1960, com destaque para o aumento dos pequenos244. Em 1920, a pequena propriedade representava 31,2% do montante de estabelecimentos e em 1940 chegava a 54,2%, contudo, o seu tamanho médio é reduzido de 44,66 para 25,93245.

Com base nesses dados, conclui-se que os camponeses, ao chegarem ao norte de Goiás durante os anos de 1940 e início de 1950, não encontraram dificuldades para conseguir uma gleba e foram logo levantando ranchos e barracos nos arredores de córregos e rios, organizando-se em comunidades através dos laços de parentesco, amizades e regiões de

242 Dados do IBGE extraídos de CAMPOS, Francisco Itami, op. cit., 1985, p. 44. 243

Para maiores informações sobre a região de origem desses migrantes, consultar CAMPOS, op. cit., 1985, p. 40.

244 O Censo do IBGE considera naquele momento como pequena propriedade, terras até 100 ha; média

propriedade 100 a 1000 ha; e grande acima de 1000 há. Cf: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. VI Recenseamento Geral do Brasil, 1950b, série regional – Goiás, Censo Agropecuário, Rio de Janeiro: IBGE.

origem. Muitos deles compreendiam que o governo estadual incentivava a ocupação. Este é o entendimento um morador de Trombas, em entrevista ao jornal O Movimento, em relação à ocupação de terras nessa região:

Era uma área vazia, com pouquíssimas fazendas, quase só de terras devolutas que tinha o estado de Goiás, que forçava até por colonizar (...) Era terra do Estado, só tinha poucas fazendas, assim mesmo por longe. E tudo aqui era vazio, era terra de solta, onde os fazendeiros soltava o gado para recuperar, no tempo da seca. Tinha duas fazendas grandes, uma a Campos Belos, pros lados de Porangatu, e outra fazendeiros de Uruaçu. O mais era tudo terra sem dono. Fizemos nossos barracos de palha e fomos trabalhar, arrancar as matas, fazer as roças: nos apossamos da terra246.

O entendimento de que o governo estimulou a ocupação da região está presente também na percepção de um camponês que fixou posse em Porangatu, entrevistado por Jacinta Sampaio: “(...) nós viemos da Bahia para Porangatu em 1953 (...). Sim, nós tiramos uma posse esperando que o INCRA cortasse um pedaço de terra para nós”247

.

O entrevistado, na época com oitenta e dois anos, fez referência ao INCRA, órgão criado em 1970 para conduzir as desapropriações de terra para fins de reforma agrária e os projetos de colonização. Portanto, não existia, naquele momento, o órgão criado pela União para tratar de assuntos relacionados à reforma agrária, que era a Superintendência de Reforma Agrária (SUPRA). Ademais, a administração das terras devolutas era de responsabilidade dos estados e não da União. Neste caso, as memórias do camponês sobre aquele período são permeadas por acontecimentos posteriores. Todavia, devemos entender a referência ao INCRA como um indicativo de que o estado incentivava e reconhecia o seu direito à ocupação daquelas terras.

Esta interpretação dos posseiros sobre a posição do estado era usada como argumento para confirmar que as terras eram devolutas e legitimar o seu domínio sobre elas. Contudo, com exceção das propagandas que divulgavam a oportunidade de obter terras na CANG, não houve, até o momento, nem por parte da União nem do governo estadual outro projeto que tivesse como finalidade a colonização no norte de Goiás. Segundo Maia:

Apesar de os camponeses vivenciarem situações próximas a essa que se apresentava a eles naquele momento, havia, para muitos, um elemento novo: o deslocamento para aquela localidade havia sido feito com base na promessa do governo de que no sertão de Goiás haveria terras para quem quisesse produzir. Este chamado claro e objetivo foi feito para as terras da CANG, mas, para muitos, o deslocamento para Trombas era uma

246 Jornal O MOVIMENTO apud MAIA, Claudio, op. cit., 2008, p. 98. 247

SAMPAIO, Jacinta. SAMPAIO, Jacinta de Fátima Rolim. A História da Resistência dos posseiros de

Porangatu – GO (1940 – 1964). Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas e

continuidade do mesmo processo. As terras na região haviam sido ocupadas justamente por causa das primeiras notícias de que ali se tratavam de terras do governo. Alguns, entretanto, interpretaram livremente que haveria o interesse por parte do estado de que fossem ocupadas248.

Mas, se o governo não incentivava abertamente a ocupação, tampouco impedia que ela acontecesse sem sua autorização e acompanhamento desse processo. Por isso, os posseiros encararam esta posição como uma permissão, já que, tendo conhecimento da situação, as autoridades públicas não advertiram e nem se posicionaram contrário ao apossamento. Dessa forma, se processou a ocupação da região, de forma espontânea, sem nenhuma diretriz ou disciplinamento da questão por parte do governo.

O aumento do número de ocupantes e os depoimentos de camponeses atestam que a ocupação das terras se processou sem impedimentos, nem da parte dos criadores de gado que já residiam ali, nem do estado. Na versão de muitos posseiros, os criadores de gado até confirmavam que as terras eram devolutas. O líder camponês José Porfirio, em entrevista à revista O Cruzeiro, afirma que, quando chegou em Trombas, dois fazendeiros da região confirmavam o caráter devoluto dos terrenos e não colocaram nenhum obstáculo para sua ocupação: “Quando vim pra cá, como os outros, disseram-nos que estas glebas pertenciam ao estado. José Martins e José Navarro, que nos querem „grilar‟, afirmaram-me isso também”249. Sem ninguém para se declarar donos das terras e impedir que os camponeses fizessem delas suas posses, ocupações se espalhavam para diferentes pontos do extenso norte goiano: Goianésia, no vale do São Patrício, Uruaçu, Amaro Leite, Porangatu, no médio-norte, Gurupi, no extremo norte etc.

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