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5.1 CONHECIMENTO SOBRE A LEGISLAÇÃO QUE ENVOLVE O

5.1.2 Conhece parcialmente

O segundo conjunto de depoimentos sinaliza que alguns profissionais da instituição possuem um conhecimento parcial da legislação que garante o direito de escolha da mulher ao acompanhante. Esse conhecimento foi expresso como advindo de informações obtidas de outras pessoas e até de leituras feitas na internet ou folders espalhados pela instituição.

“Não vou mentir. Já ouvi falar. Não conheço porque não li. Sei que existe, nunca sentei pra ler com calma, tranquilamente, mas eu sei que existe” (MO3).

“[...] eu sei que é direito, que a parturiente tem direito a uma acompanhante na sala de pré-parto e na sala de parto, eu não sei o total da lei, a abrangência dela, eu só sei que existe” (TE3).

“Tem a famosa lei lá, né, que a gente não pode esquecer. Eu não sei ela direito, mas sei que é assim, forte, que é o que dá resultado prá gente e também prá elas, né. Sei que é o Ministério da Saúde que garante à mulher o direito do acompanhante durante o trabalho de parto, após o parto, e é o direito dela, tá ali na lei, tá no estatuto, foi aprovada pelo Ministério e por mais que desagrade, às vezes, algumas pessoas, e em algumas situações, de repente até, me desagrade, é o direito delas, é uma lei, não tem como a gente passar por cima disso” (TE6).

“Eu sei que é de direito, mas dizer assim o nome da lei eu não sei, tem que ser trabalhado pra que seja uma coisa legal pra todo mundo, legal também pro serviço. É algo relativamente novo, é um direito que a gente deveria ter desde sempre, mas sempre se trabalhou assim tecnicamente falando, sem envolver muito a parte do núcleo familiar, sentimental, isso a gente tem de mudar, assim como ocorreu a mudança pro alojamento conjunto. A gente nem lembra mais como era antes, acho que já incorporou” (MP7).

“Ah, tem uma lei, eu não sei como é o nome da lei, mas diz que o pai tem direito, que a mulher tem direito a acompanhante, o pai, o marido, ou quem ela escolher, mas eu nao sei te dizer qual é. O direito do acompanhante, o direito de algum acompanhante de alguém junto, no parto” (AE18).

“Eu conheço a lei por folder que tem por aí. De vez em quando a gente dá uma olhadinha. Nunca pesquisei, assim, a fundo, não. Que tem direito a acompanhante, isso tem, mas eu não pesquisei a fundo, não. Vi aquilo, mas nunca me interessei muito” (AE10).

“Eu sei que leis existem, porque tem espalhado pela maternidade todas as leis do acompanhante. Ali fala também dos direitos, dos deveres, que os hospitais têm que se adaptar. É legal, eu acho legal essa lei” (AE11). “A gente sabe que é lei, de ouvir falar. Quais realmente são os direitos do acompanhante, a gente não sabe. A gente sabe que a pessoa tem direito a acompanhante, mas até onde vai os direitos do paciente, a gente nunca soube” (AE9).

“Já li que toda paciente tem direito a acompanhante, que isso é lei, mas nem todas as vezes a lei é cumprida. É o direito do acompanhante, mas não conheço direito” (AE6).

“Assim, já li alguma coisa, mas não me detive porque eu não sou muito de ler. Mas sei que ela existe. Não conheço muito a legislação não, só sei que existe uma lei, que essa lei é que isso, que é um direito e tal, lá, que a paciente tem, mas não li muito, não conheço muito” (AE13).

“Oh, se eu disser pra você que eu conheço, não conheço, eu li alguma coisa sobre a lei que tá aí na internet, dos acompanhantes, do Ministério da Saúde, mas dizer que eu conheço, não conheço muita coisa dessa lei de agora, eu acho que antes nem tinha” (AE19).

“Só sei que é direito da parturiente ter junto com ela alguém da família acompanhando. Já li, mas não sei dizer qual artigo, qual estatuto está. É um direito da parturiente” (MP2).

“Eu já li sobre uma lei, mas não sei exatamente qual é. Hoje se coloca como uma obrigatoriedade da instituição a presença do acompanhante durante todo o processo de pré, trans e pós-parto, e não se pode impedir essa presença, mas é direito da parturiente de ter esse acompanhamento [...]. Como lei, a presença do acompanhante na maternidade tem que ser cumprida” (MP3).

“Eu sei que se deve permitir o acompanhante e que ele também tem direitos, inclusive, às refeições. Agora, se tem que dar refeições pro acompanhante, como tá sendo na maternidade Catarina Kuss, isso eu não sei. De tudo o que eu sei é que permite o acompanhante. O que deve ser feito, não sei” (MO2).

“Não sei exatamente qual é, mas sei que existe a lei do acompanhante, o processo dele, vejo que isso aqui é bem respeitado. Vejo que tentaram derrubar isso aqui com falsas leis, nada real, é a lei do acompanhante que deve ser seguida, que aqui é permitido uma pessoa da escolha dela para acompanhar todo esse processo” (AE2).

“Pois é, tem uma lei que torna a possibilidade de sempre ter um acompanhante. Se o familiar existe, existe a possibilidade [...] a gente não pode proibir a presença de familiares em todo o processo, desde o pré- parto até o pós-parto, a gente não pode impedir a presença de acompanhante no parto, salvo exceções, que possam estar interferindo no bom andar da instituiçao, né” (MP5).

“Eu sei que tem uma lei, que fala sobre o acompanhante, que ele pode estar presente, que o paciente tem direito a um acompanhante, não só no parto, mas, em todas as patologias, digamos, não que o parto seja patologia, mas em outras patologias o próprio acompanhante ele tem direito de estar com o paciente, algum acompanhante, né” (TE1).

“Eu sei que tem uma lei, não sei o número dela, mas eu sei que existe a lei do acompanhante, que garante o direito delas terem alguém junto com elas no pré e durante o parto, e até no período que elas estiverem internadas” (AE12).

“Conheço o direito do acompanhante. Sei que é um direito do acompanhante permanecer no pré-parto, parto e pós-parto, acompanhando sua esposa em todos os momentos em que ela estiver na maternidade. Quase todos falam dos direitos que ele tem, mas falar dos deveres que ele tem, eu vejo muito pouco” (MO6)

“Aí tem esses cartazes, mas eu não sei nada mais certo que isso. Sei que existe esta do Ministério da Saúde, mas eu não sei especificar nada, sei que existe. Agora, no momento, eu sei que eles têm direito de ficar e a pessoa pode escolher, quem é a pessoa que ela quer, eu acho que é a pessoa mais próxima. Mas essas coisas de lei eu não sei, não me recordo, não” (AE21).

A análise dos depoimentos aponta que esses profissionais conhecem parcamente a legislação, mesmo quando afirmam terem conhecimento através de leituras sobre o assunto. O pouco conhecimento da legislação é percebido nas colocações dos profissionais quando, ao discorrerem sobre o que versa a lei, apontam que a presença no nascimento e parto é um direito dos familiares ou pessoas que realizam este acompanhamento, e não da mulher gestante, como se a lei estivesse voltada para garantir esse direito, tão somente, à pessoa que quer acompanhar. Outros profissionais ainda enfatizam que o direito de permanecer ao lado da mulher está restrito a momentos específicos do processo parturitivo, como por exemplo, o período em que está em trabalho de parto, ou ainda, apenas no momento do parto.

A constatação da desinformação das questões legais parece ser um aspecto bastante relevante, pois influenciam diretamente na assistência que os profissionais prestam para as mulheres que internam na instituição por ocasião do parto, contribuindo para o desrespeito ao direito inerente da parturiente em ter ao seu lado alguém de sua escolha que promova apoio, tranqüilidade e segurança para vivenciar essa experiência.

Alguns profissionais apontaram que a informação sobre a lei do acompanhante foi adquirida através de cartazes e folders espalhados na maternidade, mas que não se detiveram em conhecer com maior profundidade o seu conteúdo. Essas afirmações me levam a questionar se a instituição procurou sensibilizar os profissionais para este tipo de assistência e de que forma a mesma ocorreu. Além disso, trata-se de um assunto que deveria merecer estratégias acertadas de inclusão, não apenas do ponto de vista do acolhimento institucional, mas também na perspectiva dos direitos humanos envolvidos no processo. A própria instituição assistencial parece não estar compromissada em complementar o conhecimento desses profissionais, talvez por entendê- los tecnicamente preparados e sem necessidade de um reforço extra nestas questões.