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Em toda pesquisa que envolve seres humanos há que ser ressaltados os direitos dos indivíduos que dela participam. Esta preocupação deve estar em todo o processo investigativo, isto é, desde a sua concepção, na coleta de dados, bem como na análise e divulgação dos resultados, e não apenas num particular momento (MONTICELLI, 2003).

Para normatizar as atividades de pesquisa e as intervenções que envolvem seres humanos, a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) define diretrizes que respeitam os princípios de beneficência, não maleficência, justiça e autonomia, e que foram adotados e respeitados incondicionalmente durante todo o processo de estudo.

Com o intuito de seguir os rigores de uma pesquisa científica o estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade Federal de Santa Catarina e, somente após sua aprovação, foram iniciadas as atividades de coleta de dados. Os aspectos éticos que foram assumidos no transcorrer deste estudo envolveram:

- a submissão e aprovação do projeto à Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina sob N° 391/08 (Anexo A);

- o estudo desenvolvido, bem como seus objetivos e a forma de coleta dos dados, foram apresentados aos profissionais de saúde da instituição (sujeitos do estudo), de forma individual e as dúvidas sobre o mesmo foram sendo esclarecidas durante todo o processo investigativo;

- todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e concordaram que a entrevista fosse gravada (Apêndice B);

- foi respeitado e garantido o direito de participação ou não dos sujeitos;

- para garantir o anonimato dos sujeitos da pesquisa utilizou-se a estratégia de apresentá-los, utilizando a(s) primeira(s) letra(s) da categoria profissional, seguida(s) do número correspondente à entrevista.

Respeitando os princípios de beneficência e justiça, todos os participantes tiveram garantias de que a pesquisa não traria riscos ou danos à sua vida, integridade física ou à sua saúde. Todos foram esclarecidos quanto às pretensões da pesquisadora de auxiliar no crescimento profissional, uma vez que o estudo poderia gerar reflexões sobre a prática e, conseqüentemente, mudanças em nível profissional e institucional.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, procurando responder o objetivo desta pesquisa, apresento, em cinco categorias, as concepções dos profissionais de saúde sobre a presença do(a) acompanhante no pré-parto, parto e pós- parto. Conhecer as concepções dos profissionais servirá como subsídio para a identificação de limitações individuais e coletivas que dificultam a implementação efetiva do acompanhante durante todo o processo de nascimento dentro da instituição e para direcionar estratégias que auxiliem na consecução desta prática nas dependências da maternidade. Dessa forma apresento inicialmente uma síntese, destacando o foco temático de cada uma delas para apresentar posteriormente a análise pormenorizada com as interpretações pertinentes.

A Categoria 1, Conhecimento sobre a legislação que envolve o acompanhante no parto, desmembrada em três subcategorias, tem como foco a identificação acerca do que os profissionais conhecem sobre os mecanismos legais que garantem à mulher o direito à presença de um acompanhante durante todas as etapas do trabalho de parto, parto e pós parto. Mostra que o conhecimento da legislação vigente muitas vezes não muda as concepções pessoais sobre o acompanhante, mas interfere nas posturas adotadas no atendimento à mulher e seu acompanhante. Alguns profissionais conhecem a legislação e possuem preocupações com a implementação da lei, inclusive, participando de entidades de classe que promovem discussões acerca do tema, outros conhecem parcialmente a legislação, e há também os que desconhecem ou apenas ouviram falar sobre a legislação e outros mecanismos legais relacionados ao acompanhamento da mulher nas dependências da maternidade.

A Categoria 2, Vantagens/Justificativas para a presença do(a) acompanhante, aborda os aspectos positivos identificados quando da presença no contexto assistencial ao parto e nascimento. Com relação à parturiente, os profissionais identificam os efeitos benéficos da presença do(a) acompanhante para a mulher no desenvolvimento de um processo de parto mais prazeroso, por gerar desenvolvimento de sentimentos de segurança e confiança nas suas capacidades de parir e cuidar do recém- nascido. Com relação ao RN, interpretam que o acompanhamento contribui para a criança ser bem recebida no seio familiar. No que diz respeito às vantagens para o profissional, interpretam que a presença do(a) acompanhante determina aspectos positivos, ajudando a melhorar sua interação com a mulher e valorizando-o enquanto agente de cuidado

e enquanto pessoa. Os profissionais também consideram que a presença do acompanhante propicia a reflexão do parto como um evento sócio- cultural, trazendo à tona a valorização de todos os aspectos que envolvem o parto e nascimento, não somente os biológicos, mas a influência nos aspectos mais amplos da vida das pessoas envolvidas.

Na Categoria 3 são consideradas as Características do acompanhamento, englobando quem é a pessoa que deve acompanhar; as situações que os profissionais consideram o ambiente hospitalar como inapropriado para o acompanhamento; as características do acompanhante “SUS” e do acompanhante “particular”; e do acompanhante “real” X o acompanhante “ideal”.

A Categoria 4, Dificuldades para a inclusão do acompanhante, traz as considerações apontadas pelos profissionais que interferem de diversas formas na concretização desta presença na instituição, como: a) os médicos e os profissionais de nível médio têm mais resistências, revelando aspectos da formação destes profissionais e as relações interpessoais conflituosas com os demais profissionais da área de saúde; b) a persistência do modelo obstétrico centrado na biomedicina, o que contribui para o desrespeito aos direitos das mulheres; c) a incompreensão sobre as relações intrafamiliares, que envolve complexos processos de identificação de interações conflituosas entre as mulheres e seus acompanhantes e que apontam para o despreparo dos profissionais para o atendimento à família quando situações adversas ocorrem; e d) a inadequação da infra-estrutura hospitalar para receber o acompanhante.

Na Categoria 5, Sugestões para a inclusão do acompanhante, os profissionais apresentam recomendações para superação dos aspectos que dificultam a inserção do acompanhante na instituição. Essas sugestões estão direcionadas aos profissionais e à instituição, de modo mais global, mas também referem-se às orientações que os acompanhantes devem receber para acompanhar, e, de forma complementar, apresentam sugestões para a melhoria das instalações físicas na maternidade, com o intuito de proporcionar à mulher e seu acompanhante, condições mais propícias para o conforto e bem- estar.

Durante a descrição dos resultados, apresento alguns trechos dos depoimentos mais significativos referentes àquela categoria que está em discussão. Para isso, ao final de cada depoimento, faço a inserção da sigla correspondente ao sujeito entrevistado, de acordo com sua categoria profissional, e incluo também o número que o mesmo recebeu, por ocasião da entrevista (exemplos MO = Médico Obstetra; AE =

5.1 CONHECIMENTO SOBRE A LEGISLAÇÃO QUE ENVOLVE O