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A pesquisa foi realizada em uma maternidade pública do interior do Estado de Santa Catarina. A maternidade foi inaugurada em março de 1972, com o compromisso de ser referência no atendimento obstétrico diferenciado para a região, ou seja, atendimento com qualidade técnica e humana.

Em 1987 foi criado o Banco de Leite Humano, com o intuito de incentivar o aleitamento materno, propiciando às mulheres nutrizes apoio e orientação nas questões técnicas e culturais relacionadas à amamentação, diminuindo assim os altos índices de desmame precoce que ocorria naquela realidade e, conseqüentemente, diminuir as internações pediátricas devido à intercorrências como diarréia e desidratação, ocasionadas pela introdução de leite artificial − fenômenos freqüentes na região antes da existência do Banco de Leite.

Como conseqüência da mudança de condutas e rotinas para incentivar o aleitamento materno, em agosto 1994, a maternidade recebeu o título “Hospital Amigo da Criança”, o primeiro título conquistado por uma instituição na região Sul do Brasil. Esta homenagem foi atribuída pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), do MS, que foi idealizada em 1990 pela OMS e pelo United Nations Children's Fund (UNICEF), para promover, proteger e apoiar a

amamentação. Foi o primeiro título conquistado em nível estadual. Em 1997 esta maternidade recebeu um prêmio da Rede Brasil Sul de Comunicação, pelo trabalho de incentivo ao aleitamento materno. Como a premiação consistia em recursos financeiros, a verba recebida possibilitou a aquisição de materiais e equipamentos para as atividades educativas desenvolvidas no Banco de Leite Humano. Além disto, a maternidade foi presenteada com um automóvel, usado a partir daí, para a realização de visitas domiciliares.

Esta instituição possui trinta e um leitos destinados para a assistência obstétrica e ao binômio e nove para a assistência neonatal. Estes últimos, distribuídos na UTI neonatal (cinco leitos) e na UTI intermediária (quatro leitos). Estas duas unidades para assistência neonatal foram inauguradas em 29 de abril do ano de 2008. A maternidade faz atendimento a gestantes de baixo e médio risco, com uma média mensal de aproximadamente 100 nascimentos por mês.

A maternidade possui o compromisso social de prestar assistência segura para o trinômio, incorporando práticas que se coadunam com o movimento atual em prol da humanização da assistência ao parto e nascimento (MATERNIDADE DONA CATARINA KUSS, 2002; 2007). No que concerne ao acompanhante, contudo, ainda não existem rotinas específicas, mas há um grupo interdisciplinar que está discutindo as rotinas como um todo, incluindo nesta discussão a questão do acompanhante. Apesar de ainda não existir institucionalmente um protocolo oficial sobre a presença do acompanhante e sua inserção formal no estabelecimento, a administração da maternidade confeccionou um banner com a Lei do Acompanhante e instalou-o em local estratégico, na entrada principal do prédio.

Atualmente a maternidade atende preferencialmente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que se trata de uma instituição pública, mas presta também atendimento a pacientes de convênios como UNIMED, Instituto de Previdência do Município, FUSEX e particulares. Oferece atendimento obstétrico e neonatal, psicológico, assistência social e fonoaudióloga. Os recém-nascidos saem da maternidade com o seu registro civil, uma vez que há uma agência cartorária nas suas dependências. Também recebem a primeira dose da vacina contra hepatite B e o teste da orelhinha. Na UTI neonatal é coletado o exame do pezinho dos prematuros internados. Além disso, a instituição possui serviço de radiologia próprio e conveniado para exames de imagem (ultra-sonografia) para as gestantes e bebês que necessitam de acompanhamento especializado.

obstétricas), 6 médicos obstetras, 6 pediatras, 1 psicólogo, 1 assistente social, 1 nutricionista, 2 fisioterapeutas e 42 auxiliares e técnicos de enfermagem, além de outros profissionais nos setores de cozinha, limpeza, lavanderia, portaria, entre outros.

A área física da maternidade está bastante diferente de quando foi inaugurada, pois necessitou ampliação e adequação para implementar os serviços atualmente existentes. No ano de 2001 o bloco cirúrgico foi totalmente reformulado, com a finalidade de atender às exigências técnicas para esta área, com a construção de barreiras físicas, melhorando o fluxo de pessoas e materiais para o centro obstétrico e para o centro de materiais de esterilização (CME), seguindo as normas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

A maternidade é constituída pelos seguintes setores assistenciais: Neonatologia (unidade intensiva e intermediária), Bloco Cirúrgico e Alojamento Conjunto.

O Bloco Cirúrgico compreende o CME, uma sala de curetagem, uma sala de ressuscitação neonatal e três salas de parto, sendo duas delas preferentemente para a realização de partos cirúrgicos, e uma especialmente destinada à realização de partos vaginais distócicos. Neste local atua uma equipe de enfermagem específica, composta por 12 profissionais de nível médio, coordenados pela enfermeira responsável pelo Alojamento Conjunto. A atuação do staff médico será descrita adiante.

O Alojamento Conjunto compreende 18 quartos de internação (sendo 7 destinados a convênios e particulares e 11 para usuários do SUS), onde permanecem tanto as gestantes em tratamento clínico obstétrico, como também as que se encontram em trabalho de parto e pós-parto. Além destes 18 quartos, há também uma sala com 3 leitos obstétricos, destinados à mulheres que se encontram em franco trabalho de parto, sendo que ali também é realizada a maioria dos partos vaginais, ficando para o Bloco Cirúrgico apenas as cesarianas e os partos vaginais distócicos. No Alojamento Conjunto também há um posto de enfermagem, estrategicamente posicionado, de onde a equipe de enfermagem coordena a assistência a todas as gestantes, parturientes e puérperas. As enfermeiras, além de serem responsáveis pela gerência do cuidado, realizam partos na sala especificada acima, numa média de 10 partos/mês. Em cada plantão no Alojamento Conjunto há um enfermeiro e um auxiliar ou técnico de enfermagem. Este profissional de nível médio auxilia o enfermeiro no cuidado à parturiente e aos recém- nascidos, realizando também os controles obstétricos e demais procedimentos. Os plantões são de 6 horas durante o dia e de 12 horas

durante o período noturno.

A sala onde se realizam os partos ocupa lugar de destaque no Alojamento Conjunto. Diferente de outras instituições, não está situada no bloco cirúrgico ou obstétrico, o que permite à parturiente maior liberdade de movimentação, inclusive para deambular fora do quarto, mantendo maior contato e intimidade com os familiares que porventura estejam acompanhando. Esta sala está situada entre os quartos, bem em frente ao posto de enfermagem, sendo constituída por três leitos separados lateralmente com uma parede de fórmica e cortinas blackout, o que permitem manter a privacidade da parturiente e seu acompanhante, porém não impede a propagação de sons. Possui um banheiro exclusivo para as parturientes e tem disponível um aparelho de som, para ouvirem música, se assim desejarem, “bola de Bobot”, para exercícios da parturiente, e outros pequenos equipamentos para realização de massagem. Apesar de não possuir cama de estrutura PPP, ou seja, pré-parto, parto e pós-parto, está equipado para permitir a realização de partos normais eutócicos.

Normalmente o fluxo da gestante, ao dar entrada na maternidade, segue o seguinte roteiro: é recebida na entrada principal, onde se situam os setores de recepção e de admissão. A equipe de recepção (composta por auxiliares administrativos) recebe a mulher e comunica a enfermeira do Alojamento Conjunto, que faz então o acolhimento e o exame para a sua admissão. As mulheres que procuram a maternidade quase sempre chegam por demanda espontânea, ou seja, por estarem em trabalho de parto ou por outra intercorrência clínica obstétrica, sendo que algumas vezes são encaminhadas por seus médicos pré-natalistas. Após o exame obstétrico, a enfermeira comunica ao médico responsável pelo plantão sobre as condições da gestante e então é realizado o internamento ou encaminhamentos para o ambulatório.

A equipe médica que atende no Bloco Cirúrgico é a mesma que atua no Alojamento Conjunto. No período noturno permanecem de plantão um obstetra e um pediatra que atuam das 20:00 às 8:00 horas do dia seguinte. Contudo, no período diurno, há sempre um obstetra e um pediatra responsáveis pela assistência, mas permanecem em regime de sobreaviso. Somente passam na instituição na primeira hora da manhã para o recebimento das informações acerca dos pacientes internados, bem como para passar a visita, e então saem para atividades extra- hospitalares, mantendo-se, no entanto, em sobreaviso, ou seja, só comparecem novamente ao hospital se forem chamados pela enfermeira para a realização de cesáreas, em situações de partos distócicos, ou qualquer outra situação que a enfermeira necessite da presença do

médico.

Geralmente, ao dar entrada na maternidade, a gestante vem acompanhada por seu companheiro, sua mãe, sogra ou ainda outro familiar, sendo que este acompanhante pode ou não ser recebido nos setores por onde a gestante/parturiente/puérpera vai sendo encaminhada durante sua estadia na instituição. Cabe ao enfermeiro que admite a gestante, a orientação sobre o papel do acompanhante e as normas para a sua participação, até o momento da alta, inclusive sobre a importância do acompanhamento, a realização de massagens e o reforço positivo que pode oferecer à mulher. Também recebe orientações sobre todos os procedimentos e condutas que serão realizados.

A área física da maternidade não é bem estruturada, a ponto de propiciar total conforto ao acompanhante, mas está adequando as áreas existentes para o melhor atendimento possível. Aqueles acompanhantes que passaram a noite recebem café da manhã e os que são oriundos de outros municípios recebem todas as refeições do dia.