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As considerações apresentadas a seguir são resultantes do processo que desencadeou o desenvolvimento desta dissertação de mestrado, observando-se o objetivo inicial que a suscitou, o qual teve como foco investigar a inserção da mulher refugiada no mercado de trabalho paulistano, analisando o tipo e as condições dessa inserção, que refletem no seu modo de viver e sobreviver, isto é, nas suas condições de vida real.

Para percorrer esse caminho, buscou-se a apropriação de conhecimento teórico que subsidiou a elaboração deste trabalho e se constituiu de grande importância na formação desta pesquisadora. Esse aporte teórico imprimiu nesta investigadora uma análise mais crítica da realidade social, especialmente em relação à mulher refugiada e à sua condição de vida no município de São Paulo.

Essa apropriação não se deu de forma tranquila e natural, mas foi produzida a partir de um processo conflituoso de apreensão da realidade em sua concretude, intermediada pelos percalços presentes no cotidiano, em meio a contradições, negações e materializações do trabalho intelectual.

Em virtude dessas contradições e desses percalços presentes no cotidiano, a apreensão do real em sua totalidade constitui-se em uma tarefa complexa a ser empreendida, motivo pelo qual esta pesquisadora não teve essa pretensão. Importa também assinalar que algumas aspirações iniciais da pesquisa não foram concretizadas, como por exemplo, a observação participante pretendida nos locais de trabalho onde as refugiadas estão inseridas, devido o limite de tempo e as dificuldades para a execução dessa tarefa.

Outro fator importante a ser destacado refere-se ao fato desta pesquisadora atuar profissionalmente no contexto de suas investigações, isto é, com mulheres refugiadas. Essa atuação permite e permitiu compreender a realidade complexa vivenciada por esse grupo social, permeado de constantes exclusões e inclusões, deparando-se no cotidiano com histórias de vida desse grupo, marcadas por perdas e permanentes negações, presentes na própria existência desses sujeitos sociais. Ao mesmo tempo, esse envolvimento poderia influir negativamente, suscitando uma análise parcial e tendenciosa, motivo pelo qual se procedeu a uma permanente vigília no processo de investigação empreendido por esta pesquisadora.

Esses procedimentos permitiram captar a realidade vivenciada pelas mulheres refugiadas investigadas, identificando-se, no tratamento dispensado a esse grupo social que fala e se expressa diferente, tem cultura diferente e em quase tudo é diferente, as discriminações e preconceitos, quase sempre explícitos, a que são vítimas. Essa situação é habitual na vida cotidiana dos refugiados quando necessitam acessar algum serviço público ou quando são vítimas de preconceito no trabalho, ou por desconhecimento do agente do serviço social e outros profissionais que atendem a esse público.

Nesse contexto, essas mulheres refugiadas vivem um paradoxo: o de buscar dignidade humana onde essa dignidade é pseudo-ofertada, ou é ofertada em “migalhas”. Da perda dos direitos humanos à aquisição desses direitos, mediatizados por uma falsa cidadania, que na busca de direitos e de serem incluídas vivenciam dialeticamente uma exclusão integrativa marginal, oferecida como benesse a quem foi privado de tudo, inclusive da convivência com os seus familiares.

Partem da negação do ser à aquisição da condição de quase nada ser, ou de ser nas condições ofertadas pelo capital, abjetas e execráveis a serem oferecidas ao ser diferente, ao ser inferior, àqueles que têm direitos, mas os têm conforme impõe a sociedade capitalista – por meio da servidão em permanente exclusão integrativa marginal.

Esses sujeitos, relegados à condição de ser humano em geral, como assinala Arendt (1989), representando nada além da sua individualidade absoluta e singular, privado da expressão e da ação sobre um mundo comum, perde todo o seu significado, passando a pertencer à raça humana da mesma forma como animais pertencem a uma dada espécie de animais. O paradoxo da perda dos direitos humanos é que essa perda coincide com o instante em que a pessoa se torna um ser humano em geral: sem uma profissão, sem cidadania, sem opinião; sem uma ação pela qual se identifique e se especifique.

Essa relação dialética entre ser e não ser, de negação e afirmação de direitos, do outro enquanto ser sem nada ser, igual e diferente, é complexa e de difícil entendimento, porém é concreta na realidade capitalista. Essa contradição, por ser incompreendida, coloca em dúvida a existência desse outro em sua individualidade absoluta e singular, desconsiderando suas necessidades

específicas, seu modo de ser e de se expressar, que mesmo possuindo uma singularidade só existe socialmente, coletivamente.

A mulher refugiada vive essa contradição. Acredita estar nessa condição por ter sido obrigada a fugir de seu país em função de algum tipo de perseguição. Mas ao chegar num outro país, em um país estranho, vê-se na mesma situação anteriormente vivenciada, perseguida e excluída, porém agora de forma camuflada, pelo preconceito, discriminação, negação e violação de direitos enquanto ser pertencente ao gênero humano, pois desconhece, como afirma Piovesan (2006), que a própria condição de refugiado já é uma violação de direitos humanos.

A investigação permitiu a esta pesquisadora adentrar na cotidianidade desse grupo social, mergulhando nas mazelas da perversidade humana, em que aqueles que detêm o poder, mediante as relações capitalistas de poder, o utilizam como meio de dominação, de aniquilação do outro, levando-o à condição de “subsistência”, isto é, a uma existência subumana na qual ele – o ser, não se reconhece mais enquanto ser, pois foi restringido ao niilismo existencial.

Em relação às demais pretensões desta pesquisa, alcançaram-se os objetivos planejados, em particular os derivados do objetivo inicial, os quais desvelaram o modo de inserção da mulher refugiada no mercado de trabalho paulistano, considerando o modo e as condições de inserção, as quais refletem nas suas condições de vida e sobrevivência, isto é, nas suas condições de vida real.

Nesse sentido, identificaram-se o domínio de conhecimentos e habilidades profissionais adquiridos por essas mulheres, relacionados ao grau de escolaridade e instrução, à formação/qualificação, aos setores e tipo de inserção e às condições de inserção dessas mulheres, especialmente as relacionadas às condições desumanas no desenvolvimento da função desempenhada de trabalho e à remuneração percebida, discutidas e analisadas no capítulo III.

Nestas Considerações Finais optou-se por destacar as questões mais diretamente vinculadas à inserção das refugiadas no mercado de trabalho, pois as demais e suas correlações já foram explicitadas no capítulo anterior. Nesse sentido, os resultados da pesquisa de campo revelaram que 77,3% das refugiadas investigadas estão em idade abaixo dos 40 anos, faixa etária esta considerada como população em idade ativa economicamente (PIA), isto é, apta para o trabalho.

Detectou-se também que a maioria das refugiadas investigadas, representadas por um percentual de 47,2%, estudou somente de 3 a 6 anos, 37,8%

estudaram entre 7 a 10 anos e 15,2% estudaram entre 11 a 17 anos. Entretanto, a partir das entrevistas, percebeu-se que esses dados não revelavam efetivamente a aquisição de conhecimentos, de capacidades e habilidades cognitivas adquiridas, representadas pelos graus e níveis de escolaridade e de instrução das refugiadas.

Portando, apesar de 53% das investigadas terem declarado ter entre 7 a 17 anos estudo, concretamente não se pode considerar que esse tempo de estudo represente, como já assinalado, uma efetiva qualificação educacional por parte dessas mulheres, mediante aquisição de conhecimentos, de capacidades e habilidades cognitivas adquiridas.

Outra questão relacionada à formação educacional e à inserção no mercado de trabalho desse grupo refere-se às possibilidades de atuação e inserção profissional. Na pesquisa de campo essas mulheres declararam estar aptas a realizar atividades identificadas por: atividade de estética (36,4%), cuidadora de idoso (18,9%), vendedora (17,0%), a de serviços gerais (14,4%), além de outras com menores percentuais. No entanto, detectou-se que a maioria que se declarou trabalhar está inserida predominantemente no setor de serviços, das quais 75,5% exercem função sem especialização, referindo-se ao trabalho de limpeza, realizado mediante contratação por empresas terceirizadas. Em seguida aparecem os serviços gerais com especialização, representadas com um percentual de 18,9%, referentes ao trabalho em salão de beleza.

Os dados supracitados permitem inferir que apesar da maioria das mulheres investigadas estarem inseridas no mercado de trabalho, representadas por um percentual de 98,2%, essa inserção é precarizada, justificada no contexto socioeconômico e político capitalista pela baixa escolaridade e precarizada qualificação profissional, resultando disso a atuação predominantemente no setor de serviços, mediante subcontratação terceirizada.

Esse tipo de contratação é permitido pelo Estado neoliberal que regula e normatiza a exploração da mão de obra do trabalhador, neste caso a das refugiadas, autorizando os empregadores, protegidos pela flexibilização e desregulamentação do mercado de trabalho capitalista, a subcontratarem a mão de obra dessas mulheres, resultando em um aumento da superexploração da sua força de trabalho, reduzindo-lhes a remuneração e os direitos sociais, tais como o direito ao trabalho, à saúde, à educação, à moradia, às condições mínimas de sobrevivência com dignidade.

A despeito de essa realidade assemelhar-se a vivenciada por milhões de brasileiros subempregados, afetados pela atual crise global contemporânea, a situação das refugiadas constitui-se com maior complexidade, agravada em virtude das diferenças culturais, da raça, do idioma, das leis, da distância dos filhos e demais familiares, da dificuldade em se adaptarem em outro país, além de outras situações que provocam inseguranças e instabilidades psíquicas, deixando-as suscetíveis à marginalidade.

Como exemplo de situações que promovem dúvidas e incertezas, pode-se citar a legislação referente ao refúgio. Como assinalado ao longo do trabalho, observou-se na análise das leis, convenções e tratados que os direitos expressos e previstos na legislação pátria e nos tratados e convenções internacionais não se efetivam na realidade social brasileira, pois os direitos das refugiadas são constantemente violados no Brasil, conforme expressam os inúmeros casos citados.

Em contrário senso, em países capitalistas, tanto nos desenvolvidos quanto nos subdesenvolvidos, ou chamados “em desenvolvimento”, quase sempre os direitos sociais, políticos e ideológicos são negados. Em pleno século XXI a positivação dos direitos humanos, econômicos, políticos, sociais e culturais não tem significado sua efetivação e concretização para as pessoas que habitam esses países, especialmente para aqueles que se refugiam neles.

O presente estudo possibilitou compreender que a situação se assemelha em todo o Brasil. Os ordenamentos jurídicos normativo-legais brasileiros que referendam os direitos dos refugiados existem, contudo, no decorrer da pesquisa se verificou a ausência do Estado à acolhida desse grupo no espaço territorial nacional, especialmente no município de São Paulo, o qual, segundo dados do CONARE, concentra 45% dos solicitantes de refugio no Brasil, além de São Paulo ser o Estado que tem maior número de refugiados.

A pesquisa também permitiu constatar que o atendimento destinado aos refugiados, incluídas nesse grupo as mulheres refugiadas objeto deste estudo, no município de São Paulo é realizado pelas organizações da sociedade civil, especificamente pelas organizações confessionais e filantrópicas ligadas à igreja católica.

Nem mesmo o ACNUR, primeiro responsável em nível internacional pelos refugiados, desenvolve um trabalho efetivo de acolhida com os mesmos, conforme se constatou através do questionário aplicado. Quando indagados como é

desenvolvido o atendimento social de apoio aos refugiados, em especial as refugiadas, a resposta obtida foi: “[...] é feito principalmente por ONGs nacionais e internacionais, no caso do Brasil, todas as ONGs parceiras são nacionais”.

Outra situação intrigante revelada pela pesquisa diz respeito ao objetivo do ACNUR no que concerne à sua atuação no Brasil. Segundo a Agência da ONU para refugiados seu maior objetivo no Brasil é “[...] buscar solução duradoura a todos os refugiados, qual seja, a integração local”. A despeito dessa intenção, no decorrer da pesquisa, considerando os procedimentos metodológicos adotados, não se constatou um trabalho efetivo da Agência que concretizasse esse objetivo.

Detectou-se que a atuação do ACNUR depende, particularmente, do setor privado, tais como: ONGs, Associações Sociais, Congregações Religiosas assistenciais filantrópicas e outras instituições do setor privado. Segundo essa Agência sua atuação se dá através de parcerias, mediante convênios firmados, em especial com a Cáritas de São Paulo, que tem uma vasta experiência de atuação junto à população refugiada.

A Cáritas, como órgão religioso que é, desenvolve sua atuação assistencial caritativa mediante um trabalho efetivo nas diversas áreas sociais, porém não é de sua competência, como órgão religioso, promover políticas públicas a essa população, haja vista esta ser a função do Estado, que deveria responder às necessidades da população, inclusive aquelas relacionadas às mulheres refugiadas.

Além disso, os referidos convênios firmados entre os parceiros e o ACNUR não são fixos e permanentes, motivo pelo qual são desfeitos mediante justificativas como a falta de verbas para mantê-los, ou em razão do desmantelamento das equipes envolvidas nos trabalhos e discussões sobre refugiados. Nesse último caso verificou-se que, por questões políticas, equipes inteiras ou membros destas são periodicamente demitidos, interrompendo tanto o trabalho desempenhado pelas comissões quanto o atendimento empreendido naquele período aos refugiados.

Quando isso ocorre, todo o trabalho anteriormente realizado fica prejudicado ou porque a equipe foi reduzida, e não dá conta de prosseguir as atividades, ou porque membros líderes, dotados de grande competência técnica e conhecimento na área, foram demitidos. Esse tipo de prática fragiliza o grupo todo e consequentemente interrompe o trabalho realizado na ocasião e o anteriormente produzido e executado por uma equipe maior e multidisciplinar.

A consequência disso é o desmantelamento da expertise adquirida ao longo do processo, associada à teoria apreendida pela equipe, a partir das competências multidisciplinares dos profissionais partícipes, das vivências construídas pela convivência que geram confiança, seriedade e empenho, o aprofundamento teórico dos profissionais adquirido a partir de estudos de acordo com as necessidades apresentadas pela demanda, tudo é abruptamente interrompido.

Portanto, salvo melhor juízo, não se pode considerar que o trabalho realizado pelo ACNUR, que visa integração local dos refugiados, resulte em efetivas melhorias aos mesmos, apesar de todo o empenho dos parceiros. Para que isso se constitua em realidade será necessário maior comprometimento do Estado com vistas a implementar políticas públicas necessárias à promoção da qualidade de vida a esse público.

A oferta de cursos introdutórios de português, defendido como meio de integração local pelo ACNUR e ofertado pelo SESC – Carmo-SP como parceiro, definitivamente, não se constitui como alternativa de efetiva integração local desse grupo, tampouco se entende que seja capaz de propiciá-la, a despeito de essa iniciativa ser de grande valia aos refugiados que não conhecem a língua portuguesa.

No que concerne à atuação dos parceiros do ACNUR, pode-se afirmar que algumas ONGs, Associações Sociais, Congregações Religiosas assistenciais filantrópicas e outras instituições do setor privado são os únicos que desenvolvem ações com o fito de promover a integração social e local desse público, pois em relação à rede pública estadual ou municipal não se detectou nenhuma oferta de assistência às refugiadas.

Contatou-se durante o processo desta pesquisa que quase todo o atendimento social, educacional e profissional ofertado aos refugiados, especificamente dirigido às mulheres refugiadas em estudo, é realizado especialmente pelas organizações religiosas assistenciais filantrópicas, que em sua extensa maioria é vinculada a igreja católica. Toda a expertise do trabalho destinado ao público refugiado está concentrada nessas instituições, com financiamento próprio para executar os serviços promovidos, e em alguns raros casos com auxílio de doações de terceiros ou mediante o financiamento de alguns projetos aprovados por parceiros públicos ou por empresas privadas.

Também se detectou que o Estado não elabora políticas públicas dirigidas a essa população, sequer se preocupa em qualificar os agentes públicos no

atendimento a mesma. Na verdade, descobriu-se que o Estado se exime de dar qualquer tipo de qualificação aos agentes públicos em relação a esse grupo social, deixando em aberto para quem quiser fazê-lo. Assim, diante da total ignorância e desqualificação desses agentes na atuação junto a esse público, as organizações filantrópicas assumiram para si mais esse papel, pois são elas que capacitam os agentes públicos quanto à situação dos refugiados em solo brasileiro, em especial no município de São Paulo.

Importa relatar que em virtude desta pesquisadora atuar profissionalmente com esse público e em função desta pesquisa acadêmica, participou-se de inúmeras capacitações aos agentes públicos, que, em sua totalidade, manifestaram desconhecer o universo dos refugiados, suas necessidades e direitos jurídicos normativo-legais adquiridos por ocasião do refúgio.

Esses agentes, gestores públicos que representam as diversas Secretarias Estaduais, constituem os Comitês Estaduais, instituídos por ocasião da criação do Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE, obedecendo aos mesmos moldes e atuação, isto é, visam prestar apoio a essa população como parte da ação de integração local duradoura.

Em São Paulo o comitê foi criado em 12 de novembro de 2007 através de Decreto nº 52.349, porém, somente em março de 2008 é que os representantes das secretarias tomaram posse. Em virtude disso, as reuniões não se efetivaram, tampouco o trabalho, restringindo-se a atuação do Estado em relação aos refugiados à promulgação do Decreto de criação do comitê.

A importância em haver um comitê organizado e bem articulado se deve ao descaso dos gestores públicos com essa população, uma vez que as necessidades dos refugiados serem ignoradas. No decorrer desta pesquisa, detectaram-se diversas situações em que as refugiadas, ao se dirigirem a um órgão público a fim de requererem algum tipo de atendimento, foram ignoradas em suas solicitações. Em razão do desconhecimento, por ignorância, discriminação e ou preconceito, os agentes públicos agem com descaso junto aos refugiados, negando o atendimento aos mesmos.

Em entrevistas, as refugiadas investigadas relataram esse descaso e outras situações críticas. As associações e instituições que atendem e representam essa população também expuseram ter presenciado situações adversas, em que o agente público liga para as instituições privadas (Cáritas, Centro de Acolhida para

Mulheres Refugiadas, Casa do Migrante, entre outras) e solicita atendimento à (ao) refugiada (o), pois ele, agente público que deveria resolver o problema não sabe fazê-lo.

Essa situação é frequente, pois o agente público desconhece, tampouco demonstra interesse em conhecer esse grupo social, assim como ignora as leis que lhes referendam direitos, às vezes associando-o a um criminoso ou fugitivo. Esse comportamento não só dificulta aos refugiados acessarem seus direitos como lhes coloca em situação de marginalização, causando-lhes diversos problemas, inseguranças e desestabilizando-os emocionalmente.

Em fevereiro de 2012 o Comitê Estadual retomou suas atividades através de um convite da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, órgão responsável por presidir esse grupo, composto pelas Secretarias de Estado e por duas organizações da sociedade civil que trabalham diretamente com refugiados. Inicialmente as reuniões do Comitê ocorriam mensalmente, para fins de agilizar o trabalho e efetivar ações concretas mais necessárias e urgentes, contudo, após alguns encontros, foram espaçando até deixarem de ocorrer.

Outra ilação relacionada ao Comitê diz respeito às mudanças constantes dos gestores públicos, seus representantes. Essas trocas dos gestores prejudicam a continuidade do trabalho, algumas vezes interrompendo-os temporariamente, outras definitivamente, obstruindo todo o trabalho realizado e o iniciado ao longo de um período. Isso foi o que aconteceu em 2013, repetindo o ocorrido em 2012, quando o grupo se distanciou em razão da mudança do representante da Secretaria da Justiça.

Somente no segundo semestre de 2013, mediante a escolha de uma nova gestora para a Secretaria da Justiça, a mesma convocou uma reunião para retomar os trabalhos. Detectou-se que esta é uma prática frequente nos governos, isto é, em virtude das constantes trocas dos gestores representantes das Secretarias há descontinuidade pouca fluidez no trabalho, que se executado de forma contínua resultaria em avanços em prol dos refugiados e de seus direitos.

Na atualidade, o Comitê vem lutando para que o Decreto nº 52.349 receba o status de lei, ou seja, para que Ele (Comitê) seja regulamentado por lei, obrigando os governantes (gestores públicos) a respeitarem os profissionais representantes do Comitê e o trabalho desenvolvido pela equipe, independentemente de interesses

políticos. Talvez assim o trabalho realizado pelo Comitê venha a produzir resultados concretos em benefício dos refugiados e da causa do refúgio.

Alerta-se, no entanto, que apesar da legalização do Comitê garantir a