• Nenhum resultado encontrado

Buscamos, ao longo de nossa pesquisa, desenvolver um trabalho que trouxesse contribuições para a História da Educação Brasileira e para a História da Educação de Limeira. Procuramos, de acordo com as fontes disponíveis, reconstruir a história do primeiro Grupo Escolar de Limeira.

Foram muitas as perguntas que fizemos ao nosso objeto e dentro das fontes disponíveis buscamos respondê-las.

O que representou a construção de um Grupo Escolar para a cidade de Limeira no início do século XX? Limeira foi contemplada, em 1901, com seu primeiro Grupo Escolar, cuja criação é apontada pela história local como um avanço para a educação do município. Nossas análises apontaram que a criação do primeiro Grupo Escolar de Limeira representou a incorporação de um ideário republicano de educação, como foi o caso da construção dos grupos escolares de Campinas, Botucatu, Piracicaba e outras cidades do interior paulista, onde esse sistema de ensino foi implantado.

Quem foi o coronel Flamínio Ferreira de Camargo que dá nome ao Grupo Escolar? Desvendar algumas questões sobre a pessoa do Coronel Flamínio era de fundamental importância para compreendermos quais interesses desse homem em relação ao ensino no município de Limeira. As fontes disponíveis nos revelaram que o Coronel Flamínio era um homem do seu tempo, cujos interesses políticos e sociais o fizeram envolver-se com as questões educacionais. O excesso de elogios encontrados referente a sua pessoa caíram por terra, quando, dentre os documentos consultados, encontramos o acerto de contas realizado, entre o Coronel e a Câmara Municipal, relativos à utilização do prédio, que supostamente havia sido doado pelo Coronel para a criação do Grupo Escolar

A construção do espaço físico dos Grupos Escolares expressa a forma como o conhecimento vinha sendo disseminado em todo o Estado, e, nesse sentido, o que Limeira, por meio do G.E. Coronel Flamínio Ferreira nos revela sobre esse conhecimento? O que a arquitetura do G. E. Coronel Flamínio Ferreira nos revela? O que seu estilo representava? O que os espaços internos e externos significavam em termos de educação? Sua construção atendia aos fins

146

pedagógicos da época? Quem foi o arquiteto responsável pelo projeto do G.E. Coronel Flamínio Ferreira e em que ele se baseou para projetá-lo? Tratava-se de um projeto exclusivo que atendia às especificidades dessa cidade? Como seus espaços físicos dialogavam com as exigências pedagógicas do período e como esses espaços eram utilizados para atender a essas exigências?

Sabemos que não houve especificidades para a construção do Grupo Escolar de Limeira, pois o arquiteto que desenhou a planta usou a mesma fachada e a mesma divisão de salas para diversas cidades do interior do Estado. Sendo assim, podemos afirmar que a arquitetura desse Grupo atendia plenamente aos interesses para o qual foi pensada, isto é: transmitir, através de sua magnitude, a excelência, a organização e a qualidade do ensino, frente aos outros estabelecimentos existentes. A arquitetura dos grupos escolares dialogava com as questões pedagógicas do período, como atestam a divisão das seções masculinas e femininas, as janelas grandes e com boa ventilação, visando a fins higienistas, salas em perfeita ordem disciplinar, enfim, todos os anseios republicanos expressos através da arquitetura dos Grupos Escolares puderam ser observados em Limeira.

Sendo Limeira uma cidade de trabalhadores livres, a quem era destinada a educação oferecida no Grupo Escolar Coronel Flamínio Ferreira: Aos filhos dos operários, às elites locais ou a ambos? Obtivemos como resposta que, em Limeira a instrução oferecida nos bancos do Grupo Escolar destinou-se, em grande parte do período estudado, às classes trabalhadoras, conforme os dados analisados e apresentados neste trabalho. O grande diferencial do Grupo Escolar de Limeira em relação aos grupos escolares da região, é exatamente a composição do seu alunado, como verificamos no Capítulo III. Os alunos que frequentaram o Grupo Escolar Coronel Flamínio Ferreira eram, em sua maioria, filhos das classes trabalhadoras. Nessa perspectiva, entendemos que o Grupo Escolar teve um papel fundamental na formação da população da cidade. As especificidades locais provavelmente contribuíram para que o alunado que frequentou os bancos do primeiro Grupo Escolar de Limeira fosse diferente daquele que a historiografia sobre grupos escolares vinham testemunhando; de que os grupos escolares atendiam, em sua maioria, alunos oriundos das elites locais.

Duas perguntas que não puderam ser respondidas por falta de fontes: a primeira refere-se aos diferentes movimentos que aconteciam no interior do G.E. e o que eles

147

representaram para a sociedade limeirense; a segunda refere-se a como essa instituição contribuiu para a história da educação local. Não encontramos informações consistentes sobre os eventos no Grupo Escolar e pudemos perceber que pouco representa, aos olhos do poder local de hoje, essa instituição. Essa afirmação responde a outras duas questões: Como a cidade de Limeira e os poderes locais contribuíram para a preservação e a recuperação da memória do seu primeiro Grupo Escolar? Por que seus espaços não foram preservados?

Talvez a localização no centro da cidade, que outrora tivera o relevante papel de difundir a importância atribuída ao ensino, nos dias de hoje tornou-se um empecilho à expansão da cidade. Há ainda o fato de que talvez seja realmente inviável para o poder local ou até mesmo o Estadual (uma vez que a escola pertencia ao Estado) mantê-la funcionando em um local com poucas moradias, tendo que transportar seus alunos, gerando custo excessivo.

Dessa forma, seus espaços acabaram sendo destinados a outras finalidades, que não a educação. Apesar de a administração municipal entender que as atuais finalidades do prédio estejam intimamente ligadas à educação, o estabelecimento não é mais um estabelecimento de ensino.

Como a imprensa local expressava as questões, que ocorriam no município, referentes à instrução pública, referentes ao G.E. e aos fatos a eles relacionados? As edições disponíveis do jornal local demonstram um período de preocupação em divulgar os eventos do Grupo Escolar, logo no início do seu funcionamento, mas posteriormente, os jornais deixaram de publicar informações sobre o Grupo Escolar. Não pretendemos esgotar as informações sobre nosso objeto neste trabalho, também sabemos que os documentos disponíveis revelam muito mais do que os dados que aqui apresentamos, mas que, devido à dimensão das análises, privilegiamos aquelas que melhor respondiam as nossas indagações.

Enfatizamos, também, que a escassez de fontes sobre o período estudado e as burocracias locais foram fatores que prejudicaram o andamento de nosso trabalho na medida em que não tivemos acesso a outros tipos de fontes primárias.

Ao compreender questões políticas que envolveram a criação do Grupo Escolar, as particularidades de seu alunado, a formação da sociedade local a partir da instrução oferecida, e atualmente, a forma como o poder local vem demonstrando pouca preocupação com a

148

conservação da memória dessa instituição.,Além disso, a má preservação dos espaços que outrora serviram para legitimar as intenções do ideário político republicano, põe em pauta a necessidade premente de se desenvolverem trabalhos que levem a população local a reivindicar, dos Poderes Públicos locais e estaduais, que sejam atribuídos a esses espaços a importância que lhes é devida. Que essas instituições de ensino, de que tanto orgulhou-se a sociedade paulista da Primeira República, possam ser conhecidas e lembradas na história local e na história da educação brasileira.

Algumas questões não puderam ser respondidas ao longo deste trabalho, ora por não termos encontrado fontes que dessem conta delas, ora por não caberem nessa pesquisa, mas são passíveis de análises futuras.

A primeira questão refere-se ao número de professores e de cadeiras que existiam nos anos finais do Império, pois não temos dados que revelem o número de crianças em idade escolar no período. Os dados sobre matrícula e frequência nas escolas particulares do município não foram apontadas nessa pesquisa, porque, por vários anos, essas instituições não constavam dos Anuários analisados. O quanto significou, para o período, a quantidade de negros que frequentava o Grupo Escolar também não pôde ser analisada, já que não existem estudos sistematizados que apontem para sua frequência. Entender por que a educação de Limeira não avançou à medida que diversas instituições de ensino foram criadas no município durante a Primeira República é importante para que possamos compreender a educação em Limeira de forma geral.

149