• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO IV – REGIONALIZAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA A GESTÃO NO SUAS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O percurso trilhado para encontrar sentido no processo de regionalização intraestadual, e contribuir com o reconhecimento de sua importância para a gestão estadual do Suas, foi um processo de ampla dimensão de sujeitos pois envolveu diferentes instâncias estaduais e municipais. Mas ao mesmo tempo possibilitou analisar o lugar histórico das Drads, versão contemporânea do órgão regional que opera a desconcentração/descentralização do órgão estadual central, ou a sede, gestora da política de assistência social e do Suas no estado de São Paulo.

No conjunto da ação de gestão estadual de Seds, as Drads têm exercido, com predomínio, função político-administrativa de articulação entre interesses regionais e interesses dominantes na sede. O modelo de territorialização da abrangência de cada Drads registra um certo atraso quanto à organização territorial do próprio estado de São Paulo. Elas não são referenciadas no formato das RA’s e RG.

Sua estrutura na organização da gestão estadual do Suas, deveria seguir padrões de responsabilidades, compromisso ético – político com a gestão pública do Suas. Este direcionamento ampliaria as funções da gestão estadual na qualidade cooperativa, no co-financiamento de serviços de proteção social básica e de proteção social especial, além dos benefícios eventuais. Apresenta-se como necessária uma transformação na organização administrativa e nas relações definidas para a gestão regional do Suas afeta as Drads.

Com a perspectiva de resgatar os “achados” da pesquisa desenvolvida, entende-se que o critério de uma Drads não pode mais ter como preponderância o apadrinhamento político e seu diretor escolhido como aquele que melhor vai gerir as emendas parlamentares no território regional. Ao contrário, a direção de uma Drads, cargo comissionado, precisa ser exercida por profissionais concursados, com valorização do currículo profissional, com incentivo à produção teórica e acadêmica, além da profissionalização do serviço público e a valorização do quadro profissional. A carreira pública na gestão estadual do Suas precisa ser instituída ela ainda não existe. Em sua substituição percebe-se a motivação para conseguir ocupar um cargo

comissionado por apadrinhamento para a melhora de salário. O que se lê nesse processo é a reiteração da alienação do trabalhador e a desqualificação do trabalho no órgão público.

A mudança institucional identificada deve ocorrer no movimento entre as regiões do estado para a sede da gestão, com a ampliação da atuação da gestão estadual regionalizada da política de assistência social, com planejamento de concurso público, com planejamento de ações de compartilhamento de informações, envolvimento cooperativo das relações: Drads-intermunicípios, Drads-Drads, Drads- sede, Drads-Coordenadorias, Coordenadorias-Gabinete, Drads-Coordenadorias- Gabinete. Na atualidade as relações são invertidas e não contempla a cooperação e a responsabilidade pública comum, também não evidenciam as dificuldades, diferenças territoriais, motivações regionais, nem mesmo a criatividade e pró- atividade na gestão estadual do Suas.

Considerando uma possível reestruturação da Seds, a atuação das Drads, precisaria ser revista, com um lugar de atuação que corresponda melhor as suas atribuições, principalmente, entendendo o papel técnico-profissional, na gestão territorializada do Suas, para a cobertura de serviços socioassistenciais locais e com demandas regionais, para a corresponsabilidade e o co-financiamento, principalmente para a gestão municipal e complementarmente para a rede socioassistencial do Suas. A convivência com a gestão paralela dos recursos da assistência social não pode continuar. Localizar as informações e comparar os recursos que são destinados a PSE de média complexidade como os recursos do Fussesp, permitiu o reconhecimento do que fica em segundo plano. Em um ano, foram utilizados mais recursos orçamentários no Fussesp do que para os serviços da PSE de média complexidade. Uma afronta face ao preconizado pela CF/1988 e a Loas/1993. É preciso ficar claro que o lugar dos recursos orçamentários da função programática 8 – assistência social é o de ser destinado para as proteções sociais afiançadas pelo Suas, que se traduzem em serviços, benefícios, programas e projetos de proteção social básica e de proteção social especial (de média e alta complexidade).

As metas estabelecidas para a gestão estadual do Suas no pacto de aprimoramento a serem cumpridas até 2015, referem-se à cobertura do Paefi e de Serviço de Acolhimento de Crianças e Adolescentes em municípios de Pequeno Porte I e II. A exigência da implantação regional dos Creas e a cobertura de 0,5 vagas de acolhimento de crianças e adolescentes por mil crianças, nas microrregiões definidas pelo IBGE, assegurando cobertura para as populações dos municípios, abaixo de 50 mil habitantes, além de co-financiar os serviços regionais de média e alta complexidade.

A gestão estadual do Suas precisa dar prioridade no cumprimento dessas metas. Atingi-las com atraso não gera a confiança necessária na oferta de proteção social. O plano para o cumprimento de metas indica que, de alguma maneira, os resultados serão atingidos, em tantos meses ou no máximo até um ano. O descumprimento de responsabilidades pactuadas é a negação das relações cooperativas e de corresponsabilidade de gestão defendidas e conquistadas na CF/1988, além de manter na invisibilidade e violar o direito de crianças e adolescentes, que precisam dignamente de atenção do poder público. Essa responsabilidade no âmbito da gestão estadual do Suas não pode continuar colocada a segundo plano, nem mesmo no plano de qualquer outro programa de governo, pois são prioritárias. A organização de municípios em consórcios públicos de forma regionalizada é um importante indicador da organização intermunicipal. No Censo Suas 2013, no item relativo a gestão municipal, 88 municípios (ou 14% do total do estado) responderam que fazem parte de Consórcio Público com Personalidade Jurídica de Direito Público e 40 (ou 6%) responderam que fazem parte de outro tipo de consórcio. Os portes desses municípios e as regiões não foram identificados para que fossem incluídos nesta pesquisa, mas um aprofundamento para melhor avaliação dessa possibilidade, poderia avaliar essa maneira de organização e se considerando positiva entre os municípios e a gestão estadual, seria uma maneira de cooperação, corresponsabilidade e co-financiamento público entre entes federados (municípios e estado) para o cumprimento de metas na política de assistência social.

Analisar dados públicos disponível em sites oficiais e em pesquisas acadêmicas anteriormente realizadas foi o limite colocado para esta pesquisa, portanto, entendendo que os estudos para a gestão estadual do Suas, precisam ser estimulados e ampliados.

A contribuição ora apresentada pretende estimular outros trabalhadores da gestão municipal e estadual do Suas a continuarem pesquisando e disponibilizando informações para que essa política se aprimore e seja realizada com maior profissionalismo e atenção aos cidadãos desprotegidos inclusive pelo não acesso a seus direitos o que não pode permanecer sendo negligenciado pela gestão estadual do Suas desde cada região intra-estadual de gestão.