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Questões que permanecem na Regionalização Intra-estadual da Política de Assistência Social no Estado de São Paulo.

CAPÍTULO III O LENTO PROCESSO DE INTRODUÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LOAS NA GESTÃO ESTADUAL

3.2. Questões que permanecem na Regionalização Intra-estadual da Política de Assistência Social no Estado de São Paulo.

No ano de 2011 assume novamente o governo de São Paulo Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (segunda gestão 2011 a 2014), nesse período foram Secretários de Desenvolvimento Social: Paulo Alexandre Barbosa (01/01/2011 a

01/05/2011 – 4 meses)55, logo no início de sua gestão a Secretaria Estadual de

Assistência e Desenvolvimento Social, mais uma vez muda para Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, essas inúmeras mudanças de nominação que ocorreram na história dessa Secretaria Estadual já demonstram a indecisão quanto ao reconhecimento de sua função especifica dentre as reponsabilidades sociais públicas do ente estadual.

Outros secretários foram, Rodrigo Garcia (02/05/2011 a 27/05/2013 - 2 anos) e Rogério Haman (28/05/2013 a 06/01/2015 – 1 ano e 7 meses)56. A descontinuidade

no comando da Seds é outra situação que ocorre ano após ano, gestão após gestão, não se completa um ciclo de quatro anos de gestão, situação que também contribui para a atuação que é mais voltada para interesses individuais e político- partidários, do que para a efetivação da política pública.

Parece que é dado uma função conjuntural a essa pasta tanto do ponto de vista político enquanto lócus de absorção de representantes de alianças políticas conjunturais como área onde aparentemente predomina a aplicação de um certo tipo de modismo no desenvolvimento de uma ou outra atividade, ou programa que dá uma aparência de atualidade que repercute positivamente para o noticiário ao gestor de plantão.

No que tange à utilização política da pasta, o número e a variedade de trajetórias anteriores e posteriores dos secretários da pasta mostra de forma patente o papel que lhe tem sido reservado no elenco do primeiro escalão de governo.

Quanto ao modismo utiliza-se como argumento a manutenção da estrutura interna da secretaria que não acompanha por exemplo a mudança de titulações que a pasta recebe em um vai e vem de nomenclaturas. Outro argumento é o convívio por décadas de comandos duplos e paralelismos com outros órgãos o que reforça o baixo empenho de seus gestores em tornar órgão efetivamente responsável por um campo da ação pública que exige competência técnica, conhecimentos específicos

55 Nas eleições de 2012, foi eleito Prefeito de Santos, pelo Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB).

56 Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho é reeleito pelas eleições de 2014 e se inicia a sua terceira gestão. Em 7 de janeiro de 2015 assume a SEDS, o Secretário Floriano Pesaro.

para alcançar efetivos resultados. A gestão da política de assistência social com co- financiamento dos municípios sobretudo na proteção social especial é uma função pública a ser exercida com competência e responsabilidade. O exercício do comando único da função programática 8 enquanto dever de estado para afiançar direitos socioassitenciais é uma direção que está negligenciada pelo gestor público na área estadual.

A superposição de ações entre Seds e Fussesp permite evidenciar atividades concorrentes assim como o uso comum de recursos orçamentários que deveriam estar no Fundo Estadual de Assistência Social. As principais legislações que demonstram a superposição pelo Fussesp, são: a lei nº 14.512, de 24 de agosto de 2011 que autoriza o Poder Executivo a instituir programas assistenciais destinados a atender pessoas em situação de vulnerabilidade social; o decreto nº 57.750, de 24 de janeiro de 2012 que muda a redação do decreto nº 57.636, de 15 de dezembro de 2011, que institui na coordenação do Fussesp, o Programa de Proteção Social à Pessoa, Família ou Grupo Social em Situação de Vulnerabilidade Social e o decreto nº 59.103, de 18 de abril de 2013, que dispõe sobre o regulamento do Fussesp. Chama a atenção que, enquanto a Seds não atualiza sua legislação para a reformulação de suas práticas e para a adequação ao Suas, o Fussesp tem feito mudanças recentes em sua legislação, mesmo que, utilizando referências aos termos da política sua ação concreta nada segue do que está disposto em normas nacionais.

O campo de defesa da política pública de assistência social e a legislação do Suas (Loas/1993 e 2011, PNAS/2004 e Nob Suas/2005 e 2012), não admitem o duplo comando da política, nem a dispersão de recursos em diferentes órgãos na mesma esfera de gestão. Essa questão se configura como patrimonialismo e nepotismo no serviço público e a atuação do Fussesp, que tem na presidência a primeira dama do estado, mantém e perpetua desde a sua criação por meio da Lei nº 10.064 de 27 de março de 1968, há 47 anos, quase meio centenário, essa pratica no estado de São Paulo. Vale destacar que, somente 5 municípios (Campinas, Mauá, Salto, São Paulo e Votorantim) no estado de São Paulo não possuem a réplica do Fussesp em suas gestões.

O Fussesp, em sua própria página oficial na internet, descreve que é dirigido por um Conselho Deliberativo composto por sete membros.57

O conselho do Fussesp reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que convocado pela presidente. Esses conselheiros possuem a competência de organizar os serviços administrativos e assistenciais; aprovar o plano de atividades assistenciais, acompanhando a respectiva execução; dar diretrizes e parâmetros à cooperação com órgãos e entidades de promoção social e com Fundos Sociais de Solidariedade de Municípios do Estado; disciplinar e fiscalizar a arrecadação das receitas, a realização das despesas e a aplicação das disponibilidades financeiras; encaminhar, anualmente, ao Tribunal de Contas do Estado, a demonstração da receita e da despesa do exercício anterior, com os respectivos comprovantes. Ou seja, esse conselho em paralelo ao Conselho

57 Em fevereiro de 2015, estava assim constituído: Presidência da esposa do Governador do Estado, Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmim; Representante da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Secretário Floriano Pesaro; membros do conselho são nomeados pelo Governador do Estado, com mandato de 02 (dois) anos, sendo permitida a recondução. As funções desses membros do conselho não são remuneradas, mas são consideradas serviço público relevante. São também membros deste conselho:

- Jaques Lewkowicz, profissional da propaganda brasileira, trabalhou nas principais agências do mercado, como Salles, McCann-Erickson e Artplan. Foi vice-presidente de criação da Standard, Ogilvy & Mather. Em 1992, fundou a Lew'Lara com Luiz Lara;

- João Doria Jr., entre suas várias atuações profissionais, empresário, escritor e jornalista brasileiro, graduado em jornalismo e publicidade, começou a apresentar o programa Business na Rede Manchete em 1992, o programa mudou de nome para Show Business em 1998. Após o fim da emissora, seguiu para a Rede TV, em 1999. Em 2008, o programa foi para a Rede Bandeirantes, onde permanece. Também foi diretor de comunicação da Rede Bandeirantes de Televisão, em 1979 a 1982 e na TV, também apresentou o reality-show, O Aprendiz, na Rede Record, entre 2010 e 2011. Foi professor de marketing na Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo, de 1981 a 1983. Na política foi secretário de turismo e presidente da Paulistur, entre 1983 e 1986, na gestão do prefeito Mário Covas na Prefeitura de São Paulo. Foi presidente da Embratur e do Conselho Nacional de Turismo entre os anos de 1986 e 1988, no governo do presidente José Sarney. É presidente do GRUPO DORIA, fundador e presidente do Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) que foi fundado em junho de 2003, e reúne grandes empresas brasileiras e multinacionais que, juntas, representam 52% do PIB privado brasileiro, com 1.620 empresas filiadas.

- Maria Fernanda Grecco Meneghel, dona da Di Grecco Indústria Têxtil e Estamparia, de Americana São Paulo e Coordenadora do Pense Rosa de Americana, movimento desenvolvido no mês de outubro voltado à conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico do câncer de mama.

- Murilo Reggiani, sócio-diretor da Vult Cosmética, com sede em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, atende todo o território nacional, por meio de seus distribuidores regionais está presente em milhares de pontos de venda especializados de todo o país. A marca faz parte da ONG Beleza & Cidadania que colabora com a integração de mulheres carentes no mercado de trabalho.

- Carlos Alberto Ferreira Mota, advogado, pós-graduado em Direito Público, pela Escola Paulista de Direito e possui especialização em Gestão para o Terceiro Setor, pela Fundação Getúlio Vargas. Na Prefeitura de Santos ocupou, na Secretaria de Assistência Social, o cargo de secretário-adjunto e de Coordenador de Proteção Social de Média Complexidade. Atuou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e na Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado foi coordenador da Coordenadoria de Ação Social que possui sobre seu comando as 26 Drads; é membro do Conselho do fundo social de solidariedade, desde de 2012 e foi vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santos (CMDCA), na gestão 2013-2014.

Estadual de Assistência Social tem amplos poderes para gerir recursos públicos que deveriam ser destinado para serviços de proteção social, de maneira democrática e participativa como prevê o Suas, por meio de pacto estabelecido na Comissão Intergestores Bipartite do Estado de São Paulo com presença de gestores de municípios do estado, de diferentes portes e níveis de gestão, além de, acompanhamento e fiscalização do Conseas, que ao contrário do conselho do Fussesp que é midiático, deve ser paritário, envolvendo gestores públicos, representantes de organizações sociais e usuários da política de assistência social, conforme definido pela Loas/1993, PNAS/2004 e Nob Suas/2012.

GRÁFICO 3: VALOR EM REAIS, LIQUIDADO DA FUNÇÃO 8 – ASSISTÊNCIA