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TABELA 4: DISTRIBUIÇÃO DAS EMENDAS PARLAMENTARES APROVADAS PELA SEDS QUE FORAM DESTINADAS PELO DEPUTADO CURIATI (PP),

CAPÍTULO II REGIONALIZAÇÃO DA GESTÃO ESTADUAL E SEU IMPACTO NA GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL:

TABELA 4: DISTRIBUIÇÃO DAS EMENDAS PARLAMENTARES APROVADAS PELA SEDS QUE FORAM DESTINADAS PELO DEPUTADO CURIATI (PP),

PERÍODO 2008 A 2014.

ANO1 DRADS2 Emendas Parlamentares VALOR (R$)

2008 Capital Avaré 4 1 380.000,00 30.000,00 2009 Avaré 3 180.000,00 2010 Avaré 11 705.000,00 Bauru 2 170.000,00 Marília 3 190.000,00

São José do Rio Preto 1 80.000,00

Sorocaba 1 100.000,00

Vale do Paraíba 1 50.000,00

2011 Avaré 1 30.000,00

2012 Avaré 2 70.000,00

2013 Alta Noroeste Avaré 1 1 30.000,00 50.000,00

2014 Avaré 2 60.000,00

Total 8 Drads 34 2.125.000,00

Fonte: SÃO PAULO, Governo do Estado, Secretaria da Fazenda. Disponível no site: http://www.fazenda.sp.gov.br/contas/convenios.shtm. Nota: 1Anos disponíveis no site. 2Total de DRADS com EP. Elaborado pela autora para fins desta pesquisa.

Algumas situações mostram traços de vínculos entre o cargo de Secretário de Desenvolvimento Social, com a destinação de EP para determinadas regiões de Drads durante o período das eleições para deputados estaduais. Destaca-se o exemplo do deputado estadual Antônio Salim Curiati, Secretario da Promoção Social, no período 1979 a 1982 com base política na região de Avaré.

No período de 2008 a 2014 (7 anos) foram localizadas 34 emendas parlamentares direcionadas para 8 Drads e 18 municípios com um total de dispêndio de R$2.125.000,00.

Em Avaré, base política do deputado, as emendas somam R$ 1.425.000,00 ou 64% do montante, dispendido durante os 7 anos. Em 2010, teve 19 emendas que foram distribuídas entre 6 Drads e 12 municípios atingindo o total de R$ 1.295.000,00 dos quais 54% foram para Avaré. Estes resultados tendem a mostrar que o volume financeiro de EP’s pode contribuir com o resultado do desempenho de um parlamentar em sua campanha eleitoral. O resultado eleitoral de 2010 aliado a 2014 tende a confirmar essa hipótese. (Vide tabela 29, em anexo)

As cidades de São Paulo, capital, e de Avaré, foram as principais, no número de votos para a eleição do deputado Curiati. São Paulo recebeu uma única EP no período estudado, no ano de 2008, direcionada ao Centro Social Nossa Senhora da

Penha, no valor de R$30.000,00; e, a segunda recebeu um montante de R$ 895.000,00. O deputado recebeu em São Paulo 44% dos votos a ele destinados em 2010 e 33% em 2014. Avaré a segunda maior concentração de votos registrou 18% em 2010 e 24% em 2014. (vide Tabela 29, anexo)

Outro exemplo é o da deputada estadual, Rita Passos, que foi secretária da Seds por 10 meses e tem sua base eleitoral em Itú. Chama a atenção que, foram contemplados com emendas parlamentares 27 organizações sociais, 14 prefeituras municipais e 10 APAE’s. Ao todo foram 28 unidades, 14 veículos, 3 obras e 3 reformas. Dentre as aquisições das prefeituras municipais, apenas uma foi para a segunda etapa da construção do prédio do Cras. (A Tabela 33, anexo, demonstra as emendas, por objeto e por interessado e a Tabela 31 em anexo destaca especificamente as emendas da deputada Rita Passos).

As cidades de Itu, São Paulo e Porto Feliz apresentaram os melhores desempenhos no número de votos para a deputada Rita Passos, primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente em quantidade de votos. Destas cidades, somente São Paulo não consta na lista das que receberam EP. Na cidade de Itu, uma APAE e 5 outras organizações sociais, foram contempladas, no ano de 2010, com um total de R$294.229,80; no mesmo ano, em Porto Feliz foram contempladas duas organizações sociais, somando um total de R$100.000,00 (vide Tabela 32, anexo). Outro deputado estadual, que esteve à frente da Seds, mesmo que, por apenas quatro meses (início de 2011) foi Paulo Alexandre Barbosa, atual prefeito de Santos, eleito em 2012, com 83.854 ou 57,9% dos votos. Neste caso, as EP foram destinadas no período de 2008 a 2012, comparando com Curiati (7 anos, 34 EP, valor de 2,1 milhões) e Rita Passos (7 anos, 51 EP, valor de 3,3 milhões), Paulo Alexandre destinou mais que o dobro de recursos em EP, do que a deputada Rita Passos. Em 5 anos, foram 175 EP, no valor de 6,9 milhões (vide Tabela 36, anexo que elucida essa distribuição. As tabelas 34, 35, 37, 38, 39, 40, anexo demonstram as emendas dos anos de 2008 a 2012, por objeto e por interessado).

Esta análise ainda que aligeirada permitiu constatar a existência de relação entre Emendas ou Indicações de Parlamentares junto a Seds apresentadas por deputados estaduais e direcionadas a sua base eleitoral. Foram destacadas para

exame situações de deputados estaduais que ocuparam o cargo de secretário de Seds, ainda que por períodos variados de exercício. Não foi possível realizar análise similar com Emendas Parlamentares de âmbito federal, que também podem apresentar alguma relação, nos mesmos moldes que se configuram as emendas por deputados estaduais.

As emendas parlamentares constituem uma das formas utilizadas para controle político e de poder nos diferentes territórios das Drads. Dentre outras ilações e ressalvado o caráter deste estudo voltado para a regionalização e sua relação com a implantação do Suas nos municípios com o apoio das Drads, ressalta-se que as instruções e recomendações para o exame de emendas parlamentares realizadas pelas Drads pelo volume apresentado mostra que o envolvimento dos técnicos das Drads tende a ser absorvido com organizações não governamentais.

Nesse processo não está em questão o avanço da gestão da política de assistência social ou do Suas como diretos do cidadão em obter proteção social. O volume dispendido de trabalho dos técnicos, e o de recursos financeiros aplicados de forma fragmentada configuram esse processo de concessão de emendas parlamentares como mais uma maneira de afastar o potencial da ação das Drads do fortalecimento do Suas e dos direitos do cidadão. Pelo contrário, o resultado é o exercício do controle político do parlamentar sobre determinada região do estado para fortalecer a política partidária.

Os recursos financeiros para pagamento das EP’s são alocados no Gabinete da Seds e sua movimentação não passa pelo controle e acompanhamento do Conselho Estadual de Assistência Social e dos Conselhos Municipais, bem como, pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Essa tramitação descumpre os procedimentos dispostos pela regulação do Suas.

Descumpre ainda, as determinações das instruções n.º 01/2008 do TCE de SP, no artigo 3040, que a autoridade solicitante da EP deveria apresentar justificativa para a

40 Os convênios com órgãos públicos deverão vir acompanhados de cópia dos seguintes documentos: I - justificativa para firmar o convênio, com indicações do critério de escolha do conveniado e das atividades a serem executadas; II - norma autorizadora do repasse contendo: órgão público beneficiário; valor conveniado e sua destinação; III - plano de trabalho aprovado, estabelecido em conformidade com o § 1° do artigo 116 da LF n° 8.666/93; IV - demonstrativo e parecer técnico evidenciando que o convênio representa vantagem econômica para o convenente, em detrimento da

celebração de convênio, indicando a excepcionalidade desta opção para formar o vínculo de cooperação, o critério de escolha do conveniado, inclusive apresentando a demanda reprimida no território a que o equipamento está referenciado e as atividades a serem executadas. O parecer técnico deveria evidenciar no que o convênio em questão está representando para a afirmação do Suas e o caráter público da política de assistência social. O convênio deveria representar vantagem econômica para o Estado, em detrimento da realização direta do seu objeto. Os recursos destinados a emendas, enquanto direcionados a possíveis serviços socioassistenciais conveniados, deveriam estar alocados no Fundo Estadual de Assistência Social. Como se conclui a prestação de serviços por organizações não governamentais, no âmbito Estadual e na assistência social ocorre sem abertura de edital público, sem a realização de audiências públicas com o objetivo de publicitar e dar transparência a esse processo, conforme determina o princípio da administração pública.

Existem outros procedimentos de alocação de recursos do Fundo de Assistência Social que merecem atenção. Permanecem programas e projetos que se utilizam de recursos do Fundo Estadual de Assistência Social, entre eles, o São Paulo Solidário, o São Paulo Voluntário, o Recomeço, o Bom Prato e o Viva Leite, que não apresentam parâmetros claros, nem a necessária transparência de seus processos e resultados para acompanhamento, monitoramento e avaliação continua de tais serviços, nem da sua qualidade e da satisfação de seus usuários.

Desta maneira, a força dessas ações nos territórios das Drads provoca seguramente maior impacto na implementação do Suas nas regiões que aqui foram problematizados.

realização direta do seu objeto; V - declaração quanto a compatibilização e a adequação das despesas do convênio aos dispositivos dos artigos 15 e 16 da LCF nº 101/00 (LRF); VI - nota(s) de empenho e comprovantes das transferências de recursos, vinculado(s) ao convênio, separados por fontes de financiamento; VII - protocolo de remessa da notificação da celebração do convênio à Assembleia Legislativa; VIII - termo de Ciência e de Notificação, relativo à tramitação do processo perante o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, firmado pela convenente e pela conveniada, conforme modelo contido no Anexo 2; IX - cadastro da autoridade pública que assinou o convênio; o termo aditivo, modificativo ou complementar, ou, o distrato, conforme modelo contido no Anexo 11; X - publicação no DOE do extrato do convênio.

Este processo demonstra a necessidade de que os princípios da política de assistência social no estado de São Paulo percorram com maior presença e direção nos procedimentos da Seds. Nesse sentido a descentralização regionalizada deveria ter por horizonte a universalização dos serviços socioassistenciais públicos.

O Fundo Estadual de Assistência Social está a merecer efetivo direcionamento para tornar-se instrumento de co-financiamento do Suas nas gestões municipais da política de assistência social afiançando transparência em suas decisões quanto a aplicação de recursos financeiros.

A organização territorial do Estado de São Paulo exige um grande esforço de entendimento do conjunto das leis e decretos e também das políticas e organizações em cada período histórico, dados da fundação Seade, sugerem dois recortes, para esta leitura.

Primeiro, para compreender as competências e definições dos conteúdos organizacionais e funcionais das entidades territoriais de abrangência regional, irá permitir entender as diferenças entre as distintas figuras que aparecem na legislação: regiões metropolitanas, regiões e sub-regiões administrativas, regiões de governo, aglomerações urbanas e microrregiões. No que se refere às divisões regionalizadas de algumas áreas específicas, em especial no caso da saúde, em que a organização do SUS, tem por fundamento a criação de instâncias regionais ou agregações de municípios para o planejamento, a execução e o financiamento de equipamentos e serviços. Estas instâncias cumprem importantes papéis e possuem grande efetividade, mesmo considerando problemas e tensões. Outras áreas também apresentam importantes estruturas regionalizadas para a organização de serviços, mas com características bem diferenciadas, são o caso, da educação, dos transportes, da agricultura, da assistência social, do meio ambiente e da segurança pública. Com funcionalidades ainda bastante setorizados no estado de São Paulo, são quase que exclusivamente autorreferentes, integrando esforços na relação de Estado e municípios, para o funcionamento específico de cada política. Ao longo de 48 anos de processos diferenciados de regionalização, são raras as experiências bem-sucedidas, relevantes, efetivas e duradouras, que levaram a integração regional das distintas políticas públicas envolvendo os diferentes entes federativos. Portanto, uma leitura nesse sentido, levará muito mais a uma percepção de intenção

do legislador e de estilos de governo, do que da efetiva ação regional do governo estadual paulista.

A política de assistência social, além de lidar com estas dificuldades de organização territorial para a regionalização, contou com fragilidades de organização para o amadurecimento do papel da gestão estadual.

A segunda maneira de entender às divisões territoriais são as definições e as redefinições dos municípios, inicialmente nas sub-regiões e depois nas regiões de governo, integrantes de cada região maior ou das regiões administrativas. A fundação Seade, chama atenção que, na mesma lei ou decreto contém tanto as funções da entidade regional em questão como seu recorte territorial. Outra situação importante, são que algumas normas sobre determinadas regiões foram desconsideradas, em especial aquelas publicadas às vésperas do encerramento de mandatos, em que a criação ou alteração de regiões, obedeceram quase que unicamente a critérios político-eleitorais, marcada, portanto por forte carga simbólica.

CAPÍTULO III O LENTO PROCESSO DE INTRODUÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA