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O Lugar da Drads Considerando a Legislação Recente da Seds

CAPÍTULO IV – REGIONALIZAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA A GESTÃO NO SUAS.

4.1 O Lugar da Drads Considerando a Legislação Recente da Seds

Na estrutura funcional da Seds, a possibilidade de uma política estruturada com foco na atuação regionalizada da política de assistência social, voltada para a atenção de demandas identificadas, planejadas e atendidas regionalmente, poderia ser concretizado, por meio da presença das Drads e de acordo com o decreto nº 49.688 de 2005, estas estão subordinadas a Coordenadoria de Ação Social (CAS). (Figura 2, anexo)

No desenho da estrutura da Seds, a Drads fica minúscula, quase não dá para localiza-la no organograma. As atribuições da CAS, coordenadoria que as Drads estão subordinadas estão descritas nos artigos 43 ao 46, do decreto n.º 49.688 de 2005. Chama a atenção que, a descentralização é da “ação social” não da política de assistência social, o papel de monitorar e avaliar a ação dos municípios, demonstra contraditoriamente que o ente federado estadual mantém a presença das diretorias regionais, mas não se utiliza desta estrutura para a atuação descentralizada, como preconiza o Suas e reconhecendo a estrutura da gestão estadual no território regional. As Drads são mencionadas em três situações, quanto a coordenação e integração das ações, na orientação quanto a realização de procedimentos necessários para a celebração de convênios, na orientação quanto aos critérios para receber a documentação necessária ao registro de entidades e organizações de assistência social59 e para subsidiar com informações técnicas

acerca de programas e projetos executados nas Drads. É definido como papel da

59As responsabilidades na celebração de convênio e de documentação para o registro de entidades sociais não correspondem ao realizado na Seds, a CAS não tem esta responsabilidade, estão mais próximas da equipe de gestão de cadastros da Coordenadoria de Gestão Estratégica (CGE) que orienta o preenchimento pelas DRADS do Pró Social, módulo instituições e o convênio que são geridos pela Coordenadoria de Administração de Fundos e Convênios (CAF).

CAS, captar demandas sociais e políticas de âmbito regional, mas não menciona a relação com as Drads para essa ação.

O convênio é tratado no mesmo patamar, para a relação com municípios e entidades ou organizações sociais, lógica atrasada, anterior a 2004, quando foi implantado o Convenio Único no repasse de recursos financeiros do estado.

E ainda, o entendimento de “rede social”, que em um parágrafo define como ação voltada a promoção e integração de diferentes atores sociais (com papel de deliberar, fiscalizar, cofinanciar, executar, contribuir politicamente, entre outros) e depois, esta “rede social” do estado executa serviços. A rede socioassistencial foi definida na Nob Suas (2005, p. 94), com base na Loas 1993 e na PNAS 2004, como o conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, que supõe articulação entre todas as unidades de provisão de proteção social, sob a hierarquia de básica e especial, por níveis de complexidade, média e alta.

O papel da CAS de coordenar e integrar as ações das atuais 26 Drads, pressupõe diretriz clara de atuação, que envolva a participação das Drads, na elaboração, na formulação e no compartilhamento de responsabilidades da gestão do órgão gestor estadual para que sejam captadas demandas, oriundas de questões sociais, econômicas, culturais e políticas identificadas e manifestadas diferentemente em cada território do estado de São Paulo. Os convênios junto aos municípios e às entidades ou organizações sociais ultrapassam o papel técnico operativo, que aliás se apresenta como técnico gerencial e técnico jurídico, destaques que demonstram a perspectiva distanciada da realidade, formulada no gabinete, sem a mínima participação das instâncias deliberativas, dos profissionais da área e muito menos dos cidadãos demandantes de proteção social pública.

O entendimento de política estadual de assistência social, acaba por formular uma política que não existe, uma política apartada da construção nacional que tem com perspectiva a corresponsabilidade entre entes federativos. Portanto, o termo correto refere-se a Política Nacional de Assistência Social no Estado de São Paulo, que

corresponde a ações e planejamento, a partir das demandas de atenção regional, identificada nos municípios, para a elaboração do plano estadual de assistência social ou de planos estaduais. A autonomia de ente federado não quer dizer que o pacto federativo possa ser descumprido ou desconsiderado. Espera-se do ente estadual, o papel de acompanhamento e cofinanciamento da rede socioassistencial dos municípios no território estadual, o cofinanciamento e a regulação dos benefícios eventuais, a execução ou o co-financiamento de consórcios públicos para suprir a demanda regional de serviços de média e alta complexidade. Essas funções do ente estadual, precisam ser pactuadas, definidas e cumpridas na gestão da política de assistência social para que estado e municípios possam pautar a agenda social do estado, além de partilhar e resolver conjuntamente demandas locais e regionais.

A ação articulada, tanto no âmbito intrasetorial, ou seja, entre a CAS e as Drads, e destas com o Gabinete do secretário e as demais coordenadorias da Seds, além, da articulação intersecretarial, voltada para a relação com as demais políticas públicas. Precisa ser propositiva, ou seja, deve demonstrar primeiro o seu papel na gestão da política de assistência social, para depois cobrar a corresponsabilidade, a integração, a complementaridade das ações das outras políticas públicas sociais (saúde, previdência social, educação, habitação, entre outras).

A estrutura técnica da CAS, definidas no artigo 44 a 46, do decreto n.º 49.688 de 2005, está toda em desacordo com a pratica atual de estrutura da Seds, mantém a nomenclatura anterior ao Suas60, com Grupos de Ação Social da Grande São Paulo

e do Interior61 que têm, em suas respectivas áreas de atuação, as seguintes

atribuições, em relação a Proteção Social:

a) planejar, acompanhar e avaliar os programas, de acordo com o Sistema de Avaliação e Monitoramento elaborado pela CGE; b)

60 Por meio do decreto nº 57.819, de 29 de fevereiro de 2012, o Grupo de Capacitação de Agentes Sociais, da Coordenadoria de Ação Social, passa a denominar-se Grupo Estadual de Gestão do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a princípio inserir a gestão do SUAS na estrutura da Seds pareceu um avanço, porém, quando a gestão do SUAS se limita a um grupo de quatro funcionários que fazem a gestão do PMASweb, se torna apenas uma inserção de nomenclatura, que não foge à regra histórica, de inserir peça nova em estrutura velha ou atrasada.

61 Estes grupos são reconhecidos, de maneira informal, como Grupo de Proteção Social Básica (PSB) e Grupo de Proteção Social Especial (PSE), e cotidianamente respondem a estas funções. Contudo, a correspondência com os grupos da Grande São Paulo e do Interior não tem critério definido.

normatizar e definir padrões de atendimento para as ações; c) subsidiar: o Grupo de Avaliação e Monitoramento, da CGE, na elaboração dos indicadores e padrões para aferição dos índices, necessários ao acompanhamento e à avaliação dos programas e projetos; d) articular os programas com as demais políticas setoriais; e) orientar as DRADS na supervisão e no monitoramento dos programas e projetos, prestando apoio técnico e operacional; f) propor melhorias contínuas na execução de programas e projetos, observando os índices de desempenho apontados pelo Grupo de Avaliação e Monitoramento; g) emitir relatórios e pareceres técnicos e responder expedientes que digam respeito aos programas; h) participar da formulação da proposta orçamentária da pasta, para execução dos programas; i) assistir o coordenador nas questões relativas à política e aos programas, técnica e operacionalmente; propor programas que direcionem projetos e atividades das organizações governamentais e não-governamentais que atuam na área da assistência social; acompanhar e avaliar os índices obtidos no desenvolvimento dos programas, em conjunto com o Grupo de Avaliação e Monitoramento; realizar melhorias contínuas nos processos, observando os índices apontados pelo Grupo de Avaliação e Monitoramento. (São Paulo, artigo 44, decreto n.º 49.688 de 2005)

Os parágrafos e capítulos estruturam a ação em programas e projetos executados por organizações governamentais e não governamentais, a proteção social é mencionada, mas não conjuga um parâmetro de intervenção. Chama a atenção, a articulação dos programas com as demais políticas setoriais, apesar de não considerar o tipo de articulação e nem quais políticas (Saúde? Educação? Trabalho? Habitação?), ficando no genérico abstrato, sem objetividade de atuação setorial para que haja a articulação intersetorial. A relação com as Drads, aparece em um único item, orientação na supervisão e no monitoramento dos programas e projetos, prestando apoio técnico e operacional.

Vale lembrar que, as divisões regionais existem no estado de São Paulo, desde 1970, portanto, há 47 anos, sendo que inicialmente eram um total de 11 divisões. O único momento anterior em que estiveram vinculadas ao Gabinete da secretaria foi no período de 1975 a 1979, sob o governo Maluf-Marin sendo que avaliações realizadas sobre aquele momento reconhecem a perda de autonomia da gestão regional.

As atribuições gerais das Drads, especificadas no decreto nº 49.688 de 2005, artigo 47, demonstram que suas funções são de âmbito maior do que prevê uma única coordenadoria, a necessidade de diretriz que norteie a sua atuação regional está

prevista no parágrafo II, o qual reforça a submissão da Drads em relação a CAS, sem considerar a capacidade técnica regional e o protagonismo no conjunto das regiões.

FIGURA 1: ORGANOGRAMA DA COORDENADORIA DE AÇÃO SOCIAL (CAS) A