Buscar compreender inquietações sobre a aprendizagem de matemática, e reconhecendo que aprender matemática exige um grau de envolvimento dos alunos, possibilitou um movimento de constituição da presente pesquisa. Criar um grupo de interação de forma simultânea me permitiu retornar a minha vivência como aluna da educação básica, e mais, experimentar o desafio de arriscar novos passos em dois caminhos até então quase que totalmente desconhecidos: o da docência e o da pesquisa.
Desse movimento de escolha de tema, constituição de grupo de interação e de metodologia para produção de dados, pesquisar a aprendizagem matemática a partir de dados produzidos pela minha própria prática docente foi um dos maiores desafios, por exigir um distanciamento entre os papéis de professora e pesquisadora, que por vezes se entrelaçavam. Essa opção deu-se também pelo fato de as maiores inquietações que me fizeram querer investigar a aprendizagem, surgir da minha formação inicial e da minha breve experiência profissional.
Vivências que constituíram a crença de que a aprendizagem de matemática pode se dar pela articulação de diferentes representações de um mesmo conhecimento matemático. Assim, possibilitar que o aluno vivencie atividades como as de investigação matemática podem ser fundamental para a aprendizagem, considerando que em atividades desse tipo os alunos devem levantar estratégias, buscar estabelecer relações, testando e argumentando sobre estas. Dessa forma o aluno pode posicionar-se como um sujeito interativo, significando conceitos matemáticos e aprendendo matemática.
Das concepções trazidas da vivência confrontadas com estudos teóricos é que se deu a delimitação da questão que norteou essa pesquisa:
“Quais são as aprendizagens mobilizadas por atividades de investigação estatística e articuladas pelas linguagens dos alunos, nos processos interativos de
significação de conceitos estatísticos e matemáticos?”
Essa problemática teve por missão nortear a presente pesquisa e fomentar o estabelecimento de articulações que significassem a trajetória percorrida no desenvolvimento da pesquisa. Para iniciá-la escolhi a Estatística como objeto a ser
estudado, considerando que pela Estatística os alunos podem estabelecer relações fundamentais no desenvolvimento da aprendizagem. Daí advém algumas considerações e perspectivas que, baseados nos critérios de análise constituem os principais avanços observados nessa pesquisa.
Considerar que a investigação estatística, pode permitir que os alunos se coloquem e percebam o cenário de ensino e aprendizagem de forma diferenciada; se posicionando diante da tarefa proposta; argumentando e utilizando seus conhecimentos espontâneos na significação de outros conceitos, podendo estes ser ou não científicos. Assim, acredito que a estatística pode ser considerada como um dos pontos de partida para o desenvolvimento de funções superiores de abstração e generalidade na aprendizagem de matemática, a partir da interação mediada pelo professor, que propicia o desenvolvimento de modos de pensar sobre conceitos e propriedades relativas ao saber matemático.
As atividades investigativas podem ser consideradas potenciais para o desenvolvimento de aprendizagens matemáticas, haja vista que a aprendizagem pode ser promovida através de atividades que estimulem a interação entre os alunos e entre professor-aluno, concebendo que a aprendizagem humana é socialmente constituída e a interação em sala de aula pode dar conta da possibilidade para o desenvolvimento de funções até então não desenvolvidas, ampliando o desenvolvimento atual a fim de potencializá-lo.
A realização de uma atividade investigativa pode possibilitar o desenvolvimento do espírito investigativo do aluno e, consequentemente, de sua aprendizagem em relação à matemática, considerando que, em ambientes de investigação, o aluno tem a oportunidade de levantar estratégias, estabelecer relações e tomar decisões através de resultados obtidos, estabelecendo relações e significando relações matemáticas. Vale destacar que “por mais simples que possa parecer, a possibilidade de uma solução, desde que ela seja produzida pelo aluno, representa a origem de motivação para novas aprendizagens” (PAIS, 2006, p.136). Para tanto, a postura do professor é fundamental, já que, deve dar conta de subsidiar meios para o desenvolvimento do trabalho investigativo.
Assim, os ambientes de investigação exigem do professor uma postura diferenciada diante da concepção da construção de aprendizagens matemáticas, considerando que a mediação do professor é fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem de conceitos estatísticos e na realização dos processos de abstração e
generalizações, já que, é o professor e sua intervenção que poderá oferecer aos alunos o suporte necessário para a compreensão da atividade proposta; participando do ato de investigação e provendo os meios necessários para o estabelecimento das diferentes formas de representação de um modo de pensar.
Tanto o professor quanto os colegas mais desenvolvidos não podem transmitir aos demais seus modos de pensar, mas, sim, lhes explicitar sua forma de compreensão que pode coincidir com a compreensão do aluno. Para tanto, os planejamentos, as ações e a mediação do professor em um ambiente investigativo devem levar em conta o espaço simbólico da ZDP, já que, a aprendizagem é socialmente constituída.
As atividades de investigação estatística podem propiciar a significação de conceitos estatísticos e matemáticos, de forma que, possibilita que os alunos estejam envolvidos de forma interativa, trazendo a tona seus conceitos espontâneos usando-os como suporte para a significação de novos conceitos sejam estes espontâneos ou científicos.
Essas significações se dão com base em relações conceituais, pois o conhecimento científico exige o estabelecimento de relações de diferentes conceitos, assim, a estatística pode propiciar o desenvolvimento de aprendizagens matemáticas da mesma forma que a matemática pode desenvolver aprendizagens de e sobre estatística.
E para finalizar, acredito que a forma como a estatística é concebida por muitos professores pode ser um dos motivos que leva ainda hoje, a percebê-la apenas como uma forma de representar saberes matemáticos, desconsiderando a riqueza que pode ser estabelecida com os diferentes modos de pensar que podem ser desenvolvidos através de uma investigação estatística. Assim, a investigação estatística mediada pelo professor, pode ser considerada uma importante ferramenta de ensino que pode culminar no desenvolvimento de aprendizagens matemáticas, já que permite a interação, a negociação e a significação de conceitos estatísticos e matemáticos.
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ANEXOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a):
Estamos desenvolvendo uma pesquisa cujo título é “AS DIFERENTES LINGUAGENS NA ELABORAÇÃO DE CONCEITOS MATEMÁTICOS VIA ATIVIDADES INVESTIGATIVAS”. Este trabalho é fruto de estudos de pós-graduação – mestrado na área de educação na UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL e tem como objetivo Analisar a contribuição das diferentes linguagens, mobilizadas pelos estudantes (sujeitos da pesquisa), em situações de aprendizagem mediadas por atividades investigativas, considerando a elaboração/negociação de conceitos matemáticos desencadeadas nestes processos. No que se refere à metodologia, a pesquisa qualitativa será realizada através do estudo de caso envolvendo três métodos de produção dos dados: vídeo-gravação, observação dos alunos durante as aulas e produções (registros) dos envolvidos. Após faremos a análise dos dados coletados durante a pesquisa. O material coletado na vídeo- gravação, após a pesquisa, ficará sob responsabilidade do GEEM (Grupo de Estudos de Educação Matemática) localizados do DEFEM (Departamento de Física Estatística e Matemática) da UNIJUI. Após transcorrido o período legal permanecerá no GEEM, apenas para utilização nos estudos desenvolvidos pelo grupo.
A presente pesquisa busca responder a muitos questionamentos referentes aos processos de ensino e aprendizagem em matemática, enfatizando a seguinte pergunta norteadora da pesquisa: Quais contribuições são desencadeadas por situações de aprendizagem em matemática, mobilizados por atividades investigativas, articuladas pelas linguagens dos estudantes, na elaboração/negociação de conceitos matemáticos?
Nós pesquisadores garantimos que o anonimato do seu filho (a) está assegurado, podendo você ter acesso as suas informações e realizar qualquer modificação no seu conteúdo, se julgar necessário. Você tem liberdade para recusar a participação do seu filho na pesquisa, ou desistir dela a qualquer momento sem que haja constrangimento, podendo solicitar que suas informações sejam desconsideradas no estudo.
Está garantido que você não terá nenhum tipo de despesa financeira durante o desenvolvimento da pesquisa, como também, nenhum constrangimento moral dela
decorrente.
Eu, Emanueli Bandeira, bem como minha orientadora Cátia Maria Nehring, assumo toda e qualquer responsabilidade no decorrer da investigação e garanto que suas informações somente serão utilizadas para esta pesquisa, podendo os resultados virem a ser publicados.
Se houver dúvidas quanto a sua participação poderá pedir esclarecimento a qualquer um de nós, nos endereços e telefones abaixo:
Aluna: Rua Bernardo Gressler – 175 –Bairro São Geraldo–Ijui Fone 55 9189 3705
Orientadora: Rua 7 de setembro, 547 apto703 Fone: 55 3332 3046 Ou a membros do Comitê de Ética em Pesquisa:
Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUI - Rua do Comércio, 3.000 - Prédio da Biblioteca - Caixa Postal 560 - Bairro Universitário - Ijuí/RS CEP 98700-000. Fone/fax (55) 3332-0301.
Eu,________________________________________RG__________________, ciente das informações recebidas concordo que meu filho(a) participe da pesquisa, autorizando-os a utilizar as informações coletadas e/ou os resultados alcançados.
O presente documento foi assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o responsável pela criança e outra com o pesquisador:
____________________________ _______________________ Nome do responsável pelo aluno (a) Assinatura do responsável