• Nenhum resultado encontrado

3. Os Sistemas de Formação dos Funcionários Públicos na União Europeia: os casos

3.3 Hungria: Sistema de Formação da Função Pública

3.3.2 Regime geral da Função Pública: breve caracterização

3.3.2.2 Regime geral da Função Pública

3.3.3.1.1 Considerações sobre o Sistema de Formação Profissional

Uma das limitações apontadas aos planos de formação dos funcionários públicos, era a falta de responsabilidade institucional pelos mesmos. Como é sabido, a Hungria tem um sistema de gestão de recursos humanos altamente descentralizado822, o que influencia a formação profissional823. Mais, a política de formação está diluída no âmbito de competências de vários organismos. Deste modo, torna-se difícil de estabelecer objectivos de formação claros, uma vez que não existe um meio centralizado de avaliar as eventuais necessidades de formação existentes, e não existe uma estratégia nacional do nível da formação profissional da função pública, considera-se que não há know-how para desenvolver uma política de formação a todos os níveis administrativos824. Estamos, portanto perante um conflito de competências, senão vejamos825: a Comissão para a Administração Pública, afecta ao Primeiro-ministro, é responsável pela formação dos altos funcionários públicos. No entanto, o Ministério do Interior é responsável pela política de formação da função pública. Ao mesmo tempo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros é responsável pela formação ao nível dos assuntos da União Europeia. Os Gabinetes de Administração Pública de Província são responsáveis pela implementação das políticas de formação para os funcionários públicos ao nível da Administração local. O Instituto Húngaro de Administração Pública é responsável por providenciar investigação e formação, e gerir os Exames Básico e Especial.

821

SZEGVÁRI Peter, Methods and Techniques of Managing Decentralization Reforms in Hungary, in Mastering Decentralization and Public Administration Reforms in Central and Eastern Europe, Local Government and Public Reform Initiative, Budapest, 2003

822 SIGMA PAPERS n.º 12 , Country Profiles of Civil Service Training Systems, OECD, 1997 823 NUNBERG, Barbara, Barbone, Luca, Derlien, Hans-Urlich, op. cit.

824 Idem. 825

NUNBERG, Barbara, Ready for Europe: Public Administration Reform and European Union accession in Central and Eastern Europe, World Bank Technical Paper n.º 466, The World Bank, Washington DC, May 2000

Por outro lado, não há uma avaliação formal da formação existente, nem uma análise de custo- benefício da formação fornecida, sobretudo ao nível da formação exigida por lei826. No que concerne à ausência de avaliação de formação, sugere-se a criação de um manual oficial de gestão de recursos humanos, com a descrição dos actuais métodos existentes. A situação descrita tem lugar, não só porque não há uma especificação clara das competências de cada organismo, mas essencialmente porque não há uma estratégia global de formação da função pública húngara. Ainda sobre o Exame Básico de Administração Pública, que constitui a principal actividade de formação profissional da função pública, considera-se que, por ser um exame baseado sobretudo em conhecimentos sobre legislação, não fornece a correcta formação necessária a um funcionário público na actual conjuntura internacional. Mais, o exame examina muito mais a capacidade de memória que a capacidade de análise crítica, ao mesmo tempo que, por apenas ser necessário um exame do género ao longo da carreira, rapidamente a legislação que constituiu a base do exame fica obsoleta, o que equivale a dizer o mesmo dos conhecimentos dos funcionários827.

O governo reconheceu, entretanto, o papel chave da formação da função pública e prometeu um novo diploma com base na organização centralizada da formação. O diploma, preparado pelo Ministério do Interior, Decreto Governamental n.º 199/1998, inclui oferta da formação, regras de financiamento e uma verba orçamental destinada a esta questão. Porém, este diploma não determina necessidades de formação nem prioridades neste campo.

Outra limitação apontada, é o facto de que o KOZIGTAD, enquanto base de dados de recursos humanos, não seja mais explorada, nomeadamente ao nível da formação frequentada por cada funcionário e aferição da formação necessária às funções desempenhadas, o que poderia ser um factor adjuvante no desenvolvimento das carreiras. Embora as estatísticas sejam produzidas, não há uma utilização a nível estratégico das mesmas, no que concerne à formação e ao desenvolvimento das carreiras, sendo mais utilizadas para efeitos financeiros828. Finalizando, releva-se a importância que uma estratégia nacional de formação teria tido, ao nível da formação da administração local829, considerando o processo de descentralização empreendido com a mudança de regime político.

826 NUNBERG, Barbara, Ready for Europe: Public Administration Reform and European Union accession in Central and Eastern

Europe, World Bank Technical Paper n.º 466, The World Bank, Washington DC, May 2000

827 HAJNAL, György, Gajduschek, György, Evaluation Of The Hungarian General Civil Service Training Program, Dicussion papers

n.º 16, Local Government and Public Reform Initiative, Budapest, 2000

828 NUNBERG, Barbara, Ready for Europe: Public Administration Reform and European Union accession in Central and Eastern

Europe, World Bank Technical Paper n.º 466, The World Bank, Washington DC, May 2000

829

VERHEIJEN, A.J.G. Removing Obstacles to Effective Decentralization: Reflecting on the Role of the Central State Authorities, in Mastering Decentralization and Public Administration Reforms in Central and Eastern Europe, Local Government and Public Reform Initiative, Budapest, 2003

3.3.3.2 Estruturas de Formação Profissional

3.3.3.2.1 Formação inicial anterior à entrada na função pública

A formação inicial existente, antes da entrada para a função pública, que existe na Hungria é fornecida por vários organismos, na sua maioria universidades,830 se assim quisermos considerar a formação de base académica. Não existem portanto, uma estratégia de formação para quem pretende ingressar na função pública, o que pressupõe que não haja um perfil definido sobre quais os conhecimentos que um funcionário deve ter à partida. O perfil escolhido até agora tem sido a formação universitária em Direito, sobretudo, em Economia e também em Administração Pública (cujos cursos têm uma grande componente de Direito, em detrimento de políticas públicas ou gestão pública). Os organismos que fornecem graduação em Administração Pública, são o Colégio de Administração Pública, e a Universidade de Ciências Económicas de Budapeste. A Escola de Políticas fornece também ela, licenciaturas orientadas para futuros empregados do Estado.

3.3.3.2.2 Formação posterior à entrada na função pública