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3. Os Sistemas de Formação dos Funcionários Públicos na União Europeia: os casos

3.3 Hungria: Sistema de Formação da Função Pública

3.3.2 Regime geral da Função Pública: breve caracterização

3.3.2.2 Regime geral da Função Pública

3.3.3.3.3 Formação em Assuntos Europeus

A formação relacionada com os Assuntos Europeus merece uma atenção especial na formação global dos funcionários públicos. Este é, de resto, um dos aspectos em que se pode detectar uma política global de formação na Administração Pública húngara851. E esta formação tem ocorrido nomeadamente para a alta Administração Pública: todos os dirigentes da administração central, participaram em acções de formação de pelo menos cinco dias, dedicadas exclusivamente a assuntos europeus852 organizadas pelo Instituto Húngaro de Administração Pública. Para os níveis inferiores da hierarquia administrativa os esforços foram menores, bem como os recursos disponibilizados; as acções de formação foram organizadas não de forma centralizada mas por cada Ministério. Os assuntos tratados constituíram essencialmente história e legislação sobre a União Europeia, raramente tocando a vertente comparativa da Administração Pública a nível europeu. Dados do Instituto Húngaro de Administração Pública, estimam que cerca de 3700 funcionários públicos participaram em acções de formação relacionada com a União Europeia853. A Hungria considera ser o único país da região onde todos os funcionários públicos têm que prestar provas de conhecimentos sobre assuntos europeus, ao fazerem o Exame Básico de Administração Pública.

3.3.3.4 Formação Universitária em Administração Pública

A Hungria foi o primeiro país do bloco de leste a ter formação universitária em Administração Pública. O Colégio de Administração Pública foi criado em 1977 e tem sido um grande fornecedor de licenciados para o Estado, sobretudo para a administração local854.

849 O Programa SIGMA (Support for Improvement in Governance and Management), foi criado em 1992 e é uma iniciativa da União

Europeia e da OCDE, financiada maioritariamente pela União Europeia. O programa fornece apoio aos países parceiros, no seu esforço de modernização do sistema de governo.

850

JENEI, György, Civil Services and State Administration, Country Report:Hungary, SIGMA Civil Services and State Administration Country Report, Budapest, Center for Public Affairs Studies, 1999

851 HAJNAL, György, Public Administration Education:Hungary, Paper prepared for the Network of Institutes and Schools of Public

Administration in Central and Eastern Europe, Hungarian Institute of Public Administration, Budapest, April, 1999, p. 25

852 Incluem-se nestes assuntos europeus temas como história e estrutura administrativa da União Europeia, principais políticas e

legislação.

853SZEGVÁRI, Peter, op. cit.

Em 1948, a Universidade Húngara de Ciências Económicas foi estabelecida pelo governo, que lhe deu um novo nome em 1953, Universidade de Ciências Económicas de Karl Marx, nome que viria a manter até 1989855. Em 1991 a Universidade mudou o nome para Universidade de Ciências Económicas de Budapeste, passando a adoptar materiais de ensino próximos da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. Neste ano, a Universidade criou o Centro para Estudo de Assuntos Públicos, que oferece aos estudantes uma especialização de dois anos em gestão e políticas públicas. A Universidade possui também o Instituto de Educação Avançada em Administração Pública, que fornece formação para os funcionários públicos sob a forma de estudos de pós-graduação, em vários campos da Administração: organização, gestão, direcção, supervisão e controlo das autoridades locais e regionais, etc856. Em 2000, esta Universidade foi integrada com o Colégio de Administração Pública, passando a ser designada de Universidade de Ciências Económicas e Administração Pública de Budapeste Estas instituições foram formando ao longo dos anos, muitos profissionais da Administração Pública857. Na Hungria, de resto, todos os alunos oriundos de faculdades de direito são muito apreciados pela Administração Pública858.

A Escola de Políticas começou a leccionar em 1991, sendo uma organização não lucrativa que funciona como uma fundação privada com ligações à Academia Húngara de Ciências. Tem por objectivo ajudar o cidadão que irá gerir instituições na nova sociedade democrática húngara. Estas instituições são independentes umas das outras e na sua maioria independentes do Ministério do Interior, embora o Colégio de Administração Pública, até 2000 tivesse estado subordinado a este Ministério.

Todas estas escolas têm fortes ligações e apoio internacionais. Todas elas têm tido disputas com o Instituto Húngaro de Administração Pública, fundado pelo governo, por um papel de liderança na formação financiada pelo Governo, que passa pela eventual criação de um novo centro nacional de formação da função pública.

855 http://www.uni-corvinus.hu 856LAZAREVICIUTE, Ieva, op. cit.

857 Para conhecimento da lista de programas de graduação em Administração Pública na Hungria e das disciplinas leccionadas consultar:

http://www.nispa.sk/reports/Hungaria/Annex1.htm e também http://www.nispa.sk/reports/Hungaria/Annex2.htm

Conclusão

A gestão dos recursos humanos da função pública é um aspecto essencial do desenvolvimento da Administração Pública no contexto da adesão à União Europeia859. O sucesso do processo de integração, em que actualmente se encontra a Hungria, é em muito determinado pelo desempenho dos funcionários públicos nos assuntos europeus, nomeadamente nas situações que exijam negociação e representação, onde se considera fundamental funcionários bem preparados. Para enfrentar este desafio, a Hungria não descurou a profissionalização da sua função pública na década de 90, nem a consagração legal da sua neutralidade política. Não obstante os esforços feitos, apontam-se falhas no Estatuto dos funcionários públicos, relacionadas com a carreira e a ausência de critérios de mérito que influenciem a promoção. A fragmentação do processo de formação, a formação inadequada, bem como a ausência de uma estratégia global de formação, foram limitações apontadas ao sistema húngaro. Considera-se, no entanto, que a Hungria deveria empreender mais esforços no sentido de implementar a formação contínua para o pessoal com funções de gestão, o que passaria por uma estratégia concertada a nível nacional. As actuais instituições de formação necessitam de ser reforçadas a fim de possibilitarem uma formação inicial e contínua mais efectivas860. Espera-se que as alterações introduzidas pelo Decreto Governamental n.º 199/1998 e a criação de planos de formação, tornem o sistema húngaro de formação da função pública, mais apto às exigências da actual conjuntura enfrentadas pela Administração Pública. Mesmo tendo em conta as limitações atrás apontadas ao sistema de formação da função pública, a Hungria não deixa de ser pioneira em termos de reforma da função pública face aos restantes países da região em que se insere. De facto, mesmo tendo as falhas que foram apontadas, o sistema consegue fornecer estabilidade e uma eficácia relativa, face aos restantes antigos países comunistas861. Em 1992 a Hungria já dispunha de um Estatuto Legal da Função Pública, empregando esforços na profissionalização da mesma, ao passo que muitos dos outros países em 1996 ainda não tinham um diploma semelhante.

859NUNBERG, Barbara, Ready for Europe: Public Administration Reform and European Union accession in Central and Eastern

Europe, World Bank Technical Paper n.º 466, The World Bank, Washington DC, May 2000

860 SIGMA, Assessment, Civil Service, Hungary, June , 2002 861 HAJNAL, György, Gajduschek, György, op. cit.