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A constituição do Circuito RAP do DF: o primeiro projeto fonográfico e as gravadoras independentes

MANIFESTAÇÕES DO CIRCUITO RAP DO DISTRITO FEDERAL (1956 A ATUALIDADE)

2.3. O terceiro momento: a expansão da mancha urbana – 1990 a

2.3.1. A constituição do Circuito RAP do DF: o primeiro projeto fonográfico e as gravadoras independentes

O efeito global pós-fordista fez com que todos os circuitos produtivos modificassem suas estratégias para alcançar as demandas da produção e consumos. Principalmente para atender a cultura urbana e suas expressões simbólico-culturais.

Como ressalta Hershmann (2005, p. 272), “a participação de empresários e/ou produtores culturais, muitas vezes oriundos de grupos sociais que têm como epicentro a produção musical, torna-se um importante fator de articulação dessa produção-consumo”. No crescente surgimento dos selos independentes, se dão as mudanças no circuito fonográfico mundial em decorrência da flexibilização da produção capitalista que se inicia nesse período no Brasil.

No entanto, o RAP já havia adquirido a posição de novo elemento musical dentro da indústria cultural, onde MC‟s/rappers passaram a ter destaque nacional com a circulação

Piloto; Considerando que várias delas se constituem referência e pólos econômicos e culturais de expressão distrital e regional (Sistema Integrado de Normas Jurídicas do Distrito Federal – SINJ-DF). Mesmo com a denominação oficial de “cidades”, “embora não tenha sede municipal nem sejam assim tratadas pelo IBGE” (PAVIANI, 2009, p. 84).

de seus primeiros registros sonoros nos moldes da produção fonográfica. Mesmo com acesso restrito aos sistemas técnicos, profissionais do circuito de produção e empresários se arriscaram a financiar a ideia de conceber um suporte aos jovens da periferia.

A possibilidade de ascensão e promoção de um projeto fonográfico (entenda-se produzir e fazer circular um disco) prevaleciam na cidade de São Paulo-SP, pois o circuito do RAP paulistano140 era mais estruturado em decorrência da organização e dos investimentos (mesmo sem o ideal de profissionalismo) comandados pelas equipes de baile que buscaram ampliar os contextos para além da metrópole paulistana141 rumo ao Distrito Federal.

Em 1990, os empresários Carlinhos e Wagner da Kaskata‟s lançaram o primeiro LP de um grupo de RAP do DF, o álbum “A ousadia do Rap de Brasília” de DJ Raffa e Os Magrello‟s (Ver Imagem 13). O álbum foi produzido em Brasília-DF pelo próprio DJ Raffa142

no Zen Stúdio, que possuía equipamentos com qualidade tecnológica e equipe técnica avançados para a época, sendo fabricado em São Paulo-SP.

Imagem 13 - LP A ousadia do Rap de Brasília um símbolo do RAP no Brasil.

Fonte: discogs.com.

140 Alguns autores com pesquisas similares a nossa revelam essa constatação, tais como: Roberto Camargos,

2015; Ricardo Tapermam, 2015; Renan Gomes, 2012; Carin Gomes, 2008; José Carlos Silva, 1998; entre outros.

141 As gravadoras independentes mais influentes do Circuito RAP de São Paulo-SP eram: TNT Records, R&B,

MA Records, Cash Box, Zambia, Five Special, Face da Morte Produções, RDS Fonográfica, Sky Blue, 4P, 7Taças, Raízes Discos e Discool Box.

142 Em 1989, DJ Raffa havia cursado Engenharia de Som em Ohio nos Estados Unidos, onde aprofundou seus

conhecimentos técnicos sobre produção musical e teve contato com equipamentos sonoros digitais. DJ Raffa sempre esteve ligado à música, pois seu pai, o compositor e maestro Claudio Santoro sempre o incentivou a seguir nessa profissão.

Em sua autobiografia, DJ Raffa (2003, p. 144) comenta sobre o lançamento do disco:

“Quando chegaram os primeiros discos em Brasília foi uma festa. Um dos primeiros lugares a que os levamos foi a Dizi Som, para o DJ Nino. Ele colocou nas caixas e gostou muito, mas fez críticas à qualidade sonora de algumas faixas. Eu já sabia que isso iria acontecer. Ele prometeu fazer um lançamento oficial no Salão Comunitário do Núcleo Bandeirante. Levei o disco para todas as equipes de som e rádios do DF. O Marquinhos, da Smurphies, elogiou o trabalho. Elívio conseguiu para mim um encontro com a Gabriela, proprietária da 2001, a então maior rede de lojas de discos da região. Ela comprou várias peças para colocar nas lojas”.

A produção do primeiro LP/vinil de um grupo de RAP do DF foi bem aceita pelos consumidores desse segmento na cena local; alcançando a programação das rádios que tocavam a Black Music, integrou o set list das equipes de baile, e DJ Raffa e Os Magrello‟s realizaram inúmeras apresentações em casas de shows, danceterias do DF, entorno e nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Naquele mesmo ano, DF Raffa a pedido da Kaskata‟s, produziu um single com uma versão remix de duas músicas do LP para ser lançada no mercado e para os DJ‟s que tocavam nos bailes na capital paulistana.

No ano seguinte, DJ Raffa e os Magrello‟s foram contratos pela major Sony Music do Brasil para a produção do segundo trabalho do grupo. A relação com a multinacional rendeu o reconhecimento esperado pelos rappers do DF que passaram a integrar o mercado da música no eixo Rio de Janeiro-São Paulo.

Pela Sony Music os jovens músicos tiveram status de artistas com a produção do disco que passou a ser apenas Magrello‟s, foi assinada pelo DJ Raffa e com o suporte tecnológico e técnico dos profissionais da Som Livre (estúdio e gravadora da Rede Globo). Nessa trajetória os Magrello‟s realizaram shows, entrevistas, aparições em programas de TV, gravaram um vídeo clipe (exibido no canal MTV nacional) e se tornaram o primeiro grupo de RAP do país a lançar um trabalho em compact disc – CD.

Os jovens artistas tiveram uma rápida ascensão na grande mídia, mas a organização semi-profissional do RAP, a falta de perspectiva futura dos produtores executivos da Sony Music para manter o RAP no mercado da música no Brasil e a troca de gestão na gravadora fizeram com que os Magrello‟s não tivessem a credibilidade que os mantivessem no circuito dominado pelas grandes gravadoras.

Em decorrência do fato mencionado acima, o contrato dos Magrello‟s não foi renovado com a gravadora e o grupo chegou ao fim. Após esse acontecimento DJ Raffa e

Marcão mudaram-se para São Paulo-SP143 e continuaram na cena com o duo Baseado nas Ruas onde lançaram um disco pela gravadora da capital paulista TNT Records do empresário Donizete Sampaio, mantendo parcerias com os renomados produtores de RAP, DJ Cuca e Fábio Macari.

No entanto, os trabalhos lançados marcaram a carreira do DJ Raffa que se tornaria um dos principais produtores do seguimento RAP no país, por ter acesso aos sistemas técnicos e o talento para compor suas produções musicais trazendo visibilidade para um movimento que se mantinha forte no Distrito Federal, mesmo considerando que os programas de rádios do DF não tocavam RAP com a mesma veracidade.

Em 1992, com o intuito de lançar os MC‟s/rappers do Distrito Federal é fundada pelo empresário Genivaldo Souza, o selo Discovery. A Discovery era uma loja de discos especializada na venda de trabalhos de selos/gravadoras independentes nacionais. Com a ascensão do RAP no Brasil e no Distrito Federal, Genivaldo vê a possibilidade de ampliar o mercado da música RAP com a promoção dos grupos locais.

A Discovery, dessa forma, entrou no mercado com o lançamento da coletânea “Peso pesado do RAP” e também com o lançamento do trabalho solo do DJ Leandronik do Cruzeiro-DF e dos grupos Circuito Fechado e Inimigo Público, ambos de Ceilândia-DF. Em pouco tempo, foram lançados mais grupos do Distrito Federal tornando-a um dos selos mais influentes na cena nacional, no mesmo nível que se encontrava as gravadoras independentes de São Paulo.

Os grandes “clássicos” do RAP Nacional e do DF foram concebidos mediante a atuação da Discovery. Destaca-se também a originalidade das produções musicais, a singularidade dos artistas contratados pelo selo e a organização empreendedora do quadro de funcionários da Discovery que realizavam com êxito a divulgação e distribuição dos suportes em lojas de discos no DF e no Brasil, principalmente nas lojas varejistas das galerias da Rua 24 de Maio e do Rock na capital paulista e em lojas no interior do estado de São Paulo.

Em 1993, o rapper do Guará-DF, Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, criou seu selo próprio, a Só Balanço, em busca da independência financeira para lançar seus trabalhos. Com o lançamento do vinil “Vamos apagá-los com o nosso raciocínio”, GOG tornou-se o primeiro rapper do Brasil e ser proprietário de um selo fonográfico.

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DJ Raffa era uma exceção na produção musical no DF. O tempo que passou em São Paulo-SP, fez com que ele tivesse contato com diversos rappers, produtores musicais de diferentes vertentes, empresários da música, proprietários de gravadoras independentes e técnicos de estúdios ampliando seus conhecimentos e agregando-os ao RAP nacional. Raffa foi responsável por produzir grandes nomes do RAP de São Paulo, algumas parceiras que se estendem até a atualidade.

Posteriormente, a atitude do rapper GOG impulsionou outros artistas do RAP, em específico da metrópole São Paulo a financiarem e conceberem a criação de suas gravadoras independentes144. Em depoimento à extinta revista Rap Brasil145, GOG expõe o seu posicionamento e a ideologia que orbita a Só Balanço: “Eu nasci, cresci e me conheci GOG dentro do sistema capitalista. Então, o meu dia-a-dia como GOG e a minha leitura, me ensinaram que o mal principal do capitalismo é: ter, poder, estar e se manter sempre em primeiro lugar”.

No circuito fonográfico, o mercado da música ditava as normas para visar o acúmulo de capital. O RAP necessitava adaptar-se à lógica financeira para conceber um projeto de um disco, porém a distribuição e a divulgação só seriam possíveis de forma solidária entre os integrantes e consumidores do segmento. Com a Só Balanço, o rapper GOG alcançou a vendagens de 2000 vinis (GOMES, 2012) de forma independente em lojas de discos no DF e São Paulo-SP, no entanto a circulação ampla de suas músicas ocorriam com a reprodução caseiras em fitas K7, que já era uma prática mais acessível para os ouvintes de música.

Na primeira metade dos anos 1990, acompanhando a expansão urbana, o Circuito RAP do Distrito Federal começa a movimentar a cena local com o surgimento de gravadoras independentes, grupos, produtores de eventos e produtores especializados no seguimento RAP. Além de Raffa e Leandronik novos produtores de RAP surgiram no DF, tais como, DJ Jamaika, Ariel Feitosa e DJ TDZ, que foram responsáveis por formalizar estilos genuínos feitos na capital federal.

Outro agente que edificou o RAP no DF foi o Andy Costa, do tradicional estúdio, Zen Studios, localizado na Asa Norte do Plano Piloto em Brasília-SP, por possuir sistemas técnicos de qualidade que agregavam para a conclusão de um projeto fonográfico voltado para o RAP com a garantia exigida pelo mercado da música.

Grande parte dos títulos e álbuns lançados pelas gravadoras independentes de São Paulo-SP (Kaskata‟s, MA Records, Zâmbia, TNT Records e Porte Ilegal) e pela Discovery foram produzidos pelo DJ Raffa no Distrito Federal-DF. Raffa, pela afinidade e o contato

144 Selos como a Cosa Nostra (Racionais MC‟s), 4P (DJ KL Jay e rapper Xis), 7 Taças (Pregador Luo), Face da

Morte Produções (Aliado G), Raízes Discos (Rappin Hood e DJ KL Jay), para citar alguns.

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RAP Brasil. Gravadoras Independentes: a chama da liberdade está acesa! São Paulo, ano II, n. 13, 2002. 66 p (versão impressa).

com os selos da cena RAP, recebeu uma proposta do produtor Ariel Feitosa para abrirem uma loja, a Planet Records146.

A Planet Records tornou-se um importante ponto de distribuição e referência para a promoção de artistas da cena local, pois os proprietários estabeleciam um vínculo solidário com os DJ‟s e radialistas, dentre eles o DJ Celsão (Mix Mania) para divulgarem com exclusividade os lançamentos musicais que chegavam à loja.

Em meio ao acesso, barateamento dos recursos eletrônicos para a produção e a transição dos suportes fonográficos, passando do período magnético para o período digital (GOMES, 2012; HERSCHMANN, 2005), ou seja, da coexistência do LP e do CD, inúmeros selos surgiram pelo Brasil, destacando-se a produção realizada no Distrito Federal, que rapidamente se tornou uma centralidade na produção de fonogramas de RAP no país. Em passagem em sua autobiografia DJ Raffa (2007, p. 343) expõem essa transição:

“Nessa época, o CD ganhou força no mercado fonográfico brasileiro, a ponto de influenciar todo o mercado underground do rap nacional. A maioria das gravadoras independentes lançava os títulos em vinil e CD. A diferença era que o CD sempre tinha mais músicas. A estabilidade monetária do país, que não sofria mais com a inflação, fez com que muitos conseguissem comprar aparelhos que tocavam CDs, que ficavam cada vez mais baratos. Conseqüentemente, o mercado independente do rap nacional começou a trocar gradativamente os discos de vinil por CDs”.

Em pesquisa sobre a produção fonográfica do RAP nacional, Gomes (2012, p. 82) relata que “o CD invade de fato o mercado do rap em 1994/1995, com a popularização dos aparelhos reprodutores de CD, sobretudo o portátil discman. Porém, neste momento ainda vendia-se muito vinil”. Esse momento é constatado no Distrito Federal, pois grande parte dos títulos da Discovery ainda era lançada em vinil, mas já despontava a aparição de CD‟s. O mesmo aconteceu com a Só Balanço que utilizou ambos os suportes ao distribui os trabalhos do rapper GOG.

O Circuito RAP do DF começou a ganhar espaço em rádios comunitárias de todo o Brasil e em alguns programas de rádios que tocavam RAP em São Paulo-SP. A conexão com a capital paulistana e no interior sempre esteve presente, ambas as metrópoles mantiam trocas solidárias com a realização de shows, produções musicais, lançamentos de títulos fonográficos e principalmente na distribuição dos fonogramas.

A partir de 1995, a conexão DF-SP foi mais intensa com a ascensão de grupos de RAP que seguiram a vertente Gangsta RAP. DJ Jamaika foi uns dos motivadores do Gangsta

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A Planet Records era especializada na venda de CD‟s, vinil, VHS, acessórios para DJ‟s, música negra e eletrônica; e também foi uma equipe especializada na produção musical.

RAP no território nacional, pois antes esse era apenas objeto de apreciação desse estilo amplamente difundido em Los Angeles-LA.

Com o apoio da Discovery, grupos como Álibi, Cirurgia Moral de Ceilândia-SP e Guind‟Art 121 de Planaltina-DF foram os expoentes do Gangsta RAP influenciando toda uma geração de MC‟s e produtores específicos no estilo, com destaque para D'J Jamaika, Jr Killa e Gibesom.

O estilo Gangsta RAP de Brasília147 (tanto na ideologia, como nas produções musicais que se misturam os sons graves dos bumbos, com carregados timbres agudos do instrumento musical moog)148 alcançou as periferias das grandes cidades e metrópoles brasileiras, fazendo com que a Discovery tornasse um das maiores gravadoras e distribuidoras independentes de RAP do Brasil.

Daher, do grupo Guind‟Art 121, na época do lançamento de seu primeiro álbum com distribuição da Discovery, comenta que em três meses foram vendidas 1000 cópias de suportes LP e CD. Daher achou pouco e foi ele mesmo para as lojas de discos de RAP em São Paulo-SP para vender seu trabalho. Em dois dias ele vendeu 1000 cópias e abriu portas para vender direto no atacado para as grandes redes de supermercados149.

É nesse período que o DJ Markinhos, da equipe de baile Smurphies Disco Club, inicia sua trajetória na produção fonográfica e lança nas ruas do DF o trabalho dos grupos: Realidade Atual, Tropa de Elite, Liberdade Condicional RAP e vários outros títulos. Posteriormente, DJ Markinhos lançou apenas coletâneas com os hits da Smurphies.

Em 1999, o rapper GOG com a Só Balanço lança a primeira coletânea com grupos de RAP do Distrito Federal, intitulada “GOG Convida” com destaque para a aparição dos grupos Voz Sem Medo de Brazlândia, e Ideologia e Tal das quebradas Ceilândia e Gama; O projeto foi distribuído em suporte CD para todo o país, pelas firmas Sky Blue Music e RDS, ambas distribuidoras da cidade de São Paulo (Ver Imagem 14).

147 O Gangsta RAP feito no DF era muito próximo do estilo feito em Los Angeles-LA, principalmente por

produtores, como Dr. Dre, Ric Roc e DJ Slip.

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O moog é um sintetizador analógico e digital que produz efeitos de distorção com freqüências graves e agudas. Foi projetado por Ronert Moog, daí o nome do instrumento e fabricado pela Moog Music no início da década de 1960, mas ficou popularmente conhecido com o modelo Minimoog D na década de 1970 influenciando a criação de teclados para executarem de forma específica o mesmo efeito sonoro.

Imagem 14 - CD GOG Convida, primeira coletânea de um selo do RAP do DF.

Fonte: discogs.com.

Naquele mesmo ano, o empresário Ubirajara Resende, o Bira, criou o selo CD Box sendo um pilar muito importante na edificação do seguimento RAP feito no DF, pois, assim como a Discovery, possibilitou movimentar o mercado local e consolidar o Circuito de produção fonográfica na capital federal.

A CD Box foi responsável por idealizar o festival anual Abril Pró RAP que reunia grupos de RAP do DF e entorno para se profissionalizarem e que contava com grande estrutura e equipe técnica de som, luz, palco e equipe de jurados com rappers de expressão na cena nacional. Ao todo, foram realizadas seis edições do festival sem dinheiro do governo, assim afirma Bira, com público médio de 10 mil pessoas (Ver Imagem 15).

O Abril Pró RAP era estruturado da seguinte forma: em cada edição, os dois primeiros grupos vencedores eram contratados para a produção de um projeto fonográfico (álbum); e os outros grupos selecionados, eram convidados para comporem uma coletânea, onde todas as etapas do processo produtivo eram realizadas a cargo do selo.

Bira nos conta que mesmo que alguns grupos não obtivessem êxito no festival eu contratava para fecharem um projeto [...] a iniciativa era que os artistas locais se profissionalizassem, politizassem, e autogerissem com caráter empreendedor sem depender de apoio político partidário e políticas de governo.

Imagem 15 – Arte de divulgação das edições e coletâneas do Abril Pro RAP.

Fonte: Comunidade Rap Download, 2017.

O empresário estimulava os grupos a criarem sua arte e atuava como um militante com o objetivo de institucionalizar o movimento RAP do DF, para que o movimento fosse reconhecido e representado como pessoa jurídica, e assim, tivesse os direitos garantidos por meio de políticas públicas. Em nosso diálogo, Bira comenta que convocou mais de 200 grupos de RAP do DF para a construção de um “Fórum do Hip-Hop” para que os próprios hip-hoppers tomassem os rumos sem depender de forças externas.

O Circuito RAP do DF apresentava a sua força no movimento nacional. Essa força provinha da sobrevivência no cotiticano da metróple que se expandiu velozmente ao longo do tempo de desafios para sobreviver na metrópole. O que era para ser uma cidade “planejada” e concebida na modernidade tornou-se um aglomerado populacional

contraditório, excludente e polinucleado (PAVIANI, 1996), composto por uma diversidade socioespacial e cultural que a define.